Indômita escrita por CM Winchester


Capítulo 3
Capitulo 2




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Carol me acompanhou ate os chuveiros depois me deixou sozinha. Tomei um banho rápido por causa da agua fria, mas consegui limpar meu corpo. Abri minha mochila e tirei a única muda de roupa que consegui carregar. Um short jeans com a barra desfiada e uma camisa cinza, dobrei as mangas da camisa.

Calcei meu coturno de novo depois arrumei minha mochila.

Assim que cheguei ao refeitório deixei minha mochila em cima de uma mesa e as roupas sujas em cima de uma cadeira.

— Se vai ficar terá que mostrar o que tem na mochila. - Daryl se aproximou com os outros.

Eles pareciam desconfortáveis com o comportamento do outro.

— Você precisa se preocupar com o que esta fora da mochila, não o que esta dentro. Mas... - Abri a mochila e a virei deixando o conteúdo cair em cima da mesa.

Um sutiã e uma calcinha limpos, tinha sempre três. Um no corpo e dois na mochila. Um par de meias. Munição para meu colt. Um cantil com agua. Uma linha com anzol que eu usava para pescar quando podia.

— Satisfeito? - Perguntei antes de tirar a arma do cos do short e colocar em cima da mesa.- Espera. - Ergui um dedo e tirei duas facas de dentro do coturno. - Ok. Esta ai tudo que eu carrego além é claro do arco e da aljava. Quer que eu tire a roupa para ver se eu não escondo algo? - Notei um brilho em seus olhos só não consegui identificar se era incomodo ou algo mais.

— Você sabe pescar? - Glenn perguntou.

— Não. Eu carrego o anzol para ocupar espaço na mochila. - Sorri com seu desconforto. - Eu sei. Não encontro muitos animais grandes para matar quando estou na floresta. E não como coelhos. Então eu pescava. As vezes ia na cidade pegar alguma coisa, mas não dava para arriscar.

— Já encontrou alguma horda? - Rick perguntou.

— Algumas.

— Sempre esteve sozinha?

— Sim.

— Por que?

— Isso é um interrogatório?

— Temos que saber quem trouxemos para ficar com nossa família. - Daryl retrucou.

— Vocês insistiram, eu não queria vir. - Encarei Rick. - Meus pais eram da Inglaterra devem estar mortos. Ele era medico, ela professora. Eu estava na faculdade Columbia quando tudo começou.

— Meio longe de Nova York não é? - Maggie perguntou.

— Muito. Andei com um grupo de pessoas quando tudo começou. Não tinha como pegar um avião de volta para Londres. Não durou um mês de viagem alguns zumbis apareceram. Foi pânico geral. Ninguém tinha afinidade com ninguém então cada um foi para um lado. Nunca mais os vi. Consegui um carro com gasolina deu para me virar sozinha. Eu já sabia usar o arco e flecha. Só precisei melhorar minha mira com a arma. Descobri que é melhor viver sozinha. - Comecei a guardar as coisas dentro da mochila de novo. - Por isso não vou ficar muito tempo por aqui. Agradeço o teto, agua e comida.

— Pode ficar. - Maggie falou. - A gente cuida um do outro. Você vai gostar de ficar aqui. Somos uma família. Viver sozinha não é bom. E ninguém aqui vai te machucar.

— Eu já cai nessa uma vez, Maggie. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Se já estou liberada, vou descansar. - Agarrei minhas coisas e fui em direção as escadas.

Entrei em uma cela depois me joguei na cama. Deixei a faca embaixo do travesseiro e a arma a cima da minha cabeça escondida com o travesseiro.

Apaguei assim que me joguei na cama.

Acordei quando estava amanhecendo. Eu devia ter dormido bastante. Levantei e peguei minhas armas, desci as escadas.

Poucas pessoas estavam acordadas. Mas ainda assim tinha movimento no refeitório. Beth muito gentil me entregou uma xicara de chá. Bebi um pouco. Era melhor que nada.

— Qual o nome dela? - Perguntei apontando para a bebe em seu colo.

— Judith.

— Ela é muito linda.

— É sim. - Sorriu. - Quer segurar?

— Não. - Sorri. - Não levo jeito com criança.

— Mas preciso arrumar a mamadeira dela, pode segura-la?

Agarrei a menina sem muito jeito, ela sorriu segurando meu cabelo.

— Ah não mesmo espertinha. - Delicadamente tirei meu cabelo da sua mão.

— O que esta fazendo com ela? - Olhei para cima já que eu estava sentada e Daryl em pé.

— Acho que esta na cara não é? Estou segurando ela.

— Cadê a Beth? - Ele agarrou a bebe dos meus braços o mais delicadamente que conseguiu.

— Esta arrumando a mamadeira dela. Não se preocupe não ia machuca-la.

— Não confio em você. - Levantei para ficar cara a cara com ele.

— E eu não confio em você. Estamos empatados.

Ficamos cara a cara em uma briga só de olhares.

— Tudo bem? - Beth se aproximou meio incerta olhando de um para o outro.

— Não deixe a Bravinha com essa dai.

— Vou repetir para o caso de você ser um idiota. Eu não vou machuca-la. Serio mesmo que você acha que eu posso machucar um bebe indefeso?

Ele abriu a boca, mas a fechou de novo. Sem argumentos.

— Ela é importante para nós.

— Eu imagino. Mas só estava fazendo um favor a Beth. Como vou morar no mesmo lugar que você? Todos os dias vai arrumar uma desculpa para implicar comigo? Não confia em mim.

— Mostre que posso confiar em você.

— Eu não preciso mostrar nada. Ou confia ou não confia. Você não confia. E eu entendo você. É sua família. Ok. Agora pode por favor ignorar minha existência?

— Vai ser fácil. - Resmungou entregando Judith para Beth depois se afastou.

— Ele é sempre assim ou sou eu que sou privilegiada pelo seu mau humor? - Perguntei seguindo com o olhar Daryl que foi sentar em uma mesa mais afastado.

— Ele é sempre assim. - Beth falou sorrindo. - Mas é uma boa pessoa. E logo vocês vão se dar bem.

— Isso eu duvido.
Assim que as pessoas entraram no refeitório começaram a me olhar. É claro que pessoas que viviam lá me reconheceriam. Cochichos, olhares. E então eu tinha uma katana apontada para o meu rosto.

— O que esta acontecendo aqui? - Rick se aproximou correndo.

— O que ela esta fazendo aqui? - A mulher negra perguntou.

Ela era imponente. Bonita. Tinha uma força. Mas eu não tinha medo.

— Ela chegou ontem, encontramos com ela na floresta.

— Ela é mulher do Governador.

Ouve um silencio.

— Eca! - Resmunguei. - Não! Não era mulher do Governador.

— Eu te vi lá.

— Isso foi há bastante tempo pelo jeito. Para atualizar suas informações eu deixei o lugar há meses. Merle era meu segundo no comando. Depois virou o general do Governador.

— Você trabalhava para o Governador? - Glenn perguntou.

Sua expressão foi para raiva.

— O que adianta eu falar algo? Vocês não vão acreditar. No fundo estão achando que eu menti ontem.

Eles se entreolharam. Eu devia estar com medo, mas não sentia nada.

Fazia tanto tempo que eu não sentia nada. Meus sentimentos estavam desligados. Eu não era menos que um morto vivo.

— Podemos mata-la agora mesmo. - Daryl se aproximou agarrando meu braço.

— Me mate. Isso não muda nada. Eu já treinei os homens do Governador, vocês já matou os homens dele. Ele quer me matar. Só vai poupar o trabalho dele.

— Eu não acredito em nada que você esta falando.

— Eu não me importo.

— Espera. - Hershel falou. - Vamos nos acalmar. E conversar.

— Não tem conversa. - Daryl resmungou.

Hershel encarou Rick que coçou a sobrancelha.

— Você não decide isso sozinho. - Hershel falou. - Temos um conselho agora.

— Deixe-me adivinhar vão votar para decidir se me matam ou não? - Revirei os olhos.

Daryl apertou mais meu braço. Ergui o joelho o acertando no meio das pernas, ele se afastou um segundo e soquei seu pulso o fazendo soltar meu braço. Ergui a perna para chuta-lo na barriga, mas ele segurou meu pé, girei o corpo apoiando as mãos no chão e acertando o outro pé nele.

Ele soltou meu pé e eu virei no ar pousando em pé. Estavam todos nos olhando. Ergui as mãos e coloquei atrás da cabeça mostrando que me rendia.

— Vamos ser civilizados ok? - Perguntei os observando. - Tudo que vocês perguntarem eu responderei. Se quiserem acreditar o problema é de vocês.

— Você trabalhava para o Governador? - Rick perguntou.

— Vivi sozinha por muito tempo ate encontrar com o Governador. Ele como todo homem me desejou. Queria que vivesse com ele, na sua cama. Eu não quis. Poderia ajudar a comunidade, treinar seus homens para se defender de zumbis em troca de casa e comida. Vivemos por muito tempo assim então descobri as missões secretas dele, pessoas inocentes mortas, espancadas, estupradas. Depois encontrei sua filha zumbi. O chamei de louco. Lunático. Tentei mata-lo, não consegui.
"Seus homens me prenderam. Tentaram fazer eu me abaixar, ser a vadiazinha deles. Merle apareceu. Tínhamos nossas diferenças ate por que eu era melhor que ele no combate, só que ele comandava as missões secretas do Governador. Ele era um idiota, mas ficou furioso com o que tinha acontecido. Foi um deslize dos homens e eu agarrei a arma. Três tiros certeiros. Apontei a arma para o Merle. Pensei em atirar. Eu queria atirar. Queria mesmo. Mas isso não me fazia melhor que ninguém. Como eu disse tinha nossas diferenças, mas ele nunca forçou nada.
"Abaixei a arma e mandei ele dizer para o Governador que a próxima bala seria na cabeça dele. Então com uma pancada ele apagou. Tempo suficiente para conseguir juntar minhas coisas e fugir. O Governador estava distraído com a chegada dela e de uma loira. - Lancei um olhar para a mulher negra. - Saltei o muro e fugi. Depois disso ele colocou minha cabeça a premio. Fiquei esse tempo todo sozinha entre a floresta e a cidade. Fugindo, lutando. Sobrevivendo.

Agora era a vez deles acreditar ou não na minha historia.

E eu sinceramente não me importava com isso. Há muito tempo eu deixei de me importar.


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