The Fantastic, Wonder and Fabulous Game escrita por BadMinnie


Capítulo 1
The Fantastic


Notas iniciais do capítulo

Muito feliz por finalmente ter chegado a minha vez de contribuir com esse projeto maravilhoso, Pride Month Fanfic. Meus agradecimentos por terem aceitado a minha história e deixo aqui também o meu orgulho de estar fazendo parte de algo tão importante!

Sobre a história: Essa é a primeira vez que escrevo uma onde os personagens principais não narram ela e... Nem eu. Não sou eu que conto essa história, mas quem conta ela vocês só vão descobrir no final.

Ouçam a playlist: https://open.spotify.com/playlist/55XofVOz2tn6kU9XD9BKYj?si=nTMUZ4i6T4ibKfMPHMSHGg
A dinâmica das músicas utilizadas no capítulo são as letras do início de cada uma, onde a história separa os acontecimentos.

Sem mais delongas, não quero atrapalhar a leitura de vocês, então Aproveitem!!!



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I

The Fantastic

 

‘Cause It’s a bittersweet symphony…

 this life’.

Uma vez, há muito tempo atrás, Noah Gere escreveu: “Tamanhas são as forças que eu utilizei para escapar do meu destino. Lutei, lutei bravamente, e fui em direção contrária a minha natureza, tentando a todo custo renegar o que já havia sido escrito nas tabulas dos deuses como a história da minha vida. Mas, de algum jeito, não tive forças o suficiente. Ninguém pode escapar do destino”.

Destino.  

É engraçado como os seres humanos racionais lidam com o destino e todas as relações que o envolvem.

Em termos de ação e de consequência, todos concordam que ambas estão interligadas. Também concordam que uma pequena ação promovida por uma única pessoa, pode ter uma consequência enorme para outra– e essas duas, na maioria das vezes, nem se conhecem.

Mas quando alguém supõe que o destino se encarregou de tudo isso, trabalhando minuciosamente em cada detalhe, não existe tanta concordância geral.

O que explicaria essa história louca que estou prestes a contar, então?

 

No dia 13 de Agosto de 1997, Elizabeth Sawyer decidiu ter relações sexuais com Tony Vergara.

—Eliza, essa é, provavelmente, a maior loucura que vou fazer na minha vida!

—Acredite, Tony, não é a maior loucura da minha, mas é a melhor de todas.

A história deles é muito boa.

 O resumo começa nas semanas ensolaradas de agosto, quando as universidades inglesas abriam um período de visitação para os novatos, com diversos objetivos: conhecer o campus; conhecer os professores; visitar a biblioteca; assistir aos treinos dos times esportivos; procurar clubes e projetos para participar, e muitos outros. Como era de se esperar, foi nesse cenário que eles se conheceram.

Tanto Elizabeth, quanto Tony seriam calouros no curso de Arte. Foi ela que se interessou primeiro, quando o professor que guiou o grupo em que estavam, perguntou quais artistas hoje consagrados não se davam bem na época em que estavam ascendendo como profissionais. Tony foi o único a responder e Eliza viu que, além de conteúdo, ele também tinha muita beleza.

A resposta da pergunta, a propósito: Da Vinci e Michelangelo.

Depois, não foi difícil quando eles se aproximaram durante o resto da visita. Não foi difícil quando eles descobriram que os seus horários eram correspondentes. Não foi difícil quando perceberam que seus filmes favoritos eram os mesmos. Foi ainda menos difícil quando ele a chamou para sair.

Jovens, universitários, embalados pelas férias e destemidos, eles não precisavam esperar muito mais para fazer seus corpos trocarem experiências. Por isso, eufórica com o sentimento novo que sentia, Elizabeth não hesitou em contar a Tony a sua ideia, depois de alguns encontros:

—Eu acho que seria incrível a gente dar um amasso na biblioteca da universidade. Esse é um dos meus sonhos!

—Ficou maluca? E se alguém pegar a gente lá?

—Quem? Estamos no meio de agosto, Tony, todo mundo está de férias.

—Qualquer um pode entrar na biblioteca. Ela fica aberta o ano inteiro.

—Eu conheço aquela biblioteca desde criancinha. Meu pai já foi professor na universidade, Tony.  Tem estantes que ninguém visita!

Como não era nenhum idiota, Tony aceitou.

Quando encontraram a estante perfeita, ele perguntou se era seguro. Para Eliza, a melhor parte de estarem ali era o perigo. Ele concordou e a beijou furiosamente.

Era divertido e novo. Eliza repetia, entre beijos, que eles estavam inaugurando o início de suas vidas acadêmicas.

É claro que, prestes a se livrarem de algumas peças de roupas, eles não imaginavam que derrubariam um livro velho no chão. Era um livro bem grosso e fez um barulho considerável. Por sorte, aquela área da biblioteca era completamente deserta, certo?

Errado

Elizabeth e Tony pararam de se beijar quando ouviram passos apressados vindo em sua direção, após a queda do livro.

—O que vocês estavam fazendo? – O dono dos passos perguntou.

Errado, porque aquela área da biblioteca era a área favorita de um jovem professor tranquilo: Albus Dumbledore.

Sim, Albus Dumbledore! 28 anos, ruivo, 1 metro e 78, olhos azuis claros e sorriso fácil. O professor mais jovem da universidade, bonitinho e peça principal dessa história.

 

However you feel

Whatever it takes

 

A princípio, o que se sabe sobre Albus Dumbledore, é que ele não pretendia frequentar a Universidade de Londres nas férias.

Ele era um homem adulto, já formado e muito precoce para a inteligência e os gostos abstratos que tinha. Apesar disso, tudo em sua vida pessoal não indicava que ele era tão promissor quanto parecia. Vinte oito anos, professor universitário que ganhava muito bem, solteiro, bonito e precisava dividir o apartamento com os seus irmãos.

—Se quer ficar perto de Ariana, você vai ter que me aceitar junto. Eu jamais deixaria ela sozinha com você, Albus. – Aberforth, o irmão do meio entre os Dumbledore, decretou isso, duas semanas após a morte da mãe de todos eles.

A ideia de Albus era cuidar sozinho de sua irmã, cujo um crime do passado (envolvendo homens e uma adolescente indefesa) a marcou para sempre. Ele sabia que podia dar conta dessa atividade, porque conhecia uma técnica artística de terapia, para que ela pudesse se desprender de seu passado. Tudo parecia ir bem, até que Abe – apelido que os irmãos deram a ele – vetou essa possibilidade. Mas, sendo sincero, Aberforth também tinha motivos para duvidar que seu irmão mais velho fosse o homem certo para cuidar dos horrores de Ariana.

Primeiro porque Albus, apesar da aparência tranquila, era um manipulador nato e isso era perigoso. Um tanto quanto ambicioso, ele poderia estar usando sua irmã para testar uma técnica ainda pouco conhecida de terapia. Segundo, enquanto ascendia como um artista promissor, dando aulas de História da Arte em uma das Universidades mais requisitadas do mundo, ele não teria tempo suficiente para Ariana. E, terceiro, Aberforth simplesmente não queria.

Assim, a vida de Albus mudou completamente. Ele saiu do bairro próximo de seu trabalho para ir morar no centro de Londres em um apartamento que ficava em cima do bar do irmão.

Desde o primeiro dia de mudança – cerca de três anos atrás -, ele nunca mais soube o que era silêncio. Especialmente neste dia 13 de Agosto. O dia em que seu irmão iria inaugurar um karaokê totalmente tecnológico no Cabeça de Javali e teve que passar a tarde inteira o testando.

—Isso é realmente injusto. – Albus reclamava com a calada Ariana, no apartamento. Estava trabalhando em um cronograma de leitura para o novo semestre da faculdade, e iniciando o planejamento das suas primeiras aulas. Agora, devido o barulho, já recolhia todos os papeis jogados em sua mesa e os colocava dentro de uma bolsa. – É quinta-feira, são três horas da tarde, isso não é hora de ficar cantando em karaokê!

Quando ele foi reclamar com o irmão, recebeu isso como resposta:

AND I SAY HEY, YEAH-EAH, HEY YEAH-EAH I SAY HEY WHAT’S GOIN’ ON? – de um Aberforth nada afinado.

Não era como se ele estivesse atrasado para apresentar seu cronograma semestral ao coordenador do curso de arte, Armando Dippet, ou qualquer coisa do gênero, mas ele ainda tinha muito trabalho a fazer. Por esse motivo, decidiu ir até a biblioteca da faculdade na sessão de literatura erótica, que era completamente esquecida pelos alunos e havia se tornado o local mais privado de toda a Universidade de Londres. Para trabalhar em paz, sem incômodos.

Não foi bem sucedido nessa tentativa também.

Sim, essa é exatamente a mesma sessão em que Elizabeth Sawyer e Tony Vergara estavam prestes a transar. Transar, na sessão deserta de Literatura Erótica. Como isso não seria obra do destino, afinal?

Sequer foi o barulho do livro caindo no chão que despertou Albus. Ele estava sentado em uma das mesas, atrás da estante em que os dois se beijavam violentamente. Quando percebeu a movimentação ficou um pouco desconcertado, e até irritado, já pensando em recolher o seu material novamente, para procurar outro lugar. Foi sorte os dois terem derrubado um livro, porque assim ele poderia se aproximar e pedir que os dois saíssem.

—O que vocês estavam fazendo? – Ele precisou pisar pesadamente no chão, na esperança de fazer seus passos serem ouvidos pelos dois alunos. Depois, fez essa pergunta com as mãos na cintura e procurando deixar o seu rosto sério.

Elizabeth e Tony trocaram um olhar nervoso.

—Bem... Nós estávamos... Procurando um livro. – Eliza, a responsável pela ideia louca, respondeu de imediato.

Eles estavam procurando um livro do jeito mais inusitado do mundo. E, de alguma forma, encontraram.

—É esse? – Albus apontou para o livro jogado no chão.

O livro citado parecia muito velho à primeira vista, e ele realmente era. Um exemplar de cor azul turquesa, com desenhos na capa que aparentemente não tinham qualquer relação entre si. A lateral já muito desgastada e as folhas já adquirindo uma coloração que beirava o marrom, de poeira.

—Hum... – Tony deixou um barulho escapar de sua boca e encarou Eliza sem saber o que fazer. A garota deu de ombros. Ela, que estava guiando os dois naquele dia, também não tinha uma desculpa.

Sem conseguirem mais esconder o motivo de estarem entre aquelas estantes e extremamente envergonhados, os dois se afastaram. Eles esperavam que Albus esquecesse seus rostos para sempre, devido tamanha vergonha. Para sua infelicidade, a memória de Dumbledore era como a dos elefantes. E para um infelicidade ainda maior, Dumbledore daria aula para eles em um futuro muito próximo.

Despreocupado, o professor bufou e recolheu o livro caído no chão.

—Os Contos de Beedle, o Bardo. – Leu o título. Virou o livro até o fim, onde a sinopse era exibida. – Contos fantásticos para crianças. Mas o que esse livro tá fazendo aqui? – Suas sobrancelhas se uniram e ele voltou seu olhar para a estante em sua frente. “A Vênus das Peles” foi o primeiro título que viu entre as centenas de outros livros eróticos que se amontoavam uns aos outros.

Os contos do livro infantil, e muito antigo, que segurava em suas mãos, não se encaixavam em lugar nenhum daquela estante. A única solução era procurar madame Pince e descobrir onde o guardar.

Seguindo o caminho para a área mais movimentada da biblioteca, onde Pince se escondia atrás de uma bancada, Dumbledore sorriu olhando para o chão. Tudo estava conspirando para que ele não terminasse o seu planejamento naquele dia, mas ele manteria a calma e a mesma paciência de sempre.

—Boa tarde. – Dumbledore cumprimentou a bibliotecária com o costumeiro olhar simpático. Ele não tinha o hábito de descontar suas frustrações nas outras pessoas inocentes, ainda mais quando essas podiam ajudar. – Encontrei esse livro no chão. Tudo bem você procurar o lugar dele pra mim? Acho que não fui capaz de achar sozinho.

—Claro. – Ela tomou o livro de suas mãos e procurou alguma coisa na capa. Talvez a identificação. – Não fica em lugar nenhum! – E o devolveu para Albus.

Sério? Mas ele caiu de uma prateleira.

—Provavelmente algum aluno se confundiu e colocou ele no lugar de outro. Você não faz ideia de como isso acontece com frequência, Dumbledore. Eles trazem seus próprios livros e os escondem em qualquer lugar, para se livrarem deles. Eu odeio. Tenho que revisar essa biblioteca inteira pelo menos umas três vezes por mês, e sempre tem livros nos lugares errados.

—Interessante. – Albus suspirou, analisando o livro devolvido a sua mão. - Porque esse conto para crianças estava na estante de literatura erótica.

Madame Pince o encarou com curiosidade. Tomou o livro de suas mãos novamente e o folheou.

—Não. Não tem nada de erótico aqui, graças a Deus. Eu não sei o que faria se lesse erotismos entre uma bruxa e um caldeirão que salta.

—É, eu também acho que não faria sucesso.

—Sinto muito, mas isso significa que você pode fazer o que quiser com esse livro, menos o devolver para as estantes. E se você devolver, eu saberei. – Ela fez um sinal, colocando dois de seus dedos sobre os olhos e depois apontando para os olhos do próprio Dumbledore.

Contrariado, Albus girou o livro entre suas mãos e se afastou da bancada para voltar à mesa em que estava sentado. Distante. Sozinho.

Depois disso, já sentado, ele não conseguiu se concentrar em terminar o seu cronograma. Alguma coisa desconhecida chamava a sua atenção para o livro. Talvez porque ele nunca tivesse lido um livro infantil na vida ou pelo simples fato de não saber o que fazer com aquele objeto tão velho. Para melhorar ainda mais a sua dúvida, ele abriu o livro diretamente na primeira página e encontrou algo especial ali:

A dedicatória. Ainda legível.

Ah, vocês precisam saber como ele adorava as dedicatórias dos livros! E naquele tinha uma, quase tão grande que ocupava a folha de rosto inteira.

“Querido Richard”, a dedicatória começava dizendo, “Deixo com você esse livro, em busca do seu perdão. Eu sempre soube que ele era o seu favorito”.

As palavras seguintes atingiram Albus de uma maneira tão profunda que ele não conseguia respirar enquanto lia.

Nada nunca tinha feito tanto sentido. Ele nunca havia sentido uma dor tão forte, a não ser por quando recebeu a notícia de que sua mãe havia morrido. Ele nunca havia experimentado do sofrimento, até ver aquelas palavras. Nunca tinha se sentido tão presente no mundo real, quanto no segundo seguinte em que acabara de ler aquela dedicatória por inteiro.  Todas as injustiças que já vira não se comparavam aquilo, nem todo o ódio do mundo. Ele sentiu que havia acabado de pintar um quadro cheio de cores e alguém havia jogado tinta cinza nele.

Fechou o livro com força em cima da mesa. Respirou profundamente três vezes e relaxou na cadeira. Então ele sorriu.

Nunca nada tinha feito tanto sentido. Aquele era o mundo real, afinal. Aquelas coisas aconteciam e todas as palavras escritas na dedicatória eram reais, por mais que ele não quisesse que fossem. Nunca havia provado de uma realidade tão dura e insensível quanto aquela, ao mesmo passo que percebia alguma coisa mudar dentro de si. A tinta cinza jogada em cima do quadro colorido agora parecia ter se adequado melhor e escancarava nele a verdade avassaladora:

Ninguém jamais escreveria para ele uma dedicatória como aquela.

Por um lado isso era bom. A dedicatória era bem triste. Por outro lado era a pior notícia que poderia ter recebido em vinte e oito anos de vida. A dedicatória era linda também.

Absurdo em pensamentos, só voltou à realidade quando percebeu a presença de outras pessoas lá.

Eram Eliza e Tony novamente.

—Ah... Que azar! – Ela reclamou, vendo que o professor ainda estava ali.

Os dois já iriam se afastar, quando Dumbledore os impediu.

—Não eu... Eu só... Vocês... – Ainda estava sem palavras. Engoliu em seco e ficou de pé, pigarreando para forçar a própria voz a sair. – Eu estou de saída. Vocês podem continuar procurando o livro que estavam procurando.

—E... E a gente estava mesmo. Procurando um livro. – Eliza mordeu os lábios nervosa.

—Sim. – Dumbledore sorriu.

Não demorou mais do que dois minutos para o professor arrumar as suas coisas, de um jeito bem mal feito, enquanto Elizabeth e Tony realmente passaram a procurar livros. Os dois sorrindo um para o ouro, enquanto liam as sinopses e pequenos trechos dos livros de literatura erótica e tiravam sarro das coisas que estavam escritas. Dumbledore balançava a cabeça negativamente, ouvindo e rindo junto com eles.

Pensou em deixar o livro infantil velho e sua dedicatória triste em cima da mesa, porque encontrou uma brecha na “ameaça” de madame Pince. Ele não podia recolocar o livro na estante, mas podia deixar em cima da mesa sem problemas. Mesmo com o coração ainda doendo e o receio, por culpa da dedicatória, ele achou que seria melhor deixar o livro em cima da mesa e tentar esquecê-lo.

Andando entre os corredores da Universidade de Londres, para ir embora, ele continuou pensando se estava fazendo a coisa certa deixando o livro para trás. Mordia as unhas e os lábios com força, enfiava alguns papeis que ainda segurava em suas mãos, de forma precária, dentro da bolsa que levava consigo e tropeçava por não manter os olhos focados no chão e em sua frente.

Quando alguém sente essas interrogações inquietantes do que se deve ou não fazer – como era no caso de Albus, com a dedicatória daquele livro infantil e a incerteza de deixar mesmo o livro para trás-, não é possível ignorar. A dúvida é sempre sinal de que algo está faltando.

Ele só decidiu voltar realmente à biblioteca quando chegou ao final do corredor. Lá estava exposto um quadro de arte. Não era nada além de milhares de cores misturadas que, quando se olhava com muita atenção, via o formato de um desenho do coração humano.

Para a sua surpresa, quando voltou correndo para a biblioteca, não atrapalhou Eliza e Tony. Os dois ainda estavam tão entretidos em sua conversa boba, analisando os livros eróticos, que pareciam mais conectados dessa forma do que quando pretendiam transar encostados nas prateleiras frias de metal. Albus sorriu, sentindo-se um pouco responsável por aquilo.

Ele não achava que o sexo era uma coisa ruim. Ninguém achava. Ele só ficou satisfeito por ver que os dois tinham uma conexão ainda maior, enquanto riam dos livros e trocavam uma conversa boba. Naquele momento ele teve certeza de que Eliza e Tony fariam jus à dedicatória triste que lera a pouco, e vingariam as palavras escritas lá. Por isso, enquanto voltava para o corredor, ele a leu novamente.

Destino. Esperanças. Caminho a percorrer. Palavras soltas, deixadas pela dedicatória que ainda não haviam saído da cabeça de Dumbledore.

Ele decidiu que, para a sua vida, teria novas metas. Metas que não envolvessem somente trabalho. Ele seria mais corajoso, seria menos concentrado, talvez um pouco menos tranquilo e celebraria todos os dias a opção que tinha de ser livre.        Assim como Eliza e Tony, Dumbledore faria jus àquela dedicatória.

Poucas pessoas sabiam sobre a sua sexualidade e do interesse que ele tinha por outros homens. Não havia motivos para esconder, no entanto. Refletindo sobre esse assunto, ele chegou à conclusão de que essa parte da sua vida deveria ser mais aberta.

—Dumbledore! – Ouviu alguém chamando seu nome e tirando ele de seus devaneios no meio da universidade. Era o professor Armando Dippet, no fim do corredor acenando para ele. – Veja só. Esse é o tipo de professores que temos nessa universidade, Gellert, professores que não conseguem ficar longe daqui nem nas férias. – Comentou para o homem que estava ao seu lado, apontando para Albus.

—Isso só me motiva a conseguir esse emprego, professor. – O homem chamado Gellert respondeu.

—Professor Dippet. – Dumbledore o cumprimentou. A distância entre os três homens agora era mais curta. – Boa tarde!

—Dumbledore, esse é Gellert Grindelwald. Grindelwald, este é Albus Dumbledore, nosso professor de História da Arte. – Dippet os apresentou.

Albus e Gellert uniram suas mãos em um aperto educado. As mãos de Grindelwald estavam geladas e, em uma fração de segundos, esse tom frio ascendeu uma lembrança em Dumbledore.

—Dumbledore, o Gellert estava fazendo uma entrevista de emprego comigo. Você sabe da nossa condição, sem um professor de pintura, e esse homem parece bem apto ao novo cargo.

—Isso é ótimo. – Albus respondeu, mas a lembrança ainda era latente em sua cabeça e, por isso, pareceu meio afoito. – Desculpa. Eu tenho certeza de que já ouvi o seu nome antes e agora não estou me lembrando.

—Já dei várias palestras aqui. – Grindelwald explicou rindo. – Geralmente, eu falo sobre pintura.

 

Os olhos azuis de Dumbledore se arregalaram de forma discreta, pois ele teve tempo de concertar o seu equivoco. Lembrou-se exatamente do dia em que ouvira aquele nome. Era em uma palestra, onde ele e Minerva McGonagall, a secretária de Dippet, monitoravam a turma que assistia. No entanto, nenhum dos dois prestou atenção em nada do que ele falava.

Na verdade, Dumbledore só prestou atenção em uma coisa:

“Muito boa a pincelada dele”, Minerva disse baixinho, para não atrapalhar ninguém, “mas eu ainda não consegui identificar o que é isso que ele desenhou”.

“É sim, ele é ótimo”, Dumbledore concordou, mas não estava falando exatamente do quadro que ele pintara.

 

Tossiu secamente, quando deixou a lembrança passar.

—Claro, claro. Eu tive certeza de que já vi você andando por esses corredores, mas não é isso. Também tem outra coisa que estou tentando me lembrar em relação a você.

Dumbledore dizia a verdade. Não se lembrava daquele nome por conta das palestras e por pensar em Grindelwald como o homem bonito que ele era. Tinha certeza de que já viu em algum lugar e sabia que era referente à pintura, claro. Grindelwald acabara de dizer aquilo. Ele era um pintor, só restava lembrar de qual obra dele Albus conhecia.

Percebendo que o professor fazia um esforço para se lembrar do seu nome, Gellert abanou a cabeça rindo. Os cabelos louros caíam sobre os olhos verdes claros e os braços fortes estavam cruzados sobre o seu peito. As sobrancelhas, loiras muito espessas, se juntaram em sua testa e indicaram expectativa.

 Os três homens ali, parados no corredor, esperavam para ver se Albus se lembraria da obra de Grindelwald. Ele sorriu quando percebeu essa movimentação, e colocou o dedo sobre o queixo, olhado bem fixamente para Grindelwald. Então, se lembrou:

—Você é o pintor exímio de vaginas, que visitei a exposição há uns cinco meses atrás!

—Ele se lembrou! – Dippet riu. Os três gargalharam divertidos. – É isso mesmo, ele faz pinturas eróticas! 

—Sim, é claro. Nas palestras ele mostrava as vaginas que pintava. – Dumbledore concordou com Dippet silenciosamente.

Grindelwald ficou ainda mais satisfeito de ouvir aquilo. Por ser lembrado pela sua arte única.

E de pênis também. – Acrescentou. Gostava de reconhecimento completo.

Quê? – Dumbledore ficou confuso. Pensou não ter ouvido direito.

—Pinto vaginas e pênis também.

—Ah! – Albus compreendeu. – Sinto muito, é que só vi as vaginas.

—Ah! – Grindelwald o imitou, sem intenção de fazer zombaria, apenas o imitou inocentemente. Dessas ações que as pessoas têm de forma involuntária. Ele colocou a mão no queixo, exatamente como Dumbledore havia feito segundos atrás, e sorriu, o analisando. – Que pena! Você não sabe o que está perdendo.

 

 

THE FANTASTIC, WONDER AND FABULOUS GAME

Para o Pride Month

 


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Notas finais do capítulo

Sim, infelizmente eu decidi de última hora que vou fazer suspense com a dedicatória, mas partes dela já estão disponíveis nesse capítulo.

Estou super nervosa para saber se vocês gostaram do primeiro capítulo. No próximo, Dumbledore vai começar a sentir os efeitos que a dedicatória causou nele e em suas próprias atitudes. Eu peguei isso de Harry Potter, mesmo. Quando Albus conheceu o Gellert, ele provavelmente mudou muito e nessa fanfic ele muda também, não por causa do Grind, mas por causa da dedicatória!!

Pensamentos??