Oh, Bella! escrita por Chloe Less


Capítulo 1
Oh, Bella!


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá! Como estão no meio dessa pandemia? Espero que estejam bem.
Essa é uma one escrita para o Posoward, mas estou aqui na maior cara de pau postando um mês e alguns dias atrasada hahaha.

Pra quem lê minhas outras histórias, o plano é atualizar T-Shirt até o final do próximo mês.

Enfim, espero que gostem dessa história. Vejo vocês lá embaixo!

AVISO DE GATILHO
Essa história retrata um pouco da realidade em que estamos vivendo, para aqueles que isso possa despertar algum gatilho fica o aviso.

Boa leitura!



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Oh, Bella!

Edward Cullen

Em toda a minha vida eu havia gostado de quatro garotas.

A primeira havia sido Maggie, quando eu tinha oito anos. Nós estudávamos na mesma turma. Seu rosto redondo, as bochechas evidentes e o cabelo cheio de cachos faziam com que eu a achasse adorável, mas sua personalidade era atrevida para uma garota com sua idade e aparência. Lembro com clareza da vez em que ela me chamou para debaixo de sua carteira e me deu meu primeiro beijo.

Maggie me superou no dia seguinte, mas eu só parei de gostar dela com quinze anos.

Makenna foi minha segunda paixão. Ela se mudou para a minha cidade no primeiro ano do High School e parecia tímida ao primeiro olhar, mas na verdade era uma garota cheia de atitude — assim como Maggie —, que logo se aproximou dos alunos que faziam parte do grêmio estudantil. Eu amava seu cabelo crespo e a maneira que ela sorria para mim. Ela havia sido minha primeira namorada.

E meu segundo coração partido. Makenna percebeu que gostava mais de mim como amigo e começou a namorar Lara, uma garota que participava do clube de audiovisual junto comigo, pelo que eu sabia as duas continuavam juntas desde o High School.

A terceira garota por quem me apaixonei foi Gianna. Eu a conheci depois de terminar com Makenna, ela trabalhava como garçonete na lanchonete ao lado da escola e acabei ficando viciado no milkshake que ela fazia. Gianna era mais velha e era ainda mais instigante do que minhas antigas paixões. Ela tinha os olhos que Machado de Assis descreveria como olhos de cigana.

Estar com ela era uma eterna aventura, eu nunca sabia o que ela pensava ou o que faria em seguida, sempre me levando para lugares inusitados em nosso tempo livre. Ela era tudo em que eu pensava e me ensinou coisas que eu literalmente nunca aprenderia sozinho. Eu dizia aos outros que ela era minha namorada, mas nunca soube se ela era realmente minha.

Quando passei na faculdade, ela disse que eu estava perdendo meu tempo e terminou comigo, foi a primeira vez que ela foi direta sobre a relação que tínhamos. E apesar de no momento achar que ela tinha partido meu coração, quando eu olhava para trás sabia que nunca teríamos futuro. Ela era uma daquelas pessoas que passam na nossa vida para ensinar algo, mas não pra ficar.

E então havia ela, Bella Swan. A minha melhor amiga.

Quando consegui entrar na faculdade, meus pais resolveram me dar um apartamento fora do campus ao invés de pagar por um lugar em um dormitório. O apartamento era grande, com duas suítes, um quarto, sala e cozinha. Era um luxo desnecessário para um universitário, mas comigo sendo filho único, Carlisle e Esme, gostavam de me mimar.

Foi muito estranho morar sozinho, mesmo que meus pais me dessem privacidade quando eu morava com eles. Então decidi colocar um anúncio em todos os meios de comunicação da faculdade alugando a outra suíte.

Eu recebi e-mails demais, se morasse em uma casa e não em um apartamento, poderia montar uma república. Porém todos os e-mails pareciam iguais, a mesma conversa superficial sobre ser tranquilo, organizado e gostar de silêncio. Não havia nada de substancial ou que me mostrasse que eu podia me dar bem com a pessoa que estava se oferecendo para morar comigo. E eu apostava que pelo menos 50% das pessoas estava mentindo sobre ser organizado.

Até que veio a resposta dela.

Bella não assinou o e-mail com seu nome e sim como B. Swan, mas falou sobre gostar de jogar videogame — comentou sobre alguns jogos que eu gostava —, sobre estar estudando sociologia e comportamento, e sobre ter um canal no Youtube, o que significava que poderia haver um pouco de barulho caso eu a aceitasse como companheira de quarto.

Me compadeci da pessoa e marquei de encontrá-la pessoalmente em um café, nem imaginando que B era uma garota.

***

De todos os e-mails que recebi, o de B. foi o único que respondi marcando um encontro. Respondi seu e-mail com o local e o horário, dizendo que eu estaria usando uma camiseta verde.

Se o encontro não desse certo, eu voltaria a olhar os e-mails.

Eu cheguei primeiro no lugar combinado, cogitei pedir um café, mas não sabia se era educado pedir antes que B. chegasse, então apenas avisei a garçonete que estava esperando alguém e pediria depois.

Estava distraído, olhando o cardápio, quando ouvi sua voz.

— Edward Cullen? — chamou uma voz suave.

Uma garota de cabelos cor de mogno e pele clara era a dona da voz.

— B. Swan? — questionei confuso.

— Bella Swan — esclareceu ela.

Não era um garoto então.

Sorri para ela e pedi para ela se sentar, então a garçonete se aproximou de novo e anotou nossos pedidos. Capuccino para mim e um Frapuccino de caramelo para ela, um prato de rosquinhas para nós dois.

— Eu amo o cheiro de café e cafeterias no geral, adoro esses cafés cheios de coisa. Mas não suporto café puro — confidenciou ela.

— Eu também — confessei.

Era apenas uma coincidência boba, mas eu precisei me controlar para não sorrir. Tinha a sensação que nos daríamos bem desde seu e-mail e saber que tínhamos coisas em comum, mesmo que fossem apenas detalhes, reforçava a ideia na minha mente.

— Então, me conta mais sobre você — pedi antes que nossos pedidos chegassem.

E ela falou.

Me contou sobre seus pais, Charlie e Renée, que haviam se separado quando ela ainda era criança, mas que continuaram morando próximos para dividir a criação dela. Ela falava com carinho sobre eles, um policial sério e uma professora de balé extrovertida, conseguia sentir em sua voz o sentimento agridoce — que eu compartilhava —, que era estar longe dos pais.

Bella era filha única, assim como eu, mas disse que nunca quis ter irmãos. Ao contrário de mim, que quando era menor grudava em meus primos implorando por um pouco de companhia.

Disse que crescera em uma cidade pequena chamada Forks, onde os dias ensolarados eram escassos.

Quando nosso pedido chegou, perguntei a ela sobre o canal.

— Eu não tenho ele há tanto tempo, só um pouco mais de dois anos — lembrou ela. — Precisei fazer um trabalho de literatura para a escola sobre O Morro dos Ventos Uivantes, eu pesquisei tanto sobre o assunto, mas não tive tempo de falar tudo o que descobri na aula. Então gravei um vídeo e publiquei.

Seus olhos brilhavam com a lembrança.

— Me diverti tanto, que resolvi gravar um vídeo jogando Five Nights at Freddy, depois gravei um vídeo assando cookies. Quando vi, estava gravando pelo menos um vídeo por semana. Disse para algumas amigas e elas espalharam pela escola — contou Bella. — Um dia, um garoto mais velho que gostava de mim, me chamou para sair e eu recusei. Então ele disse que eu era só uma menininha arrogante que achava que sabia de algo porque postava vídeos na internet, mas que tudo que eu dizia era só blá blá blá. Foi daí que surgiu o nome do canal, Belo Blá Blá Blá.

Ela continuou falando do canal com orgulho, sobre como ela falava sobre qualquer coisa. O canal havia crescido bastante nos últimos meses, segundo ela, estava quase chegando em um milhão de inscritos e ela não queria abandonar o canal por começar a faculdade, então precisava de um lugar menos barulhento que uma república para gravar.

— Mas se você me aceitar como colega de quarto, eu prometo não gravar nada depois das 10 da noite — disse ela.

Não disse nada naquele momento, mas eu já queria dizer que ela seria minha colega de quarto. Talvez eu fosse um pouco impulsivo.

Ao invés disso eu perguntei sobre seus gostos.

Ela falou sobre vários jogos que eu gostava, exatamente como tinha dito em seu e-mail, e confessou ser apaixonada por The Sims. Disse que era apaixonada por The Office, Friends e Community, mas que também adorava CSI.

Eu compartilhei com ela meus gostos, também gostava das mesmas sitcons, mas ainda não havia visto Community, nem CSI. Ela disse que eu precisava ver.

Acabei finalmente falando sobre meus pais — um cirurgião plástico e uma professora universitária de literatura —, mas deixei de lado toda a parte do dinheiro de família que era a razão para um universitário poder ter um apartamento como o meu.

Ao invés disso falei sobre como eu havia herdado a péssima habilidade do meu pai em futebol e basquete, e como a paixão de minha mãe por livros acabou me influenciando.

Nós pedimos uma segunda rodada de nossas bebidas e nos perdemos em um diálogo sobre literatura clássica.

Era fácil conversar com ela e eu não consegui evitar pensar em como seria legal ter Bella como companhia sempre.

— Acho que depois de toda essa nossa conversa ficaria difícil dizer outra coisa, então quando você quiser, pode ir conhecer seu quarto e pode se mudar quando estiver pronta.

***

Apesar de achá-la bonita instantaneamente e ao contrário do que possa parecer, não me apaixonei à primeira vista por Bella. Eu apenas me diverti tanto conversando e descobrindo como era fácil passar um tempo com ela, que apenas sabia que ela seria uma ótima companhia.

Naquela mesma tarde eu a levei para conhecer o apartamento e uma semana depois daquela conversa ela estava instalada no quarto ao lado do meu, com sua grande coleção de livros e seu equipamento de Youtuber.

E minha intuição não estava errada ao final de tudo, ela era realmente uma pessoa fácil de conviver.

Com Bella morando comigo, nós criamos uma rotina. Geralmente ela era quem fazia o café da manhã, sempre inventando algo diferente. Tomávamos o café juntos e então eu levava nós dois para o campus, já que Bella não tinha um carro.

Nossos horários não eram iguais, já que ela cursava Sociologia e eu Ciência da Computação, mas acabamos criando o hábito de almoçar com nossos colegas juntos. Voltávamos juntos para casa e revezávamos quem cozinharia aquela noite. No final do dia, assistíamos alguma série juntos se não estivéssemos muito ocupados.

E se não bastasse a rotina juntos, aos finais de semana quando tínhamos tempo livre, saiamos juntos também.

***

Bella morava comigo não fazia muito tempo, apenas algumas semanas. Nós tínhamos entrado em sintonia muito facilmente, como se nos conhecêssemos desde sempre.

Naquela quinta-feira, depois de um dia agitado, nós estávamos jogados no sofá comendo pizza enquanto assistíamos uma série qualquer que estava passando, quando Bella puxou o assunto.

— Vai fazer o que no final de semana?

— Maratonar Senhor dos Anéis — respondi rápido.

— Sério? Qual dia?

— Domingo, vai ter uma maratona de tarde na televisão, por quê?

— Rosalie ficou sabendo de uma festa que vai ter em uma irmandade, quer ir comigo? Vai ser sábado. Podemos beber até cair e depois maratonar Senhor dos Anéis curtindo a ressaca — propôs ela.

— Você gosta de Senhor dos Anéis? — perguntei.

— Eu nunca assisti — deu de ombros.

— Acho que não tem um momento melhor do que um domingo de preguiça e ressaca para mudar isso.

— Então você vai na festa?

— Bem, você precisa de uma carona, não é?

— Não! Nada de ir dirigindo! Nós vamos beber juntos! — declarou Bella.

— Você é quem manda — me rendi.

No sábado, Bella passou o dia trancada em seu quarto gravando vídeo enquanto eu lia, parando só para comer, mas quando o final da tarde chegou, ela bateu na porta do meu quarto perguntando se eu não tinha desistido e mandando eu me vestir depois de eu confirmar que não fugiria.

Pegamos um táxi até a irmandade onde a festa aconteceria e do gramado já podíamos ver gente bebendo e se beijando, Bella me interceptou primeiro.

— Nós podemos andar juntos na festa? Rosalie não vem e eu não conheço ninguém — disse ainda na calçada.

— Eu vim por sua causa, você acha que eu iria para outro lugar? — questionei.

Ela sorriu.

— Se você quiser ficar com alguém ou sei lá, me avisa que eu te dou espaço.

— O mesmo pra você — devolvi.

— Tô feliz que você veio comigo.

***

Aquela foi a primeira festa que fomos juntos e assim como ela havia previsto, nós bebemos demais e acordamos com ressaca para assistir Senhor dos Anéis. Nenhum de nós ficou com alguém aquela noite, mas isso não significava que não ficamos com ninguém nas festas seguintes. Nós dávamos espaço, mas cuidávamos um do outro.

Foi com essa rotina que nos tornamos melhores amigos tão facilmente. Planejávamos nossa semana e o final de semana juntos, passávamos tanto tempo juntos que nossos amigos nos chamavam de Amendoim e Geléia — manteiga de amendoim era grande demais para um apelido —, onde encontrasse um, acharia o outro.

Passava tanto tempo ao lado dela, que foi impossível não me apaixonar.

Seja lá o que ela estivesse fazendo, eu me via encantado. Me via observando-a gravar com o coração acelerado, encantado pela sua maneira de falar, fosse um vídeo com conteúdo sério, uma resenha ou um gameplay. Adorava como ela mordia os lábios para não falar palavrão em seus vídeos ou como mexia no cabelo quando estava ansiosa.

Adorava a maneira que ela dançava enquanto cozinhava, o jeito que ela corava quando alguém olhava pra ela, a maneira que ela era firme e séria quando discutia. Gostava de Bella pelos detalhes, pelo que ela fazia e dizia, por como eu me sentia perto dela.

***

No último mês, Bella e eu havíamos combinado de assistir um filme estrangeiro por semana. Então religiosamente nos últimos domingos nós fazíamos tudo o que tínhamos para fazer bem cedo, para ter tempo para o filme.

Tínhamos combinado de ver O Fabuloso Destino de Amelie Poulan naquele domingo, mas na sexta-feira Tyler — um cara da universidade que Bella queria sair faz algum tempo — havia chamado ela para sair.

Bella havia saído de casa no final da tarde, então eu achava que nossa sessão de filmes havia sido adiada.

A sensação de chateação por ela ter me trocado por Tyler era grande, eu me sentia um idiota e sabia que aquilo era ciúmes, mas não conseguia evitar.

Então ela voltou. Carregava uma sacola de mercado quando passou pela porta e guardou a chave do meu carro em cima da mesa.

— Não tinha pipoca, chocolate ou sorvete no armário, então eu fui comprar — explicou ela passando por mim.

Eu estava deitado no sofá e continuei ali, até que ela voltou da cozinha minutos depois com um balde de pipoca, sorvete e duas colheres, se espalhando ao meu lado.

— Achei que você ia sair com Tyler — comentei sem olhar para ela.

Não queria que ela enxergasse o alívio em meus olhos por ela ter escolhido ficar em casa comigo.

— Nós tínhamos um combinado, Tyler pode esperar.

***

Bella era assim, ela sempre cumpria com o dizia. Para mim, ela era o centro de nossa amizade, com seu jeito decidido, opiniões fortes e personalidade atraente, mas ela nunca havia feito eu me sentir excluído, desajeitado ou inferior. Não sabia nada além dos meus próprios sentimentos, mas Bella me tratava como prioridade.

Apesar de ter namorado antes — duas vezes — eu não me considerava uma pessoa realmente experiente em relacionamentos. Não era exatamente tímido, só um pouco nerd, mas também não podia me declarar uma pessoa sociável.

Eu tinha poucos amigos e costumava esperar que as garotas se aproximassem de mim nas festas que eu ia, foram poucas as vezes em que eu fui atrás de alguma garota.

E apesar de me sentir introvertido, Bella liberava o extrovertido em mim. Nós havíamos gravado alguns vídeos juntos e ela estava tentando me convencer de participar de um quadro semanal com ela. Ela dizia que as pessoas me adoravam, que se divertia gravando comigo e tantos outros elogios pra tentar me convencer

Eu, que não era um fã de fotos — apesar de adorar o mundo audiovisual e saber uma ou outra coisa sobre edição —, me transformei em um fotografo semiprofissional com a convivência. Adorava tirar fotos dela, do céu, dela com o céu e todas as variações possíveis.

Ela sempre elogiava o que eu fazia, fosse uma foto para ela, alguma comida, alguma edição. Bella sempre dava um jeito de dizer o quanto eu era bom no que fazia, claramente me conhecia o suficiente para lidar com minhas inseguranças naturalmente.

Eram todas essas coisas que fizeram eu me apaixonar, todos os detalhes de sua personalidade e todas as atitudes que ela tomava, todos os momentos juntos.

Eu só não sabia como contar para ela.

***

Apesar do medo de não ser retribuído por Bella e estragar toda a amizade que construímos, eu tentei falar para ela como me sentia duas vezes.

A primeira vez que tentei confessar meus sentimentos para Bella foi alguns dias depois de um vídeo falando sobre nossa amizade e sobre como era morarmos juntos. Era um vídeo bem íntimo e com perguntas bobas, mas pessoais, só que quando ela pediu para fazê-lo eu nem pensei em recusar.

Eu passei o tempo inteiro dando olhadas discretas para ela — que acabaram por não serem tão discretas, já que as pessoas comentaram sobre os olhares nos comentários do vídeo —, apreciando o quanto ela era bonita e tinha desenvoltura para falar de frente para as câmeras.

Passei os dias pensando sobre as respostas que ela deu no vídeo. Sobre como era fácil conviver comigo, como ela gostava da minha companhia e em como eu era seu melhor amigo.

Melhores amigos dão ótimos namorados, não é o que dizem?

Estávamos almoçando no campus aquele dia, eu tinha chegado primeiro na nossa mesa usual e quando Bella chegou bagunçou meus cabelos e beijou minha bochecha antes de sentar-se ao meu lado.

Nós ficamos em um silêncio agradável enquanto comíamos, ela focada no celular e eu focado nela. Ela me pegou olhando uma vez e sorriu, seu rosto ficando completamente corado.

Era engraçado como alguém que era tão solta diante das câmeras ficava corada apenas com um olhar.

O rosa em seu rosto me fez pensar que talvez ela sentisse o mesmo que eu, por isso ficava ruborizada. Então em um impulso eu decidi que precisava tomar a iniciativa.

— Bella — chamei sua atenção.

Ela virou seus olhos castanhos para mim e meu coração acelerou. Era agora ou nunca.

— Então eu — comecei, mas fui interrompido.

— Como sempre, Amendoim e Geleia juntos, exatamente como o meu almoço. E ai, quais os nossos planos para sábado? — disse Rosalie sentando-se ao lado de Bella.

Alice e Jasper estavam junto com ela.

***

Os três eram nossos amigos. Jasper cursava Ciência da Computação comigo, Alice era da turma de Sociologia de Bella e Rosalie era sua antiga companheira de quarto, muito divertida, mas também muito barulhenta.

E com aquela intromissão toda a minha coragem foi embora e eu passei semanas sem ao menos cogitar puxar o assunto novamente. Talvez não fosse para ser, certo? Aquela interferência podia ser um sinal do universo de que eu deveria continuar quietinho no meu canto.

Então ao invés de tentar falar com Bella sobre o que eu sentia, continuei a viver minha vida normalmente. Aproveitando a companhia de Bella e me apaixonando a cada dia que passávamos juntos

***

Eu havia passado os quatro anos do High School envolvido na equipe de audiovisual, então quando Bella descobriu sobre isso, pouco depois que nos conhecemos, resolveu pedir minha ajuda com o canal dela, então as vezes eu ajudava com alguma pauta, editava e opinava sobre edição, e ela até havia me convencido a gravar alguns vídeos.

O canal de Bella era um canal sobre o que Bella quisesse gravar aquela semana. Ela fazia gameplays, respondia TAGs, fazia vlog, falava sobre pautas do cotidiano, fazia resenha de livros. Ela só não havia postado vídeos de reforma até aquele momento, mas eu não duvidava de que ela podia fazer isso no futuro.

Naquele dia nós estávamos no Parque do Povo — um parque próximo a universidade, que havia sido palco de confrontos na década de 60 —, sozinhos, deitados juntos na grama. Minha cabeça apoiada em sua barriga enquanto ela mexia em meus cabelos.

— Você sabia que cada planeta vê o céu de um jeito? — perguntou Bella quebrando o silêncio.

— Sério?

— Sim, por causa das diferentes atmosferas — explicou ela. — Por exemplo, a atmosfera de Marte é basicamente feita de gás carbônico, então o céu lá é rosa e laranja, mas seu pôr-do-sol é azulado.

— Isso é bem legal! — comentei sendo sincero.

— Também achei, acho que vai estar no próximo vídeo.

Bella começava seus vídeos sempre com algum fato aleatório, qualquer coisa que ela achasse minimamente interessante, então dizia seu bordão e iniciava o vídeo propriamente dito. Aquilo já era sua marca registrada.

As pessoas na internet já a achavam inteligente e divertida, eles a adoravam e com motivos. Eu sabia que algumas pessoas na internet eram apenas produção e maquiagem, quando na verdade suas personalidades eram podres. Mas as pessoas que eram fãs de Bella estavam seguras.

Ela era muito exposta na internet, só que tudo o que ela se deixava mostrar era apenas a superfície da pessoa incrível que ela era e eu era um dos privilegiados que conheciam o que ia além.

Conhecia o quanto ela era inteligente, exatamente aquele tipo de pessoa que você pode falar sobre qualquer coisa que ela vai continuar o assunto. Eu sabia o quanto ela era envolvida em tudo que se propunha e eu amava seu senso de humanidade.

E além de tudo ela era tão divertida, tudo que eu fazia com ela junto se tornava mais legal, fosse enfrentar uma fila em algum evento ou apenas passar a tarde em um parque, como estávamos fazendo.

— Me mandaram um jogo novo para testar, quer gravar comigo? — pediu ela e eu sabia pelo seu tom de voz que estava sorrindo.

— Como dizer não para você? — questionei. — Nem consigo pensar direito com sua mão mexendo no meu cabelo.

Ela soltou uma risadinha.

— E você acha que eu pedi agora por quê? — retrucou ainda rindo. — Eu conheço você, Edward Cullen.

— Bem, trapaceira, eu gravo com você.

— Você é o melhor!

Nós voltamos a ficar em silêncio e eu tentei me concentrar para não dormir, por causa de suas mãos em meu cabelo. Elas eram suaves e delicadas, mas eu tinha certeza de que meu cabelo ficaria ainda mais bagunçado do que o normal dele.

— Eu amo mexer no seu cabelo, é tão macio — comentou ela.

— Obrigado — disse com entonação de pergunta.

— E eu amo você — falou ela, me surpreendendo. — Eu não sei se digo isso o suficiente, mas você é a melhor coisa que me aconteceu quando vim para faculdade. Tinha medo de não me dar bem com as pessoas, mas nossa conexão foi instantânea e eu não trocaria por nada.

— Eu também amo você, Bells.

— Você é o meu melhor amigo.

— E você a minha.

***

Aquele dia no parque poderia ter sido um dia perfeito para uma nova tentativa, estávamos sozinhos, o dia estava lindo e estávamos tão confortavelmente próximos. Mas aquele você é o meu melhor amigo me quebrou.

Amava ser amigo dela, não estava desprezando aquele posto. Só que eu queria mais.

Eu tive coragem de tentar falar com ela novamente apenas no final do ano, mas a agenda de Bella estava completamente corrida por causa do canal dela, quando ela teve um tempo na agenda, voltou para sua cidade natal para passar as festas de fim de ano com os pais.

Sentia tanta falta dela, que decidi contar assim que tivéssemos um tempo juntos e sozinhos.

***

Na casa dos meus pais eu pensei em uma maneira nova de falar para Bella sobre meus sentimentos, não queria ser direto, tinha medo de engasgar ou sei lá.

Então ouvindo uma música sobre uma garota que estava apaixonada pela melhor amiga, eu tive a minha ideia. Revelei algumas fotos nossas em moldura de polaroide e escrevi trechos inspirados na música.

Preparei uma caixa com chocolates e as fotos, e marquei de tomar um café com ela quando as festas de final de ano passaram. Nós não nos víamos há tanto tempo que nem parecia que morávamos juntos, então usei essa desculpa.

Ela usava jeans e moletom no dia e seu cabelo estava solto, era engraçado como mesmo com as roupas mais comuns do mundo Bella continuava brilhando para mim. Sorriu largo quando me viu e me deu um abraço forte, jogando a mochila que carregava no chão, sem se importar que estávamos em público.

— Meu Deus, Edward! Eu senti tanto a sua falta, ano que vem vou te arrastar comigo — declarou ela.

— Não vou reclamar, também senti a sua falta — admiti sorrindo.

— Tanta coisa aconteceu nesses últimos dias, preciso te contar tudo — disse ela — Eu tô conversando com um cara.

***

Aquela fala de Isabella me destruiu, mas apesar disso eu continuei sorrindo e a ouvi falar sobre Mike Newton, o novo vizinho de sua mãe.

O relacionamento não foi para frente, Mike era ciumento como o inferno e odiava toda exposição da vida dela — o que era irônico, já que ele assistia os vídeos dela antes de a conhecer —, e pediu pra ela parar de se expor.

Por sorte eu não precisei falar que Bella merecia estar com alguém que respeitasse o que ela gosta de fazer, ela amava o seu canal demais para desistir dele por alguém que ela havia acabado de conhecer.

Depois de Mike eu não havia tentado falar novamente sobre como eu me sentia, mas meus sentimentos continuavam aqui, pedindo mais de Bella.

Parecia pior nas últimas semanas.

Uma pandemia estava assombrando a todos, milhões de pessoas adoecendo e milhares de mortes ao redor do mundo. Todos os que podiam estavam ficando em suas casas para tentar se proteger do vírus que estava assustando a todos.

Eu e Bella não tentamos voltar para casa no começo, assim como Jasper, com medo de contaminar nossos pais caso pegássemos algo no caminho. Mas Alice e Rosalie voaram para casa assim que os casos começaram a estourar.

***

Bella e eu tínhamos sorte por morarmos juntos.

Então estávamos presos juntos em casa, convivendo 24 horas por dia, todos os dias da semana. Nós estudávamos sozinhos, mas passávamos a maior parte do resto do tempo juntos. Fosse alimentando seu canal e suas redes sociais, ou apenas curtindo a companhia do outro, assim como fazíamos antes da pandemia.

Em resumo, nós respeitávamos o isolamento social e não tínhamos que nos preocupar com ninguém quebrando a quarentena.

Ao contrário de Jasper, que morava em uma república e tinha um colega de quarto.

Meu amigo estava respeitando o isolamento assim como nós dois, mas seu colega de quarto era um babaca. Saia quase todos os dias, havia ido em todo tipo de lugar, inclusive em festas.

O filho da puta não havia apresentado sintomas em nenhum momento, mas Jasper havia começado a apresentar os sintomas há alguns dias — febre e tosse —, até que começou a sentir falta de ar e foi para o hospital.

Ele estava lá há um dia e na noite anterior tinham confiscado seu celular e colocado ele na UTI.

Eu era seu contato de emergência aqui na California, já que seus pais não poderiam fazer muita coisa estando no Texas e assim que o hospital me passou essa informação eu quebrei.

Tentei me manter sério ao receber a notícia, mas assim que me tranquei no quarto não consegui segurar o choro. Bella era minha melhor amiga, mas não era a única.

Jasper era como um irmão. Não podia perdê-lo.

Passei a noite pensando sobre tudo. A fragilidade de Jasper pelos seus problemas respiratórios, a sorte de que seu plano de saúde cobriria os gastos, pensei em uma vida sem meu amigo, pensei em como seria se outras pessoas que eu amo também contraíssem a doença.

O medo era constante, desde que as notícias sobre a doença começaram a existir. Porém ter alguém do meu convívio, alguém que importava, tornava tudo mais real e doloroso. Assustador.

Deixei com que o medo e a dor me dominassem, de uma maneira que não consegui parar de chorar até cair em um sono cheio de pesadelos.

Acordei pela manhã assustado, depois de sonhar com uma pilha de corpos com todos aqueles que eu amava. Minha cabeça estava explodindo por causa do choro do dia anterior e eu não queria me mover, mas também não queria voltar a dormir e ter outro sonho ruim.

Estava olhando para o teto tentando não voltar a chorar, sem querer pegar o celular e ser bombardeado com todas as notícias ruins que estavam circulando pela internet, quando Bella bateu na porta.

— Edward? — chamou ela.

Não queria mentir e fingir que estava dormindo, mas também não queria que ela me visse chorar, então sequei o rosto e falei que ela podia entrar enquanto eu me ajeitava na cama, ficando apoiado na cabeceira.

Ela entrou no quarto equilibrando uma bandeja, quando se aproximou o suficiente consegui enxergar ovos, bacon e dois copos de suco de laranja.

— Café na cama? — questionei franzindo a sobrancelha.

— Um mimo para o meu melhor amigo — respondeu dando de ombros.

Nós comemos em silêncio e quando acabamos, Bella levantou para levar a bandeja para a cozinha, mas voltou em seguida e sentou na cama novamente, de frente para mim, com as pernas dobradas.

— Você sabe que pode contar tudo para mim, certo? — perguntou segurando as minhas mãos.

— Eu conto tudo para você — afirmei.

Ela levantou uma das sobrancelhas e eu soube que ela sabia sobre o choro da noite anterior, sorri amarelo em resposta.

— As paredes são mais finas do que a gente pensa — contou ela.

— Eu chorei tão alto assim?

— E falou dormindo, você teve pesadelos, certo?

Eu fechei os olhos querendo me esconder, não queria voltar a chorar e também não queria lembrar de todos os sonhos ruins que tive essa noite.

— Não quero que você se sinta forçado a falar — disse Bella acariciando minha mão. — Mas quero deixar claro que você pode falar comigo se quiser, como você faz sempre, você não precisa sofrer sozinho. Jasper também é meu amigo e eu estou tão assustada.

Senti sua voz quebrar ao confessar que estava com medo e aquilo foi o suficiente para me fazer falar.

Falei sobre o quão assustado eu estava com Jasper no hospital, já que ele era asmático, falei sobre a preocupação com meus pais ­— principalmente meu pai, que mesmo sendo cirurgião plástico estava trabalhando com o novo vírus —, com Rosalie e Alice, com meus outros amigos, com ela. Deixei que minha raiva pelas medidas de segurança que o presidente estava tomando saísse de mim junto com todos os outros sentimentos angustiantes que pareciam me dominar.

Eu falei e chorei.

Não consegui segurar as lágrimas nem por alguns minutos e no primeiro momento em que o choro se tornou mais intenso e eu precisei parar de falar, Bella se moveu pela cama e me colocou em seu colo, me segurando o mais forte e o mais perto que conseguia.

Ela mexeu em meus cabelos até que eu me acalmasse e voltasse a falar, tudo em silêncio, enquanto ela chorava comigo.

***

De todos os momentos que me fizeram me apaixonar mais por Bella, aquele havia sido o mais caótico. Eu nunca havia chorado na frente dela até aquele momento e não era exatamente minha intenção deixar que ela me visse chorar. Mas eu precisava.

Bella não estava em seu melhor estado naquele momento, as lágrimas dela caindo sobre as minhas indicavam aquilo, mas ela juntou todas as forças dela e me escutou quando eu precisava. Me deu a liberdade de compartilhar a minha dor mesmo quando imaginei que não precisava. E aquilo me deixou melhor.

Jasper havia melhorado depois de uns dias internado, até que ficou realmente bom e foi liberado do hospital. Eu e Bella o buscamos e ele ficou com a gente por duas semanas, morando no nosso escritório até que ele finalmente pode pegar um avião e voltar para a casa de seus pais.

Bella e eu tivemos a sorte de não contrair a doença, mesmo com Jasper ficando aqui por alguns dias. Porém o susto nos tornou mais cautelosos, não apenas com a higiene e os protocolos para sair de casa, mas também com nossa saúde. Apesar de não termos procurado um psicólogo, nós estávamos cuidando um do outro.

Havíamos começado a fazer yoga, além de caminhada pelo quarteirão um pouco antes do amanhecer, quando não havia ninguém na rua. Além disso, tínhamos decidido juntos diminuir a quantidade de notícias que consumíamos, era importante estar informado, mas não de um jeito que nos deixasse doente.

Além de mantermos a nossa rotina de passar muito tempo juntos.

Estávamos em sua cama, Bella monopolizava um pote de sorvete enquanto eu revezava entre olhar para ela e para o teto de seu quarto, que ela recentemente tinha pintado de azul para imitar um céu estrelado.

— Você devia fazer um canal — comentou Bella novamente.

Ela adorava insistir nesse assunto.

— E eu ia falar sobre o que? Eu não sou interessante, Bella.

— Meus inscritos discordam disso — retrucou — Todo mundo adora quando você aparece, sempre pedem pra tornar os vídeos com você algo fixo.

— Mas isso é só porque você é ótima conduzindo.

— Para de se subestimar — grunhiu ela, me empurrando em seguida. — Eu te acho incrível.

— Tudo bem. Mas mesmo assim ainda não teria um conteúdo — argumentei.

— Como se eu tivesse — apontou ela.

— O seu conteúdo é falar sobre tudo.

— E sobre nada — completou. — Você é nerd, Edward. Só que um nerd legal, pode falar qualquer coisa que as pessoas vão assistir.

— Essa é você — respondi.

Levantei meu corpo e me sentei ao lado dela, roubei a colher de sua mão em seguida, junto com o sorvete que já estava ali.

— Ei!

— Tem que aprender a dividir — disse rindo.

Ainda com a colher na mão, peguei um pouco de sorvete e coloquei na boca dela, mas acabei sujando-a no processo.

— Tá sujo aqui — falei levando meu polegar até o canto da sua boca.

Limpei o lugar lentamente, aproveitando o toque. Bella me surpreendeu lambendo meu polegar enquanto eu me afastava.

Meu coração veio a boca com o toque inesperado. Eu queria a língua dela, mas não desse jeito.

— Desculpa — pediu Bella mordendo os lábios.

Balancei a cabeça desviando o olhar, aquilo era demais para mim. Queria beijá-la até esquecermos nossos nomes. Queria tanto que doía.

Peguei meu celular para me distrair da boca de Bella que parecia ainda mais convidativa que o normal e abri o TikTok.

Nos últimos tempos vários tipos de vídeos se tornavam virais por causa do aplicativo, a moda da vez eram os vídeos de pessoas se declarando para os seus melhores amigos. Enquanto passava os vídeos da hashtag eu admirava a coragem de cada um ao mesmo tempo que desejava ser um daqueles onde o melhor amigo retribuía.

Acabei desviando meu olhar para Bella novamente, que mordia os lábios enquanto olhava para seu próprio celular concentrada, jogando Fortnite. Ela era tão bonita sempre. Concentrada, distraída, rindo ou falando. Eu a adorava de qualquer jeito.

Não aguentava mais guardar aquilo pra mim, então tomei um impulso.

Abri o TikTok e gravei ela por alguns segundos sem que ela visse, então pausei o vídeo e perguntei.

— Bella, quer gravar um TikTok comigo?

— Sim! Começamos com um TikTok e logo você vai criar um canal no Youtube! — comemorou. — Como você quer o vídeo?

— Vamos só dançar.

— Ih, se for aquelas danças cheias de coisas você vai ter que me ensinar porque eu sou péssima.

— E eu tenho coordenação motora pra isso? — questionei. — Vamos só dançar. Vou gravar com meu celular, me empresta o seu pra eu colocar a música?

Ela me deu o celular e eu coloquei a mesma música que eu havia usado de legenda das polaroides, I wanna be your girlfriend da Girl in Red, e coloquei para repetir. Posicionei o meu celular na estante e coloquei na câmera.

Segurei as duas mãos de Bella e deixei a música fluir por nós dois, distantes, sem passos definidos, só nossos movimentos desengonçados.

A música tocou uma vez, até que eu tive coragem de cantar junto com a música. Querendo que ela prestasse atenção na letra.

Oh, Bella! I wanna feel you close.*

Cantarolei junto com a música a trazendo para perto.

Don't look away — cantei segurando seu queixo e fixando meu olhar no seu — Just look at me the same.

Aquilo não era só a música, era um pedido meu. Eu precisava que ela me enxergasse da mesma maneira, eu estava arriscando muito com isso e se ela não sentisse o mesmo, nossa amizade iria por água abaixo. E eu nem era um bom cantor ou dançarino para tentar conquistar ela com isso.

I don't wanna be your friend, I wanna kiss your lips. I wanna kiss you until I lose my breath.

Cantei o refrão com sinceridade, ainda olhando em seus olhos brilhantes.

Então eu a girei, mas a mantive de costas para mim segurando suas mãos com as minhas e sussurrei em seu ouvido.

And I wanna touch you, but not like this. The look in your eyes, my hand between your thighs.

Agora era tarde demais para voltar atrás.

Bella virou de frente para mim, com um sorriso grande em seus lábios e colocou as mãos na minha nuca me puxando para baixo.

— Eu também quero te beijar — afirmou antes de o fazê-lo.

Quando seus lábios tocaram os meus, senti como se estivesse em um dos meus sonhos. Só que aquilo era melhor.

Os lábios de Bella eram doces, mas o beijo era urgente como o de alguém que tinha sede. Uma de suas mãos passeava pela minha nuca, a outra explorava por dentro da minha camiseta.

Eu não demorei para reagir, estava esperando por um beijo dela há tempo demais para agir surpreso. Puxei o cós de sua calça para trazê-la mais pra perto, então deslizei minhas mãos pela sua cintura a prendendo ali comigo.

Bella começou a tentar tirar minha camiseta mesmo sob meu aperto.

— Bells, o vídeo — lembrei separando nossos lábios.

— Merda.

Bella abaixou minha camiseta, mas continuou segurando-a entre os dedos enquanto eu pegava meu celular para desligar a câmera. Quando fiz isso, ela me puxou de volta e ficou na ponta dos pés. Eu a interrompi antes disso.

— Acho que a gente precisa conversar — falei.

Ela fez um biquinho, mas me puxou de volta para sua cama e me fez sentar de frente pra ela, uma de suas mãos segurando as minhas, a outra na minha perna.

— Você é a minha melhor amiga e nós estamos praticamente presos juntos, não quero que nossa relação fique estranha — comecei.

— Não vai ficar — garantiu ela acariciando minha perna.

Eu olhava em seus olhos, mas baixei o olhar antes de continuar falando, não queria ver a rejeição em seus olhos depois de confessar meus sentimentos.

— Eu estou apaixonado por você, Bella — confessei. — Não sei como aconteceu, não sei por quanto tempo tenho guardado esses sentimentos comigo, só sei que faz tempo e eu já não consigo mais guardar isso só pra mim. Eu gosto de como você fala sobre tudo e faz qualquer coisa se tornar interessante, eu gosto de como você sorri, eu gosto do jeito que você cora.

Eu poderia passar horas dizendo tudo que eu amava nela, mas tentei me conter.

— Eu quero tanto te beijar e te tocar que as vezes isso é a única coisa em que eu consigo pensar, mas ao mesmo tempo você é minha melhor amiga e eu só quero ficar do seu lado todo segundo possível.

— Diz isso olhando pra mim — pediu Bella levantando meu queixo.

— O que?

— Que você quer me beijar.

— Eu quero te beijar, Bella.

Ela abriu um sorriso pequeno.

— Eu também quero beijar você — devolveu. Não havia mentira ou insegurança em seus olhos — Céus! Eu quero te beijar faz tanto tempo que não queria te soltar depois de te beijar.

Meus pensamentos vagaram pelo fato de que ela queria me beijar, então ela era atraída por mim pelo menos. Tentei não pensar que era apenas isso, atração física. Aceitaria qualquer coisa que viesse dela.

— Mas eu quero mais de você — continuou ela com a mão descansando na minha nuca. — Eu quero andar de mãos dadas com você, quero dormir do seu lado, eu quero te apresentar pras pessoas como meu namorado.

As palavras dela eram doces e acalmaram meus pensamentos, como se eu tivesse esperado para ouvi-las durante toda a minha vida.

— Então nós estamos namorando agora? — perguntei.

— Eu quero continuar sendo sua melhor amiga, mas eu quero ser sua namorada.

Sorri em resposta, entendendo a referência a música que ela tinha feito.

Bella continuou segurando minha nuca, mas se aproximou subindo em meu colo e travando as pernas ao redor do meu corpo. Nossos rostos grudados um no outro, eu consegui ver o brilho travesso de seus olhos quando ela disse:

— Você prometeu me beijar até a gente perder o folego, eu ainda tenho folego.

Oh, Bella!


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Notas finais do capítulo

* A experiência de Bella e Edward com o covid-19 é inspirada na minha experiência pessoal, não quis retratar com exatidão como eles estariam na California.

* a música que o Edward canta para Bella encontra-se nesse link:
https://www.letras.mus.br/girl-in-red/i-wanna-be-your-girlfriend/traducao.html

* E ai, o que acharam? A experiência de Bella e Edward nessa quarentena foi parecida com a de vocês? Tô louca para ler seus comentários.

* Meus sentimentos a todas as pessoas que perderam alguém nessa quarentena, que possamos todos finalmente ter paz e segurança para sairmos de casa.

Beijos

P.s: Pensando em escrever um bônus, me digam se querem