Space escrita por Saturn


Capítulo 11
Neptune


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!

Chegamos, finalmente, ao último capítulo da fanfic que foi meu porto seguro na escrita durante muito tempo. Não vou enrolar muito durante as notas iniciais, mas por favor, leiam as notas finais, é importante!

A música, para quem quiser ouvir enquanto lê: https://www.youtube.com/watch?v=reaBkEHHivM

Preparem seus corações e enjoy it!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792726/chapter/11

Pitch black, pale blue

It was a stained glass

Variation of the truth

And I felt empty handed

 

Eu fazia pequenas nuvens de fumaça azul pálida surgirem em explosões da ponta da minha varinha, fazendo a pequena criança em meu colo, bater suas mãos gorduchas e rir, com sua vozinha fina de bebê, pedindo por mais nuvens coloridas com gestos tipicamente infantis. 

Do lado de fora, a neve caía calmamente, fazendo o luar e a luz da rua refletir nos pequenos e gelados flocos de neve, criando vitrais nas janelas, me fazendo encarar melancolicamente o lado de fora, sentindo saudades de pisar para fora de casa, coisa que eu não fazia há vários meses. Quando minha esposa chega e tira a pequena criança dos meus braços, eu atiro a varinha no sofá, ficando de mãos vazias e levanto os braços acima da cabeça, me espreguiçando. 

E nesse momento, a porta da nossa casa é esmigalhada em centenas de pedacinhos com um estrondo. 

 

You let me set sail

With cheap wood

So I patched up

Every leak that I could

’Til the blame grew too heavy

 

Eu corro para a entrada da casa, esquecendo-me até de pegar minha varinha, gritando enquanto corria para Lily pegar Harry e fugir, eu atrasaria o intruso. 

Quando Voldemort entra na minha casa, com a capa preta rodando ao redor de seus pés como se possuísse vida própria, ele me encara com os olhos reptilianos e vermelhos, ri das minhas palavras e aponta sua varinha para mim, abrindo a boca para proferir a infame maldição da morte. 

E então, o filme da minha vida começou a passar diante dos meus olhos. 

A minha última tarde em Hogwarts, onde eu tinha apostado com Sirius que eu atravessaria o Lago Negro em cima de uma porta que tínhamos arrancado do dormitório da Sonserina. Era feita de madeira leve, e, na metade do percurso, ela começou a afundar, me levando junto. Sirius, desesperado e achando que tinha atirado seu melhor amigo para a morte, atirou-se no lago, nadando com a força que a culpa lhe dava e chegando até mim, que nadava tranquilamente no meio do lago. 

Ficamos muito tempo brincando na água, até a Prof. McGonagall nos descobrir e nos dar três dias de detenção. 

Stitch by stitch I tear apart

If brokenness is a form of art

I must be a poster child prodigy

Thread by thread I come apart

If brokenness is a work of art

Surely this must be my masterpiece

 

O dia que me tornei um animago pela primeira vez, após vários anos estudando para conseguir o feito. Na primeira transformação, senti que meus músculos eram tapeçarias sendo despedaçadas, fio após fio, se desfazendo e se tornando algo mais complexo. Mas eu sabia que teria que suportar aquilo para ajudar meu amigo, que passava por coisas piores sozinho, então eu faria aquele sacrifício para ele saber que sempre poderia contar comigo e, que se dependesse de mim, jamais ficaria sozinho de novo. 

Quando consegui me tornar o majestoso cervo, me senti como uma criança prodígio. E, apesar de estar completamente arrasado e esgotado ao retornar da transformação, sentia que aquela era minha maior obra prima, meu maior feito. 

 

I’m only honest when it rains

If I time it right, the thunder breaks

When I open my mouth

I want to tell you but I don’t know how

 

A próxima memória foi de um dia de chuva, de quando fui sincero com a garota que eu amava pela primeira vez por completo e lhe contei meus segredos, inclusive o fato de que eu me transformava em um enorme cervo nas noites de lua cheia. Um trovão soou na sala comunal após eu terminar de falar, como se para pontuar o que eu tinha a dizer. 

Ela abria e fechava a boca, como um peixe, por vários minutos após meu monólogo que tinha se iniciado com uma discussão, como se pensasse no que me dizer. E nunca falou nada, apenas me beijou, pela primeira vez, com um desespero claro nos lábios e nas mãos que me puxavam cada vez mais para si. 

Queria dizer tantas coisas a ela, mas aquele beijo já lhe dizia tudo o que ela pudesse querer saber sobre mim. 

 

I’m only honest when it rains

An open book with a torn out page

And my ink’s run out

I want to love you but I don’t know how

 

Revivi Lily correndo debaixo de uma tempestade, agarrando algo que parecia uma página arrancada de um livro, rumando de volta para o castelo, vinda da cabana de Hagrid. Ela ria, feliz, com aquela folha apertada na sua mão direita com tanta força que seus dedos embranqueceram nas juntas. Eu esbarro com ela na entrada do castelo e a garota, de bom humor, me estendeu o papel para que eu pudesse ver do que se tratava, sem que eu sequer pedisse. 

Era uma carta oficial, com a tinta borrada por causa da chuva torrencial que ela havia enfrentado para chegar até ali, nomeando as novas estagiárias do St.Mungus, e a garota estava em primeiro lugar, disparadamente melhor do que todos os outros chamados. Ela me abraçou, encharcando minha roupa com seu corpo gelado pingando água da chuva e eu abri a boca, querendo dizer diversas palavras, mas eu não sabia como. Não sabia como amar a garota do jeito que ela merecia. 

 

I don’t know how

No I don’t know how

I don’t know how

I want to love you but I don’t know how

 

Recordei dos anos que eu tinha passado em agonia, amando Lily em silêncio, pensando em como dizer a ela como me sentia, sem jamais saber como, sem jamais saber o momento. 

Remoendo durante muito tempo aqueles sentimentos e a ideia de que a garota, dona do meu coração, nunca os retribuiria, então eu apenas a amava de longe, protegendo-a dos meus sentimentos que corroíam o meu peito e me devastavam dia após dia. 

Afinal, eu jamais saberia amá-la do jeito que ela merecia. 

 

I want to love you

 

A memória subsequente foi o dia que eu acreditei pela primeira vez, que meu pai tomara um frasco de Felix Felicis no dia no meu nascimento e fizera de mim o homem mais sortudo do mundo. 

O dia em que a ruiva aceitou casar-se comigo, onde, no lugar se um singelo “sim”, ela ajoelhou-se, para ficar com o rosto nivelado ao meu e sussurrou junto aos meus lábios:

— Eu quero amar você para o resto da minha vida, James. 

 

Pitch black, pale blue

These wild oceans

Shake what’s left of me loose

Just to hear me cry mercy

 

A minha lua de mel com Lily foi uma experiência única. Com a guerra prestes a explodir, nós nos infiltramos em um cruzeiro trouxa, para uma viagem no mar. Trancafiados em um navio, tornaria as coisas infinitamente mais complicadas para os Comensais da Morte nos acharem, e até entrar no navio, eu achava que aquela tinha sido uma ótima ideia. 

O azul pálido do mar e do céu nos proporcionavam uma vista espetacular, mas o balanço do navio era tão intenso que me fazia ficar trancado na cabine, desejando estar lutando contra comensais da morte, enquanto eu gritava dramaticamente pedindo que Merlin tivesse misericórdia, enquanto Lily ria sem parar. 

 

A strong wind at my back

So I lift up the only sail that I have

This tired white flag

 

No retorno da nossa última viagem juntos, fomos atingidos por um forte vendaval, que nos arrastou quilômetros fora da nossa rota, atrasando nosso retorno e preocupando nossos amigos, que nos enviavam patronos atrás de patronos, enchendo o grande navio com uma diversa variedade de animais prateados carregando recados, depois de responder a todos os recados com a ajuda da minha adorável esposa, deitei na cama da cabine, exausto e pensando se algum dia levantaríamos a bandeira branca e poríamos fim em toda aquela guerra sem sentido. 

 

I’m only honest when it rains

If I time it right, the thunder breaks

When I open my mouth

I want to tell you but I don’t know how

 

 Lembro-me de quando Lily me contou que estava grávida, do nascimento de Harry, da pequena criança puxando os longos cabelos de Sirius e voando pela casa, assustando o gato e quebrando enfeites horrendos que a irmã de Lily nos tinha enviado como presente de casamento, muito a contragosto, do ano que passamos nos escondendo em diversas casas até parar naquela, encoberta pelo Feitiço Fidelius, cujo fiel do segredo, agora eu percebia, era um traidor. Pensei que jamais poderia conversar novamente com meus amigos, avisá-los do perigo que aquele rato fazia todos nós corrermos. 

Eu queria poder avisá-los de alguma forma, mas não tinha como. 



I’m only honest when it rains

An open book with a torn out page

And my ink’s run out

I want to love you but I don’t know how

I don’t know how, know how, know how

I want to love you but I don’t know how

I want to love you

 

Quando volto a mim, o tempo parece que corria devagar. Os lábios brancos e finos de Voldemort pronunciavam as últimas palavras que eu ouviria, a neve parecia cair em câmera lenta do lado de fora. E eu me sentia como se as últimas linhas da minha vida estivessem sendo escritas em um livro cujas folhas e tinta já estavam terminando. Queria poder gritar para Lily como eu a amava, como eu amava Harry, mas meus lábios não se abriam, eu não conseguia falar. 

E a última coisa que eu vejo, enquanto torço para que Lily e Harry fiquem bem, é uma intensa luz verde inundando o cômodo. 

 

E então, escuridão. 















Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, gostaram?

Acabou!

Eu sei que vocês esperavam um final bem feliz, tendo em vista as outras songfics, mas eu acredito que um final assim seria bem mais impactante.

Agora, aos agradecimentos:

Primeiro, eu gostaria de agradecer à Brubs e ao Wesley (Respectivamente, minha melhor amiga/irmã e meu namorado), por serem minha maior fonte de inspiração e motivação diária para escrever.

Em segundo, Baby Blackburn (Que por um acaso, é a Brubs), por ter feito todas as capas maravilhosas e surtado pelas fanfics com antecedência quando eu te mandava para você ler e fazer as imagens.

À Day, que em todo capítulo vinha com seus comentários de aquecer o coração que me deixavam com largos sorrisos durante horas.

Aos leitores fantasmas, quem eu gostaria muito te ter conhecido no decorrer da fanfic e saber suas opiniões, meu muito obrigado à vocês também.

A todos que, de alguma forma colaboraram com a produção dessa fanfic (Sleeping at Last incluso) e/ou apreciaram o resultado final.

Para as viúvas e viúvos de Space, indico How It All Began, no meu perfil, uma longfic Jily bem divertida e fofinha.

Sentirei saudades de vocês.

Sentirei saudades de Space.

Até a próxima!

Um beijo :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Space" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.