Venha Comigo. vol 6 Final alternativo escrita por Cassiano Souza
Notas iniciais do capítulo
olá! TENHA UMA FANTÁSTICA LEITURA!
O Mestre havia vencido. Roubara os seus futuros restos mortais, e fugia agora, vórtex a dentro, rumo, a sua contínua vida de furtos, conquistas, e tropeços eternos, rumo, à selvagem e louca vida de Senhor do Tempo renegado. Porém, para pará-lo, para conte-lo, para cessar todos os seus impulsos sádicos e impetuosos, se esforçavam agora, os dois Doutores, sendo, a segunda e oitava regeneração, do lendário Senhor do Tempo rebelde e justiceiro. Cada um, estava em sua TARDIS, também vórtex a dentro, e cada um, com o seu devido acompanhante. Manuseavam apresados aos mecanismos do console.
Os Doutores, mantinham um canal de áudio aberto com cada sala, e por ali, se comunicavam, e ao mesmo tempo, orientavam os humanos ao lado, lhes dando mãos extras. Mas, acessando os arquivos da matriz da TARDIS, o Oitavo Doutor, vasculhava as memórias do Mestre, preso ao Olho da Harmonia da nave. E assim, logo o Senhor do Tempo conseguia entender para onde o seu velho rival estava a correr. A velha e traiçoeira mente do Mestre, obviamente, tentaria esconder ou distorcer estas informações, mas, para tal, fez-se algo, o Segundo Doutor:
— Certo, Doutor, campo da verdade instalado desde agora. Sendo assim, em sua época o Mestre jamais poderá mentir. - Clicava em botões.
— Perfeito, Doutor! Você é um gênio. - Elogiou o Oitavo.
— E acham que funciona? - Indagou Jamie, juntando fios cortados, embaixo do console.
— Diga algo sobre você, Jamie, e veremos se é verdadeiro ou falso.
— Bem. - Pensou. – Fui eu quem interrompeu você e a rainha Elizabeth, naquele dia atrás do Big Ben.
— Foi você?! - Questionou o Segundo Doutor, estupefato.
— Fui. Mas, por que eu disse isso?!
— O campo. - Esclareceu o Oitavo Doutor. - Ninguém aqui pode mentir.
— Certo, então qual o seu nome?
Os dois Doutores, pigarreiam, e indagam simultaneamente:
— Que nome?
Jamie, não entende, porém, se dá por vencido. A outra acompanhante, Grace, analisa o monitor, e avisa ao seu Doutor:
— As memorias do Mestre mencionam um planeta sem nome. - Deu um zoom nas imagens. – E distante, o mais distante até os limites conhecidos.
— Beirando a grande desolação. - Responde o Oitavo Doutor, sobre a localização do planeta, e olha para a ruiva.
Nos olhos da humana, um brilho apagado havia, e em sua respiração, talvez temor.
— Assustada? - Quis saber o Senhor do Tempo a sua frente.
— Temo. - Respondeu a médica. – Precisamos salvar a Rustch.
— Nunca desistiria de um amigo, não é?
— Nem ao custa da minha vida.
O Doutor, sorri gentil, e coçando a cabeça, avisa à humana:
— Você demorou para entrar no time.
— Ora, tudo ao seu tempo. - Respondeu a ruiva. – O meu “não”, foi necessário.
– Entendo que queiram discutir possíveis ressentimentos ou alguma espécie de relação de amizade e entre outras coisas, mas, Doutor, acabo de conseguir a sincronia com a sua TARDIS. - Avisa o Segundo Doutor.
— Ótimo! - Comemora o Oitavo. – Então, já estou lhe passando as coordenadas. - Puxava alavancas. – Grace, conecte aqueles cabos, por favor.
— Ok. - Grace, conecta dois cabos enormes por debaixo do console. Faíscas, são jorradas do teclado do Doutor.
— Mas então, meu caro futuro... - Comenta o Segundo Doutor. – É isto, o Mestre jamais voltará ao que nós sabemos que ele já foi um dia?
— É complicado. - Responde o futuro. Havia decepção em voz e olhos. – Talvez... Se nós tentarmos mais... Talvez ele mude um pouco.
— Um pouco?!
— Já é alguma coisa, não?
— Não sei, mas assim falou o homem que tem o Mestre preso em seu motor.
— Não seja tão cruel!
— Não é crueldade, é realismo. Há um campo da verdade aqui, não há?
Então, comprovando ainda mais o “realismo”, logo, a turbulência da TARDIS se mostra presente, por entre fazer os seus tripulantes tombarem de um lado ao outro, e por entre, feixes de faíscas e sérias chamas, a consumirem o console e arredores, e entre, as prateleiras de livros e castiçais a caírem. Os humanos, pareciam em pânico, enquanto o Senhor do Tempo, terrivelmente preocupado. Jamie, tentava se equilibrar, a segurar-se nas argolas da parede:
— Você não sabe pilotar esta coisa!
— Não, não sei! - Confirma o Segundo Doutor, abanando as chamas do teclado com o seu lenço. – Mas a vida é uma escola, certo?
— E nós somos a turma do fundo?
— Na academia éramos!
— Doutor?! O que está havendo?! - Grace, abraçava as ferragens por envolta dos controles.
— O sistema de navegação foi corrompido! - Esclareceu o Oitavo Doutor. – Estamos fora de sincronia, e partindo em queda do vórtex! Estamos completamente à deriva, Grace!
— Mais alguma coisa?! - Ironizou.
— Ah, deixe-me ver... - Observava o monitor. – Nos perdemos do meu outro eu e Jamie!
Grace, então toma a sua típica postura boquiaberta de decepção, estavam num mau dia, por entre mil dias de maus dias. O Doutor, tenta dissolver:
— Mas, recebemos outras coordenadas! E não são do Mestre!
— Quem então?
— Aqui diz... Linsunatsteev!
— Já estivemos lá!
— E há algo nos puxando! Segure-se!
— Já estou! - Berrou, ainda abraçada às barras.
— Gerônimo!
***
Em algum planeta desconhecido, dos limites conhecidos do espaço, já beirando a grande desolação, uma espécie de cilindro metálico e com cerca de três metros de altura, tomava forma, com luzes ofuscantes e ventos, ao seu entorno. As folhas da vegetação local, sacudiam com a materialização da máquina. Dentro, um homem branco, vestido em trajes negros, e de cavanhaque em mesma cor, sorria, fitando uma urna gallifreyana funerária, em suas mãos. E uma jovem de trajes igualmente negros, e cabelos azuis, comenta, curiosa:
— Acha que o Doutor já está morto a esta altura, meu mestre.
— Completamente morto, minha cara Aprendiz! Completamente! Ele, e a sua amiga patética.
— Foi uma ideia perfeita sabotar o seu console.
— Quando não é? - Voltou-se para a jovem. E nos rostos de ambos, apenas admiração, de um pelo outro.
A gallifreyana, gagueja sem jeito, tendo o fundo de seus olhos fitados pelo homem que admirava:
— Algum... Algum problema, meu senhor?
— Nenhum. Você foi perfeita.
— Muito lisonjeio de sua parte.
— Estou sendo sincero, minha querida. - Largou a urna no chão, e tocou o rosto da jovem.
E ela, arrepiou-se inteiramente. O Mestre prossegue:
– Você foi algo que há muito tempo não vejo! Eficiência, inteligência, coragem, e fogo, e... fúria. - Sorriu malévolo, igualmente ao sorriso malévolo da Aprendiz. – E além de tudo! A beleza. Não podíamos deixar esta parte faltar. - Riu.
— O que o senhor quer? - Engoliu a seco.
— Hum, um grande e muito importante favor. - Acariciava o queixo da garota.
— Peça!
O Mestre, nada pede até então, somente, volta os seus lábios até os lábios da gallifreyana, e usufrui deles, mordidas, e beijos, e arrepios. Os corpos dos dois, se aproximam um do outro, e logo, as mãos um do outro estava a percorrer por suas costas e cabelos. Os seus lábios e línguas, se contorciam, como feras famintas, a disputarem por um pedaço de carne, ou, como presa e caçador, presos no êxtase da crise.
Até, que o Mestre cessa a ação, segurando ferozmente a jovem, por seu cabelo, e a-olhando em seus olhos cheios de desejo. Ele puxa-a, até si, pondo-a, de costas para ele, e ela, gargalha perversa:
— Diga logo o que quer, meu mestre.
O Mestre, responde, tocando os seus lábios a um dos ouvidos da jovem:
— Preciso de um favor.
— Qualquer um! - Estava disposta a tudo.
— Excelente! - Virou a jovem para si novamente. O brilho em seus olhos, era gigantesco. – Será o maior pedido que já lhe pedi.
— Pois que peça, meu senhor.
O homem, então retira algo como uma pulseira prateada de dentro de seus trajes, e veste-a num dos pulsos da mulher. Ela, olhava admirada para a peça, era cravejada de pequenos brilhantes draconianos, e foliada em prata praxiana.
— Gostou? - Quis saber o Senhor do Tempo. – Fica melhor em você do que em mim.
— Isto deve ser mais caro do que a soma de todos os salários que eu já ganhei em Gallifrey!
— Mas, roubar sempre cai bem, não?
— Perfeitamente. - Sorriu, satisfeita.
Então, enquanto a jovem observava admirada para a sua joia, o Mestre, apanha a urna gallifreyana do chão, e deposita-a sobre um encaixe no console da nave. Ele, clicava em alguns botões, e logo em seguida, se voltava para a Aprendiz. Ela, ainda olhava cheia de mimos para o presente, porém, após um último click do Mestre, a pulseira da jovem, logo começa a brilhar, um intenso e ofuscante brilho dourado, que a-encobriu por todo o seu corpo. Mas, não seria um simples brilho, se tratava de algo negativo, já, que ela se contorceu até o chão, e gritou intensa, como, se estivesse em dores de parto.
— Pobrezinha, deve estar doendo tanto. - Comentou o Mestre, desinteressado. – Mas, o que posso fazer?
— Senhor?! - Estava de joelhos a gallifreyana, e ainda a ser maltratada pelo brilho. Tentava tirar a pulseira, mas, ela não parecia querer sair. – Me ajude!
— Ah, minha cara jovem, você não entendeu? Você ainda está me ajudando. Termine, e talvez eu retribua.
— Isso dói!
— Sim, é uma mega meta-crise, é claro que dói. Por que não doeria?
— Está roubando as minhas regenerações?!
— Sim, roubar é sempre bom, e até você concorda.
Na frente do Mestre, o sofrimento da Aprendiz prosseguia, e já ao seu lado, a urna funerária, se mantinha em progresso, começando a manifestar um também intenso, brilho dourado, e a abrir-se lentamente, onde logo, algo como uma chama ou liquido alaranjado brilhante, emergiu para fora, rumo ao chão, e no chão, uma mulher se encontrava agora, onde a chama tombou. Era ela, de cabelos castanho escuro, longos, e uma face afiada e malévola, porém, ainda desacordada, e nua, como se vem uma criança ao mundo. Havia sido revivida, então, componentes além dos orgânicos ficaram para trás.
— Fabuloso! - Esfregou as mãos, o Mestre.
A Aprendiz, estava desacordada agora, e a Missy, parecia que ao mesmo. Contudo, como se estivesse a despertar-se de um sonho ou pesadelo, a Senhora do Tempo, arregalou os olhos, e levantou-se atordoada, com a sua respiração a ofegar, e a estranhar a situação.
O seu passado, comenta satisfeito:
— Admito, o futuro me presenteará com muita beleza.
A Missy, arruma o seu cabelo, e sorri, também aparentemente satisfeita por estar de volta a respirar:
— Está tentando me seduzir, querido? Ninguém nunca me trouxe dos mortos!
— Ninguém? Que tolos. - Olhava para a mulher, cheio de luxuria.
— Bem, na verdade voltei à vida para lutar em uma guerra, uma vez. Mas, foi há muito tempo.
— Entretanto, comemore, minha cara, vencemos o Doutor! Vencemos quem queria a nossa ruína! Está viva! - Gargalhou.
— Sim, querido. Mas, a que custo? – Olhava para a Aprendiz, ainda estirada pelo chão. – Eu adorava ela.
— Claro que não! - Voltou-se para a jovem caída. – O que está dizendo?!
— Eu a adorava, sim. - Reforçou convicta.
— Não! Nunca! Tudo e todos ao nosso redor são meras ferramentas, e nada mais!
— Não. - Pausou paciente. – Eu apenas era orgulhosa demais para perceber o-quanto eu gostava daquela garota.
Ouvir aquilo de seu futuro, soava ao Mestre como um pedido de suicídio. Como ele, um ser desinibido de qualquer apego emocional estaria a dizer aquilo? Um dia, ele poderia mudar, mas, não esperava que para aquele estado “lamentável”, em sua opinião. Então, preenchendo o seu rosto com ódio, disse o passado Mestre:
— O Doutor trapalhão me contou sobre o meu futuro, você, mendigar socorro ao outro eu dele.
— E o que tem isso?
— “O que tem isso”?! - Segurou bruto, aos braços da mulher.
O Senhor do Tempo, esperava respostas, e a Senhora, vira o rosto:
— Não acha que às vezes... É bom ter um amigo?
— Eu não preciso disso! - Berrou, e largou a mulher.
— Sim, querido, você não precisa. Se esqueceu de como era bom, se esqueceu de como era, e de como gostava de ser.
— Não seja ridícula!
— A turma do fundo, as aulas vagas, as zanzas da velha arvore... Eu sei o-quanto você gostava, e gosta.
— Claro que não!
— As travessuras na biblioteca. - Sorriu maliciosa, soando cheia de lasciva.
— Cale-se. - Pediu, engolindo a seco.
— Mas, sim, meu querido, somos o Mestre, somos malvados.
— Enfim, sanidade.
— No entanto, há horas onde pequenos detalhes precisam mudar, onde pequenas coisas, precisam de um novo acabamento, e onde... Tudo o que queremos... É voltar no tempo, e ter errado menos. Mas, vemos que não podemos fazer nada a respeito, exceto, seguir em frente.
— Ora, sugestiona uma pequena redenção estupida?
— Não sou nenhuma santa, e nunca seremos! E sim, adoro a nossa vida de roubar, matar e destruir. Mas... Hoje, agora, aqui, pequenos detalhes sobre nós e o Doutor devem mudar.
— Jamais! - Enfureceu-se por completo.
— Errado! Não é você quem decide agora.
E revoltando-se por completo, em nojo, ódio, orgulho, ou preconceito, o Mestre, cospe no chão, e tapeia a face da Senhora do Tempo, em um golpe rápido e forte. A face da mulher, virou-se para o lado, e o seu cabelo, para a mesma direção. Então, após alguns segundos de silêncio entre passado e futuro, a mulher, ergueu o queixo novamente para o outro, e perdurou, em encara-lo, séria.
O homem, sorri de canto, e comenta, alisando o cavanhaque:
— Aceito ser uma mulher, contudo, não ser uma criatura patética e melodramática feito o Doutor.
Assim sendo, o que diria a Senhora do Tempo agora? Ela estava frente a um passado orgulhoso e vil, e repleto de teimosia e ódio. Estas, sempre eram constantes em suas regenerações, porém, ainda assim, cada um se expressava de algum modo diferente com os seus sentimentos, assim, como instrumentos musicais.
Entretanto, em resposta à agressão, a mulher, apenas sorriu, e soluçou malévola, enquanto gargalhava. Enquanto o homem, com aquela visão, logo também sorriu, com o mesmo descaramento. Mas, cessa a algazarra a Senhora do Tempo, e comenta ao seu passado, em seu tom de desejo:
— Você foi um menino muito levado.
— Fui? - Sorriu em luxuria. – E o que vai fazer, Mary Poppins? Vai me dar uma lição? - Tocou no queixo da mulher.
— Ah, e das boas, pode apostar, querido, pode apostar.
As mãos da mulher, estavam por de trás de suas costas, e com uma delas, ela logo apanha sutilmente a sua urna funerária, e enquanto o seu passado vinha até os seus lábios, o futuro, atinge o passado, com linda batida descomunal em sua cabeça, pela urna. O Mestre, cai estirado no chão.
***
A sua cabeça, doía, os seus olhos, ardiam, e a sua consciência, parecia confusa. Um sujeito de pele branca, cavanhaque e cabelos, negros, e trajes de mesmo modo, se encontrava caído pelo chão, imóvel, e talvez, até desacordado.
O chão, era de cacos de pedra, como em alguma pedreira horrenda e selvagem, já muito abatida, seguida, de um desfiladeiro. E os céus sobre si, eram acinzentados, e carregados de densas nuvens monstruosos, pela aparência enorme. E a visão frente ao desfiladeiro, era de caos, de guerra, de horror.
Catapultas gigantescas, atiravam projeteis, esféricos e inflamáveis em chamas, contra, sujeitos vestidos em armaduras, quase que até os dentes, vindo correndo e urrando com as suas espadas e machados.
Os detentores das catapultas, eram criaturas diferentes, porém, ainda com alguma semelhança humanoide. Possuíam um pequeno par de chifres em suas testas, e trajes de couro escamado ou peles.
Lutavam por algo, mas o quê? Seria uma batalha brutal.
Apenas as catapultas não adiantariam nada contra o povo de armadura, eles, logo chegariam, e logo, pulariam sobre o povo de chifres, os-derrubando, e arrancando as suas cabeças com os machados, e mutilando as suas entranhas com as espadas.
Poucos metros, separavam os armados, das catapultas, mas, já próximas delas, são surpreendidos por fogo e lanças, vindas do chão, explosões e arpões. Haviam armadilhas, e elas, haviam ou queimado os armados, ou empalado eles. Sangue, escorria por suas bocas e sorrisos descrentes.
O povo de chifre, urra em vitória, e parte para cima dos armados, terminando de encerrar o que a morte começou.
Mas, vindo de cima, disparos a laser aniquilavam o meio de arremesso dos chifrudos, lhes roubando a alegria. Das nuvens, erguiam discos voadores dourados, e da fumaça, por envolta dos derrotados, emergiam clarões de luz, onde assim, se retiravam criaturas metálicas, com três hastes na frente, sendo uma no topo de sua espeçara, e outras as duas, no centro. Dizendo os seres:
— Exterminar!
O povo de chifre, se vê impotente, e tenta então, em instinto de sobrevivência gritando, deixar a luta, mas, estavam cercados, de todos os lados aquelas criaturas de aço emergiam, e proclamavam o mesmo “exterminar”.
Porém, acima da pedreira, tendo uma de suas pernas chutadas, logo, se levanta do chão, o sujeito de trajes negros e cavanhaque, onde abria os seus olhos lentamente, e assim, se depara com um outro indivíduo. O indivíduo, era também branco, porém, cabelos longos castanhos, e sobretudo verde. Diz ele:
— Feliz em me ver?
— Isso não tem graça! O que faço aqui? - Quis saber o Mestre.
— Bem, é uma resposta que não tenho. Se não... De que até mesmo você é capaz de mudar minimamente, e que, é tão traiçoeiro a ponto de até mesmo, se apunhalar pelas costas.
— Então o que faz aqui?
— Nos sabotou, Mestre. E pelo que me lembro no momento, a minha outra vida acaba saindo desta aventura a tombar contra a nave de imperador Cesar Décimo Quinto. Já até deve ter se esquecido de mim e você, devido a separação das linhas temporais. Mas, em meu caso, algo me guiou até aqui. Talvez, para salvar Rustch, a única coisa de prestigio aqui, largada no chão, igualmente ao seu mestre.
O Mestre, franze o queixo:
— Tem certeza de não ser apenas mais um truque da matriz?
— Sim.
— E esta vista miserável? Como se explica?! - Não suportava o ambiente caótico.
— Um dos milhares de mundos arruinados por você.
— E apenas... Para me dar uma lição idiota!
— O seu futuro parece interessante. Parasse... Ter uma visão mais ampla de seus atos, sentimentos, e calos do coração.
— Que romântico. Quer que eu chore?
— Você não é um deus! - Berrou. – É isto que até mesmo o seu futuro quer que veja!
— E para quê?! Sabem quem eu sou, sabem o que sou!
— Para que veja que nós tentamos, Korschei!
Os dois, vidram os olhos vermelhos, revoltados a ambos.
— Nós tentamos, Mestre. - Continua Theta Sigma – Tentamos parar você, alerta-lo, abraça-lo, mostrar que nos importávamos. Todos nós! E há séculos faço isso. - Respirou cansado. – Porém, o que adiantou? - Riu. – Você não se importa, você nunca se importou.
— Todo este melodrama.... Você a cada regeneração fica apenas mais lamentável, meu amigo.
— Não me chame de “amigo”!
O Mestre, engole a seco, desentendido, não esperava aquilo:
— Mas não somos “amigos”, Doutor?
— Eu não sei. - Sorriu triste. – Somos?
O Mestre, desvia o seu olhar, pesado, e amargurado:
— Tem razão, talvez não. - Fitou cheio de ira ao Doutor. – Tentei me salvar, resgatar o meu futuro, e... Você estragou tudo! Foi capaz de até mesmo, polui-lo! Poluir a minha alma.
— Não se vitimise. Colhe o que planta, e sabe bem.
— Hum, e por acaso você nunca interferiu na ordem do universo? Nunca estragou sonhos, vidas, mundos? Você e eu, somos iguais, Doutor! - Segurou firme nas golas do amigo, encarando-o embravecido.
— Não! - Se desata das mãos do outro. – Não somos iguais.
O Mestre, gargalha, e diz:
— Não? Quantas vidas destruiu? Pode contar?
E o Doutor, apenas se vira desolado para o horizonte caótico, de Daleks e Minocrios:
— Os fins em sua maioria nunca justificam os meios. Mas... Eu aprendo com os meus erros, você não. Você continua, e continua fazendo pior, e pior... Sem um fim, sem um limite.
— É o meu modo de vida, a minha filosofia.
— Não sabe o que significa filosofia, fiquei quieto.
— Mas você se diz meu amigo, meu irmão, me amar... E mesmo assim, fez de tudo para me deter, para me entregar à morte, à ruína!
— O único motivo para eu lhe querer vivo, é a nossa amizade. - Se vira ao amigo. – Mas, a nossa amizade, não significa nada a você.
O Mestre, engole a seco, sentia que o Doutor tinha algo em mente.
— Sabe o que eu farei agora? - Sorri largo o Doutor.
— Falar mais bobagens? Chorar? Dizer que me ama e sempre me amou?
— Lhe testar.
— Eu sou o Mestre, apenas eu testo.
— Um dia você virá até mim e pedirá perdão, pedirá ajuda.
— Nunca! Jamais! - Encheu-se de ódio.
— Precisará de um advogado, para o julgamento. Mas... Se acha que não precisa de amigos, ou que não possui amigos, ou que a amizade não significa nada, então... Evite que esta humilhação hoje aqui aconteça, e jamais, jamais me procure.
— Contou tudo, a história se torna um ponto fixo no tempo!
— Está em fluxo para você, Senhor do Tempo, pode evitar. Pode tentar viver se humilhando, ou... Morrer cheio de orgulho.
— Para sobreviver, você sabe que eu faria de tudo, Doutor. - Sorriu malévolo.
— Então boa sorte, vindo até mim, com um bolo de aniversário, e olhos marejados. - Deu de costas, rumo a TARDIS.
— Olhos marejados?! Bolo de aniversário?! Jamais!
— Certo, então mude o futuro.
O Doutor, adentra a caixa azul, e antes que o Mestre corresse até ela e implorasse em suas portas por uma carona, a nave, logo se desmaterializou. Havia sido o console, danificado, porém, no momento em que o Doutor chegara a aquele mundo, consertara a máquina, e saíra para explorar, junto, a sua acompanhante, e se deparara com o velho rival e a sua aprendiz, estirados no chão.
O Mestre, encara embasbacado para a partida do Doutor, e logo em seguida, completamente revoltado. O Doutor e a Missy, haviam o-deixado parta trás, para enfrentar os próprios erros, no planeta onde ele havia ceifado milhões de vidas, milhões de sonhos, e pior, o Doutor o-havia jogado uma escolha de um evento predeterminado no tempo, que consistiria no que ele chamaria de “regeneração lamentável”.
— Doutor?! Maldito! - Ecoou o berro pelo desfiladeiro.
E os Daleks abaixo, miram os seus visores para lá.
***
No salão do console, Grace, põe a mão frente a boca, e tenta abafar o seu choro. A Aprendiz, se encontrava a sua frente, porém, não cheia de vida e personalidade como antes, e sim, quase que completamente sem vigores, e já com cabelos brancos e severas rugas por todo o corpo, devido, ao roubo de toda a vitalidade que a mega meta-crise lhe custara. Não havia a humana conseguido cumprir a promessa que fizera ao avô de Rustch, e não havia conseguido o final feliz prometido, apenas, trazer novamente a jovem.
O Doutor, chega até próximo da ruiva, e toca-a num de seus ombros:
— Não é sua culpa.
— Eu sei. - Estava cabisbaixa. – Só queria que não chegássemos a este ponto.
— Ela ficará bem. Talvez... Ganhe um novo ciclo de vida.
— É uma criminosa. Por que Senhores do Tempo seriam tão gentis?
— Conversaremos com Romana.
— Romana é muito justa e séria, ela sabe o-quanto a Rustch não merece mais. É assim, Doutor, erramos e não podemos voltar atrás. Mesmo voltando no tempo... Ainda não podemos mudar tudo.
O Doutor, conformado, retorna ao console:
— Sim, ela irá para Shada logo em seguida.
— Shada? - Não entendeu a humana.
— Uma das prisões de meu povo, a maior e mais cruel.
Então, uma lagrima logo desce pela face humana. Sabia o-quanto Rustch havia errado, mas, era o que ela tinha como certeza naqueles momentos, e assim, não sabia até que ponto poderia julgar ou defender a jovem rebelde. Porém, para confortar ou atormentar os pensamentos da doutora, a Aprendiz, logo chamou:
— Grace?
— Aqui. - Agachou-se até a outra.
— Você estava certa.
— Não pense nisso.
— Não, Grace, eu preciso.
— Você estava confusa e zangada, é sempre a combinação perfeita para bobagens.
— Talvez, mas o que você sabe sobre?
— Ora, já lhe contei mocinha! Já errei feio, muitas e muitas vezes. Namoros perfeitos desfeitos pelo carinha se esquecer do meu aniversário, jogar um liquidificador fora por ele ser moderno demais para a minha compreensão, ficar uma semana fora de casa após xingar toda a família, primeiros trabalhos arruinados... Já vivi de tudo. Até comprar 1000 dólares de pasta de amendoim, sei lá por quê! Com o meu primeiro salário de médica.
A Aprendiz, ri com a história, e a humana, sorri com a risada da outra. A risada, era cansada. A Aprendiz continua:
— Perdão, Grace.
— Não há o que perdoar.
— Há sim, perdão. Mil perdões, eu fui uma idiota, e isto é obvio neste momento, mas... dói, Grace.
— Muito.
— Quero morrer.
— Rustch, você e eu, somos como cara e coroa. Eu errei, eu fiz muita porcaria. Decepcionei minha mãe, meu avô, e avó, por muitas, muitas atitudes, e... Me joguei na frente de um carro ou de cima de uma ponte?! Não! Com os erros, nós não nos tornamos um lixo descartável.
— Não?!
— Nos tornamos um lixo reutilizável.
— Esse concelho levanta a autoestima de qualquer um.
— É, mas foi meio bizarro.
— Foi.
Riem as duas. Grace explica:
— Aprendi com a minha mãe, ela é cheia desses ditados.
— Sua mãe deve ser uma grande mulher. Isso me lembra a minha, meu pai, minha avó, meu avô. Você me lembra todos eles.
Então, falando em avô, os olhos de Grace, se voltaram ao console da máquina, e os olhos do Senhor do Tempo, para o chão. O avô de Rustch, havia morrido. O Mestre e ela, haviam posto minas celestes sobre a redoma da cidadela, e nisto, os seus quilométricos estilhaços estourados pelas minas, arrasaram a toda a capital. Vítimas se tornaram a maior banalidade, e entre elas, o avô da jovem Rustch. Que aliás, se recusara a regenerar, devido a tamanha vergonha, por parte da neta. Assim, sem forças para dar tal revelação, tudo o que Grace disse, foi:
— Obrigada.
A ruiva, se volta para o piloto da nave, e parte ao console, enxugando mais uma lagrima, a lhe descer bochecha abaixo. O Senhor do Tempo, pede:
— Fique tranquila, Grace, não precisa ser agora.
— O campo da verdade ainda está ligado?
— Não. Contou alguma mentira?
— Não, fui mais sincera até do que poderia ser obrigada a ser. Ela não suportará a verdade. - Marejou os olhos.
— Irá, ela irá. Confie em mim. - Quis acreditar em si próprio.
Entre amizade e companheirismo, se abraçaram a humana e Senhor do Tempo, em um abraço, sincero, firme e forte. A ruiva comenta:
— Vendo-o assim, até parece que não está mal.
— Sim, porque eu estou bem, Grace, eu estou ótimo.
— Esse é o bordão do orgulho, sabia?
— Quem disse? - Cessou o abraço, emburrado, manuseando agora os comandos, pois, realmente os seus olhos negavam o tal bem estar.
— Eu disse. - Tocou num ombro do outro. – Porque quando eu digo “está tudo bem”, é só um código secreto pra dizer: estou mal pra burro!
E o Doutor, então se dá por vencido, e recosta-se entristecido ao console. Talvez, estivesse mesmo mal pra burro.
— Eu estou aqui, amigo. - A humana, encarava solene para o outro, e nisto, em segundos, os dois já estavam por entre um outro abraço, novamente.
A dupla de Doutor e acompanhante, se fortaleciam com o carinho, enquanto a Aprendiz, do chão, apenas, vislumbrava aquilo como algo inconquistável a ela, e nunca visto ou sentido por si, ou dado em momento algum, pelos que mais admirava. Uma lagrima, desceu-lhe dos olhos rugados, até o chão. Estava finalmente na sua adorada TARDIS, mas, a que custo?
E no vórtex temporal, a TARDIS, rodopiava tranquila, rumo a casa, rumo, a Gallifrey. A Aprendiz, seria intimada lá, e logo, mandada para a sua angustia final, para o pesadelo de pedra, para Shada.
***
Lisarium-B2.
Enquanto muitos deixavam a embaixada, uma faxineira, limpava a sala o julgamento, do julgamento da Senhora do Tempo. Ela, era uma Malmooth, um povo que dividia o seu nome em duas silabas, para serem ditas em início e em fim de frases. A quebra deste costume, era um palavrão.
Ela, possuía um esfregão em mãos, e já havia retirado toda a poeira dos acentos da comitiva, e reorganizado os pergaminhos sobre a mesa do juiz.
E por fim, desligou o sistema de segurança, se dirigindo a um teclado computacional, por de trás da mesa. Assim, deixando o grande lustre de cristal sobre o teto, desligado.
“Missão cumpria”, pensou a faxineira, suspirando orgulhosa, estava um brilho a sala, apesar das luzes apagadas. Mas, ainda havia sido muito eficiente.
Quando então, antes de cruzar as portas, uma piscadela de luz faz ela se voltar cansada para o lustre:
— Chan. O que foi agora? Mal contato? Tho.
Retornou para o teclado:
— Chan. Tenho mais dez salas para limpar, será que poderia não dar trabalho agora? Tho.
— Não sei. Acho que vou adorar dar trabalho. - Respondeu uma voz masculina, por de trás da mulher.
Ela, se vira apavorada, estava sozinha, havia limpado toda a sala, e sabia disso. A sua respiração, se acelerou, e então, já direcionada para a voz, deparasse como nada mais e nada menos, do que... Apenas o escuro do canto da parede.
— Chan. Quem está aí? Tho. - Indagou tremula.
— Ah, cala-se, eu ainda estou ganhando forma! Como “quem está aí”? Eu não estou aí, estou... Bem, quase lá.
— Chan. - Observou todo o ambiente. – Quem é você? Tho.
— É complicado. - Gargalhou.
O lustre, começa a relampejar. A voz continua:
— Digamos que... Eu seja fruto do Doutor e Mestre. Juntos.
— Chan. Você é filho deles? Tho.
A voz, ri, ainda mais alto do que antes:
— Ora, não seja ridícula! Filho deles?! Patético. Simplesmente... Patético.
— Chan. Então diga quem é? Tho. - Pega o esfregão, como se segurasse uma arma mortal.
As portas da sala, se fecham abruptas, aparentemente sozinhas. Os olhos de Chantho, arregalam-se apavorados:
— Chan. Essa brincadeira não é engraçada. Tho!
— Concordo, ela não é nada engraçada.
— Chan. Então o que deseja? Tho.
— Boa pergunta! Apareci aqui, e nem sabia que um dia viria a existir, mas... Anomalias temporais são uma coisa engraçada. Sabe, Senhores do Tempo nunca devem cruzar as suas próprias linhas temporais.
— Chan. Eu não entendo o que quer dizer. Tho.
— Compreensível, cérebro pequeno. Mas, estou bem perto de um porte físico, e quando consegui-lo... Ah, prepare-se. Preciso consumir logo alguma coisa, fonte de energia para que o meu corpo não se autoconsuma.
— Chan. Está com fome? Tho.
— Muita. - As luzes piscam. – E... Cheguei! - Berrou a voz.
Faíscas, são espirradas pelo lustre, e um flash de luz, surge frente a mulher. Diante dela, estava exatamente aquele que todos conheciam como “o Doutor”, era o mesmo rosto e roupas, mesmo cabelo longo e sobretudo verde, porém, olhar frio e sádico, e um negro cavanhaque.
Mas, Chantho, não conseguia compreender, era o Doutor? Era o Mestre? Como ele era fruto dos dois? Tudo isso se passava em sua mente agora. O sujeito avisa:
— Primeiro, eu preciso das chaves dos armários criminais. Segundo, como eu já disse, estou com fome, muita, muita fome. E você me parece muito apetitosa.
— Chan. Muito obrigada. Tho.
— Você vai morrer, isso não foi um elogiou.
— Chan. Por favor, não faça isso! Preciso do emprego! Tho.
— E eu da sua energia vital. É tão complicado entender?! Você é difícil.
— Chan. Mas por quê? O que você é? Tho.
— Bem... - Parou pensativo, com um indicador frente a sua boca, e outro, frente a de Chantho. – O que eu sou eu não sei, mas, quem eu sou... Ah, talvez, possa me chamar de... O Outro. - Sorriu insano. – Sim, me chame de... O Outro.
Chantho, berra, as mãos do Outro, estavam agora em seu pescoço.
E a sua pobre e miserável vida... Sendo sugada.
As risadas do Outro, eram de êxtase, eram de prazer, eram da sensação de estar vivo, respirando e sentindo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
e então, ficou ou não ficou melhor do que a primeira versão? Eu achei essa daqui sensacional, e muito sem palavras. E foi exatamente o que eu disse que aconteceria, um capítulo completo contrário, porém, que levasse aos mesmos resultados que a primeira versão. Sendo assim, os dois são validos na saga. Depende de você leitor escolher um para considerar. Os dois tem o seu valor, e os dois tem os seus brilhos. Uma coisa que eu gostei muito no anterior e faltou nesse, foi aquela cena do Jamie e o segundo doutor sendo os coveiros da Missy.
Agora alguns esclarecimentos, o que diacho é uma mega meta-crise? Bem, no caso aqui, uma meta-crise, porém, mais traiçoeira. Na série, temos a meta-crise, onde um senhor do tempo para regenerar precisa de um pouco de energia alheia, e aqui, neste caso seria o mesmo, mas, como a missy só tava as cinzas, então a rustch teve muuuita vitalidade roubada, e por isso ficou velha ao decorrer, e praticamente não recebeu nada da missy, como a donna recebe do 10.
Mas, pensando nesse caso da donna, será que a “redenção” da missy num foi só por causa do que ela ganhou consequentemente da personalidade da rustch pela meta-crise? Ou será que é porque realmente a missy quis mudar devido a tantas merdas que já fez? Bem, teorizem. Pra mim, é porque a missy já tá cansada mesmo.
E falando em missy cansada, logo posto um pequeno capítulo bônus dessa fancic, sobre a missy depois de deixar o mestre e a aprendiz em Linsunatsteev.
Enfim, muito obrigado pela leitura, e não lhe custar nada, conte-me o que achou da história e dos novos fins.