Audeline escrita por Jardim Selvagem


Capítulo 6
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Música: Dracula Teeth - The Last Shadow Puppets



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Fevereiro chegou com uma pilha de contas atrasadas e noites insones. Angela passava as semanas revirando-se na cama quebrada, o cérebro exausto mas ocupado demais com os problemas à sua volta para conseguir desligar-se. 

O peso sobre seus ombros aumentava cada vez mais, a pressão comprimindo-a por todos os lados — o dever de sustentar a família desempregada, os atrasos no pagamento do aluguel daquele loft minúsculo, o limite estourado do cartão de crédito, a ameaça recente de despejo e agora a necessidade de escrever uma matéria imbatível para a próxima edição da Buzz Magazine. Ela só estava sobrevivendo graças aos copos extragrandes de café preto sem açúcar — o incidente com o caramelo a fez repensar suas escolhas alimentares. 

Sua cabeça martelava o que Angela já estava cansada de saber: a próxima edição da revista sairia em abril, o que significava que tinha apenas mais um mês para conseguir uma pauta decente — uma melhor do que a de Jessica Stanley, por favorzinho, se a sorte estiver ao meu lado ao menos uma vez na vida. Os olhares inquisitivos de Joana assaltaram seus pensamentos. Algo lá no fundo do estômago de Angela alertava que sua coluna precisava ter a melhor matéria de toda a edição se desejasse manter o emprego nos próximos meses.

O celular vibrou, puxando-a para a realidade do sofá velho sob suas pernas e da xícara de café frio em suas mãos. O nome "Isabella Swan" piscava na chamada de videoconferência. Apertou o botão de aceitar, e a figura de uma mulher loira platinada com um pijama de bolinhas preencheu a tela.

— Bella! — Um sorriso brotou fácil no rosto de Angela.

— Em carne e osso.

— Há quantos milênios a gente não se vê? Um, dois…

— Parecem mais uns três.

— Onde você estava? E o que fez com o cabelo? Na última vez que te vi, você estava ruiva!

Bella sorriu.

— Queria testar a sua capacidade de reconhecimento facial…

As duas riram. Sua melhor amiga poderia mudar de visual o quanto quisesse; Angela reconheceria aquele rosto a quilômetros de distância. A boca em forma de coração, o nariz reto, as sobrancelhas grossas, os olhos castanhos. A mesma cara da época da faculdade.

— Estava com saudade, Bella. E morrendo de preocupação! Você sumiu e...  

Bella deu de ombros, como se o seu desaparecimento da face da Terra fosse tão trivial quanto uma ida ao supermercado. 

Eu que estou preocupada. Está precisando de ajuda para pagar as contas, não está? 

C-como você sabe di…

— Pronto, já fiz o depósito.

— Bella! Não posso aceitar, não tenho como te pagar depois e…

— Se continuar com essa bobagem, vou mandar mais um pouco.

— Você é impossível. — Angela suspirou, mas o fardo sobre os ombros parecia mais leve agora. — Vou te dever essa. Obrigada. Mesmo.

— Sabe que pode contar comigo.

— Onde você estava esse tempo todo, afinal? — insistiu.

— Isso não importa. — Bella revirou os olhos.

— Oras, como não im… 

— Sabe o que importa de verdade? Que agora estou aqui, em Phoenix, e que no próximo fim de semana vou jantar com a melhor jornalista da Buzz Magazine num restaurante exclusivo… — Bella fez uma pausa. — No caso vai ter que ser você. A agenda da Stanley infelizmente estava cheia.

— Palhaça…

Bella deu uma piscadela teatral, fazendo Angela cair na risada. Loira, ruiva ou morena, não importava. Bella continuava exatamente a mesma. 

 

 

Bree olhava a estrada de terra e sorria como uma perfeita idiota, ainda sob o efeito dos analgésicos. Rosalie achava a coisa toda muito divertida. As duas riam sobre nada em particular. 

Leah olhou pelo retrovisor, linhas fundas na testa.

— Meninas, foco. Assim que chegarmos em casa, precisaremos discutir sobre o que vimos.

Bree soltou uma risadinha débil. 

— Ahhh, pra quê? Por que a gente não deixa isso para outro grupo e usa o tempo livre para… Ver séries policiais?

Leah apertou as mãos no volante. 

— Não existe outro grupo no país e você sabe disso.

— Eu. Não. Quero. — Bree fez um bico e cruzou os braços. 

Rosalie tentou, sem sucesso, sufocar uma risada.

— Quando o efeito acabar, a gente pode aplicar de novo, não pode? 

Rosalie. — A voz de Leah era dura. — Bree poderia ter se machucado gravemente, e você aí rindo como se não fosse nada sério.

Rosalie olhou a perna enfaixada de Bree e o relevo do largo curativo debaixo de sua blusa. É claro que era sério, é claro que poderia ter sido ainda mais, mas isso não excluía o fato de que a novata estava bem, viva, e maravilhosamente chapada de remédios para dor.

— Deixa de ser chata, Leah! Quer saber? Quer saber mesmo? Estou rindo porque estou feliz pra cacete, mais feliz agora do que nas férias.

— Pp-pensei que você gostasse dessa coisa de… 

— Passeios ecológicos em lugares aleatórios dos Estados Unidos? Claro, Bree. Mas sabe do que eu gosto mais? — Rosalie cerrou os punhos, dando soquinhos no ar. — Acabar com uns filhos da puta.

Eu não quero acabar com uns filhos da puta. Quero ir para casa. A gente está indo para casa, não é?

— Eu sei que tá difícil agora, mas pensa comigo, Bree. Onde mesmo a gente guarda o veneno?

— Ahhh… — Ela caía em si aos poucos. — Vamos atrás de quem fez aquilo com a ninfa, não vamos?

Rosalie deu um tapinha leve em suas costas.

— Garota esperta, pega rápido o espírito da coisa.

Bree olhou bem para Rosalie.

— Ahhh, tudo bem então. Beleza. Tranquilo. Suave.

Um segundo depois e Bree se lançou para a janela, apertando o botão para abaixar o vidro e tentando destrancar a porta do carro.

Eu quero sair! Me deixem sair!

Rosalie tirou as mãos desorientadas de Bree da porta com uma facilidade impressionante para alguém do seu tamanho. Em meio aos balbucios da novata (não quero ir atrás de filho da puta nenhum, não quero, não quero, não quero), Rosalie perguntou a Leah se alguém do Olympic National Park vira algo suspeito.

— Nada fora do usual. Turistas bêbados, hippies inconsequentes, o de sempre. Há quanto tempo você acha que ela… 

— Estava morta? No máximo há um mês. — Rosalie franziu o nariz ao se lembrar do odor pútrido do cadáver. — Isso dá um intervalo de uns seis meses de caça. 

— Se for o mesmo autor.

— Que merda você está falando, Leah? É óbvio que é o mesmo cara!

— Não é não...  

— Bree, se sóbria você não tinha lá muita capacidade de discernimento, chapada é que não vai ter mes…

— Shhh… — A mão de Bree tapou a boca de Rosalie por um segundo. — Me escuta. São dois. Dooois. As assinaturas são diferentes.

— Pelo visto alguém andou virando as noites com maratonas de Criminal Minds…

— Ela pode ter razão nesse ponto, Rosalie. A carga de violência no primeiro faz esse último parecer quase respeitoso.

A imagem do rosto dilacerado da primeira vítima emergiu das profundezas da mente de Rosalie.

— Estou pouco me lixando se são dois, três, quatro, a porra de uma gangue. Já estamos em fevereiro, Leah. Não dou seis meses para atacarem de novo.

Leah deu de ombros, voltando a atenção para a estrada à sua frente.

— Eu não dou nem três.

 

 

Angela a espiava pelo canto do olho. Bella tinha o rosto virado para a janela do táxi, as ruas movimentadas de Phoenix formando borrões multicoloridos no vidro fosco. Ainda tinha o relógio que Angela dera para ela aos dezenove anos. O material já gasto da pulseira destoava do vestido feito sob medida e da bolsa de grife em seu colo, como um copo descartável ao lado de uma taça de cristal Baccarat. Mas Bella não dava a mínima. Para Angela, parecia até que usava aquele relógio velho com orgulho, como se o acessório fosse uma pequena subversão.

Conhecia Bella há quase seis anos. Tornaram-se amigas na faculdade, quando Angela cursava Jornalismo e Bella fazia Publicidade. Angela sabia de cor todas as suas qualidades, os defeitos, todas as histórias constrangedoras e todas as manias — como o hábito de Bella de checar as horas.

Embora a conhecesse há muito tempo, às vezes olhava Bella e enxergava uma estranha. Isso ocorria em momentos fugazes, vislumbres microscópicos de que havia algo errado com sua melhor amiga, mas que Angela nunca sabia dizer exatamente o quê — a sensação escapava-lhe com a mesma rapidez com que aparecia. Bella era uma estranha quando recusou-se a dizer onde estivera durante o ano passado. Era uma estranha quando ignorava qualquer pergunta sobre sua vida amorosa. Era uma estranha quando desconversava sobre o que fazia para sobreviver. "Trabalho" e "amor" pareciam ser palavras estrangeiras no dicionário pessoal de Isabella Swan. 

O táxi parou em frente a um discreto casarão de tijolos escuros e polidos. A calçada abarcava uma fila de tamanho absurdo, já dobrando a esquina. Os clientes, em suas roupas ajustadas e nobres, olharam as duas de cima a baixo.

Ao entrarem, uma apreensão súbita desceu pela espinha de Angela. O que estou fazendo aqui? Todo o interior do restaurante — do piso magnífico aos lustres esplêndidos — parecia gritar a plenos pulmões: seu lugar não é aqui. E ela sabia disso em sua alma, em seu corpo, como se as palavras se infiltrassem entre suas vértebras. Ninguém precisava relembrá-la de que só estava ali graças à melhor amiga, que não só pagou sua passagem de avião como também pagaria todo o jantar. Angela já relembrava a si mesma a cada cinco minutos. Enquanto ela era uma farsa, Bella era a verdade, relaxada no seu vestido preto de seda, brincando de formar nós com a corrente dourada da bolsinha de luxo. Dirigiram-se à sala de espera.

O cômodo tinha as paredes de madeira rústica, janelas amplas, lustres pomposos e um bar imponente nos fundos. A música que tocava era baixa, mas agradável, a voz do cantor como seda líquida. Angela sentou-se numa das poltronas macias ao lado da janela, olhando ao redor mais uma vez, igualmente maravilhada e intimidada. Ergueu os ombros, tentando melhorar a postura, e pediu para Bella tirar uma foto sua. Nem se deu ao trabalho de chamá-la para participar — a aversão que Bella tinha de falar sobre trabalho era quase tão forte quanto sua aversão a fotos. O flash da câmera de seu celular iluminou o ambiente por um instante. Angela abriu um sorriso congelado. Queria ao menos uma lembrança daquele lugar tão bonito. Se não fosse por Bella, ela nunca teria ousado colocar os pés na calçada. 

Segundos depois, os flashes continuaram, mas não do celular de Angela e sim das câmeras dos fotógrafos profissionais na rua. Bella levantou-se para ir ao bar, alheia ao que acontecia lá fora, mas Angela não se conteve e grudou os olhos na janela. Um Volvo prata estacionou em frente ao restaurante. Ela forçou o pescoço para ver quem tinha chegado, mas as cabeças que se acumulavam ao redor do carro impediram sua visão. Não conseguiu absorver mais do que isso; um funcionário já tinha aparecido para levá-las até a mesa.

 

 

Angela sorriu, consciente do que a amiga estava fazendo. Como um mágico de festas infantis, Bella aplicava uma técnica de desvio. O truque era velho e conhecido: manter a atenção do público num ponto inócuo enquanto os verdadeiros trabalhos aconteciam por debaixo dos panos. A cada minuto, Bella disparava uma munição infindável de perguntas a Angela, convenientemente abrindo a boca apenas para dar algumas garfadas no seu fettuccine com trufas negras, deixando que Angela desabafasse ao longo de todo o jantar. 

— Em resumo, se eu não arrumar uma matéria decente até o próximo mês, vou para o olho da rua. 

— E precisa ser sobre esse tal de Callen e sua namoradinha?

— É Cullen, e a essa altura só preciso que seja alguém que esteja no topo, sabe? Já procurei em todos os lugares possíveis e falei com meus contatos da mídia, mas parece que a coisa mais bombástica que Cullen tem é sua banda ser headliner do próximo festival de música alternativa aqui em Phoenix. — Angela cortou o filé com mais empenho do que o necessário e por pouco ele não voou para a mesa ao lado. — E não podemos esquecer a tendência que a namorada dele está lançando com essa mania de usar lenços de seda. Vai ser a matéria da Stanley, e minha chefe adorou. Dá para acreditar?

Alguém que esteja no topo… — Os olhos castanhos desfocaram-se.

— É, você sabe, apresentadores de televisão, músicos, socialites, atores… Nomes como…

— James Whiterdale? 

— Desde a última série, ele se tornou o queridinho do país, vamos combinar, mas esse aí é outro com a vida pessoal limpa. Já gastei dias procurando, mas não achei nenhum podre sobre ele. — Angela suspirou. A derrota iminente pesava sobre os ombros cansados. — Talvez seja melhor eu ir procurando outro emprego. 

Bella abriu a boca para despejar sobre ela alguma palavra reconfortante, mas novamente um barulho de flashes invadiu seus ouvidos. Viraram-se para observar o pequeno amontoado de gente ao redor de duas pessoas. Angela só conseguia ver a barra da calça jeans escura com o sapato de couro e a meia-calça preta com o salto alto vermelho. 

Da mesma forma que surgiu, o grupo dissipou-se e Angela finalmente pôde ver quem eram aquelas personalidades tão requisitadas. Esbarrou nos talheres e enfim o pedaço de carne atravessou o espaço entre as mesas, aterrissando no colo da mulher ao lado. Ela fuzilou Angela com os olhos, comentando com o marido à boca pequena sobre o tipo de gente que andava frequentando aquela pocilga. Mas Angela não prestou atenção; tinha os olhos fixos no casal da mesa dos fundos.

Com os cabelos cor de bronze perfeitamente desarrumados, de óculos escuros à noite (essa gente excêntrica e seus costumes inúteis e disparatados), estava Edward Cullen. Ele ignorava o que acontecia ao redor, despendendo toda a sua atenção à bela loira ao seu lado. Os dedos longos permaneciam entrelaçados com os de Tanya Denali, que — Jessica estava certa, afinal — tinha um lenço vermelho escuro amarrado no pescoço.

Eles riam e cochichavam um no ouvido do outro, absortos em sua bolha particular, os pratos ainda vazios, mas os copos já cheios de bebida. Angela não conseguiu evitar sentir uma pontada de inveja — o modo como Edward tinha todo o corpo virado somente para Tanya, o jeito como afagava a mão dela, brincando com seus dedos, beijando sua bochecha. Não era à toa a recente obsessão dos fãs na internet; os dois eram inegavelmente adoráveis juntos.

— Terra chamando Angela…

Ela se contentou em dar uma última olhada nos dois antes de se virar para a amiga. Bella e Angela retomaram a conversa como se nunca tivesse acontecido uma interrupção.

O resto do jantar ocorreu agradavelmente. Aquela parecia mais uma noite comum em Phoenix. Tão comum e serena que Angela não esperava encontrar nada de anormal quando se levantou para ir ao banheiro.

 

 

O caminho para o toalete daquele restaurante era um verdadeiro labirinto. Angela andava, descia alguns degraus, subia outros, andava mais um pouco e ainda não avistava nenhuma porta. Os dedos no salto alto desgastado já reclamavam, e a pele do mindinho ardia como o inferno. Angela imaginava sem dificuldade as bolhas e o sangue das feridas manchando o interior do sapato. E eu nem terminei de pagar por ele…

Já estava considerando tirar os sapatos e andar descalça quando finalmente encontrou a salvação sob a forma de uma porta escura. Ao entrar, não viu nenhum tornozelo debaixo das cabines. Relaxou. Parou em frente ao espelho, tirando da bolsinha um batom rosa discreto.

Bam! Ela pulou com o barulho repentino, borrando a maquiagem. O batom agora marcava não só os lábios como também a bochecha. Angela não precisava se virar para ver o que aconteceu. O espelho refletia com perfeição: espalhados no chão de mármore branco, saindo da última cabine, jaziam pés delicados com uma meia-calça preta e saltos vermelhos. Meia-calça preta e salto alto vermelho…

Angela arregalou os olhos. Não precisava ver o rosto para saber quem era.

Correu para abrir a porta da cabine.

— Ah, meu Deus, você está bem?

Angela só percebeu que aquela era uma pergunta estúpida quando as palavras já tinham saído de sua boca. É óbvio que ela não está bem, sua idiota. As pernas e braços finos permaneciam abertos, inertes como se pertencessem a um defunto. A cabeça pendia na borda do vaso sanitário, o pescoço torcido em um movimento antinatural, o nó do lenço de seda ameaçando desmanchar-se. As mechas loiras sedosas coladas no rosto com o suor. Angela afastou os fios com cuidado. Olhos abertos inexpressivos encaravam-na de volta. 

Está morta.

O fato perfurou seu cérebro, queimando os neurônios. Angela Weber estava no chão do banheiro de um restaurante caro em Phoenix acompanhada de um cadáver. O cadáver loiro e esbelto da namorada de Edward Cullen.

Tinha tanta certeza da veracidade daquele fato que quase gritou quando Tanya Denali abriu a boca.

— Merda — murmurou, a voz entediada, como se aquela fosse uma situação rotineira. Tentou se levantar, mas o corpo não tinha forças. De repente, como que saísse de um transe, Tanya pareceu notar a presença de Angela. — Vai me ajudar a levantar ou não, afinal?

Angela despertou para a realidade e puxou seus braços, Tanya ficando de pé e cambaleando como se estivesse bêbada.

— O que aconteceu com v…

Tanya mal tinha se levantado e já se abaixou de novo, apoiando os joelhos no chão para vomitar dentro do vaso. Ela levantou a cabeça, sangue escorrendo no canto dos lábios. O lenço que usava caiu por fim, deslizando até o chão.

O que aconteceu com você? — Angela repetiu, dessa vez mais para si mesma.

O pescoço de Tanya exibia marcas roxas e vermelhas, com pontinhos de sangue coagulado formando trilhas. Angela chegou perto, tentando ver os detalhes. Tanya era tão pálida que ela conseguia enxergar as veias azuladas por debaixo da pele. Angela estreitou os olhos. A linha da carótida parecia ter dois pequenos…

Tanya recolheu o lenço num segundo. As mãos trêmulas e cadavéricas amarraram-no de volta no pescoço.

— O que são todas essas marcas no seu…

Ela cravou as unhas nos ombros de Angela.

Você não vai contar isso para ninguém. — As unhas de Tanya arranhavam sua pele. — Entendeu? Para ninguém.

— Você precisa de ajuda. Você não pode continuar f…

Tanya saiu da cabine, ainda cambaleando um pouco. Olhou-se no espelho uma última vez antes de ir embora, passando as mãos agora firmes no cabelo, colocando todos os fios no lugar. Apertou o lábio superior contra o inferior, retocando o vermelho do batom com o próprio sangue. Limpou o contorno com a ponta dos dedos. A boca abriu-se num sorriso satisfeito, mas os olhos azuis continuavam mortos, cavando sepulturas em si mesmos.


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Notas finais do capítulo

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