Em Tempos de Guerra escrita por Slinwood


Capítulo 2
Show de Marionetes




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Tudo aconteceu ao mesmo tempo.

Bem quando o guarda de cabelos vermelhos lançava a marionete em direção ao trio, a Raíz agiu mais rápido e correu bem na direção do inimigo, sem dúvida buscando por brechas em sua defesa. Kazuko e Minato se moveram desajeitadamente em direção ao corredor, onde ambos poderiam se proteger e analisar suas chances de fuga. Minato estava fora de combate até que a pílula de comida fizesse efeito, o que demoraria mais tempo do que o ideal. Kazuko precisava voltar imediatamente para o salão e ajudar a outra kunoichi, mas de forma a não chamar a atenção de todo o esconderijo para cima deles. Parecendo ler os pensamentos da companheira, Minato disse:

—Ainda não sei quem pode ser esse inimigo, mas tenho um bom palpite, e se estiver certo, àquela shinobi não terá a mínima chance sem você.

—Mas Minato-!

—Vá! Não temos tempo!

Sem pensar duas vezes Kazuko assentiu, ajudando-o a se sentar no chão encostado a uma das paredes. O som do combate frenético continuava ao lado, mas a jovem não podia deixá-lo desprotegido como estava. Se lembrou do que um dos pupilos de Minato entregara a ela antes de sua partida, e remexeu os bolsos:

—Aqui, fique com uma de suas kunais de teletransporte, Rin sabia que precisaria - com o comentário, Minato apenas sorriu e a apanhou, ainda com as mãos trêmulas. Kazuko não esperou mais e o deixou para entrar de vez em combate. No pouco tempo em que ficou ausente, notou que a outra ninja teve algum progresso. A marionete tinha dois braços direitos a menos, e o guarda tinha uma cicatriz nojenta e pegajosa de sangue na testa. Mei continuava procurando por brechas, mas seu ritmo já não era o mesmo.

Kazuko resolveu tomar a dianteira: puxou um pergaminho e em segundos tinha o yari nas mãos, disparando pelo flanco direito do inimigo. Prevendo seus movimentos, Mei seguiu pelo esquerdo enquanto se preparava para pular por cima da marionete. Bem quando Kazuko se aproximava do estranho boneco, o moleque o lançou tão velozmente na direção da outra kunoichi que suas engrenagens fizeram um som metálico terrível. Ela mal teve tempo de se esquivar, e a marionete abriu um buraco enorme na parede onde ela estivera um segundo atrás.

Quando Kazuko voltou sua atenção para o inimigo novamente, era tarde demais. Ele agora invocava mais uma marionete, e dessa vez o kanji no pergaminho dizia Corvo. Esta era bem parecida com a Formiga Negra, tirando o rosto e o cabelo desgrenhado. Pensando duas vezes, Mei recuou para a posição de Kazuko e as duas observavam suas chances reduzirem mais uma vez:

—Há! Onde está aquela confiança toda de uns minutos atrás? - o guarda debochava com um sorriso de canto, esperando.

—Isso está demorando mais do que deveria, Sasaki-san... Temos que ir agora - a jovem olhou incrédula para a outra e apenas respondeu:

—Do que está falando!? Se formos agora ele com certeza nos perseguirá e chamará a atenção de todos os Areia desse lugar, é arriscado-

—Demorei algum tempo para reconhecê-lo, mas agora não tenho dúvidas: este é Sasori da Areia Vermelha! Seu nome e aparência não estavam em nenhum databook que encontrei, nenhum guarda sabia quem esse moleque era, mas agora... agora não temos como-

Técnica de Marionetes! Tiros de veneno!

Impaciente com a demora das shinobi Sasori controlou o Corvo, que começou a lançar dardos pela boca por todo o salão. Ambas esquivavam como loucas, e nesse frenesi não perceberam a aproximação da Formiga. Esta tinha foices pingando de veneno letal que brotavam de cada braço restante, e como se não bastasse, começou a girar a toda na direção de Kazuko.

Técnica de Marionetes! Redemoinho da Areia Vermelha!

Cada movimento parecia ser o último, até que ela pôde aproveitar uma pequena brecha e partir para cima do guarda.

Já não tinha mais seu yari em mãos - este ficara largado no chão em algum momento durante o ataque -, mas ela não precisava de arma alguma para lidar com um titereiro. Quando pensava estar próxima o suficiente para nocauteá-lo, o Corvo surgiu em seu caminho, arremessando-a com toda a força para o outro lado do salão. Mesmo caindo de pé, sentia uma ou duas costelas quebradas. Mei agora era alvo da Formiga, que conseguira fazer um bom estrago em seus braços, agora cheios de cortes e sangue. Aquela visão fez o coração de Kazuko parar por um segundo: com o veneno em sua corrente sanguínea, a Raíz não demoraria para cair paralisada ou pior: morta.

O pensamento foi suficiente para que a kunoichi esquece-se a razão e parti-se com tudo. Com uma série de selos, ela se dirigiu primeiro para ajudar Mei:

Doton: Prisão de Rocha!

No mesmo instante o chão logo abaixo da Formiga se agitou e firmou as pernas da marionete. Foi o suficiente para que Mei escapasse e para que Kazuko decepa-se a cabeça mecânica com seu yari recém recuperado. Aquilo pegou Sasori de surpresa, fazendo-o agir por impulso. Ele lançou novamente o Corvo na direção das kunoichi, mas dessa vez ambas estavam preparadas.

Doton: Barreira Sólida!

Katon: Chuva de Shurikens em chamas!

Com defesa mais ataque combinados, ambas finalmente incapacitaram a marionete restante, agora em pedaços fumegantes bem a sua frente. Devido a lentidão típica dos titereiros, o inimigo não teria a menor chance de escapar das shurikens restantes sem ferimentos, mas suas mãos eram habilidosas e bem treinadas. Puxando mais um pergaminho, invocou uma enorme marionete em formato de salamandra. Ela era mais resistente do que as anteriores, conseguindo proteger o seu mestre completamente.

As kunoichi se entreolharam, apreensivas e revendo seus planos de ataque ou fuga. Aproveitando a deixa, Minato finalmente surgiu no salão como um raio amarelo. Em movimentos rápidos - mas não como costumavam ser devido a sua condição - lançou uma série de ataques tanto na Salamandra quanto em Sasori. O titereiro gritou de surpresa, mas não deixou de causar alguns danos ao outro ninja com as garras do boneco. Após os ataques, Minato se juntou as kunoichi no fundo do salão, arfando pelo cansaço:

—Ele está... mais lento do que antes... se quisermos sair daqui vivos, bem- - Minato dizia para ambas.

—... essa é a hora: vamos! - Kazuko completou – Deixem que eu vá na frente, existem muitas armadilhas pelo caminho!

Todos assentiram e partiram em direção ao corredor, deixando um Sasori atordoado para trás. A batalha cobrara o seu preço, e Kazuko via como o trio penava para seguir em frente. Alguns guardas do esconderijo apareciam em sua frente, mas Kazuko era rápida, pressentindo suas presenças com os poderes sensitivos e incapacitando a todos com a ajuda dos dois parceiros. O caminho de volta não foi fácil, mas após o que pareceram horas finalmente chegaram até a escada enferrujada.

A fuga parecia certa, e a kunoichi que liderava deixou que Minato subisse primeiro. Ela e Mei se mantinham alertas para o caso de Sasori ou outro dos Areia surgissem de repente, mas tudo estava calmo. Talvez calmo até demais. Tudo o que escutavam eram seus próprios batimentos acelerados, e quando o jovem já estava a uma boa distância acima, era a vez de ambas subirem as escadas rumo a liberdade.

Foram precisos alguns minutos, mas o trio finalmente chegou até o lado de fora do esconderijo. Ainda era madrugada, e o vento na paisagem desértica era bastante frio. Minato e Mei já estavam de pé, prontos para partir quando Kazuko saía pelo alçapão. Era difícil dizer quem estava pior, mas ela chutaria que pelo suor e o tom doentio da pele da Raíz esta estava à beira de desmaiar:

—Mei-san, precisa se sentar um pouco-

—Não... não antes de sair da área... eles... eles ainda podem estar nos seguindo...

—É verdade, Sasaki-san, ainda podemos ser seguidos... precisamos de um abrigo para a noite.

A jovem analisou rapidamente a situação. O plano original era que assim que o refém fosse salvo retornassem a base o mais rápido possível, diminuindo as chances de serem emboscados ou rastreados, mas tudo mudara. Havia mais um elemento inesperado para considerar, agora que Mei estava no grupo. Kazuko ainda não confiava completamente na Raíz, afinal, era muito estranho que Danzo a tivesse mandado justamente para a base inimiga na qual Minato ficaria preso pouco tempo depois.

Ainda havia o fato de que, após um mês como infiltrada, ela não sabia da existência de Sasori, que poderia estar manipulando-a facilmente. Fosse como fosse, todos estavam exaustos e precisavam urgentemente restaurar suas forças. Como líder daquele resgate, Kazuko não permitiria que nenhum deles morresse sob sua liderança:

—Muito bem, escutem vocês dois. Aqui ainda não é seguro para conversarmos. Me sigam – como uma unidade, os três shinobis partiram, ainda ansiosos e atentos para o caso de estarem sendo seguidos. Para mascarar suas posições, todos criaram clones das sombras que seguiram em três direções diferentes das deles. Era mais do que o suficiente, mas como precaução ainda havia a armadilha com as cobras gêmeas que Kazuko invocara horas antes.

A kunoichi mal podia acreditar em como tudo saíra do controle tão rápido. É claro que qualquer missão, em especial as de rank S, carregavam esse tipo de risco, mas todos ali passaram muito perto de morrerem naquela noite.

Pelo visto ainda não será hoje que encontrarei meus ancestrais..., pensou Kazuko.

—Ali, perto do arco de rocha! - disse de repente Minato – Teremos algum campo de visão da área!

—Sim... parece um bom lugar - sussurrou Mei.

A outra kunoichi não achava que ali fosse o local perfeito, mas nenhum deles estava em condições de continuar:

—... é melhor do que nada... vamos, mas não baixem a guarda!


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