—Tudo bem! Disse Seth pegando o telefone – não é a primeira vez em que você vê isso Seth! Ele repetia em sua mente perturbada enquanto me olhava com o aparelho encostado em seu ouvido, Seth sabia que eu estava lendo seus pensamentos, por trás de sua tranquilidade aparente havia o desespero, após o terceiro bip alguém atendeu o telefone – Alô, Carlisle...disse ele engasgando-se em suas próprias palavras.

Eu ignorei a conversa de Seth e meu avô e lentamente me levantei do sofá caminhando na direção do quarto e parei diante de um grande espelho que lá havia, o inchaço em meu abdômen me paralisou, levei uma das mãos até o ponto mais alto e o toquei, não sei o tempo certo que fiquei perdida naquela imagem, mas os pensamentos de Seth que me observava em silêncio encostado na porta me irritaram.

—Isso não pode ser sério.

— Droga! Murmurou ele ao perceber que havia pensado demais.

— Você acha isso? Eu perguntei em um tom possesso de voz – Tem um monstro dentro de mim?

— Eu não quis...

—Mas pensou Seth! Falei em um tom exaltado de voz, dei alguns passos me aproximando da cama e me sentei, imediatamente Seth se ajoelhou a minha frente.

—É diferente! Murmurou ele – Claro que você não é um monstro, não foi isso que eu quis dizer sobre o que tem dentro de você.

Meus olhos se estreitaram – pare de pensar somente em não me perder Seth, nós sabemos o que tem aqui, é um bebê.

— Bebês não crescem em vinte e quatro horas! Disse ele se levantando.

— Eu tenho oito anos!

Seth se calou.

— Eu acho que precisa arrumar as malas! Eu murmurei.
Seth nada disse, apenas concordou com a cabeça e saiu do quarto.

É incrível como tudo pode mudar em questão de vinte e quatro horas, Seth estava perdido com o medo do desconhecido, e apesar do meu aborrecimento eu o compreendia por que eu me sentia exatamente como ele, eu havia nascido de uma gravidez diferente e inesperada, mas as coisas haviam se invertido, eu era a vampira e Seth um lobo, nenhum de nós éramos humanos, não humanos normais, portanto o que estava dentro de mim era uma grande interrogação.

Enquanto Seth terminava de arrumar as malas eu vesti um moletom folgado e fui para sala, eu sabia que Seth tinha saído para o cais para deixar as malas no barco, não demorou para que ele retornasse e se encostasse na porta da sala.

— Eu já preparei tudo! Ele disse em um tom envergonhado.

—Obrigada! Respondi me levantando do sofá, ao passar por ele Seth me puxou passando um dos braços em volta do meu ombro, eu não rejeitei seu gesto apesar de todo meu aborrecimento.

Durante as horas de retorno para Forks nós trocamos poucas palavras, eu dormi a maior parte do tempo, pela primeira vez eu senti cansaço, quarenta e oito horas após meu casamento eu havia conhecido inúmeras sensações até então desconhecidas para mim.

Quando o carro finalmente estacionou diante da mansão meus pais vieram ao meu encontro, era manhã e o sol começava a aparecer escondido entre as nuvens do conhecido clima nublado, Carlisle apertou o ombro de Seth de uma forma amigável enquanto entravamos na casa.

— Parece que surpresas de lua de mel são comuns nessa família! Disse Carlisle enquanto se sentava a minha frente me examinando – sente alguma dor? Perguntou ele enquanto colocava o seu estetoscópio em minha barriga.

— Não vovô nenhuma! Respondi.

Vovô se levantou enquanto mamãe me ajudava a descer o meu moletom – Talvez seja como foi com Bela, mas como Rosalice é uma hibrida tudo ocorreu de forma mais rápida do que com Bela já que ela era humana.

— Está dizendo que é apenas um bebê? Perguntou Seth.

—Provavelmente sim – Disse Carlisle – Só está se desenvolvendo de uma forma mais rápida por causa do corpo de Rosalice.

Seth ficou calmo, mas isso não mudava minha irritação pelo seu pensamento anterior.

Como sempre havia acompanhado meu crescimento com minha irmã, Carlisle tinha materiais suficientes para um exame mais detalhado, após eu doar uma quantidade do meu próprio sangue a ele Seth me ajudou a ir para nosso quarto e ficou comigo até que eu adormeci em seu peito.

Uma semana se passou e as hipóteses de meu avô ficavam cada vez mais corretas, segundo ele pelo tamanho da minha barriga eu estava indo para o quinto mês, e como nos últimos dias havia diminuído o ritmo do crescimento eu começaria a desacelerar, as comidas humanas começavam a se tornar mais saborosas em meu paladar e caçar havia se tornado uma segunda forma de alimentação.

Naquela manhã eu me sentei na cama colocando os pés para fora da mesma, o roncar em minha barriga me fez sorrir timidamente, mas o queimar em minha garganta me ocasionou um conflito interno de dois mundos dentro de mim.

Imediatamente eu caminhei até a pequena escada, o som da TV ligada se misturou ao dos meus passos, ao me ver tia Rosalie veio ao meu encontro me abraçando de forma protetora.

—Onde está o Seth? Perguntei um pouco confusa.

— Ele teve um compromisso, logo está de volta! Respondeu ela – Quer alguma coisa meu amor?

— Estou com fome!

— Vou preparar algo para comer.

— Na verdade é outro tipo de fome!

Tio Emmett e Tia Rosalie trocaram olhares – Tudo bem! Disse ela – Podemos ir caçar.

Sorri animada, apesar do susto inicial eu me sentia bem, Tio Emm desligou a TV e saímos juntos da casa caminhando na direção do bosque – Se quiser eu posso pegar um grande leão da montanha para você! Sugeriu tio Emmett animado.

— Acha que não sou capaz porque estou grávida?

—Você está ótima! Disse tia Rose.

—Bella ficou horrível! Tio Emmett completou rindo.

Eu rolei meus olhos antes de ver o casal desaparecer, como não queria ficar para trás corri logo atrás deles.

Nós seguíamos pelo Sul na direção da clareira quando o grande cervo chamou minha atenção, mas o volume em minha barriga me deixou mais lenta e o animal correu na direção do campo aberto,

—Hahaha! Tio Emmett gargalhou – Precisa de ajuda mamãe lobinho?

—Huf! Eu murmurei caminhando na direção do campo – Eu ainda consigo! Resmunguei.

Meus passos se alargaram enquanto eu caminhava pelo campo aberto em busca do bendito animal, mas eu parei assim que Tia Rosalie e tio Emmett se colocaram a minha frente de forma protetora.

A alguns metros a nossa frente a hibrida me olhava com um semblante de terror.

— Sasha....eu murmurei sentindo um tremor percorrer por todo meu corpo.