New Moon - A outra Swan escrita por Liz Black, Alina Black


Capítulo 2
Crise familiar




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Eu me movi na minha cama e bocejei, por um breve momento imaginei que tudo não tivesse passado de um sonho e que eu estivesse em minha grande e confortável cama em Phoenix, até eu rolar um pouco mais, houve um imenso barulho e Charlie passou pela porta desesperado enquanto eu tentava me levantar do chão.

— Que mer- Controlei a língua a sentir a sua mão segurando meus braços.

— Você está bem? Ele perguntou com um semblante de preocupação.

— Desculpe, não queria assustar você! Respondi enquanto era sentada em minha pequena cama por ele.

Olhei pela janela e o céu não estava mais preto do lado de fora, em algum lugar por trás das nuvens de chuva, o sol começava a nascer – E a Bela? Perguntei deixando os lençóis sobre a cama.

— Ela esta melhor! Ele respondeu acariciando minha mão e se levantou da cama, eu bocejei mais uma vez e então finalmente me levantei, apesar de ainda ser bastante cedo não teria como dormir, resolvi ver se eles precisavam de alguma coisa, mas o que encontrei ao me aproximar das escadas foi Bela e Charlie em uma calorosa conversa, eu fiquei em pé com uma das mãos no corrimão olhando para eles.

— Quero saber se Edward deixou você sozinha no meio do bosque — insistiu Charlie.

— Foi minha culpa. Ele me deixou aqui na trilha, à vista da casa, mas eu tentei segui-lo.

Charlie começou a dizer algumas coisas, aqueles sermões de pai e filha, Bela subiu as escadas correndo me atropelando pelo caminho, eu me segurei para não ser jogada de cima da escada e ouvi o bater da porta do quarto logo em seguida.

— Ela está em uma fase difícil! Charlie falou ao me ver descer as escadas – A idade! Completou.

— Ela não fez dezoito a uns dias atrás?

As bochechas de Charlie inflaram e ele respirou – Vou preparar o café, você tem escola! Ele desconversou.

Não faziam nem 24 horas que eu estava em Forks e as coisas não pareciam tão ótimas quando Reneé havia me dito, Bela não parecia feliz e eu estava perdida, subi as escadas e ao passar na frente da porta do quarto de Bela pensei em bater e perguntar se ela estava bem, mas desisti e fui para o banheiro cuidar da minha higiene pessoal.

Durante o café com Charlie ele manteve-se em silêncio, o assunto Bela ainda estava o preocupando, comecei a acreditar que havia escolhido um péssimo momento para vir para Forks, quando finalmente terminamos Charlie me entregou uma chave – Espero que goste, seu presente de boas-vindas.

Eu sorri pegando a chave da mão dele – Um carro?

— Bom, na verdade é uma picape

— Quando comprou? Perguntei curiosa.

— Lembra do Billy Black, de La Push? La Push é a pequena reserva indígena no litoral.

— Não! Franzi as sobrancelhas

— Ele costumava pescar com a gente no verão.

— Deve ser por isso que não lembro, eu só tinha um ano! Estava explicado por que eu não lembrava dele.

— Ele agora está numa cadeira de rodas, não pode mais dirigir, e ofereceu a picape por um preço baixo, quando Bela chegou eu comprei uma para ela, e quando sua mãe me falou que também viria ele me ofereceu a outra que ele tinha, apesar de ter uns anos, ela é boa, Billy trabalhou muito no motor, a vermelha é a da Bela, a sua é a azul.

Charlie se levantou e me desejou boa sorte na escola dando um sorriso e ele saiu primeiro para a delegacia, que era sua esposa e sua família. Depois que ele partiu, permaneci sentada à velha mesa quadrada de carvalho, em uma das três cadeiras que não combinavam, e examinei a pequena cozinha, com as paredes escuras revestidas de madeira, armários de um amarelo vivo e piso de linóleo branco, como não queria chegar atrasada no meu primeiro dia vesti meu casaco e decidi enfrentar a chuva.

Realmente havia duas picapes estacionadas a frente da cama, torci os lábios cobrindo meus cabelos com o capuz e corri na direção da porta da azul.

Dentro da picape estava agradável e seco. Billy, ou Charlie, obviamente tinha feito uma limpeza, mas os bancos com estofado caramelo ainda cheiravam levemente a tabaco, gasolina e hortelã. Para meu alívio o motor pegou rapidamente, mas era barulhento, rugindo para a vida e depois rodando em um volume alto.

Não foi difícil encontrar a escola, embora eu nunca tivesse ido lá. Como a maioria das outras coisas, ficava perto da rodovia, e não parecia uma escola, o que me fez reconhecer foi a placa Forks High School, o local era um conjunto de casas iguais, construídas com tijolos marrons rodeadas de tantas árvores e arbustos que no início não consegui calcular seu tamanho, ri baixinho ao me perguntar onde estavam as cercas de tela, os detetores de metal?

Após estacionar na frente do primeiro prédio me dirigi a secretaria, era uma sala dividida ao meio por um balcão comprido, abarrotado de cestos de arame cheios de papéis e folhetos de cores vivas colados na frente com três mesas atrás do balcão, uma delas ocupada por uma ruiva de óculos. — Posso ajudá-la?

— Oi, meu nome é Carlie Swan!

— Ah claro! disse ela, pegou uma pilha de documentos na mesa até encontrar o que procurava. — Seu horário está bem aqui, e há um mapa da escola. – Ela falou me entregando algumas folhas.

Eu agradeci saindo da sala.

Quando voltei à picape, outros alunos começavam a chegar. Dirigi pela escola, e me senti feliz em ver que os carros, em sua maioria, eram mais velhos que o meu, nada chamativo. Em Phoenix, eu morava em um dos poucos bairros de baixa renda incluídos no distrito de Paradise Valley. Era comum ver um Mercedes ou um Porsche novo no estacionamento dos alunos.

Mantive a cara escondida pelo capuz ao andar para a calçada, até finalmente localizar o prédio 1, a sala de aula era pequena. As pessoas na minha frente pararam junto à porta para pendurar os casacos em uma longa fileira de ganchos e após eu entregar a caderneta a professora de cabelos grisalhos ela me pediu para que eu sentasse na ultima cadeira, eu agradeci por ela não pedir que eu me apresentasse.

Alguns garotos olharam para mim e eu fingi não ver.

Quando tocou o sinal, uma buzina anasalada, um garoto se inclinou para falar comigo – Você é Carlie Swan não é?

— Pode me chamar de Nessie! Respondi.

— Muito prazer eu sou o Bruce!

Eu sorri gentilmente e enquanto eu caminhava entre as cadeiras outras duas garotas se aproximaram – Oi, você é a garota nova, prazer sou a Megan e essa é a minha amiga Ligia.

— Nessie! Sussurrei.

— A nova Swan! Bruce falou sorrindo.

Pegamos nossos casacos e fomos para a chuva, que tinha aumentado. Eu podia jurar que várias pessoas atrás de nós se aproximavam o bastante cochichando o meu nome. Esperava não estar ficando paranoica.

— E aí, isto é bem diferente de Phoenix, não é? — perguntou Bruce.

— Muito.

 — Não chove muito lá, não é?

— Três ou quatro vezes por ano.

— Puxa, como deve ser isso?

— Ensolarado — Respondi.

— Você é tão branquinha!

— Minha irmã e eu quase nascemos albinas!

Bruce riu.

Depois disso eles não desgrudaram mais de mim, ao menos os três eram engraçados e eu até que me divertir com a companhia deles.

Quando todas as aulas terminaram eu me despedi de Bruce, Megan e Ligia, e fui entregar a minha caderneta assinada. — Como foi seu primeiro dia, querida? — perguntou a recepcionista num tom maternal.

— Bom — Respondi dando um sorriso.

— Que ótimo, fico feliz por você.

Me despedi e fui para a picape, era quase o último carro no estacionamento, dei um longo suspiro pelo primeiro dia naquele lugar ter finalmente terminado, mas não havia sido tão ruim, senti que o frio havia aumentado e virei a chave e o motor rugiu. Voltei para casa, ao menos no primeiro dia eu havia sobrevivido.

Eu subi na cadeira levantando o celular no meio da cozinha tentando conseguir um sinal, Charlie havia pedido uma pizza para o jantar e Bela continuava trancada em seu quarto, quando a pizza finalmente chegou eu coloquei dois pedaços em um prato e subi as escadas levando para ela – Bela, eu posso entrar? Perguntei ao bater a porta, girei a maçaneta e a porta estava aberta.

Dei alguns passos entrando no quarto e vi Bela sentada no chão de madeira liso, eu estreitei meus olhos e me sentei ao lado dela deixando o prato a sua frente – Eu não sei o que está acontecendo, mas não quer conversar comigo? Mas ela nada respondeu, escondeu o rosto entre os joelhos e carinhosamente eu subi uma das mãos aos seus cabelos, Bela estava diferente, era como se sua alma tivesse sido arrancada de seu corpo, comecei a entender Charlie, aquilo era preocupante.

E durante meus quatro primeiros meses em Forks eu a vi assim, dividida em seus pesadelos noturnos e seu exílio diário, estava insuportável para Charlie vê-la assim, estava insuportável até mesmo para mim.


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