After Dawn - Alvorecer escrita por Alina Black


Capítulo 29
O encontro




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Quando meus olhos se abriram eu estava cercada pelas vales dos rios Cecina e Era, tão atordoada e perdida em tantas revelações que haviam sido feitas nas ultimas vinte e quatro horas não havia percebido em que momento havíamos descido do maldito jatinho e chegado a Itália.

 Levei ambas as mãos ao rosto e esfreguei meus olhos, Rosalice sorriu me entregando um saco de papel de tamanho médio – Bom dia Nessie! Disse ela me fazendo segurar o embrulho – Você dormiu tanto que nem percebeu quando saímos do avião.

— É eu acho que sim! Murmurei abrindo o pequeno embrulho, papai nos olhou pelo espelho retrovisor e mamãe girou o corpo no banco da frente olhando para Lice e para mim.

— Você esta bem? Perguntou ela de forma carinhosa, apesar de mamãe não demonstrar emoções eu conseguia ver além de seu semblante inexpressivo e sem cor que ela não estava tão tranquila quanto aparentava.

—Na medida do possível! Murmurei olhando o pequeno embrulho e o abrindo, o som do meu estomago ao sentir o cheiro do fast food se misturou com a risada de Rosalice, ergui a sobrancelhas a encarando, seja lá o que nossos pais tivessem dito a ela, ela parecia muito mais calma e tranquila com relação há horas antes de nosso voou.

— Sua irmã só esta tentando animar você! Papai falou enquanto olhava para a estrada, como sempre estava dentro da minha cabeça.

— Você sabe que não gosto de demonstrar o que sinto! Rosalice sussurrou em um tom de aborrecimento – Tentar anima-la não significa que não estou sofrendo.

Fechei os olhos e suspirei, como se não bastasse todos os problemas agora eu havia magoado a minha irmã, Lice pegou o tablet em sua bolsa e se concentrou em seu jogo, tentei amenizar a situação, mas as respostas curtas dela denunciaram que aquele não era o momento para uma nova conversa, decidi focar no café da manhã e comer em silêncio.

Durante mais duas horas, o carro percorreu pelo caminho panorâmico até chegar à cidade, apesar de toda tensão eu tentei me concentrar em algo que não fosse aquele encontro com uma provável morte e Jacob Black, enquanto entravamos na cidade olhei atentamente a cada elemento de Toscana: estradas sinuosas, pinheiros, vinhedos, casas de pedra, igrejinha, mas o que diferenciava a paisagem de Volterra  eram as esculturas  espalhadas ao redor do território volterrano, de formas geométricas minimalistas e grande dimensão, em uma perfeita integração arte e paisagem.

Quando o veiculo finalmente parou as batidas de meu coração aceleraram, nossos pais trocavam novamente olhares o que me deixava muito mais tensa, Lice permaneceu em silêncio e apenas suspirou abrindo a porta do carro e saindo, também suspirei saindo do carro logo atrás dela, por quanto tempo ela ficaria chateada comigo?

A nossa frente havia uma grande muralha, lembrei-me das aulas que havíamos tido com papai sobre a história dessa cidade que aquela muralha protegia a cidade e havia sido  construída entre 1200 e 1266, usando parte da estrutura etrusco-romana.

Em questão de segundos o restante de nossa família se juntou a nós, segurei a mão da mamãe e Lice do papai e passamos por  uma porta de madeira entrando em um lugar escuro, haviam pessoas tirando fotos e conversando, turistas, deduzi, seguimos passando por mais algumas portas e então chegávamos a um corredor um pouco mais claro, as paredes eram de cor branca apagada, o chão era cinza e havia um carpete nele,  haviam lâmpadas fluorescentes espalhadas por todo teto, e a temperatura um pouco mais quente me fez deduzir que estávamos abaixo da terra, era como se eu pudesse ouvir passos sobre nós.

— É a primeira vez que conheço uma realeza que mora em esgotos! Disse Lice usando seu humor negro, nossos pais permaneceram em silencio e apenas olhavam atentamente para o fim do corredor enquanto nossos tios e avós seguiam atrás de nós.

Então uma garota baixinha com uma echarpe preta sobre os ombros nos esperava em uma elevadora acompanhada de mais dois homens que tinham roupas um pouco parecidas.

Ela sorriu educadamente nos recebendo. - Boa tarde!

Seu semblante era de surpresa, ela sorria de forma gentil e parecia uma menina da idade que minha irmã e eu tínhamos – Bom dia! Respondeu Lice a sua gentileza e meus pais nada disseram.

Nossos pais entraram junto com minha irmã e eu, Lice segurou minha mão, sua pele que sempre fora quente estava fria, “ Vai ficar tudo bem” falei em sua mente usando meu don, ela sorriu timidamente.

O passeio de elevador foi curto, quando a porta se abriu estávamos em uma luxuosa recepção, com paredes cobertas de madeira, o chão coberto de tapetes verdes, mas a primeira coisa que observei é que não havia janelas no lugar e sim quadros com todas as paisagens de toscana.

— Bem requintado pra um esgoto! Murmurou Lice, confesso que ri.

Olhei para os sofás de couro pálido que estavam arrumados em grupos próximos a mesas brilhantes que sustentavam vasos de cristal cheios de buquês com cores vibrantes. O cheiro de flores me lembrou do jardim de Esme em Forks.

No meio da sala havia um balcão alto, de mogno polido, mas o que me chamou a atenção foi a mulher que ficava atrás dele, Ela era alta, com uma pele escura e olhos verdes, seu cheiro era humano  e eu não conseguia compreender o que uma humana estava fazendo aqui, totalmente tranquila, cercada de vampiros.

Ela sorriu educadamente nos recebendo. - Boa tarde, Jane – disse ela, não havia surpresa no rosto dela quando ela nos viu na companhia da baixinha chamada Jane, havia curiosidade.

Seguimos passando por mais uma porta de madeira, um garoto pálido com um terno cinza perolado olhou para minha irmã, mais escuro, ele sorriu, se aproximando de Rosalice, papai passou um dos ombros em volta dos ombros de Lice e ele recuou – Bem vindos! Disse ele de forma gentil.

— Alec! Murmurou Jane.

“Para os temíveis Volturi eles até que parecem bem bonzinhos” falei na minha da mamãe que apenas me olhou com o canto dos olhos.

— Bem vindo de volta, Edward - Alec o saudou. - Você parece de melhor humor.

— Eu tenho motivos para isso? – Papai respondeu com uma voz plana. Eu olhei para o rosto do papai e me perguntei como seria possível ele estar com um humor pior antes.

Alec gargalhou, e me examinou quando eu abracei mamãe um pouco assustada com a reação dele – Esse rostinho lindo é a causa de todos os seus problemas? - ele perguntou ceticamente.

Papai se virou dando um lento rosnado, o outro vampiro que estava um pouco mais distante sorriu erguendo a mão com a palma pra cima; ele curvou o dedo duas vezes convidando o papai a ir em frente.

Mas tia Alice interviu – Paciência - ela avisou para o papai.

— Aro ficará agradado em te ver novamente - Alec disse, como se nada tivesse acontecido olhando para mamãe – Principalmente por vê-la tão diferente.

— Não vamos deixá-lo esperando - Jane sugeriu.

Vovô Carlisle tocou no ombro do papai tentando mantê-lo calmo e então seguimos por um pequeno corredor, Alec e Jane, de mãos dadas, guiaram o caminho para outro grande corredor ornamentado – quando será que isso ia acabar? Perguntei a mim mesma.

No final do corredor haviam  portas inteiramente cobertas de ouro, os dois parando no meio do corredor e deslizaram um painel para expor uma porta normal de madeira, percebi que não estava trancada pois  Alec a segurou aberta pra Jane.

Entramos calmamente e a sala não era tão diferente, quadrada, com pedras, como a ruela, e como os esgotos. Ficou escuro e frio de novo.

A antecâmara de pedra não era muito grande. Ela se abriu rapidamente pra uma sala mais clara, cavernosa, perfeitamente redonda como uma enorme torre de castelo, que provavelmente era exatamente o que ela era.

Notei que estávamos dois andares acima, havia longas janelas que  jogavam finos retângulos de luz do sol no chão de pedras e os únicos móveis na sala eram enormes cadeiras de madeira, como tronos, que ficavam em espaços desiguais, esguichadas pelas paredes arredondadas.

 Bem no meio do círculo, em um pequeno declive, havia outro buraco. Eu me perguntei se eles usavam aquilo como saída, como o outro buraco na rua.

A sala não estava vazia. Várias pessoas estavam reunidas numa conversa que parecia relaxada com murmúrio de vozes baixas, suaves,  e gentil zumbido no ar.

Enquanto eu observava, um par de mulheres pálidas com vestidos de verão para num ponto de luz, e, como se fossem prismas, a pele delas mandaram reflexões de arco-íris nas paredes.

Então todos os rostos notáveis se viraram na nossa direção quando o nosso grupo entrou na sala, a maioria dos imortais estavam vestidos com calças e camisas acima de qualquer suspeita – coisas que não se destacariam nas ruas lá em baixo.

Mas apenas um deles falou primeiro. O vampiro que usava um longo robe preto cor de piche que se arrastava no chão. Por um momento, eu pensei que o seu cabelo longo, muito preto, fosse o capuz da sua manta.

— Jane, minha querida, você retornou! - ele falou evidentemente deliciado. A voz dele era só um suspiro suave e então se virou e seus olhos nebulosos na  se fixaram em nossa direção, e o sorriso dele se alargou – Que bom revê-los amigos, e Bella, também! - ele se alegrou, batendo suas mãos magras uma na outra. – Essa é uma feliz surpresa! Maravilhosa.

Lice e eu trocamos olhares chocadas quando ele chamou os nomes de nossa família de forma informal como se fossem  velhos amigos passando pra uma visita inesperada. Ele se virou para o nosso acompanhante grosseiro. - Felix, seja bonzinho e diga aos meus irmãos que nós temos companhia. Eu tenho certeza de que eles não vão querer perder isso.

— Sim, Mestre - Felix balançou a cabeça e desapareceu pelo caminho por onde havíamos vindo.

Então finalmente Lice e eu  fomos notadas por ele...


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