New romantics. escrita por Jones


Capítulo 5
We're so Young.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793373/chapter/5

Esperava no corredor por alguém chamado Elliot Bates. Tinha sido transferido de Ilvermony nessa última semana e sorteado para a Sonserina. Albus era o monitor e responsável por mostrá-lo a escola e onde ele iria dormir, bem como onde ficavam as salas de aula e etc. Não era muito comum que alguém fosse transferido a essa altura de meados de novembro, mas não era ele quem iria sair perguntando o que aconteceu.

Quando o diretor Longbottom saiu da sala com alguém de cabelos curtos e coloridos, Albus ficou paralisado, era a beleza mais complexa e rara que tinha visto nos últimos tempos.

— Sr. Bates, esse é Albus Potter, ele vai te levar aos seus aposentos e te apresentar Hogwarts. Seja muito bem-vindo. - Ele sorriu e gesticulou em direção a Albus, depois se retirou e os deixou sozinhos.

— Bem-vindo. - Albus sorriu, estendendo a mão. - Sou Albus, mas pode me chamar de Al.

— E eu Elliot. - Sorriu tímido e apertou a mão de Albus de volta. Tinha os cabelos desgrenhados e com diferentes tons de azul e lilás. - Não costumo usar muitos apelidos.

— Não tem problema. - Potter encolheu os ombros. - Acho que você vai gostar bastante de Hogwarts, temos grandes professores e muito espaço verde, visitas ao vilarejo mais próximo na maioria dos fins de semana, uns bailes escolares e umas festas clandestinas.

— O monitor sabe das festas clandestinas? - Elliot conseguiu achar graça, olhando para o distintivo de Albus.

— Essa coisinha aqui? - Ele riu e com uma mão apontando o distintivo, enquanto com a outra coçava o cabelo escuro e bagunçado. - Até me faz ser convidado para as festas realmente boas.

— Hogwarts é definitivamente um lugar diferente. - Elliot riu e o coração de Albus pulou outra batida. - Quando cheguei aqui colocaram um chapéu velho na minha cabeça e me falaram que eu era de sonserina e que minhas vestes estariam nas masmorras.

— É o chapéu seletor, todos nós passamos por isso lá no primeiro ano. - Albus disse quando recuperou o fôlego da risada que tinha dado. - Me desculpe, eu não estava rindo de você. É que nossa casa fica no andar mais baixo, por isso eles se referem as masmorras. Grifinória e Corvinal por exemplo ficam nas torres.

— Legal. - Elliot, murmurou seguindo Albus. - E porque o chapéu disse que eu era um de vocês?

— Hmm, porque ele vê nossas possibilidades, de que somos feitos e onde nos encaixamos. - Albus tentou explicar algo que seu pai tentara antes de ele ir para Hogwarts e morrer de medo de ir para sonserina. O desejo de ser igual e ao mesmo tempo completamente diferente do pai era algo que o assombrou por muitos anos e ainda o assombrava. - Vocês não têm um desses em Ilvermony?

— Na verdade não. - Elliot sorriu e Albus notou as covinhas em seu rosto. - Nós vamos para uma sala que tem quatro totens sagrados dos nossos fundadores e eles nos escolhem através das manifestações de tais totens. Depois o mesmo acontece com nossas varinhas, vamos para outro cômodo onde nossas varinhas nos escolhem.

— Isso é irado. - Albus exclamou. - Quer dizer que vocês não vão comprar varinhas e um mascote?

— Vocês têm animais aqui?

— Sim, eu tenho uma coruja e Scorpius, meu melhor amigo, tem um gato. - Albus continuava o guiando até a sala comunal.

— Em Ilvermony também não tínhamos monitores, era um lance mais democrático. - Ele deu de ombros enquanto Potter o olhava admirado.

— Parece um lugar legal, por que você saiu de lá? - Albus não conseguia aguentar a curiosidade.

— Meus pais disseram que eu precisava de mais disciplina. - Elliot sorriu torto e lançou uma olhadela significativa para Al. - Assim talvez eu ficasse longe de problemas.

Albus Potter imaginou se ele poderia ser o próximo problema de Elliot - e se Elliot ia querer ficar longe dele.

Em outro canto do castelo, Roxanne colocava suas tranças no alto da cabeça em um rabo de cavalo e passava um brilho labial. Não havia nada de errado em querer parecer mais arrumada para um amigo (já que aquilo não era um encontro). Iam apenas estudar juntos como fizeram nos últimos seis anos.

Era culpa de Rose que ela não tirava a nova possibilidade da cabeça e passara o dia inteiro pensando se seria possível. De certa forma, queria que fosse, entretanto não seria a pessoa a dar o primeiro passo. Minha nossa, já pensou se ela estivesse errada? Seria o fim de uma amizade de anos.

Se encontraram na biblioteca no quinto horário como combinado. Roxanne tinha chegado antes, estava sentada em uma mesa mais distante, perto da janela. Foi uma agradável surpresa quando ao invés de se sentar em frente a garota, John escolhera sentar ao lado dela.

— Você está bonita. - Ele disse timidamente. - Não que você não esteja sempre ou que...

— Obrigada. - Ela lhe sorriu um sorriso exuberante.

— Obrigado você por se dispor a me ajudar. - John retribuiu seu sorriso. - Eu gosto quando você usa o cabelo assim no alto, dá para ver melhor seu rosto e...

— E? - Roxanne mordeu o lábio inferior.

— E... - Ele coçou a garganta com o rosto em chamas. - E você é muito bonita.

— John, você queria realmente minha ajuda com Adivinhação? - Roxanne apertou os lábios em expectativa com sua voz bem baixa.

— Sim? - Ele a fitou com os olhos verdes próximos de seu rosto e as bochechas rosadas. 

— Tem certeza? - Ela sorriu e ele parou de respirar por um segundo. - Porque eu acho que não.

— Acha é? - Ele riu, encolhendo os ombros. - Nada te escapa mesmo, você é a pessoa mais inteligente que eu conheço.

— Por que você me chamou aqui, John? - Ela mal continha o sorriso, com uma mão em frente a boca.

— Para te ver. - Ele confessou olhando para os dedos que ele enrolava um no outro como em um tique nervoso.

Talvez Rose estivesse certa sobre tudo e John realmente gostasse dela. Isso a fez sorrir ainda mais.

— Eu queria a permissão para beijá-la, Roxanne. - Ingram a examinou com expectativa. - Se você não achar uma péssima ideia, é claro.

— Eu acho uma ótima ideia, John. - Ela sorriu e encostou os lábios nos dele.

Foi uma sensação diferente. Com dezessete anos de vida, nunca tinha sido beijada, nunca tocara os lábios nos de alguém e nunca sentira a língua de alguém que realmente gostava dela procurar a sua língua com desejo e paixão. Gostou de sentir o arrepio na pele e ao mesmo tempo um calor súbito, enquanto algo dançava em seu estômago numa sensação de dor prazerosa.

— Eu gostei disso. - Ela murmurou, recuperando o fôlego. - Eu acho que deveríamos experimentar isso de novo.

— Verdade? - Ele murmurou com o rosto corado e um enorme sorriso. 

— Uhum. - Roxanne balançou a cabeça em concordância. - Talvez não aqui onde todos estão nos olhando.

John levantou-se prontamente e com certo acanhamento estendeu a mão para Roxanne que, mesmo surpresa, entrelaçou os dedos nos dele.

— Tudo bem se fizermos isso? - Ingram a olhou com expectativa.

Ela aquiesceu e eles saíram de mãos dadas da biblioteca.

— Eu queria fazer isso há tanto tempo que você não imagina. - John sussurrou antes de encostá-la na parede do corredor e beijá-la novamente. - E isso também.

— Ah é? - Ela mordeu o lábio inferior.

— Com toda certeza. - John a beijou mais uma vez. - Eu não sei se você sabe, mas eu meio que gosto de você.

— É mesmo? Não tinha percebido. - Ela sorriu franzindo o nariz. - Eu meio que gosto de você também.

Sorrindo um para o outro saíram de mãos dadas pelos corredores de Hogwarts.

Em outro corredor, Scorpius fingia que não esperava Rose passar e quando ela finalmente passou sozinha, fingiu não notar que ela buscava uma rota de fuga.

— Você me encara durante todo o café da manhã e depois tenta fugir de mim nos corredores? - Scorpius disse, se aproximando dela.

— Eu não estava te encarando. - Ela murmurou defensivamente. - E, mesmo se estivesse, não significaria nada.

— Não? - Ele estava tão perto que ela podia sentir seu hálito mentolado em seu pescoço.

— Onde está Barbie, sua namorada loira e peituda? - Rose tentou mudar de assunto usando o seu tom mais displicente, porém sua respiração desregulada e seu coração acelerado a entregavam.

— Eu sei o que é uma Barbie, não precisava da descrição detalhada. - Malfoy sorriu, colocando uma mecha de cabelo ruivo atrás da orelha avermelhada de Rose. - Me parece que você está com ciúmes, Weasley, será possível?

— Eu? Com ciúmes de você? - Ela bufou girando os olhos.

— É o que parece. - Ele encolheu os ombros e encostou os lábios na orelha dela. Ficou feliz quando viu que ainda lhe causava aquelas ondulações na pele suave e em sentir sua respiração ofegante em seu pescoço.

— E-e-então você teve a impressão errada. - Ela falou se perguntando se seria errado passar os dedos entre aqueles cabelos arrumadinhos demais.

— Tem certeza? - Ele falou, mordiscando de leve o lóbulo de sua orelha.

Seu objetivo era apenas mostrar que eles eram ótimos juntos, que ela o queria tanto quanto ele a queria e que os dois poderiam fazer o que eles sempre fizeram e outras coisas a mais, como andar de mãos dadas e se encontrarem na luz do dia se ela simplesmente desse o braço a torcer que também gostava dele.

Mas quando a ouviu suspirar, seu plano foi por água abaixo. Não resistiu e a puxou em seus braços e beijou com a vontade que vinha sentindo há semanas. Ela finalmente enfiou os dedos por entre os fios loiros demais do cabelo dele enquanto enrolava as pernas em sua cintura e um braço em seu pescoço. Rose não gostava de admitir, mas era ali que ela gostava de estar.

Quando Scorpius ouviu a voz familiar de um monitor da Sonserina e também um sotaque americano suave conversando amenidades sobre algum outro lugar, desejou ignorá-lo. Depois desejou socá-lo pela primeira vez no dia. Por fim apenas se separou de Rose que, aturdida, precisou de alguns minutos para se recompor antes de murmurar:

— Isso não muda nada.

Scorpius a assistiu ajeitar sua saia e suas vestes e começar a subir as escadas.

— Eu sabia que não mudaria mesmo. – Murmurou, resignado.

Rose pensou em voltar e dizer para ele que não sabia ser a pessoa que ele gostaria que ela fosse, que ela não sabia ser a pessoa que resolveria todos os conflitos que viriam de um futuro relacionamento, que ela era péssima em ser romântica e fazer o que era esperado dela.  Ela sabia que de repente o melhor para ele fosse Barbie - ou Scarlet.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!