O que os olhos não veem escrita por Agome chan


Capítulo 1
One shot


Notas iniciais do capítulo

Becca, essa Oneshot é pra você! (E pra quem quiser ler, mas eu fiz especialmente pra minha amiga secreta, eu fiz para dar a ela e postar no ss, então está lá, mas resolvi passar essa one shot pra cá também)

Eu espero que goste muito mesmo
Eu adorei fazer
Ainda mais porque estava com falta de fazer um AU de InuYasha, diferente (mas ao mesmo tempo nem tanto kkkkkk)
Mais uma #sesshyrin então
E para o público no geral, espero que gostem. Eu tenho uma original de relação de bruxa e uma familiar (Encontro na noite púrpura), então é um tópico que eu gosto
E gostei de usar com esse ship

Qualquer coisa eu posto mais por aqui, então eu espero feedback, viu?



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Era uma situação apreensiva, quase desesperadora, porque Rin se lembrava da possibilidade daquilo acontecer num futuro, daqui a anos. Tentava não pensar sobre, mas não tinha mais como escapar.

 

Ela só tinha comprido seu dever, não faria diferente.

Provavelmente... não faria diferente.

Suspirou, estava em dúvida até sobre isso agora que estava tendo que lidar com as consequências.

Rin era uma bruxa excelente, quem mais poderia proteger a todos e vingar a morte dos que já foram daquele monstro que era o bruxo Onigumo? Era necessário ser parado.

— Temos que destruir Onigumo.

Seu companheiro na época tinha concordado, seria a vingança de todos.

Um bruxo sujo como Onigumo, — descartando familiares como se fossem objetos. A muito tempo atrás teve uma amante, familiar do dito cujo, e não chegou a tempo de salva-la. Kagura morreu em suas mãos, como o camponês Kohaku morreu nas de Rin. A tinha pedido em casamento no antigo vilarejo em que ela vivia com a família. Ela só tinha saído para pensar e diria sim, mas Kohaku nunca teve a chance de saber, só soube que possuía o dom além dos demais ao ver ser drenado de seu corpo por Onigumo.

Juntos, a bruxa e seu familiar, conseguiram rastrear o desgraçado. O fizeram pagar, como a dupla imbatível que eram, na noite da lua vermelha.

Ele podia ter diversos familiares a mais para lhe defender, não era de se envolver diretamente em grandes batalhas, deixava-os para sujar as mãos, entretanto foi obrigado por terem derrotado os que ele usava de escudo. Afinal o cão não era uma criatura comum, estava muito acima, extremamente superior em força, tamanho e experiência. Tendo em suas costas a bruxa do calor, era uma combinação perfeita a sua frieza.

Perfeita em muitos sentidos.

Na forma humanoide teve o prazer de o ferir com o chicote incandescente que formava pelo seus poderes. E de ver a bruxa perfurar Onigumo com o raio que lançou perfurando o peito, acertando seu ponto vital, destroçando e queimando por dentro seus órgãos, quebrando seus ossos. Mesmo que o bruxo tenha antes lhe acertado no último momento com o líquido roxo, pastoso, que ardia tanto em seu rosto que ela soltou um grito ensurdecedor, mas não perdendo o foco, movida pelo ódio. Só pode ver o pouco do sorriso sádico de Onigumo ao acerta-la, recebendo logo em seguida o raio. A bruxa não via mais nada quando o sangue dele se espalhou por toda a veste clara de Sesshoumaru, ao cravar suas garras no crânio arrancando a cabeça logo em seguida. Os olhos vermelhos sedentos de ódio pelo o que aquele bruxo tinha acabado de fazer. Logo estava ao lado dela para lhe acudir, tudo tinha acabado, tinham vencido...

O veneno que lançou em Rin passou a fazer efeito horas depois. Sua visão típica estava comum, mas para o que era do mundo que os demais não sabem, das criaturas mágicas, ficava turvo e se embasando mais com os dias.

Odiava ver os sorriso entristecidos dos seus amigos youkais e sensitivos ao notarem. Estava acostumada a ser rodeada e receber muita atenção, era a alegria de qualquer festa, não queria que sentissem pena de si.

Mas passava se sentir pior e pior. Digna de pena.

Admirava Sesshoumaru deitado ao seu lado, tentando memorizar e relembrar cada detalhe daquele rosto. Até os toques.

Sentir os toques dele... passou a ser difícil. O tato para com youkai fora afetado, sua audição também. Entrou em pânico ao notar, afinal o veneno só tinha caído em seu rosto, não em seus braços, suas mãos, pernas, costas... o resto de seu corpo como todo.

Então por quê estava a passando a sentir menos o toque dos abraços de Ayame ou o cheiro de oliva que ela tinha? O aperto de mão caloroso do Tanuki, familiar de Miroku?

Antes mesmo de costas podia sentir Sesshoumaru se aproximar.

No momento, quando lhe tocava, demorava a percebe.

Antes seu coração disparava só de sentir ele passar o polegar na maçã de seu rosto. Chorou de soluçar, o coração apertar, quando ele fez o mesmo, sabendo que não era a mesma coisa, mesmo que ele não quisesse que ela notasse.

Parecia que teve que abrir mão além do que imaginava. Esperava até perde a vida naquela batalha, entretanto viver na casa vazia, a fumaça aromatizada do incenso, disfarçando o cheiro do cigarro que havia fumado, — antes não fumava — entorpecida pelo efeito do saquê que tomava, — antes pouco bebia — no incômodo silêncio, lhe dava calafrios.

Nunca foi fã do silêncio, sempre foi uma mulher enérgica e barulhenta, só achava charmoso em uma pessoa, que era o cão alado, seu familiar, Sesshoumaru, o silêncio. Na sua forma humanoide era ainda mais belo e enigmático, ao contrário de si, quase não falava, não expressava muito em suas feições, um olhar gélido com ar de superioridade. Quis rir pelas lembranças levando aos poucos ao choro ao recordar que o mesmo olhar tornou-se caloroso diante de si com os anos juntos. Mas não poderia ver mais aquele olhar? O seu rosto? Justo quando passou a entender tão bem cada movimento que a musculatura facial queria dizer?

Sabia desde a adolescência que um dia poderia parar de ver como os demais que perdem o dom ao envelhecer, esquecem desse mundo e que os olhos podem ir além da barreira que os demais humanos conseguem. O dom de ver, sentir, ouvir youkais, a magia que pode possuir, pode deixar de existir e seguem a vida como se tudo não passasse de um sonho.

Nem lhe passava tal risco na cabeça, os que perdem são depois da infância ou no máximo no fim da adolescência, quem passasse dessas fases tendia a ser sensitivo para sempre. Como poderia imaginar que um evento não natural lhe aguardava?

 

Se lembra como o conheceu. Jovem adulta, não vivia mais com os pais nas plantações de arroz, vivia só para ter sua independência, mandando renda para os ajudar. Ganhava pelos trabalhos de bruxaria; tirava as pragas dos vizinhos, se livrava de mau-olhado, enfrentava criaturas, adivinhava os destinos pelas leitura de mãos e de cartas.

Era confiante, tão positiva ao ponto de se embrenha na floresta negra na lua crescente, pois Miroku lhe disse que encontraria cães alados só por lá.

Mesmo que ele tenha dito a contra gosto:

— Rin, um nekomata, um tanuki ou até uma kitsune seria mais fácil. — Lhe aconselhava servindo chá para ela e a youkai loba, Ayame, sua amiga.

— Ou loba. — Sugeriu Ayame erguendo e baixando as sobrancelhas, fazendo Rin rir.

— Miroku, não é porquê você tem um Tanuki que eu irei por esse caminho. Quero o caminho mais difícil, quero aventura.

— Está indo mesmo pelo mais difícil, porquê não são como os outros youkais. Tem cachorro no nome, mas não são amigáveis e é extremamente difícil de conseguir se aproximar, quanto mais criar laços com eles.

— Porque quer quem faça por merecer, eu respeito isso.

Os olhos dela brilhavam. Miroku suspirava porquê via que não tinha jeito, Ayame achava fofo o jeito corajoso e até meio suicida dela, mas Rin sempre se virava, se não fosse essa sua loucura, não seria reconhecida por grandes feitos.

E Rin estava certa, só de ver aquele grande cão na clareira, a lua refletindo em seu belo pelo platinado, sabia ele não era como os demais. E foi ignorava. Toda noite ela tentava e era ignorada.

Sua vitória era quando ao menos lhe olhava de rabo de olho e quando passava a para de rosnar ao vê-la se aproximar.

Conseguiu até uma resposta ao seu pedido comum:

— Eu gostaria que fosse meu familiar.

— Não seja prepotente. Esse Sesshoumaru se recusa.

Ela ficou parada, chocada. Ele nem moveu a sua enorme boca e ela pode ouvir sua grave voz.

Saltitou alegre.

— Seu nome é Sesshoumaru! O meu é Rin, prazer.

— Já tinha dito seu nome antes.

— Você se lembra? Se lembra de mim?

— Como ousa achar que esse Sesshoumaru não lembraria de uma criatura tão teimosa e imprudente?

Correu até ele, aos mãos sobre uma de suas patas.

— Somos praticamente amigos.

— Você é insistente, bruxa.

— Já temos algo em comum, Sesshoumaru.

— Sesshoumaru-sama para você. — corrigiu.

— Sim, meu amigo, Sesshoumaru-sama. — Estranhou ainda mais ouvindo a chamar pelo nome.

Ele não entendia que gostava, se frustrando com a confusão em sua cabeça. Queria a ouvir o chamar mais vezes pelo nome.

Bufou pelas grandes narinas movendo os cabelos dela lhe dando cócegas.

Sesshoumaru a achava tão estranha, mas tão estranha... que mesmo não admitindo, fazia questão de ir naquele mesmo local todas as noites para ver a bruxa de cheiro doce. Era antes só um lugar para ficar a sós com seus pensamentos, muita das vezes negativos. Era bom ouvir a voz dela sempre animada para lhe distrair.

— Sesshoumaru-sama tem um cheiro tão gostoso~

Chegou a se pegar relaxando ao ouvir ela cantarolar.

 

Em uma noite quando ele estava ferido, ensanguentado, ao vencer uma batalha longe dali, ela apareceu. Não queria vê-la, estando naquele estado. Não gostou da expressão no rosto dela quando o viu. Estava muito balançada, preocupada e nervosa. Venho correndo até si. Tremia querendo tratar de suas grandes feridas.

— E-eu posso dar um jeito. Só espere um pouquinho, s-só... se acalme.

Ele estava extremamente calmo, quieto, como sempre. Quem estava nervosa era ela. Aquilo não levaria a lugar algum, então para auxiliar no que ela queria lhe ajudar, se transformou diante dela em sua forma humanoide pela primeira vez, assim eles poderiam ir para casa da bruxa como ela estava resmungando que tinha deixando seus cristais lá.

As pernas da pobre Rin ficaram bambam e ainda bem que estava de joelhos na terra ao lado dele e não em pé.

Os pelos sedosos, que ela adorava se esfregar, tornaram-se fios longos de cabelo prateado, maiores que o seu. Os traços dele eram finos, porém definidos. A pele era mais fria que a sua e mais clara com marcas de riscos roxos, suas mãos eram grandes e longas, suas garras não ficavam atrás, e era um homem de estatura bem maior que a sua. Os olhos estavam dourados, olhando bem de perto, acompanhando o rosto dela adquirir uma cor vermelha intensa. Era interessante para ele, nunca a tinha visto ficar daquela formar.

— Você é tão bonito... — olhou para o outro lado e cobriu a boca ao perceber que falou para ele o que estava a pensar.

Era algo que ele tinha consciência sobre a atração que despertava em humanos e youkais, mas nada parecia ter tanta relevância, qualquer elogio não era memorável, muito menos em comparação ao dela. Esse lhe afetou.

Então ela gosta, pensou, aproximando o rosto a vendo esconder mais ainda o dela.

— O que foi? — Perguntou.

— Estou sem jeito. — disse, rindo nervosa.

— ... fica bem assim.

E voltou a fitar aqueles olhos dourados.

— O que?

— É bela.

Moveu a boca tentando pronunciar algo, a pobre Rin não encontrava palavras.

— P-para uma bruxa, não é? Sempre falam por ai que somos todas feias, com nariz de tengu, kimonos rasgados, que ser um pouquinho melhor já está mais do que-

— Não corrija. Ouviu este Sesshoumaru dizer algo mais do que “é bela”? É bela e ponto.

Inspirou fundo.

Em sua casa cuidou dele.

A olhando usando a magia que curava suas feridas, a cor quente que emava num forte amarelo misturado a laranja, a luz refletindo no rosto dela centrado na tarefa com o cabelo bagunçando, os olhos castanho-escuros que ao encontrarem com os seus, se arregalaram e novamente se constrangeu, sabia que não seriam mais como antes. Ela sabia também.

O que ele tentando queria evitar, ocorreu. Tornou-se o familiar dela, o protetor em suas viagens, aliado em suas batalhas. E ainda por cima; amante.

Numa noite a vendo deitada ao seu lado, ambos nus por baixo das cobertas, sabia que estava a se comportava como a família que tanto que criticava e pensava nas noites de lua crescente. E pior, não queria mudar ou voltar atrás. Se apaixonou e foi correspondido. O que poderia querer mais?

— Minha mãe estava certa, sou como meu pai. — desabafou mais para si mesmo, enquanto passava os longos dedos pelos fios castanhos do cabelo dela que me caiam cobrindo o ombro.

A viu abrir os olhos e lhe fitar de volta. Num sussurro, Rin perguntou:

— E isso é ruim?

— Não como pensava que seria.

— Por que não queria ser como ele?

— ... quero ser como ele, forte e destemido como ele, mas não ter as mesmas fraquezas que levou ao seu fim.

Estava surpresa por Sesshoumaru estar se abrindo tanto sobre o passado, ainda mais sobre o tópico de família que geralmente ele evitava comentar. O pouco que ela sabia era por um youkai sapo, Jaken, servo dele. Mas nem ele, por temer seu amo, contava muito sobre esses assuntos. Só sabia que o pai de Sesshoumaru era um youkai poderoso, que estava morto, mas não sabia como ou o motivo. E lá estava ele, se abrindo como um livro que esteve trancado por tanto tempo.

— O que aconteceu? — Como Rin poderia evitar a própria curiosidade? Não teria como.

E ele sabia só de olhar, mesmo tentando disfarçar, como faiscava as esferas castanhas.

— Meu pai teve apenas um único casamento. Se envolveu com uma bruxa jovem e teve o segundo. Não durou muito. Ela passou a perder os poderes e os dois viviam se definhando por isso, até que ela se esqueceu de tudo. Mesmo assim, meu pai a protegia sem ela saber. Foi assim que morreu.

— Pela lua, que tristeza...

Observou como o nariz dela se avermelhava e o brilho nós olhos mostrava que estavam se umedecendo pelas lágrimas que deixaria escapar. Quando ele tinha que se referir a essa história, fazia pouco caso, um comentário ou outro de como o pai foi tolo e patético naquele ponto, e aquele deslize o levou a desgraça. Era tolice apenas, costumava pensar.

Não mais.

O compreendia e naquele momento notou que não era capaz de dizer tais palavras. Chegou a dizer mais do que costumava, não sabia direito o porquê dessa vontade, mas disse:

— Mas anos depois... ela se lembrou.

E Rin se ergueu da cama espantada, se sentando, até lhe surpreendendo.

Os cabelos caiam em frente ao busto, mesmo assim ela puxou a coberta para sua frente. Sesshoumaru só sutilmente ergueu a sobrancelha. Já tinha a visto despida... minutos atrás a viu, ele que a despiu. Mas eram divertidos tais reações dela.

Rin coçou a garganta, batendo na perna coberta dele, delicadamente, o incentivando a continuar.

— Eu não sabia que era possível retornar.

— Aposto que meu pai sim.

— Por que?

— Eu achava que a criança era de um humano que vivia a cortejando. Porém quando ele chegou na adolescência, era evidente pelos poderes e sua nova forma adquirida, que era filho de meu pai. Desde então ela recordou tudo e me pediu as peças mágicas de controle que sabia que meu pai deixou para ele. Não sabia que eram para ele.

— Você tem um meio-irmão?! Como ele é?

— Insuportável e prepotente.

— Hahaha! Você fala como um irmão mais velho.

Até o jeito que ele bufou olhando para o lado a divertia.

Voltou a se deitar sobre si, como se não quisesse nada, sendo atrevida ao mesmo tempo. Estando num momento acanhada e passando para outro desinibida, era difícil para ele saber o que viria dela e gostava disso.

— Você adora prepotentes. Vivia me chamando de prepotente.

— ... é diferente.

— Claro que sim.

Se recordava da maneira que ele lhe tocou em seguida, como até a respiração dele contra sua pele era capaz de lhe fazer arrepiar. Chorou revisitando as memórias de novo e de novo, especialmente aquela.

Aquela era a que dava esperança.

A amarga de sentir a brisa na sala, quente, quando sabia que não era uma brisa, doía demais. Fez seus cabelos roçarem em seu rosto como cócegas.

Numa forma de grande cão, — um pouco menor — ele geralmente cabia apenas naquele cômodo. Costumava ase sentar no chão, com as costas apoiada nele, coberta com a confortável penugem, lendo livros de magia.

Por isso sabia que ele estava ali.

Sentiu o amargo na boca ao chamar num fio de voz, incerta, seu nome. Como resposta sentiu de novo o ar quente.

Caiu de joelhos e se pôs a chorar, repetindo o quanto sentia sua falta.

Não podia ver o quanto ele estava abatido com a realidade.

Com o tempo passou a nem sentir isso ao chama-lo.

Ele havia ido embora e desistido?

Ou estava ainda ali agarrado a um fio de esperança?

Ambas opções deprimentes.

Sua casa; cheia de acessórios, utensílios de bruxaria, passou a não se lembrar do que se tratava, como os usava. Se assustou quando se deu conta que estava jogando fora seus cristais, caldeirão e cartas. Sacudiu a cabeça para se reconectar com a realidade e correr com suas coisas para dentro.

Estava realmente acontecendo.

 

Acreditavam antes que era temporário o efeito. Não parecia mais.

Não tinha mais o que fazer... só era incapaz de desistir. Porém o que adiantava se até sua memória passava a lhe trair?

 

 

Na vila vizinha tinha um festival. Animada, Rin foi. Iria passar a morar ali. Estranho dizer, mas era como se tudo na vila lhe atraísse para lá. E não era porquê achava que era um lugar melhor, só que... nem conseguia explicar. Era constrangedor. Mas até sonhava estar ali.

Precisava estar ali.

Um rapaz chamado Miroku aceitou ficar com sua antiga casa que ela passou a achar estranha, tinha vibrações esquisitas. Miroku era misterioso, simpático, até fez aquela típica pergunta:

— Não já nos conhecemos?

Só pode sorrir, ele era conhecido por flertar, pensou que tinha sido isso.

— Que isso, moço. Acho que não.

— ... é. — Ele sorriu, mas tinha um olhar entristecido quando o fez, que ela notou que não era um flerte. — Fico com a casa. Mas saiba que continuará do mesmo jeito aqui, sendo sua.

Não entendeu o que ele quis dizer com aquilo.

Ficou pensando sobre isso no festival e se perdeu ainda mais em pensamentos passando pela barraquinha que vendia máscaras. Havia uma branca com orelhas pontudas, riscos roxos que chamou sua atenção.

Era como se a chamasse.

— Olá, quanto que está?

A moça jovem lhe olhou e ao lhe notar deu um sorriso tão enorme que acabou sorrindo sem pensar de volta. Estranhou, mas gostou, a achou simpática.

— Para você, Rin? De graça. Já até pagaram.

— P-por isso sabe meu nome, senhorita...?

—Kagome. É, algo assim.

— Okay, eu vou levar.

Ficou com ela pendura ao lado de sua cabeça, enquanto andava com as outras mulheres. Era estranho aquele objeto ter um perfume tão familiar e gostoso que não conseguia se lembrar?

As meninas estavam agitadas, tinham rapazes tão belos ali que pareciam de outro mundo. Estavam obcecadas com um que tinha um cabelo bem escuro e sobrancelhas grossas.

Se notou até sozinha, vendo elas entrarem atrás dele numa casa de chá onde resolveu não as seguir e esperar do lado de fora. Não queria entrar lá, mesmo onde estava os cheiros dos chás eram fortes demais, lhe deixaria tonta, já lhe dava náuseas. Era um dos motivos de deixar aquela casa, tantos aromas que lhe deixou até de cama com dores de cabeça. Seus pés inchavam e as vezes ouvia ruídos, mas não tinha nada lá. Sentia calor de repente... era tudo muito estranho.

Mas, não é que aquele rapaz que as mulheres seguiram, apareceu num canto escuro entre as barracas do nada, a chamando.

Se aproximou sem jeito, ele tinha mesmo uma carranca, deveria estar irritado com as meninas.

Viu ele olhar a máscara, cruzar os braços e dar um sorriso malandro.

— Keh! Se é assim...

Rin tinha a sensação que ele só estava pensando alto e não falando com ela.

— Rin, não é?

— Como sabe meu no-?

— Está me olhando bem? — Perguntou se inclinando para ficar bem diante dela.

Afirmou que sim, mas se espantou ao ver as cores daqueles olhos acinzentados mudarem para um dourado intenso e se sentiu tremer.

— Minha nossa...

— Então você é bastante forte.

— Eu? Nem tanto. Assim, eu prático muitas atividades, por isso ajudo muito nas plantações, carrego até sacos.

— Não deveria.

— O que?

— Carregar sacos.

— Por que?

A olhou de cima a baixo, ainda mais a baixo, e voltou a encarar.

— Deveria voltar a ler cartas, é melhor.

— Do que está falando? O senhor é bastante enxerido.

— Keh! Alguém tem que ser.

— E o que diz não faz sentido algum.

— Mesmo assim seja grato a essa forma que detesta tanto. Já possui outras duas, essa que vai dar certo. Não importa, direi a Kagome que agradeceu.

O olhou confusa, ele voltou a não falar com ela mesmo estando só os dois ali, até reconheceu o nome da vendedora, mas essa era a sensação que tinha. O rapaz apenas apontou para trás dela, e Rin se virou para ver outro maior saindo das sombras. Cabelos negros ainda mais longos, pele mais clara e traços mais finos, uma postura elegante e parecia menos jovem. Ruborizou só de vê-lo. Era com ele que aquele rapaz falava? Se pareciam um pouco...

Olhou para trás e o jovem carrancudo não estava mais lá.

Voltou a sua atenção ao que estava a sua frente, se aproximando.

Sem pensar, disse:

— Você é muito bonito...

Ficou muito sem jeito ao notar sua tolice e quis se enfiar num buraco. Entretanto ele não a deixou se desculpar.

— É extremamente bela, Rin.

E estendeu sua mão. Os olhos de Rin poderiam estar lhe enganado, mas faíscas laranjas saíram de sua palma ou era confusão pelo reflexão dos fogos artifícios?

O homem se alegrou.

Gostava do som que seu nome soava:

— Sesshoumaru...

 

 

 

 

 

 

Quando aquela bruxa o dizia.


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