Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 15
A Calmidade Antes Da Tempestade - Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Era pra esse capítulo ser um pouco maior, mas meu pc quebrou e meu celular é péssimo pra escrever, então o próximo capitulo vai demorar um pouco mais :/
Espero que gostem ♥



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P.O.V Nard

 

Já havia se passado um dia e eu ainda conseguia sentir a minha espada nas costas do ciclope. Por mais que eu fosse um dos melhores lutadores do Acampamento, matar algo é estranho. O assassinato deixou uma marca em mim, algo que nunca pensei que fosse experienciar. 

Meu braço latejava tanto que eu passei a ignorá-lo, mesmo com as pontadas de dor vindo dos pontos. Uma gaze improvisada estava enrolada nos pontos e estancava um pouco do sangue que saía de lá. 

Pisquei rapidamente para voltar à realidade e observei meus arredores. Eu estava sentado em um banco de um estande do campo de treino, e na minha frente vi Nick e Aylee treinando. O sol de meio dia brilhava sobre nós, não deixando nenhuma sombra pelas árvores, e eu começava a suar pelo calor.

Era um pouco estranho uma espada dupla ir contra uma lança, o que causou algumas situações engraçadas, mas eles pareciam estar se divertindo. Ele estava usando uma calça preta e a camisa do Acampamento, enquanto ela usava um short curto e uma camisa cinza, e eu estava com minhas luvas, ignorando a ardência dos meus dedos, um short verde e a camisa do Acampamento.

“Ei, Nard!” ouvi Nick gritar. “Que foi?” respondi, também gritando um pouco. “Tá ligado os novos moleques?” ele perguntou, mencionando os Campistas novos, todos abaixo de 14 anos. Acenei a cabeça em aprovação e ele perguntou: “Tu pode treinar eles daqui a uns 10 ‘min’?”. Suspirei em cansaço, mas disse que sim.

Me levantei com dor e comecei a andar para o outro lado do campo de treino, vendo outros campistas treinarem e jogarem baralho nas mesas, além de algumas eventuais “bitoquinhas” entre eles. 

Quando cheguei no outro lado, os novos Campistas já estavam esperando por lá. Todos tinham em volta de 12 anos, e caras curiosas, levemente inquisitivas. “Bom dia, sangues novos!” eu disse, tentando ser o mais animado possível. Eu me dava bem melhor com os moleques mais novos do que com os de minha idade, já que os mais jovens eram mais fáceis de fazer rir.

“Antes de começarmos, alguém tem alguma pergunta, alguma ‘dúvida crepitante’ e quer saber logo?” perguntei, tentando falar brincando. Praticamente todos eles levantaram a mão, e apontei para um deles em aleatório. “É verdade que você ouve vozes?” ele perguntou, o que causou todas as outras mãos baixarem.

Fiquei em silêncio, não sabendo o que responder, até que uma voz em minha esquerda disse: “Aqueles que só vieram pra saber informações pessoais do meu irmão, por favor saiam”. Me virei em direção e vi Hanna parada lá.

Eu queria correr em direção à ela e abraçá-la, tanto por ela ter me tirado da situação, quanto por eu não ter visto ela por todo esse tempo, mas me controlei. Apenas um Campista ficou, e vi que era o que não levantou a mão. “Nome e pronome?” perguntei, me abaixando um pouco. “Gray, elu/delu”, respondeu, corando um pouco.

Elu estava com a camisa do Acampamento caindo um pouco nos ombros, provavelmente por ser 3 tamanhos acima do próprio. Além disso, elu usava uma calça leggings azul e sandálias pretas. Pedi para Gray esperar um pouco, para eu poder falar com Hanna, e elu concordou rapidamente.

“Eu tava com saudade, big sis” eu disse, relembrando do apelido que dei a ela quando éramos menores. “Eu também, big bro” ela respondeu, usando a versão dela do apelido e me abraçando. Ela estava com uma camisa verde, que parecia estar um pouco apertada, e sua clássica combinação de minissaia azul em cima de calças legging preta, e parecia ter passado perfume.

“Você por acaso tá indo pra um encontro?” perguntei brincando, com um fundo de verdade. Ela foi pega de surpresa e corou um pouco, mas escondeu e logo depois concordou. Botei minhas mãos nas minhas bochechas e abri a boca em uma reação propositalmente exagerada e disse: “A Hanna conseguiu namorar?!”, brincando. Ela riu e me deu um soquinho no ombro.

“Não precisa me falar quem é, mas pelo menos me fala de qual Cabana o ser humano é” eu disse, um pouco implicante. “Você vai me sacanear muito se eu falar” ela respondeu, abaixando um pouco a cabeça, tentando disfarçar o riso. “Vou mesmo, agora fala” respondi, pressionando ela. “Hermes”, ela murmurou e não me controlei. Caí na risada e falei “Mentiraaaaa” em tom sarcástico. Ela fechou a cara, mas logo depois respondi “Relaxa, eu já beijei metade de Afrodite, eu não tenho argumento”, tentando melhorar o humor dela. 

“Até daqui a pouco” ela disse, ainda um pouco vermelha. “Inté” respondi, me virando para ver Gray esperando. “Desculpa, fazia um tempo que eu não via ela”, eu disse, e elu simplesmente concordou com a cabeça.

“Então, qual tipo de arma tu quer aprender? Espada normal, duas espadas que nem eu, espada dupla que nem o Nick, lança como a Aylee..?” perguntei e elu ficou pensativu por algum tempo, mas logo depois respondeu “Duas espadas”. Abri um sorriso e disse: “Ótima escolha”

 

Algum tempo depois

 

Depois de um exaustivo treino com Gray, saí do campo de treino e fui em direção ao refeitório. Vi Nick e Rogelio embaralhando um baralho e notei que Aylee estava sentada em uma mesa próxima, observando Rogelio. “Bora truco?”, falei, me sentando na mesa. “Bora”, Nick falou, e Rogelio parecia estar distraído devolvendo o olhar de Aylee. “Aylee, bora junto!” gritei, a pegando de surpresa.

Enquanto Nick e Rogelio tinham roupas quases iguais, uma camisa do acampamento e uma calça, Aylee vestia uma jaqueta jeans e uma saia longa, em contraste com as roupas de mais cedo. Ela se sentou e começamos a jogar, rindo e berrando, o que causou alguns olhares se virarem para nós. 

Após vários jogos, consegui ganhar junto com Aylee, e vi Nick fechar a cara. Depois de uma troca de cumprimentos e risadas, saí e fui em direção ao rio. Fiquei surpreso ao ver Maggie e Aurora abraçadas em uma das margens, com os pés no lago. Elas estavam em completo silêncio, provavelmente aproveitando a companhia uma da outra, e decidi não atrapalhar o momento delas.

Me afastei um pouco, indo em uma margem um pouco mais próxima da floresta, e me sentei, tirando meus sapatos e colocando meu pés descalços na água. Consegui ver minha reflexão na água, e sorri ao ver um peixe passar por baixo de minha reflexão. Enquanto eu apreciava minha própria imagem, como se eu fosse um filho de Afrodite, minha reflexão começou a se distorcer.

Minhas feições começaram a se distorcer, dando lugar à reflexão de um dos bullies do orfanato, Greg. “Não sei porque você ainda tenta”, ele disse, e olhei para minha barriga com uma certa tristeza. Esfreguei os meus olhos, e ao invés de a reflexão sumir, ela foi substituída pelo rosto vampiresco do Sr. Kretz.

“É só colocar pra fora… Se você vomitar, você não engorda… Mas claro que você sabe disso, alguns anos atrás você fazia isso não é mesmo?”, ele disse, me lembrando de um dos meus primeiros anos no Acampamento, em que eu vomitava o que eu comia em uma tentativa desesperada para emagrecer.

“Você não sabe de nada”, respondi, pegando meus comprimidos no meu bolso. Tomei logo três de uma vez, e me levantei, sem querer saber se a reflexão sumiu ou não, e olhei novamente para a minha barriga.

Mesmo com a escassa comida do orfanato, sempre fui o mais pesado entre os meninos. Depois de algum tempo, descobri que era por uma coisa chamada “hipotireoidismo”, que deixava o meu metabolismo mais lento. Mesmo assim, todas as vezes que algum adulto vinha para o orfanato em busca de alguém para adotar, eu comia toda a comida “de verdade” que nos era dada, às vezes até roubando da cozinha.

Afastei os flashbacks da minha cabeça. e continuei andando, olhando depressivamente para minha barriga. Enquanto eu andava, passei em frente à Casa Grande e vi Quíron na porta, me chamando para entrar. Sabendo que eu não poderia recusar o convite, entrei na Casa.

Fiquei um pouco surpreso ao ver Hanna sentada em uma mesa, mas logo depois sentei do lado dela. “Como foi?” sussurrei, enquanto Quíron tentava achar um lugar para se apoiar. Ela deu um grunhido incompreensível, e logo respondi “Tão ruim assim?”, em parte para irritá-la, em parte para tentar fazê-la rir, o que não funcionou. 

"Bom, acho que vocês já sabem porque vocês estão aqui" Quíron disse.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem seus comentários(por favor, eu preciso de atenção aaaa)