24°c escrita por Mandalay


Capítulo 1
Um dia completamente ordinário em Ikebukuro — capítulo único




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Mesmo durante á noite, Ikebukuro não parava por um minuto sequer. Carros andavam pelas ruas, o brilho de seus faróis contrastando com as luzes dos prédios, iluminando ainda mais o distrito famoso por seus mitos, que corriam soltos pelas línguas de seus habitantes - mas que hoje pareciam ansiar pelo seu momento de serenidade.

Ou quase isso.

Mikado encarava a tela de seu celular completamente estático, como se aquela breve mensagem o houvesse petrificado da cabeça aos pés.

A lâmpada sobre sua cabeça piscava segundo a segundo, enquanto ele relia mais algumas vezes a mensagem que continha mais um plano infalível de seu amigo.

Aparentemente, Masaomi estava marcando um encontro entre eles, com a intenção de Sonohara ser a companhia dele e apenas essa mera ideia o deixava sem jeito.

E ver que ela aceitara o convite tão facilmente conseguia deixá-lo arrepiado até mesmo em seus sonhos.

Amanhã seria um dia e tanto.

Ser um médico é algo que ocupa muito do tempo de uma pessoa, e ser um médico do submundo, onde pedidos e chamadas podem ser feitos a qualquer momento independente das horas é ser alguém mais atarefado ainda.

Ainda mais estando em Ikebukuro onde conflitos entre gangues, envolvendo ou não a máfia, não eram difíceis de ocorrerem.

Mas com o passar dos anos, Shinra conseguira o que muitos consideram como prática - o tempo que dado atendimento levava - e era recompensado pelo custo a ser cobrado, principalmente quando ele era retirando de algum momento com Celty.

Todos os momentos que ele tinha ao lado dela era importantes.

Ao menos aquela noite quente de verão não era uma delas e mesmo se algo o interrompesse, seu celular estava desligado.

Kida encarava a tela de seu celular com um sorriso beirando a malícia, enquanto Saki o observava, esperando pelas palavras convencidas dele.

— Consegui! Finalmente aqueles dois vão para algum lugar.

— Você não acha que está exagerando? A impressão que tenho é a de você tentando obrigá-los á algo.

Ele fez beiço, cutucando uma das bochechas de Saki.

— E você já os viu juntos Saki. Eles se amam!

— Ou você pode estar imaginando isso.

Tal comentário fez com que a pose de Kida, com os braços abertos com se chegasse ao ápice de um grande ato, caísse.

— Por que não está animada? Você vai junto.

— Porque, senhor Kida, eu não concordo com isso. Mas ver você assim, me deixa contente.

E para Saki, vê-lo assim, como quando se apaixonara por ele anos atrás, realmente a deixava contente ao ponto dela não preocupar tanto assim com as consequências das ideias de Kida Masaomi.

O verão era uma época difícil para Tom, por algum motivo o número de pessoas a serem cobradas dobrava, assim como o mau humor delas e isso sempre resultava em corpos pelo chão quente, ou voando por entre os prédios de Ikebukuro - não que fosse ele quem causava os danos - a ideia de ter Shizuo ao seu lado era para se usar da força quando sua incrível habilidade de persuasão falhava.

Tom Tanaka era um homem dado de grandes habilidades, a maior delas sendo sua serenidade.

Só dessa forma para conseguir aguentar o calor da estação e a ira de seu colega de trabalho.

Bastou apenas um olhar para Anri entender as intenções que Kida tinha para aquele encontro de amigos, que mais parecia um encontro de casais, diga-se de passagem, ao menos Saki parecia compartilhar de seu desconforto, enquanto Mikado conseguia a proeza de engasgar com seu sorvete.

Realmente, Anri não conseguia a necessidade de Kida querer que ela e Mikado ficassem juntos - era claro para ela o carinho que tinha por ele - mas para querer algo a mais que isso, bem era querer ir longe demais.

Ela já tinha uma espada sobrenatural amorosa (e intensa sobre o assunto) o suficiente morando dentro de si, para dar espaço para nutrir tal sentimento por alguém.

— Acho que Kida nunca vai entender que eu realmente não me vejo com o Mikado no momento.

Saki sorriu ao seu lado, enquanto observava os dois amigos discutindo algo intensamente.

— Ele se preocupa demais com vocês dois, só isso.

Algo que Varona estava longe de negar era que a existência de Shizuo Heiwajima não era mensurável. Ele não seguia um padrão previsível e sempre que pensava ter uma fórmula imbatível para vencê-lo, ela caía por terra. Aquele segurança com roupas de barman causava nela uma certa euforia que abalava seu ceticismo, uma euforia que ela não desejava esquecer.

E esperava que ele não se esquecesse dela também.

Quando voltava de sua terra natal, caminhando pelo pátio do aeroporto com apenas uma bolsa no ombro ela pode ter seu desejo concedido, ao vê-lo ao lado de seu supervisor.

Esperando por ela.

Shizuo era um humano muito interessante.

Akane não esperava encontrar Shizuo naquela tarde, não com aquela mulher de acompanhante. Não mesmo. Tudo o que ela esperava para aquele fim de tarde quente era voltar para casa, jantar e dormir em seu quarto - o treino daquele dia fora exaustivo o suficiente para a pequena menina.

Então esbarrar com Shizuo realmente a surpreendeu, pois ela ainda não estava pronta para enfrentá-lo, por mais que agora, não o considerasse uma má pessoa ela ainda queria se provar digna de encará-lo.

Akabayashi gostava de dizer que ela era muito nova para estar pensando em coisas como esta.

Mas era difícil dela aceitar alguém querendo machucar sua preciosa família.

Para consumidores experientes de mangás e seus derivados, aquele estava sendo um dia nada produtivo. Eles caminharam por todas as lojas e bancas, mas fora pura sorte Walker ter encontrado o que procurava - ao menos um dos títulos na sua longa lista  fora adquirido.

Entediados, Erika e Walker se resumiam a valsar uma música inexistente em meio ao parque do distrito. O sol da tarde deixando tudo cor de laranja.

A temperatura estava mais amena.

Até Erika parar em meio a um rodopio, com uma ideia em mente.

— Ei, ei! A gente poderia ir ao karaokê!

Walker a encarou, pensativo.

— É, parece uma boa ideia, mas só nos dois não teria graça.

E a ideia poderia ser esquecida naquele exato momento, caso ela não colocasse os olhos em um grupo de adolescentes atravessando a rua, não muito longe dali.

— Ei, ei! Aquela não é a Anri e o Kida?

— A gente pode chamar eles!

— É!

E não teria como nenhum dos jovens negarem o convite tão empolgado da dupla, que só faltavam pular para convencê-los a aceitarem.

Ao final daquele dia, em uma cabine pouco iluminada com uma mesa de centro recheada de petiscos e copos de suco, o trio de garotas observavam estonteadas em meio a risos, os três rapazes cantando seriamente uma música pop - com Mikado desafinando vergonhosamente.

Em um lugar calmo, longe de movimento e vida pulsante, o carro tão característico de Togusa estava estacionado, com uma das portas abertas, onde ele e Kadota sentavam e observavam a cidade enquanto bebiam de suas caixinhas de leite.

Com o cair da noite a temperatura quente do dia se dissipava.

E eles poderiam ter um momento para relaxarem.

— Para onde eles foram mesmo?

Sua dupla de colecionadores aficionados estivera ocupada naquele dia.

— Não sei ao certo, comprar mais merchandising para colocar no carro.

Togusa balançara a cabeça.

— Eles não se cansam, não é mesmo?

— Difícil de parar com algo quando se chaga na fase adulta da vida - respondeu Kadota, dando de ombros.

E Togusa continuaria rindo do que ele havia dito, caso a atenção de Kadota não houvesse sido sutilmente chamada para o outro lado do cruzamento, onde um casal bem arrumado passava.

Por algum motivo a mulher lhe parecia muito familiar.

— Ei Togusa, aquela não é a sua ídola?

Os olhos do amigo quase saltaram ao observar mais atentamente as figuras do outro lado.

— Ruri Hijiribe!

Ela estava ali, bem perto, tão perto quanto estivera de cima de um palco - sem suas roupas tão marcantes - com óculos escuro para esconder seus olhos e impedir que a reconhecessem de fato.

Mas ela não estava sozinha.

— Você quer falar com ela?

Os sonhos de Togusa estavam esmigalhados, mas vê-la pessoalmente, mesmo que a uma certa distância, fora de um palco era algo de tirar o fôlego.

— Não é uma boa ideia, eles devem estar tentando ser discretos.

O amigo discordara da ideia veementemente.

— Espera um minuto.

— Kadota!

O outro já saíra de encontro ao casal que quase desaparecia de vista.

Com olhos treinados, Togusa pôde ver o amigo conversando naturalmente com o casal, que pareceu apreensivo a princípio para caminharem em sua direção, como se fossem bons amigos.

— Ei Togusa, você sabia que o grande Yuhei Haneijima é o irmão mais novo do Shizuo?

Ruri retirara os óculos com certa delicadeza, observando Togusa criticamente.

— Então você é o meu fã?

Em seu íntimo, Togusa gostaria de poder chorar, mas isso estragaria a imagem que gostaria de mostrar para aquela que tanto admirava.

Então ele se resumiu a assentir com a cabeça.


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Notas finais do capítulo

Eu não sabia onde tinha amarrado meu burro quando tive essa ideia de escrever algo como se fosse um episódio completo de DURARARA!!, só sei que tinha o mini "24°C" da Lee Hi na cabeça e segui firme com ele tocando repetidamente ao fundo.

A título de curiosidade, a maior máxima no verão de Ikebukuro ano passado, que foi quando eu escrevi esse texto, foi de 30°C!



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