A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 32
Passados iguais.




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            Tão logo o sol nasceu, Annelise despertou com o gorjear dos pássaros e o canto do galo. Apesar de ter dormido pouco, parecia revigorada. De fato, dormira muito bem! Talvez, melhor do que nunca. Ela suspirou, afastando o sono de seus olhos, com as mãos. Bocejando um pouco, enquanto se espreguiçava.

            Ainda podia sentir os braços de Lysandre envolvendo por trás, seu corpo desnudo. Apesar de dormir profundamente, o rapaz ainda a abraçava junto a si, mantendo os corpos colados.

            Ela se virou, tomando o máximo de cuidado possível, para não o acordar. Afinal, ele parecia tão sereno... Podia até mesmo vislumbrar, um sorriso discreto nos lábios do rapaz, que dormia em uma paz inabalável. Se pudesse, Annelise passaria o resto do dia, o vendo dormir. Porém, precisava se levantar, para começar a fazer os trabalhos daquele dia.

            Deu um beijo carinhoso na testa do namorado, começando a se afastar dele bem lentamente, para que não acabasse despertando. E, tão logo conseguiu sair dali, foi se vestir, deixando-o adormecido.

            Quando Lysandre acordou, esticou o braço sobre a cama, procurando por Annelise. Estranhou ao não encontrá-la deitada ao seu lado. Afinal, imaginava que ela ainda estaria dormindo. Mas, ao se dar conta de que o outro lado da cama estava vazio, acabou ficando um pouco confuso.

            Sentou-se na cama, procurando por seu relógio, sobre a mesinha de cabeceira. Sobressaltou-se ao ver que já eram quase oito horas da manhã. Já deveria ter se levantando há pelo menos duas horas atrás! Estava atrasado para começar os trabalhos do dia! Levantou-se rapidamente, procurando por suas roupas. Precisava se vestir o mais rápido possível.

            Quando ele saiu do quarto, desceu rapidamente as escadarias da casa, ainda procurando pela namorada. Não podia negar que ficara um pouco preocupado, quando não a encontrou na cama, ao acordar. — Annelise? — O rapaz chamava, enquanto começava a procurá-la pelos cômodos da casa. Ela não parecia estar em lugar nenhum! Olhou na sala de estar, sala de jantar, o banheiro, quarto do Leigh... Não conseguia encontrá-la, isso o estava deixando ainda mais preocupado.

            Foi então, que sentiu um cheiro agradável, vindo da cozinha. Como se alguém tivesse acabado de preparar o café da manhã. E, de fato, ao chegar ao cômodo, encontrou a mesa posta com bolinhos, ovos, e suco em uma jarra sobre a pequena mesa redonda, que havia ao centro da cozinha.

            Lysandre arqueou a sobrancelha, ao ver que o café da manhã já estava pronto. Porém, ainda não havia sinal algum de Annelise. Se perguntava onde ela teria ido, já que parecia ter desaparecido no ar.

            Abriu a porta da cozinha, que daria para os fundos da casa. Ainda estava bastante intrigado com o sumiço da garota. Afinal, ela não conhecia a fazenda! Tinha medo que acabasse acontecendo alguma coisa.

            Porém, ficou totalmente estupefato, ao finalmente encontrá-la. Não acreditava no que estava vendo! Ela estava mesmo fazendo aquilo? Não conseguia crer! Não conseguiu conter o sorriso discreto, enquanto via a silhueta da namorada, de costas para si.

            Era uma surpresa e tanto, a de encontrar Annelise alimentando as galinhas, parecendo fazer aquilo de modo tão natural. Era como se já o tivesse feito antes, pois ela sabia exatamente o que estava fazendo.

            A garota chamava as galinhas, que vinham cacarejando, correndo para perto de si, enquanto ela jogava milho. Lysandre cruzou os braços, ainda sorrindo de canto enquanto observava a cena. — Bom dia, Annelise. — Ele disse, ainda parado próximo a porta dos fundos.

            Ao ouvir a voz do namorado, a moça se virou para fitá-lo, esboçando um sorriso amplo. — Bom dia, amor! Você dormiu bem? — Ela perguntou, ainda jogando milho para as galinhas, que a rodeavam totalmente afoitas, batendo as asas e ciscando ao solo, enquanto os bicos devoravam aos grãos amarelos.

            — Perfeitamente bem. — Ele respondeu. — Só estranhei não vê-la ao meu lado, quando acordei. — Lysandre completou.

            — Desculpe, é que você estava dormindo de forma tão tranquila, que não quis acordá-lo. — A moça afirmou, tornando a atirar mais um punhado e milho às galinhas.

            — Não teria problema se me acordasse. Mas, agradeço sua gentileza. — Lysandre disse, ao se aproximar um pouco. — Eu nunca imaginei que algum dia a veria fazendo isso. — Ele comentou.

            — Isso o quê? — Annelise indagou, um tanto confusa.

            — Alimentando as galinhas. — Lysandre respondeu. — De fato, estou surpreso. Parece ter prática. — Ele comentou novamente, ainda um tanto admirado.

            — Ah, isso? Não é nada! Eu costumava a alimentar as galinhas, quando era criança. — Annelise respondeu, em tom gentil. — Não foi o único criado em uma fazenda, sabia? — Ela riu um pouco, ao virar o rosto para fitar o namorado.

            — Mesmo? Você também foi criada no campo?! — Lysandre agora pareceu ainda mais surpreso do que outrora. Não conseguia imaginar Annelise vivendo longe da cidade grande. De fato, imaginava que ela jamais tivesse saído da metrópole.

            — Sim, mesmo! Quando eu era criança, fui morar com meus avós, já que meus pais viajavam muito e não podiam me levar sempre. Vovô e vovó, moravam em uma fazenda no interior da Georgia. Era um lugar lindo! Com um pomar enorme! Um riacho na propriedade, muitos animais e eu até tinha minha própria horta. Eu alimentava as galinhas, tirava leite da vaca, levava o gado para o pasto, ajudava meu avô a arar a terra... Aprendi a fazer de tudo. Morei com eles até meus treze anos, quando eles morreram. Primeiro foi meu avô, e depois minha avó. Então meus pais vieram me buscar e me levaram para a cidade. Mas, confesso que sempre senti falta da vida no campo.  — Havia todo um saudosismo, no modo como Annelise se referia a sua infância no campo. De fato, estar na fazenda de Lysandre, lhe remetia a um passado do qual sentia imensas saudades.

            Lysandre sorriu de canto, ao ouvir o relato da namorada. Annelise não cansava de surpreendê-lo positivamente. Não podia negar que era bom saber que ela estava habituada a vida no campo, pois isso significava que para ela não seria nenhum sacrifício estar ali com ele. Afinal, Lysandre não queria forçá-la a algo que não gostava, de modo algum.

            Mais do que nunca, ele sentia que havia escolhido a mulher certa, com quem viver. Eles eram iguais! Pareciam feitos um para o outro. Poderia ver claramente, que Annelise conseguiria viver com ele na fazenda, sem a menor dificuldade, mesmo que fosse por apenas três dias por semana.

            Quando Annelise terminou de alimentar as galinhas, se virou para o namorado que ainda a observava, parado um pouco mais próximo. Notou que ele parecia pensativo, ou no mínimo distraído. O que, por sinal, não era nenhuma novidade. Lysandre sempre parecia estar em órbita.

            — Lysandre? — Annelise o chamou, fazendo com que o rapaz saísse de seu devaneio. Não era raro que ele acabasse ficando perdido em seus pensamentos.

            — Ah, perdão. Acabei me distraindo um pouco, ao vê-la cuidar das galinhas. — Ele respondeu, esboçando um sorriso pálido.

            Annelise riu ao ouvir o comentário dele. De fato, ele continuava o mesmo rapaz por quem se apaixonou na época da escola. — Você está sempre distraído. — Ela comentou, ainda em tom divertido. Logo, deu um selinho breve nele. — Você já tomou café da manhã? — Ela indagou, ao afastar os lábios dos dele.

            — Não, eu saí para te procurar e acabei não comendo. — Lysandre respondeu.

            Annelise arqueou a sobrancelha ao ouvir a resposta dele. Não gostara de saber que o rapaz ainda estava em jejum. — Então vá comer! Hoje temos muito o que fazer, o sol já está esquentando e não faz bem se esforçar no calor, de estômago vazio. — Ela praticamente ordenou, mesmo que buscasse expressar o tom mais carinhoso possível, em sua voz. Não queria que o namorado acabasse passando mal, já que sabia que o serviço que ele faria, seria pesado.

            De fato, Annelise estava certa. O dia seria extremamente corrido! Lysandre teria de arar a terra, continuar a reconstrução do celeiro, dar uma olhada na plantação de milho... Eram várias tarefas, com o tempo reduzido, já que dormira demais. De fato, precisaria reabastecer suas energias para o dia puxado que teria. Mesmo com a ajuda dela e do capataz que cuidava da fazenda em sua ausência, ainda eram tarefas demais para um dia só. 

            Era adorável ver como Annelise se preocupava com seu bem-estar. Por muito tempo, ele se acostumou a viver sozinho. Mas, agora que ela estava ao seu lado, sabia que a solidão não seria mais sua velha amiga.

            Ele sorriu de canto, tomando mais proximidade da garota. Ainda achava gracioso o fato de ela agir de modo tão preocupado. — Sim senhora! — Lysandre disse, em tom brincalhão, antes de agarrar a cintura da namorada, beijando-lhe brevemente. Logo, afastou-se dela, indo em direção à cozinha. Não podia negar que estava feliz, por ter alguém que cuidasse dele. Viver sozinho naquela fazenda nos últimos anos, fora melancólico demais. Mas, agora que Annelise estava ali, sentia-se feliz novamente.


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