Audeline escrita por Jardim Selvagem


Capítulo 18
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Música: Close To Me - The Cure



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Angela não pretendia chegar tão tarde, mas as tarefas do trabalho levaram mais tempo do que previra. Já eram quase duas horas da manhã quando adentrou o espaço da after party. Ali dentro era tão grande que parecia ocupar um andar inteiro. Havia lugar para tudo: a enorme pista de dança, os sofás e poltronas nos cantos, os bares, as cabines fotográficas… Aquilo era o máximo que conseguia ver; seus olhos não alcançavam o que havia nos fundos. 

Angela procurou pelo novo cabelo loiro mel de Bella — sua melhor amiga parecia mudar de tom como mudava de roupa. Não a encontrou em lugar algum. Já deve ter ido embora. E provavelmente com uma bela companhia masculina, pensou. Fez uma nota mental de ligar mais tarde para a amiga para checar se estava tudo bem.

Olhou os grupos de pessoas dançando, conversando e bebendo. Se fosse qualquer outra ocasião, se seu emprego não estivesse por um fio, ela já teria ido para a pista de dança. Mas naquela noite seu foco era outro. Angela tinha apenas um propósito ali, além de pegar algumas bebidas de graça, é claro: encontrar Edward Cullen, de preferência bêbado e falante, e interrogá-lo quanto à sua ex-namorada, Tanya Denali, que agora sumiu da mídia de uma hora para a outra. Vai ver ela foi para uma clínica de reabilitação… 

Saiu de seus devaneios quando um homem alto e loiro esbarrou em seu braço. Ele parou por um momento.

— Ah, me desculpe! Machuquei você?

— Não, imagina, está tudo b… 

Ela levantou a cabeça para olhar o homem. As palavras morreram em sua garganta. Ali, diante dela, a apenas alguns centímetros de distância, estava James Witherdale. James-Abusador-de-Mulheres-Witherdale, esse James Witherdale.

Ocorreu-lhe estupidamente que quem tinha escrito a matéria sobre ele fora ela.

O sangue fugiu de suas bochechas. Cubos de gelo pareciam deslizar por suas costas. O estômago de Angela revirou-se, fazendo a bile subir pela sua garganta, e pontinhos pretos começaram a decorar sua visão. 

 

 

James transitava livremente pela festa privada depois do festival de música. Ainda devia se manter longe dos holofotes, mas ao menos parecia que seus escândalos começavam a ser esquecidos. As pessoas já não o encaravam com tanto ódio como antes. Seu agente talvez tivesse razão, no fim das contas. Com o tempo, novos escândalos de novas pessoas surgiriam na mídia, e o público se esqueceria do seu facilmente, como se nada tivesse acontecido. 

Seus olhos enxergavam perfeitamente no escuro, sem serem afetados pelo jogo de luzes que vinha da pista de dança. Ele examinava cada rosto ali, em busca dos traços de Giulia. Sem sucesso. Via apenas bocas excessivamente contornadas de batom e injetadas de botox; nenhum daqueles lábios apresentava o distintivo formato de coração.

James avistou seu prêmio de consolação em menos de um minuto. Seus passos determinados foram até ela, que olhava para todos os lados menos para ele. James esbarrou em seu braço de propósito. Quando Angela Weber virou-se, ele logo se desculpou, abrindo um sorriso cuidadoso e estudado, ocultando os caninos pontudos.

Ele observou o corpo dela se tensionar, a palidez tomando seu rosto conforme as artérias se dilatavam e a pressão sanguínea despencava. O sangue dela fugia de James, escondendo-se como se soubesse o que ele era, que ele o desejava mais do que tudo naquele instante. 

James a segurou pela cintura antes que ela desmaiasse. 

— Acho melhor você se sentar — disse, enquanto a levava para um dos poucos sofás vazios nos fundos.

Angela se sentou numa ponta e ele na outra. O sangue dela voltava timidamente à superfície, irrigando o cérebro aos poucos, trazendo de volta o rubor em suas bochechas. James imaginou como seria arranhar aquela pele macia até fazê-la sangrar. 

— Está se sentindo melhor? 

Angela engoliu em seco, os olhos grandes e atordoados como os de uma menininha que se perdeu dos pais.

— A-acho q-que sim. 

— Sou James, e você?

Ela soltou uma risadinha nervosa.

— Ah, eu sei quem você é… E, acredite em mim, você não vai gostar de saber quem eu sou…

— Por quê? Você por acaso é a garota que escreveu aquela matéria sobre os meus relacionamentos? — Sorriu, modulando a voz para deixá-la relaxada e brincalhona. 

— Bingo. — Ela abriu um sorriso amarelo.

Angela fez que ia se levantar do sofá, mas ele colocou uma mão em seu ombro.

— Você fez uma ótima matéria. Até eu ficaria horrorizado comigo mesmo… se eu não soubesse da verdade, é claro.

Ele viu os olhos dela se acenderem com uma curiosidade jornalística. 

— Verdade? Qual verdade?

— Posso confiar em você?

O pescoço dela se enrijeceu, a carótida enchendo-se de sangue. Ele cerrou os punhos e cravou fundo as unhas na palma de sua mão. Paciência, James, paciência

— Não sei como você poderia confiar na jornalista que escreveu coisas terríveis sobre você…

— Mas que também pode escrever coisas boas sobre mim. Coisas verdadeiras.

Angela o encarou, buscando nos seus olhos pistas da armadilha que ele planejara para ela. Mas ele era mais habilidoso, mais forte, mais inteligente do que aquela humana de sangue tímido. Seus olhos mostravam um céu límpido, e não as névoas densas que existiam logo abaixo. 

Angela sorriu, desarmada e curiosa. Se ela via nele a oportunidade de uma matéria exclusiva, James enxergava nela um inseto preso numa teia de aranha. 

 

 

Borrões coloridos rodopiavam em volta de Bella. Quando dera por si, encontrava-se espremida no banco de trás do Volvo de Edward — de onde eu já vi esse carro? —, dividindo o espaço entre ele e Emmett McCarty, que estava muito ocupado conversando com Seth Clearwater, o responsável por dirigir naquela noite. Jasper Whitlock estava no banco do passageiro. O carro preto dos seguranças os seguia, carregando no banco de trás duas belas mulheres que Bella tinha visto na festa. 

Edward olhava para a janela, o corpo todo posicionado de forma a quase não tocá-la. Seus olhos fixaram-se nas mãos pálidas dele, que naquele momento apoiavam-se sobre a calça jeans de lavagem escura. O pulso tinha uma pequena coleção de pulseiras de prata entre a pulseirinha roxa. No anelar, havia um trio de anéis tão cinzas quanto o carro dele. Ouro branco e cerâmica. O longo dedo médio exibia um anel de ouro bruto com um símbolo que ela não conseguiu identificar. Ela se pegou imaginando o toque frio e lustroso do metal contra a sua pele.

Forçou-se a desviar os olhos das mãos de Edward para fitar as ruas e calçadas vazias lá fora. Para onde eles estavam indo? Como ela foi parar naquele Volvo para começo de conversa? Suas lembranças pareciam recortes turvos e traiçoeiros das horas anteriores. A última coisa de que se lembrava com certeza era que tinha dançado como uma idiota com Edward no centro da pista de dança. 

Ela abria a boca e logo a fechava. O cérebro enevoado tentava formular perguntas que nunca se completavam. Edward continuava evitando-a, absorto no que via lá fora pela janela.

Não demorou muito para adentrarem um edifício alto e imponente em um dos bairros mais nobres de Phoenix. Seth estacionou de forma perfeita e sóbria, embora o cheiro de vodka exalasse do banco da frente. O carro dos seguranças parou na vaga ao lado, liberando as duas jovens, que logo se colocaram ao lado de Seth e Jasper. Os meninos despediram-se dos seguranças com um sorriso agradecido no rosto antes de irem até o elevador da garagem do prédio. Edward ofereceu seu braço para que Bella se apoiasse. Todos se enfurnaram na cabine, um bando de jovens bêbados espremidos uns nos outros. Ela deu uma olhada na câmera do teto. Acenou estupidamente, divertindo-se ao imaginar os comentários dos porteiros no térreo.

Emmett apertou o botão do último andar. As portas do elevador se abriram para o hall de entrada de um apartamento enorme, a leveza das paredes brancas misturando-se à sobriedade das pintadas de cinza.

A sala de estar tinha um sofá azul escuro que fazia uma volta em forma de “L”. No canto, diversas prateleiras que iam até o teto, todas abarrotadas de livros e coleções de vinis e cds. Havia ainda um piano negro em estilo vintage, Steinway & Sons. Perto da entrada, Bella reparou na mesa de canto coberta com porta-retratos de viagens, amigos e apresentações da banda. Um porta-retrato na última fileira estava virado para baixo. Ela se aproximou, colocando-o em pé. A foto mostrava Edward, Emmett, Seth e Jasper abraçados. Uma garota loira sorridente tinha a mão enlaçada na cintura de Edward. A única pessoa que não sorria era uma ruiva do lado oposto. Em vez de olhar diretamente para a câmera como os outros, ela tinha os olhos fixos em Edward. 

Uma mão pálida virou o porta-retrato para baixo novamente. 

— Não gosto desse. — Edward sorriu como quem se desculpava. — Ainda preciso tirá-lo daí.

Bella deu de ombros, voltando sua atenção para os outros. Seth e Jasper tinham ido para o enorme sofá, conversando com as duas mulheres sobre o começo da banda. Emmett parecia concentrado enquanto mexia nos amplificadores de som. 

Em poucos minutos a casa imaculada de Edward já estava uma completa bagunça. Na mesa de centro, repousavam garrafas de vinho caro e inúmeras taças de cristal, num ciclo infindável de se encherem e se esvaziarem a cada poucos minutos. Emmett sorriu, finalmente encontrando a música que queria. Começou a tocar “Do Ya Think I’m Sexy”, de Rod Stewart. She sits alone waiting for suggestions… He's so nervous avoiding all the questions…

Edward juntou-se a Seth, Jasper e Emmett no centro da sala.

If you want my body and you think I'm sexy, come on, sugar, let me know! — os quatro cantaram o refrão, rindo entre as batidas da música, uma risada que indicava algum tipo de piada interna da qual Bella e as outras convidadas não faziam parte.

Ela não pôde evitar sorrir diante da empolgação deles. Não era mais Audeline Blanc, como deveria ter sido desde o início, mas sim Isabella Swan. Pior: uma Isabella Swan desprovida de perfeitas condições mentais e plena capacidade de raciocínio. Ali ela tinha a língua e os pensamentos perigosamente soltos. A playlist de Emmett emendava uma sequência de músicas populares dos anos 70 e 80. Agora tocava “Kiss”, do Prince. As duas garotas juntaram-se à festa, todos dançando sem pudores. Bella não conseguia tirar os olhos de Edward. Os esforços dele não importavam; seus passos de dança continuavam quase tão ruins quanto os dela. Pegou a si mesma sorrindo mais uma vez. 

Edward fixou os olhos nela enquanto cantava o refrão, os quadris movendo-se de um lado para o outro e a sobrancelha arqueada em desafio. Chamou Bella com o dedo indicador, e logo ela estava dançando com ele novamente, como se ainda estivessem na pista de dança da after party. 

Horas depois, Jasper e Seth se convenceram de que já haviam tido o suficiente por uma noite, entrelaçaram os dedos com suas respectivas amantes e despediram-se antes de irem embora.

Emmett olhou para Edward e depois para Bella. Abriu um sorrisinho insinuante. 

— Acho que estou indo também, galera… Mas antes vou deixar uma música especial para vocês… 

Ele foi até o amplificador para selecionar a próxima música, desejou boa noite aos dois e saiu do apartamento. 

Segundos depois, começavam as notas inconfundíveis do saxofone de “Careless Whisper”, de George Michael. Os dois se entreolharam e caíram na risada. Edward foi até o outro lado da sala para trocar de música. Os alto-falantes agora tocavam “Close To Me”, do The Cure. Bella começou a cantarolar a letra, e Edward a completou em seguida, a voz impecável dele contrastando com o tom desafinado dela. 

Com o fim da música, o silêncio caiu sobre o apartamento. Para Bella, a tensão súbita entre os dois era palpável, comprimindo seus ossos, acelerando seu batimento cardíaco, aquecendo suas bochechas. Mas Edward não parecia afetado como ela. Andou até o sofá e se esparramou no encosto, cruzando as pernas e fechando os olhos. Bella aproximou-se em silêncio e se sentou ao lado dele.

Ela o observou como quem admira uma obra num museu. Queria gravar os detalhes daquele rosto para depois revisitá-los em sua mente. Os cabelos cor de bronze estavam espalhados em sua cabeça, deixando o rosto dele completamente exposto para ela. Edward tinha cílios espessos que lhe causaram uma pontada de inveja — e eu aqui com esses cílios postiços desconfortáveis. O nariz grego era reto e longo, de longe o traço que mais se sobressaía em seu rosto. A boca era feita de linhas finas, definida como seu maxilar. Sob a pele pálida e lisa corriam veias finas azuladas. Ele tinha olheiras pequenas mas profundamente roxas, como se não tivesse uma boa noite de sono há muito tempo. 

Ela estava prestes a tocar naqueles cabelos gloriosos quando os lábios de Edward estreitaram-se como se ele tentasse sufocar um riso. 

— Terminou sua análise? — perguntou ainda de olhos fechados.

Silêncio. 

— Eu não estava…

Ele abriu um olho e piscou para ela. Do mesmo modo que se espalhou no sofá, levantou-se num segundo e saiu da sala. Voltou carregando uma garrafa de água francesa. Pegou as únicas taças limpas da mesa de centro e trouxe uma delas com o líquido cristalino para ela. 

— Então, não vai me fazer nenhuma daquelas perguntas convencionais? — Bella disse. 

— Convencionais?

— Você sabe… Nome completo, idade, local de nascimento, profissão… 

— Como você está se sentindo?

Ela soltou uma risadinha. Quando percebeu que ele falava sério, fechou a boca. Edward a olhava com atenção, cruzando os dedos em seu colo, os anéis roçando uns nos outros. 

— Estou bem, obrigada por perguntar.

Edward sorriu torto.

— Uma resposta convencional, então.

Ela engasgou com a água. 

— Touché. 

— Vi quando você deu um tapa naquele cara durante a festa. Você está realmente bem?

— Eu… 

Ele então se aproximou dela, os dedos longos e gélidos tirando com delicadeza os fios que grudaram-se na sua bochecha, o toque dele tão suave que era quase imperceptível. 

— Ele drogou você, amor. — Os olhos dele estavam escuros, as pupilas parecendo transbordar na íris. — Ecstasy líquido. Eu devia saber. Aquele filho da… 

Bella sorriu. Tão lindo… Um anjo olhando para ela.

— Drogaram você também?

O quê?

— As suas pupilas estão enormes, sabia? — Aproximou-se de Edward, inebriando-se com seu cheiro. Ela queria afundar-se nele. As palavras fluíram de sua boca, um fluxo implacável de sinceridade: — Mas é bonito. Minha amiga estava certa sobre você. São mesmo olhos de cervo. 

Edward afastou-se com a mesma rapidez com que tinha se aproximado.

— O que ele fez com você? 

— Aquele cara só estava me importunando, um típico idiota que não sabe ouvir não, mas já estou acostumada a lidar com esse tipo de homem… 

Edward pareceu notar a mudança no tom de voz de Bella.

— Não precisamos falar sobre isso se não quiser. 

— Podemos falar sobre você, então.

— Sobre mim? — A surpresa tingia sua voz. — O que quer saber sobre mim? 

Bella lembrou-se da hesitação tangível que irradiava de Edward nos vídeos de entrevistas a que assistiu no laptop, os ombros dele sempre tensos, as frases vazias de coesão. Agora, ironicamente, com quem ele menos deveria se abrir, seus ombros estavam relaxados e suas palavras receptivas. 

— Você costuma fazer isso? 

— Isso o quê?

Ela apontou para si mesma e a sala ao redor. Ele olhou para o chão por um instante, girando os anéis do dedo anelar. 

— Eu… 

— Seus amigos pareceram bem acostumados… 

Ele voltou os olhos para ela, passando a mão pelos cabelos. 

— É um hábito da nossa banda, eu acho. Depois dos shows, gostamos de fazer uma festinha privada. Convidamos algumas pessoas que achamos interessantes e gostaríamos de conhecer melhor, escolhemos um tema para as músicas e dançamos. Às vezes fazemos uma competição de karaokê e… 

— Então você me acha interessante? 

Ele assentiu.

— E gostaria de me conhecer melhor?

Ele assentiu de novo.

Bella estreitou os olhos, o cérebro entorpecido tentando raciocinar.

— Ahhh, tudo bem, já entendi.

Edward pareceu esperar uma explicação que não veio. 

— Entendeu o quê?

Ela sorriu, relaxada, esparramando-se no sofá. 

— Você pretende me levar para a cama.

Ele engasgou na água que bebia.

— O que foi?

— Não vou tocá-la esta noite. 

— Então você não quer me levar para a cama?

Edward riu diante de seu tom ofendido. 

— Sei bem quais são os efeitos dessa droga, amor, e não quero que você faça nada de que vá se arrepender depois.

— Pode pelo menos me ajudar a tirar esse negócio? — Balançou a pulseira roxa para ele.

Edward aproximou-se mais uma vez, os olhos fixos em seu pulso. Ele rasgou a pulseira com a mesma delicadeza com que afastara os fios de cabelo do seu rosto. Ela desejava que ele permanecesse ali, mas Edward novamente se afastou.

— Pronto.

— Por que você está tão longe de mim? Eu não mordo. 

Edward riu.

— Estou frustrando você?

Ela cruzou os braços. 

— Está. 

— Ótimo. Você está me frustrando também. 

Fitaram-se em silêncio. 

A consciência vacilante de Bella não compreendia. Ela mal sabia como estava se sentindo e tampouco entendia por que Edward estava tão longe dela. Só sabia que tinha um desejo insistente de tocar as bochechas dele, de prender as mãos nos seus cabelos, de afundar o rosto em sua camisa, de aninhar-se em seu colo e aspirar seu cheiro tão convidativo. Ela queria pele.

E ele queria alguma coisa também, porque suspirou junto com ela assim que eles quebraram o contato visual. 

— Poderíamos distrair um ao outro de nossas frustrações, o que acha? — Edward perguntou.

— Nos distrair como? 

— Qual a sua música favorita? 

— Eu gosto de “Clair de Lune”, do Debussy. Conhece?

Ele murmurou as primeiras notas com perfeição. Ainda muito longe, Bella pensou. Queria ouvi-lo cantando em seu ouvido. 

— Isso mesmo. 

— Eu gosto dessa música também.

— Ah, eu sei bem do seu gosto musical… 

— Andou pesquisando sobre mim então? — O tom de voz dele era descontraído. 

— Mas é claro. — As palavras escorregavam da boca de Bella. — Uma pesquisa bem completa, por sinal. Pedi um relatório para um hacker e tudo. 

Ele riu alto. 

Os dois gastaram as próximas horas conversando sobre tudo, desde banalidades até assuntos como literatura, cinema e política. Quando perceberam, a noite tornava-se dia, o céu antes negro adquirindo um tom azul. A euforia inicial de Bella transformou-se em letargia. Suas pálpebras agora pesavam como chumbo. As palavras de Edward desvaneceram no ar. Ela não ouvia mais nada. Não sentia mais nada. Fechou os olhos, desistindo de lutar contra o sono. 

Bella não tinha certeza se estava sonhando ou não. Fosse o que fosse, ela sentia embaixo dela a maciez do colchão; em cima de seu corpo exausto a suavidade do lençol; sob sua cabeça, a fofura do travesseiro. 

E em seus ouvidos, as notas angelicais de um piano. 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Comentários são sempre bem-vindos! :)



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