Legado escrita por LC_Pena


Capítulo 3
Capítulo 3. Cerveja




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Era um dia de celebração – ou havia sido no dia anterior – então James Sirius deixou que ela escolhesse o local, porque Flora disse que tinha um último item sobre a história dos tempos de seus pais que queria investigar.

— Está atrasada, como sempre! — Ele comentou despretensiosamente, sem levantar seu olhar do pistache que estava descascando no balcão daquela birosca.

— As ruas de Hogsmeade estão ridiculamente lotadas, não é tão fácil se mover quando se tem apenas um metro e meio de pura atitude! — Flora resmungou, enquanto se ajeitava no banquinho alto ao lado do amigo. — Ufa! Credo... Por que o mundo todo tem que ser tão cretino com as pessoas de baixa estatura?

— Por que você tinha que parar de crescer aos 14 anos?

— Por que você tem que ser um babaca logo no nosso último final de semana em Hogwarts?

— Por que estamos aqui, Flora? — James cortou a baboseira, jogando uma casca de pistache na cara de sua amiga de infância. Ela não ligou para a sujeira que ficou presa na sua trança lateral, estava com aquela expressão sonhadora que assumia de vez em quando.

— Demorou uma eternidade para a gente finalmente ter idade suficiente para entrar aqui... — Ela falou em não mais do que um sussurro, admirando pela primeira vez o lugar em que estavam.

James também olhou ao redor, como se não tivesse passado os últimos 20 minutos notando as castanhas velhas sob o balcão gorduroso, as garrafas de bebida empoeiradas atrás do barman pouco simpático ou as mesas de madeira estranhamente vazias para um final de semana de compras lotado na vila.

— Onde é exatamente “aqui" na sua lista absurda de coisas que você acha que precisa saber mais, mas obviamente é só a sua voz interior corvinal falando? —  Ele provocou com um tom leve, porque pelo visto tinha algo a ver com a mãe dela de novo.

Sempre que Flora tinha um item da lista que estava diretamente ligado à falecida Luna Lovegood, ela assumia essa expressão pensativa. O rapaz já estava acostumado e não podia dizer que não gostava, porque aquela era uma expressão que combinava bem com seus olhos sonhadores.

— Ah, ali está! — A moça de 18 anos apontou encantada para uma sessão do bar onde ficava uma parede cheia de pequenos retratos empoeirados. — Aqui, James, vem ver!

O grifinório a seguiu, então se viu parado em frente a um verdadeiro memorial de guerra. James viu mais de uma moldura com retratos e notícias sobre seus pais e tios, mas Flora havia se abaixado para dar toda a sua atenção para a foto de um casal bem no final da parede.

— Seus pais? — Perguntou apenas por educação, porque professor Neville era facilmente reconhecível, mesmo estando tão jovem na foto quanto ele e Flora eram agora. Já a moça loira... — Você se parece muito com ela.

— Essa foto foi tirada imediatamente depois da batalha final... Eles pareciam tão jovens! — A corvinal disse, enquanto passava os dedos de leve sobre a foto, deixando um rastro de limpeza na imagem empoeirada.

Seu pai olhava timidamente para sua mãe e ela sorria serenamente, dando uma piscada para algo que ele havia dito. Nunca havia entendido aquele romance, mas cá estava, o primeiro momento, a primeira faísca de algo entre os dois.

— Ele a chamou para sair nesse dia. — Flora informou, tentando extrair o máximo de informação daquela simples imagem, que era exatamente igual a que tinha visto tantas vezes na sala de sua casa.

— Que ótimo senso de oportunidade! — James brincou, oferecendo à garota uma caneca de cerveja que havia pedido enquanto ela esteve perdida em suas divagações. Flora riu, antes de aceitar o copo.

— Eles tiveram seu primeiro encontro aqui...

— Que ótimo senso de estilo. — James respondeu, então fez uma careta ao provar a cerveja trouxa que tinha nas mãos. — Merlin, a bebida aqui é horrível!

— Eu sei, esse é um dos detalhes mais absurdos, que sempre me deixou estranhamente obcecada com essa coisa toda: o romance deles tinha tudo para dar errado, então como é que deu certo?

Ela perguntou encantada e irritada, em igual proporção, fazendo James rir, sem deixar de notar que ela havia colocado a caneca de cerveja no chão sem dar nenhum gole.

Garota esperta.

— Tem umas coisas que não precisam de explicação lógica, Flora.

— Tipo o quê?

— Tipo o feitiço que você colocou em mim, para eu sempre estar aqui. — Ele falou enigmático, fazendo a corvinal o escrutinar na posição pouco privilegiada em que estava, de cócoras enquanto ele estava de pé, apoiado em uma das mesas vazias do bar.

— Qual feitiço? Se disser uma maldição imperdoável, você vai morrer vítima da maldição escolhida! — Ela alertou, enquanto pegava sua cerveja quente e amarga – podia dizer só pelo cheiro e pela espuma em excesso – e se levantava para ficar cara a cara com o grifinório.

— Eu admiro a poesia da sugestão, mas não sou tão dramático assim. — Ele deu de ombros, humilde, a fazendo revirar os olhos. — Se quer saber, seu feitiço é o Accio.

— Sério? E o que isso quer dizer?

James deu de ombros novamente. Se Flora quisesse mesmo saber o que ele queria dizer, que ela fizesse uma lista para investigar depois.


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Notas finais do capítulo

Lembrem aí para que serve um accio e talvez a história faça sentido. Talvez...



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