Alguns anos após a derrota de Muzan, os sobreviventes passaram a fazer um festival em memória aos amigos que pereceram naquela árdua batalha. A ideia fora de Tanjiro e o festival sempre era realizado no início do outono, quando a nova estação ainda tinha vestígios da anterior. A esse festival lhe foi dado o nome de: Festival do Sol.

Porém, para o ruivo, o festival teria um significado ainda mais especial naquele ano, pois enfim pediria Kanao em casamento. Já namoravam há três anos, então ele achava que era o momento de dar aquele passo tão importante.

A semana que antecedeu o evento foi para dar cabo dos preparativos. Os campos próximos a Mansão dos Ubuyashiki, local onde o festival era realizado, passaram a ser pintados com as cores dos diversos crisântemos. Os filhos do ex-mestre dos Caçadores de Demônios, juntamente com Kanao e as demais meninas da Mansão Borboleta e Nezuko, arrumaram a tenda. Giyu, Sanemi, Tanjiro, Zenitsu e Inosuke arrumaram as mesas das bebidas e comidas. Tudo saía como planejado e, no fim, ficariam apenas as flores que só seriam postas no dia, evitando que murchassem. Era uma festividade simples, mas cheia de significado para todos.

Enfim o tão esperado sábado chegou e todos reuniram-se no local. Tanjiro conversava com Nezuko, Zenitsu e Inosuke quando Kanao chegou acompanhada de Aoi. Seus olhos brilharam ao vê-la vestindo um lindo kimono lilás com flores brancas, o que a deixava mais linda em sua concepção. Hipnotizado, retirou-se da presença de sua irmã e amigos e foi na direção da namorada.

— K-Kanao, você está linda! — disse assim que parou em frente a ela, segurando suas delicadas mãos. Claramente estava nervoso; o momento do pedido se aproximava cada vez mais.

— O-obrigada. — ela sentiu seu rosto esquentar com o elogio. Não acostumou-se totalmente com eles, mesmo que Tanjiro sempre os fizesse.

— Só estou dizendo a verdade. — depositou um beijo em seu rosto, pondo-se ao seu lado logo após. — Vamos dar uma volta?

Kanao aceitou e, juntos, foram apreciar a tenda que agora encontrava-se totalmente decorada e ornamentada com crisântemos de várias cores e, ao centro, havia uma pintura de todos os Pilares ao lado do mestre. O jovem casal ficou em silêncio, contemplando-a e recordando os momentos vividos ao lado de cada um. Quando a Tsuyuri olhou para Shinobu naquele quadro, deixou-se chorar. Se tornou quem era agora por causa do Pilar do Inseto.

Tanjiro preocupou-se ao vê-la chorando daquela forma, perguntando:

— Kanao, está tudo bem?

— Está sim. — enxugou as lágrimas de seus violáceos olhos com uma das mãos. — Só bateu uma saudade de todos. Espero que estejam bem, onde quer que estejam.

— Entendo… — murmurou. — Também sinto saudade de todos, mas sei que estão cuidando da gente. Tudo o que conquistamos e a paz em que vivemos agora foi graças a eles também. Sei que é difícil, afinal, eles nunca deixarão de ser importantes para nós, mas permanecerão vivos em nosso coração.

— Você tem razão, Tanjiro. Minha mestra Shinobu nunca deixará de viver dentro do meu coração. Ela foi mais do que uma mestre para mim, foi como… Uma mãe. Eu só queria que ela tivesse a oportunidade de viver o seu próprio amor. — observando de soslaio, viu Giyu encostado em um árvore, portando sua mesma expressão de sempre, mas com uma sombra de tristeza em seus olhos.

— Tenho certeza que Giyu nunca deixará de amar Shinobu. — Tanjiro seguiu seu olhar, sabendo do que ela estava falando. — No momento certo, viverão esse sentimento.

— Tem razão! — forçou um sorriso para seu namorado. Apesar daquele evento ser um momento nostálgico, também era de felicidade. Lá no fundo, Kanao sabia que seus amigos não gostariam de vê-la triste daquela forma, então convidou o Kamado para continuar olhando o festival, o que ele aceitou prontamente.

[...]

Ambos caminharam até uma árvore frondosa que ficava próxima, onde um tapete de flores coloridas estendia-se e o brilho da lua tornava o cenário ainda mais belo. Após uma breve troca de abraços e beijos, Tanjiro finalmente tomou a coragem de fazer o pedido. Pegou suas suaves mãos e, surpreendendo-a, disse:

— Kanao, desde que te conheci na Mansão Borboleta, eu soube que você seria alguém muito especial para mim. Conforme o tempo foi passando, seu jeito doce e corajoso foi me conquistando cada vez mais e passei a amá-la intensamente. Por isso, acho que é o momento de… — interrompendo sua própria fala, ajoelhou-se diante dela e seguiu: — Kanao, você aceita ser minha esposa?

Ao ouvir toda aquela declaração sincera junto do pedido vindo da pessoa que amava, começou a chorar intensamente pela imensa felicidade. Não conseguiu responder verbalmente, ao invés, apenas jogou-se em seus braços e o beijou, sendo correspondida de imediato. Ali ficou selado a confirmação do sentimento que nutriam um pelo outro. Ao fim do beijo, voltaram para o festival e contaram aos amigos a novidade, estes que ficaram muito felizes.

Agora, entretanto, deixariam um pouco de lado essa comemoração, pois outra se iniciaria.

Próximo da tenda, estava tudo pronto para a grande fogueira. Sanemi e Giyu puseram o fogo que logo alastrou-se por toda a estrutura. Depois, os demais foram trazendo, uma a uma, as katanas de todos os Pilares, colocando-as em volta das chamas. Aquele simples gesto demonstrava que todos os que já não estavam com eles permaneceriam sempre vivos em seus corações.

[...]

Em outro plano, todos os Pilares, juntamente do mestre, observavam a cena com grande emoção, pois aquele era o momento em que sabiam que nunca seriam esquecidos. Shinobu aproximou-se do casal, envolvendo-os num abraço, feliz pelo passo que dariam. Mesmo que os dois não conseguissem vê-la, conseguiam senti-la.

“Obrigada, mestra”, agradeceu Kanao, em pensamento.