I see flowers through the window

I don't know why they remind me of you

'Cause your color is yellow

And that's the song that we played when we moved
Butterflys

Após 7 longas horas de escalas eu havia  pousado em Seattle, o sol começava a se por quando peguei um taxi rumo a Port Angeles, Durante as 2 horas de silêncio com o motorista gentil eu olhei pela janela do carro  as florestas temperadas úmidas do Olympic National Park (Parque Nacional Olympic) e a majestade do Mount Rainier National Park (Parque Nacional do Monte Rainier).

As lembranças de meus momentos com Jake surgiam como flashes, eu havia conseguido adormece-las nos últimos meses mas agora haviam despertado.

 — “Não ligue se ouvir algum dos moradores de Seattle dizendo que "a montanha saiu"- Disse Jake enquanto seguíamos de moto para um passeio em Seattle

— - O que significa isso? Perguntei.

  – Significa que é possível ver o nevado Mount Rainier, com seus 4.392 metros de altura, 161 quilômetros ao sul da cidade. – Respondeu ele diminuindo a velocidade da moto.

As lembranças me arrancaram um sorriso enquanto passávamos pelo Kerry Park (Parque Kerry), uma área verde de meio hectare na encosta de Queen Anne Hill, proporciona vista panorâmica do horizonte de Seattle, era a primeira vez que eu via aquela paisagem no cair da noite e ela era ainda mais deslumbrante à noite.

Chegar a Port Angeles fez com que as borboletas adormecidas finalmente acordassem, muito mais fortes e animadas, fazendo uma dança em minha barriga, eu contava ansiosamente os quilômetros que faltavam para estar em Forks acompanhando as placas da estrada, tive inúmeras vontade de roer as unhas, mas o esmalte estava tão bonito que lembrei que mesmo longe Megan surtaria com aquilo, ri baixinho e baixei a cabeça para que o motorista não me achasse uma doida varrida e então voltei a olhar pela janela.

O coração acelerou quando entramos em Forks, olhei para o celular e pelo horário o casamento já havia iniciado, mas eu não me importava em chegar apenas para a festa, Fiquei olhando pela janela em silêncio, senti um déjavú enquanto admirava a paisagem,  era lindo, eu não podia negar isso, o corredor da estrada era  era verde, rodeado de aquelas árvores, os troncos cobertos de musgo, os galhos que pendiam das copas, a terra coberta de samambaias. Suspirei o ar filtrado pelo verde das folhas. Eu havia sentido falta do verde para todos os lados, muito verde, então eu sorri, eu estava de volta para o meu planeta alienígena.

Mas as lembranças dos últimos meses também voltariam a me assombrar.

— Senhorita vamos chegar em 5 minutos – Disse o motorista pegando a estrada para a mansão dos Cullen.

Olhei para o homem e dei um tímido sorriso – Teria algum problema em ir em um lugar antes?

O motorista me olhou pelo retrovisor – Nenhum– respondeu ele – Para onde deseja ir antes?

— Sabe onde fica o cemitério de Forks?

— Sim, deseja ir até lá?

— Sim senhor!

O motorista concordou e virou na esquina mais próxima, o vibrar do meu celular chamou minha atenção por alguns segundos, era uma mensagem de Megan.

—“ Eu estou em Forks, não se preocupe estou bem”

Respondi guardando o aparelho na bolsa em seguida.

O veiculo parou e o motorista gentilmente saiu abrindo a porta do carro me ajudando a sair – A senhorita deseja que eu a acompanhe? Perguntou o homem enquanto me entregava o par de muletas.

— Não senhor – respondi– Não vou gastar mais de dez minutos.

— Tudo bem! Concordou ele encostando– se no carro.

Suspirei e caminhei passando pelo portão do cemitério, eu me senti como dentro de um filme de terror onde a mocinha vagava a noite no cemitério e os túmulos se abriam com os mortos despertando, ri de meus pensamentos macabros, se bem que era mais fácil aparecer um vampiro trazendo para a minha realidade, mas por alguma razão pela primeira vez eu não senti medo, lentamente caminhei olhando as lápides dos túmulos até finalmente encontrar o que buscava.

Josh Ulley, pai e amigo.

Fechei os olhos lembrando da noite em que ele havia sido pai, dos poucos momentos que eu pude conhecê–lo, me perguntei se as coisas poderiam ser diferentes se tivéssemos nos conhecido longe de Forks, mas as vezes o destino era algo que não conseguíamos entender e por isso sempre perguntávamos, e se?

— Oi Josh – murmurei diante de seu tumulo – eu estou de volta, eu...algo aqui dentro pediu para eu vir ver você, nós não conseguimos nos conhecer como deveria ter sido mas, obrigada, pelo que fez.

Olhei para o tumulo ao lado e havia um buquê de rosas brancas, não estavam murchas o que significava que haviam sido deixadas a poucas horas, dei alguns passos e com cuidado me abaixei retirando apena uma rosa – Me desculpe eu preciso de uma– Falei ao olhar para o tumulo desconhecido e retirar a rosa.

Me apoiei nas muletas me levantando e deixei a rosa sobre o tumulo de Josh, suspirei e dei as costas caminhando com cuidado na direção do portão onde o motorista me aguardava, precisava me apressar ou não chegaria a festa antes de minha irmã embarcar em sua lua de mel.

Após entrar no veiculo finalmente seguimos para a mansão, e as benditas borboletas dançaram ao som da musica quando o carro finalmente estacionou.

— O senhor pode deixar as malas...

— Carlie?

Seth me olhou  com uma expressão de surpresa ao me ver, imediatamente o garoto correu ao meu encontro – Carlie que bom que voltou! Disse ele enquanto me puxava para seus braços quentes tirando meus pés do chão.

— É muito bom ver você também Seth.

Sai dos braços de Seth e virei meu corpo na direção do motorista que deixou as minhas bagagens ao meu lado e entreguei um envelope a ele, havia uma quantia em dinheiro que deveria ser o suficiente para pagar as horas de viagem.

— Nossa senhorita, mas tem o dobro do valor.

— É a gorjeta– respondi sorrindo.

O motorista olhou para a mansão – bem para quem mora nesse lugar deve ser uma gorjeta mesmo, obrigado! Disse o homem se despedindo e retornando para seu carro.

Seth pegou minhas bagagens e caminhamos pelo jardim da mansão – Me diga como ele esta? Perguntei tentando me preparar para meu encontro com Jacob, embora não tivesse certeza que ele estaria naquele casamento.

— Ele ficou bem mal – respondeu Seth – ficou em sua forma de lobo esses meses.

— Está dizendo que ele ficou como lobo?

— Você não sabe como é doloroso– explicou Seth– eu sei porque eu vi.

Meu coração apertou, eu sabia que ser o imprinting era algo muito forte, mas jamais havia imaginado o tamanho e a grandiosidade daquilo, a culpa me dominou – E sabe onde ele está agora?

— Não mas...

— Carlie!

A voz de Charlie o interrompeu se misturando ao som da musica, meu pai caminhou apressado com um sorriso no rosto e me abraçou forte contra seu peito – Como é bom ver você filha – Disse ele em um tom de emoção.

— Eu senti sua falta também.

— Vou por as malas em algum lugar! Disse Seth nos deixando a sós.

Os lábios de Charlie pousaram em minha testa e seus olhos se fixaram nos meus – Diz pra esse velho que não vai mais embora.

Sorri largamente ao ver as lagrimas em seus olhos – Eu não pretendo ir a lugar algum.

Charlie sorriu beijando novamente minha testa, em seguida passou um dos braços em volta dos meus ombros me ajudando a caminhar – Sua irmã ficará muito feliz – Disse ele enquanto seguíamos entre os convidados – ela não parou de falar em você durante a noite, o engraçado que Reneé disse com absoluta certeza que você viria.

— Mamãe tem as suas razões para ter certeza.

Charlie me olhou desconfiado – O que Reneé aprontou?

— Ela teve um aliada! Respondi rindo.

As sobrancelhas de Charlie se ergueram – Eu até imagino.

Rimos juntos enquanto cortávamos o salão, quando os olhos de Reneé encontrou nós dois ela correu vindo ao nosso encontro me recebendo com um abraço – Eu sabia que mudaria de ideia meu amor.

— Porque será mamãe?

Charlie sorriu – E Bela onde esta?

— Ela esta com Edward – Respondeu mamãe– Sua irmã ficará tão feliz meu amor, ela disse que só faltava você para a felicidade dela ser completa.

— Bom à felicidade completa chegou! Respondi.

Mamãe e eu caminhamos pelos convidados procurando pelo casal enquanto eu era apresentada a alguns amigos, eu não precisei ter faro de lobo para saber que eles eram imortais, enquanto procurava por Bella meus olhos pararam sobre Billy Black – Se encontrar minha irmã eu estarei ali – falei a Reneé olhando para Billy e segui na direção dele.

— É muito bom ver você filha– Disse o velho Billy como sempre gentil.

— Eu sinto muito, eu sei que eu...

— Nessie você é livre, o fato de Jacob ter tido sua impressão com você não a aprisiona a ele e ele sabe disso – Explicou o velho segurando minha mão.

— Ele está aqui– Disse Seth aproximando–se e parou ao lado da cadeira de rodas de Billy – No jardim dos fundos.

Um largo sorriso se formou em meus lábios, mesmo usando muletas eu consegui apressar meus passos e cortar o salão onde todos dançavam animados e felizes sem imaginar que se um grande grupo ali presente perdesse o controle seria um mar de sangue, mas pela primeira vez nada daquilo importava.

Ouvi a voz de Reneé mas ignorei enquanto me afastava da pequena multidão dando a volta pela casa, quando alcancei uma distancia pude vê–los, Bella dançava com Jake e Edward os observava.

Dei mais alguns passos mancos na pequena escuridão e ambos olharam para mim.

E meus olhos encontraram os olhos de meu Jacob.

E as borboletas dançaram novamente.