Cooly Doctor escrita por WickedChild


Capítulo 9
Novíssima Canção de Amor


Notas iniciais do capítulo

Trilha sonora recomendável: Instant Music; Bran-New Lovesong



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Deixe-me contar uma coisa: eu já fui repreendido por uma organização espacial uma vez, e por isso, não fiquei surpreso com aqueles caras me agarrando pelo braço ainda que não precisasse apelar tanto assim. Na verdade, isso realmente não importa, melhor pularmos logo para a cena em que eu estava sentando junto ao Doutor na espera de sermos atendidos.

 - A propósito isso aqui é algum hospital pra gente precisar de consulta? – questionei, mas parece que, como sempre, o Doutor não ficou muito favorável com o meu questionamento. É estranho, pois há um tempo atrás ele realmente não queria estar aqui. Mas uma coisa nunca anula nada.

— Mesmo se desafiar a física? – a física eu não sei, mas a metafísica, talvez, com essa repetitiva quebra de quarta parede.

— Como eu disse, não anula nada!

— Dá para vocês dois ficarem quietos? Eu estou tentando me concentrar fazendo coisas aleatórias relacionadas com alienígenas e o fim do mundo! – o recepcionista reclama. Mal eu sabia que ele só queria jogar Paciência, no entanto. Espera... se eu não sabia, então como sei agora? Eu não sei, não sei quem era a pessoa e talvez nunca precise saber.

 

A propósito, onde é que a Mamimi foi parar?

— Sim, é uma programação muito importante, se você estivesse presente no momento, você me entenderia: é a chamada noite do chinelo. – ela falava com algum oficial chamado Ianto, acho que era...

—... E por que você está falando isso comigo?!

—... ah, sei lá...

Enquanto nós dois estavamos esperando por aquela mulher aparecer. Não sei o que estava fazendo para demorar tanto, pois ela estava logo do nosso lado. Mas essas pessoas de alta patente geralmente usam alguma desculpa para se atrasarem.

E sim, eu estava pensando e falando baixo tudo isso para que ela aparecesse rápido, pois todos sabemos como o universo funciona durante essas horas.

— Meu nome é Yvonne Hartman. – a mulher se apresentou. Ainda que estivesse com pouca paciência para o assunto, eu tive a impressão de que o Doutor a conhecia melhor.

— E aí, Yvonne...

— Você deveria me chamar por coronel Hartman! – de fato, isso explicitou bem o que eu estava querendo dizer. – A propósito, você está um pouco diferente do que antes. Parece que envelheceu....

—... – o Doutor se sentiu levemente ofendido com o comentário. Hartman parecia saber alguns dos segredos do Doutor, mas se fazia de inocente apenas para zoar com o dito cujo. – Perdoe-me, eu fiz alguma coisa errada?

— Fora ter causado graves danos ao maior orgulho urbano de Londres, eu não sei isso é nada demais... – Sinceramente, por que é que esse povo se importa tanto com isso? Eu sei que é imponente e bonito e que representa uma era importante do tempo, mas, querendo ou não, é só um relógio! Existem cenas desse tipo ao redor do universo! – Por séculos, nós tentamos alarmá-lo de que, em nova de sua majestade, a rainha da Inglaterra, a Torchwood tem o dever de manter o Reino Unido e todo o mundo de acordo com a balança galáctica requerida, e nós seguimos nada além de ordens. É de extrema importância o que fazemos, e você só está atrapalhando ainda mais o que queremos com as suas..... ferramentas indesejadas! – agora eu fiquei levemente ofendido por esse comentário. Não podemos nos esquecer que essas “ferramentas indesejadas” fazem parte do meu crescimento.

— Vocês guardam as armas mais perigosas do universo e não hesitam em usá-las quando ficam com preguiça de conversar e eu sou o culpado por essas “ferramentas”? – eu queria fazer um comentário, mas não me deixaram:

— Você por acaso sabe com quem está falando para dizer que isso é “preguiça”? Digo isso a ti, se me atravesse, sempre pegando contigo donzelas e moleques aleatórios e sempre com algum problema mental! – Agora era oficial, eu tinha que falar:

— Eu posso dar o meu posicionamento?

— agora não, sr. Naota Nandaba, deixe-me continuar.

Agora isso foi macabro. Como é que ela sabia o meu nome todo?

Quer dizer, é meio óbvio, talvez ela tenha me hackeado, o que não é um problema tão grande, já que eles devam fazer isso com quase todo mundo que usa internet.

— Como eu estava dizendo, quem te dá a autorização de levar para qualquer lugar alguém que lhe venha à mente ter um aspecto tolo, inútil, vulgar... de certa forma, não deixa de ser verdade...

— ?!

— Quer dizer, vamos ter em mente que seus companheiros não tem nenhuma capacidade ou preparo para enfrentar isso! Estamos falando desse pobre infeliz que nem sequer passou por um teste psicológico!

Eu fico imaginando se essa dama já teve que rebater os seus próprios estímulos pubianos em forma de robôs com um taco de beisebol.

— Com licença, col. Hartman...

— sr. Naota Nandaba, deixe-me continuar. – e assim ela fez -... De um joão ninguém... um pobre diabo...

Eu tinha que lutar pelos direitos da minha imagem:

— já chega, col. Hartman!

— Eu não terminei ainda, sr. Nandaba...

— É por isso mesmo... E a propósito, acho que navegar com o Doutor não é tão grande coisa.

— Como é?! – o Doutor questiona, surpreso com o comentário surpreendente.

— Eu não terminei ainda, Doutor. – continuei com o mesmo troco, percebendo a mudança de atitude da tão chamada coronela. – você devia ver como esse cara realmente não dá nenhum esforço! Acho que sobrevivemos até agora porque tudo dá certo. E, no caso, sempre dá! Aliás, sobre a torre do Big Ben, vamos combinar que o estrago não foi tão grave assim, pelo amor do Monstro de Espaguete Voador, não vamos romantizar tudo!

—..... – análise. – Está bem, sr. Nandaba. Mas saiba de uma coisa: não vai ser sempre que você vai conseguir me enganar! Lembre-se, pois, esta é a Torchwood, o maio...

—... maior serviço de inteligência extrarrestre do Reino Unido, vocês já disseram isso algumas vezes, até mesmo na placa!

Caso ninguém tenha percebido, eu entrei aqui por uma porta. E estranhei esta placa escrita:

“Instituto Torchwood para inteligência extraterrestre e outros serviços – sua memória sobre este letreiro desaparecerá em um período de cinco minutos”

Espera, só se passaram cinco minutos?

Do que é que eu estava falando mesmo?

Ah sim, a gente foi embora dali. Acho que a Hartman só queria encher linguiça mesmo. Ou talvez mais que isso, pois creio ter visto um rosto familiar fazendo uma queixa, e ouvi direitinho sobre o que estava conversando:

— Eu já disse que eu não fiz merda nenhuma!

— É, sr. Amarao, mas você já disse que não fez merda nenhuma na semana passada.... e na semana retrasada.... e na semana re-retrasada.

— ISSO É MENTIRA! Eu falei “bosta nenhuma”! É muito diferente!

O Doutor também parecia estar ouvindo. Eu me aproximei dele e fiz uma leve pergunta retórica:

— Sobre o que estão falando?

—.... Um monte de bosta.

— E quem foi o cagão?

— Acho que foi aquele cara... – ele aponta para o cidadão que estava reclamando, um civil (que é sinônimo de cidadão em português), de cabelo ruivo sem graça, uma testa absurdamente grande e duas sombrancelhas tão grossas que era óbvio serem falsas. Eu só queria que não fosse o cara que eu estava pensando quem fosse, pois tudo o que eu menos queria era me envolver com gente tóxica. De qualquer forma, eles continuaram falando:

— Você acha mesmo que eu iria deixar uma coisa dessas acontecer com a minha preciosa Medical Mechanica? É por isso que eu esbarrei todo tipo de entrada de visitantes de risco em toda a região de Honshu! Essa é a nova política do Departamento de Imigração Interestelar!

— Sim, sim, já lidamos com muita acusação sua de xenofobia vinda de... olha só! Do K!

— DO K!? Aquele dinossauro americano está louco por acaso?! Olha, já cansei de escândalos vindos de vocês! Eu exijo o meu advogado vogoniano! – o recepcionista olhava para ele com justo desprezo, talvez até pena. – Não vai dar, é? Tudo bem! Eu sei que qualquer pessoa pode ter mais moral do que você! Na verdade, todos vocês! É isso mesmo, Torchwood, vocês não passam de um bando de conspiracionistas e mestres da propina! Ainda bem que eu tenho a ajuda do meu confiável.... eh.... – Ele começa a procurar por alguém que o defenda. Eu estava de saída, até que chamou o meu nome. – NAOTA! Ei, eu conheço aquele cara! Ele é gente boa que só!

Aquele desgraçado aproveitador.... Eu só queria sair dali, mas ele não parava de chamar atenção:

— Sou eu! Seu amigo: Amarao!

Pensando bem, a melhor opção era só disfarçar:

— Amarao.... Amarao.... Ah, Amarao! Não sei quem é não, foi mal.

— Seu traidor! – claro, e ele com certeza nunca me prejudicou de nenhuma forma. Só espero não vê-lo novamente. Provavelmente eu vou, só porque eu fiz esse comentário.

Quando saímos, fui conversar com o Doutor para esquecer dessa experiência traumática. Na verdade, foi ele quem começou a conversar comigo:

— Não sabia que era pastafariano também.

— Não sabia que tinha religião.

— Não sabia que eu tenho muitos segredos?

— Que merda, hein.... Sabia não...

Começamos a rir por algum motivo muito besta e sem razão geral. Mas enfim, quem liga se não tem razão? Eu não...

— Olha, não sabia que eles tinham placa...

— Eu sabia. – o Doutor responde. Aparentemente o processo neurológico dele funcionava de outra forma. Espera, o que é que eu estou falando.

A propósito, a Mamimi esteve do lado de fora esse tempo todo falando com uns caras que pareciam ser bem legais, mas no fundo, eu não me importava, só estava feliz que ela possa ter estabelecido contato com gente que talvez dê uma nova experiência à vida dele. Ela está precisando. É sério.

Nos despedimos dela, agradecendo pelo apoio moral.

— Canti disse que vai me visitar quando possível. – Pensava que Canti precisasse da minha autorização para fazer isso....

— Sabe para onde ir? – o Doutor perguntou, apesar de que eu queria ter falado sobre isso pessoalmente com ela.

— Eu conheci um cara muito legal, e muito sexy também, que me deu um convite para conhecer alguns lugares diferentes. Acho que é bom para dar uma variada, sabe?

— Está bem. Não vou te impedir. Só espero que saiba o que está fazendo.

—... Quer um concelho? – o Doutor se sentiu interessado pela instigação da menina – Nunca saiba!

— O que quer dizer isso?

— Fica muito chato você saber o que quer! Como você vai ser feliz se já tem tudo pré-programado? Você só realmente sabe que está feliz quando não sabe o que está fazendo.

— E isso deu certo para você? – Perguntei com seriedade.

—.... Vou dever uma resposta a partir daqui... – Foi tudo o que ela falou. Despediu-se com um agradável sorriso no rosto. Por mais surreal que pareça, ela importa muito para mim. Claro que por razões horríveis, mas não tem como eu não me sentir afeiçoado pelo o que ela me representou. Nem sempre a vida é tão bonita quanto queremos. Mas antes de partir, ela se aproximou de mim e me deu um cartão. Fiquei comovido com  o que estava escrito, mas principalmente pelo o que ela fala a seguir: - fique bem, Naota!

 

..... Ela nunca me chamou pelo meu nome...

 

Mais tarde, na TARDIS (piada velha), o Doutor estava direcionando o próximo destino quando percebeu que eu ainda lia o que estava escrito.

— Eu deveria saber o que é?

— Tire suas próprias conclusões...

— Uma carta de amor? Uma declaração de sinceridade? Talvez uma dívida que ela esqueceu de te pagar...

— Estou falando sobre a sua intromissão.

—....

Enfim, eu olhava para a guitarra elétrica que uma vez foi da pessoa que eu achava mais importante no mundo, a pessoa que me inspirava, e comecei a falar o que tinha lá dentro:

 

Ai no kioku ga shibondekara, me wo aketa mama zutto nemutteta. Omotta yori sore wa juushou datta... (Depois que eu lembro daquele amor que desvaneceu, dormi muito tempo com os olhos abertos. Isso me afetou muito mais do que eu pensava que fosse...)

 

Hanbun ni chigirete oki-agatte. Hikari no sasu hou he, mukaeba, maboroshi janai kimi ga tatteta. (Estou partido pela metade enquanto ainda estou de pé. Não sei as razões, então, por favor, me diga. Isso não é nenhuma ilusão, eu te vejo de pé ali)

 

Oshiete yo, doko ni ita no? Doushite boku wo shitteru no? Natsukashii namida ga date Kodoku no owari ni hibiki-wataru Bran-new lovesong Sore wa kimi he no uta nan da (Então me diga, de onde você vem? Por que você me conhece? Lágrimas de um verão branco e melancólico ressoando até o final da minha solidão com essa nova canção de amor: essa é a minha canção para ti)

 

Moteamashiteta yume wo zenbu, Atokata mo naku sotto hagashita. Ima wa nani mo nai tada kimi to futari (Você gentilmente desfez aquele sonho esmagador, não deixou nenhum rastro. Agora, não há nada, apenas nós dois.)

 

Kirai datta jibun no koto. Itsunomanika, yurushiteta. Hashiridashita kono omoi wa. Tayasuku kowaretari nanka shinai Bran-new lovesong: Kimi ga subete wo kuretan da (Eu apenas odeio a mim mesma. Mas antes que eu percebesse, acabei desistindo. Este coração começou a acelerar. Já não é mais tão fácil de controlar com minha nova canção de amor: você sempre foi tudo para mim.)

 


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Notas finais do capítulo

Letra da música de The Pillows: "Bran-new Lovesong"



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