A Esperança (Peetniss) escrita por The Deathly Mockingjay


Capítulo 5
Capítulo V




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Estou na Campina, sentada sobre a sombra de alguma árvore e Peeta está ao meu lado, minha cabeça recostada em seu ombro enquanto segura a minha mão. Eu o fito por alguns segundos e não demora muito para ele perceber. Seus olhos azuis fascinantes me encaram e me fazendo perder naquele meu céu particular, quando uma garotinha de cabelos escuros e olhos idênticos aos do Peeta vem correndo em nossa direção segurando algo nas mãos.

—Mamãe, papai! Olha só o que eu encontrei!


Aquilo me deixa paralisada. Ela é minha filha?

Ela chega até nós e estende sua mão mostrando um filhote de coelho. Fico imaginando como ela conseguiu pegar ele. Talvez se perdeu e passou da cerca chegando até aqui. Ela acaricia o coelho tão delicadamente que me lembra Prim.

—Que lindo, filha! Onde você o encontrou? - Pergunto.


—Perto da cerca, mamãe. Ele estava sozinho e preso na cerca. Tive pena e o tirei de lá. - diz e volta a acariciar o animal. - Vou levar ele de volta para a cerca. A mãe dele deve estar preocupada com o filho.


Rio um pouco de seu comentário. Consigo ver muito da personalidade do pai nela.

.
—Tome cuidado, filha! - Peeta se pronuncia pela primeira vez.


—Claro, papai! - E ela corre para a cerca.

Aerodeslizadores com o bastão da Capital aparecem do nada nos céus e cobrindo o a luz do sol. Bombas caem deixando tudo em chamas. Cadê minha filha? Eu e Peeta saímos correndo em direção à cerca para encontrar a nossa filha. Depois de um tempo ela aparece correndo em nossa direção chorando tentando escapar das chamas. Quando quase a alcanço, percebo que Peeta não está mais ao meu lado. Viro para trás e vejo Peeta morto, sua pele queimada em carne viva. Começo a chorar quando me lembro da minha filha. Olho para os lados e a encontro na minha frente chorando.

—Mamãe! Me ajuda! Não me deixe!

Tento pega-la, mas não consigo chegar até ela, como um campo de força nos separando. Quando uma bomba cai e ela explode em chamas. Vejo ela morrer na minha frente sem fazer nada. Sinto-me a pior pessoa do mundo. Ela queima, queima e não parece ter fim enquanto seus gritos de desespero enchem os meus ouvidos:

—Mamãe! Mamãe! Me ajuda! Por favor!

Choro descontroladamente. Perdi as duas pessoas mais importantes na minha vida. Peeta e minha filha. Minha vida está acabada.

Acordo suando frio, aterrorizada. Desejo os braços quentes de Peeta ao meu redor e me acalmando. Pego a pérola em cima da cabeceira e a coloco em minha boca como um beijo frio daquele que a me deu de presente.

Passaram-se alguns dias após a descoberta da minha equipe de preparação, incluindo Effie, sendo mantidos em cativeiro. Eu fiquei irada e acabei por esmurrar Plutarch antes de me sedarem e me internarem no hospital por dois dias para uma avaliação do meu estado mental.

Quando fui liberada, não hesitei em entrar com tudo no Comando e exigir bons tratos a eles. Antes pensei que estavam mantidos daquele jeito por causa de sua origem até Coin me informar que estavam lá por terem roubado uma rodela de pão após a janta, como se roubar comida por estar com fome fosse um crime hediondo.

No mesmo dia, a madame Presidente deu um discurso para toda a população do 13, incluindo a restante do 12. Suas palavras, apesar de me confortarem em relação ao comprimento de nosso acordo, deixaram-me um tanto receosa:

"A vitoriosa Katniss Everdeen concordou em ser o Tordo e, em troca, garantimos o resgate e imunidade dos vitoriosos presos na Capital, entre eles Peeta Mellark, Annie Cresta, Johanna Mason e Enobaria Golding. Haja de houver qualquer descumprimento entre ambos os lados, nosso acordo será imediatamente revogado"

Lembro-me dos gritos de ira e descontentamento ao Coin mencionar Peeta em seu discurso. Lembro-me do ódio em suas vozes ao chama-lo de traidor. Finnick, que estava presente ao meu lado durante o discurso, deve ter percebido minha expressão de confusão e clareou a minha mente. Ao que parece, logo após eu ter passado mal ao ver Peeta na televisão do refeitório, o mesmo deu um discurso contra a rebelião.

Um arrepio desceu a minha espinha ao perceber que ele estava sendo uma peça nos jogos deles, assim como eu. Mas em lados opostos da guerra. No fundo eu sabia que ele nunca falaria isso se não fosse sob alguma ameaça. Finnick concordou comigo quando compartilhei meus pensamentos a ele.

"Ele está te protegendo, Katniss. Você e o bebê"

Uma lágrima escorreu em minha bochecha quando falou isso.

Passando a mão sob meu ventre, encontro uma pequena elevação que não estava lá antes e paraliso. A situação piora quando noto uma movimentação em minha barriga. Então ficha cai e percebo, que, em alguns meses terei mais alguém na vida para cuidar.

Sou tomada por um terror que nunca antes senti em minha vida. Eu estou grávida. Eu vou ter um bebê. Eu e Peeta teremos um filho. No meio de uma guerra contra a Capital. Não poderia ter tempo pior para isso.

Minha mente fica nublada e penso que estou sonhando, ou melhor, num pesadelo. Desespero-me, tentando acordar a qualquer custo. Só percebo que estou gritando quando Prim entra correndo no meu quarto no hospital.

— Katniss? Há algo de errado? – ela pergunta assustada.

Eu não consigo pronunciar nenhuma palavra, só choro e soluços saem de minha garganta. Prim deve ter percebido que estou tendo outra crise e me abraça.

— Foi um pesadelo? – ela pergunta depois de um tempo quando meu choro acaba junto com meus soluços e só sobram choramingos.

— Sim, quer dizer, não. Os dois – respondo.

— Quer conversar? – ela sussurra.

Somente aceno. Ela se afasta do abraço e me fita com seus grandes olhos azuis, fazendo carinho em meu rosto. Percebo o quanto ela cresceu por causa da vida que levamos, o quanto sua infância foi levada por causa da Capital. Por causa do Snow.

— E-eu... senti o bebê se mexer e-e-e – não consigo completar a frase e desabo em choro novamente.

— Está sentindo alguma dor?

— Não, é só que... a ficha não tinha caído. – as lágrimas ainda escorrem em minhas bochechas – Eu vou ter um bebê, Prim! No meio de uma guerra!

— É Katniss... mas eu estou aqui para te ajudar. Eu, mamãe, Gale, Hazelle, todo mundo!

Suas palavras caridosas me permitem me acalmar um pouco. Aceno.

— Eu sei... é que eu sinto falta dele, Prim... Peeta... eu preciso dele comigo.

Prim sorri tristemente e me abraça novamente. Sorrio de volta.

— Eles vão resgatar ele, Katniss, eu sei disso. – ela diz com convicção - Só toma cuidado com o que faz, Katniss. Não só por causa do Peeta, mas também pelo bebê.

Eu aceno e me permito sorrir um pouco ao pensar na minha nova família. Ah como o mundo dá voltas... Se me avisassem dois anos atrás que eu me voluntaria para ir aos Jogos Vorazes no lugar de minha irmã e que seria lá, no último lugar possível, que conheceria o meu noivo, agora pai do bebê que estou carregando enquanto sou a face de uma revolução eu com certeza teria rido da cara dessa pessoa.

Antes que uma de nós duas pudesse falar mais alguma coisa, Boggs aparece na porta do quarto.

— Soldado Everdeen, você foi chamada pelo Soldado Heavensbee para a filmagem dos pontoprops.

Aceno e dou um abraço de despedida em Prim e sigo Boggs para onde serei filmada mais uma vez.

Chegando lá sou surpreendida pela presença de uma agora limpa Effie Trinket. Suas características perucas e chamativa maquiagens não estão mais presentes, o que a deixa com uma aparência mais jovem. Seu cabelo agora está coberto por uma bandana, suas sobrancelhas são tão loiras que se perdem com a cor de seu rosto pálido. Ela veste o mesmo macacão que todos no distrito, no entanto, além de sua bandana, ela usa outros acessórios como diversos anéis e pulseiras.

— Katniss! – minha velha amiga exclama, sua voz aguda carregada de sotaque, como sempre, abrindo seus braços, me convidando a um abraço.

Sorrio e a abraço fortemente. Ela e minha equipe de preparação podem ser da Capital, mas conseguiram um espaço em meu coração com o passar dos anos. Afinal, eles não têm culpa pelo o que acontece nos jogos, eles, assim como eu, simplesmente nascerem nesse mundo ondem é normal mandar crianças lutarem até a morte.

— Como está, minha querida? – ela pergunta depois de me soltar.

— Estou bem, Effie.

— E o bebê? Soube que está realmente grávida. Ah minha pobrezinha! Se soubesse antes, teria comprado tantas roupinhas para o mais novo membro do nosso time! Assim pelo menos ele não teria que ser condenado a vestir essas roupas horríveis! É esse senso de moda tão terrível que merece uma revolução, minha querida! – ela exclama rapidamente.

Pergunto-me se ela sentiu falta de ar em seus pulmões depois de tanto falar. Permito-me sorrir enquanto ela ainda fala sobre o quão terrível é a vida aqui no 13 e como essas roupas são horríveis!

Seu falatório é interrompido pela voz do ex-Idealizador Chefe dos 75° Jogos Vorazes, Plutarch Heavensbeen.

— Katniss! – exclama.

— Oi, Plutarch. – digo desanimada.

Ele dá uma breve explicação de como será o meu primeiro pontoprop e me entrega um papel com minhas falas. Quando ele termina, Flavius, Octavia e Venia aparecem prontos para me preparar. Depois do que parece ter sido horas de tortura com Venia arrancando todos os pelos presentes em meu corpo com exceção de minhas sobrancelhas e cabelo, Flavius puxando meu cabelo em quase todas as direções, me deixando com uma terrível torcicolo, e Octavia reclamando do quão ruídas minhas unhas estão, sou finalmente liberada para ação.

A sala onde eu serei filmada é totalmente diferente do que pensei que seria. Ela é praticamente vazia: há apenas um pequeno palco circular no fundo sala; ao redor do palco há algo que se parece com uma grade com pequenas luzes nela. Effie praticamente me empurra para o palco.

— Já decorou suas falas? – ela pergunta um tanto nervosa.

— Sim – digo, mas ela não parece estar convencida.

— Tem certeza? – por um momento acho até cômico o quão nervosa ela se encontra sendo que será eu a pessoa a ser filmada.

— Sim, Effie, eu tenho certeza- eu digo sem muita paciência e ela se cala, me deixando subir ao palco e me preparar.

— Katniss! Espero que esteja pronta! – a voz de Plutarch se espalha pela sala através de grandes autofalantes presentes nos cantos da parede.

Aceno, esperando isso acabar logo e eu poder ir dormir.

Plutarch, então, explica as posições que devo fazer, para onde olhar, como falar e entre outras coisas. Pego todas as instruções com facilidade e as executo.

Infinitas. Vezes.

Plutarch e até mesmo Effie não parecem muitos satisfeitos com a filmagem. A voz do ex-Idealizador Chefe está um tanto incomodada enquanto o rosto de minha escort demonstra uma feição um tanto vergonhada.

Antes que pudesse ser mandada de volta para o hospital, ouço palmas vindas de perto da porta da sala. O autor das palmas caminha calmamente até as luzes da grade atrás de mim iluminarem seu rosto e perceber que se trata de meu mentor.


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