Tales of Star Wars escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 3
"Que mal há em chamar uma amiga pra dançar?" (Anakin x Padmé)


Notas iniciais do capítulo

Olá, para todos!

Eu me diverti muito escrevendo esse conto. Espero muito que gostem ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792316/chapter/3

Aquela era, com certeza, a primeira vez na vida em que ele fora a um evento tão formal.

Parecia outro universo: a decoração, a música, a comida, a bebida. Tudo da melhor qualidade. Ele mal sabia como se portar naquele ambiente. Chegava a ser desconfortável estar ali. Por alguns instantes, tentou imitar Obi-Wan ou Mace Windu, cumprimentando os senadores presentes enquanto circulava pelo salão com uma taça de champagne. Mas, diferentemente de Obi-Wan, pelo menos, jamais conseguiria se sentir tão solto a ponto de já estar na quarta taça de martini, jogando cartas e com um charuto nas mãos. Era estranho, era esquisito. Além do fato de que ele não via sentido algum em gastar toda aquela fortuna em uma comemoração pelas vitórias nas Guerras Clônicas enquanto todo aquele dinheiro podia ser revertido em mais fundos para financiar as próximas batalhas (e, talvez, encurtar o conflito).

            Após alguns rápidos minutos desde que chegara, Anakin Skywalker já não via mais propósito em estar ali. Apenas queria ir embora.

            – Mestre, eu posso experimentar um desses?

            Anakin se virou, sem nem sequer perceber que alguém o acompanhava.

            – Você é bem nova pra beber, não é, Ahsoka?

            – Talvez – ela assumiu. – Mas eu não sei se consigo ficar mais um minuto nessa festa sem surtar se eu não tiver bebido nada um pouco mais forte.

            Anakin suspirou.

            – Eu te entendo perfeitamente — ele confessou. – Espere aqui. Vou pegar algo pra você.

            Anakin atravessou o salão, evitando se aproximar do centro onde alguns casais dançavam. Àquela altura da festa, uma boa parte dos convidados já havia bebido mais do que devia, então a música ambiente era calma e ritmada. Uma tentativa (por enquanto, bem sucedida) de evitar quedas e vexames. Por fim, o Jedi chegou ao bar do outro lado do salão e se dirigiu ao barman.

            – Sim?

            – O que você tiver de mais fraco – ele pediu.

            O barman acenou com a cabeça e se pôs a trabalhar. Anakin, por outro lado, voltou-se a observar o salão e, por alguns instantes, questionou-se se o era possível que outras pessoas vissem o tédio estampado em seu rosto. Queria apenas sair dali e ir dormir, mas não tinha como fazer isso sem ser rude, uma vez que o próprio chanceler Palpatine havia requisitado a sua presença. Pelo visto, precisaria aguentar pelo resto da noite. Diante da perspectiva, ele bebeu em apenas um gole o que ainda havia de champagne em sua taça e voltou-se para o barman novamente.

            – E uma taça do que você tiver de mais forte também, por favor.

            – Claro, senhor.

            Assim que se voltou a olhar para o salão, seus olhos a encontraram.

            Ela estava sentada com as pernas cruzadas em uma mesa, próxima mesa em que Obi-Wan acabara de chacoalhar ao jogar suas cartas. Estava acompanhada do senador Organa e da senadora Mon Mohtma. Ela segurava graciosamente uma taça com um conteúdo vermelho, gelo e uma casca de laranja. Provavelmente, uma das bebidas amargas das quais ela era tão fã. Usava um vestido verde que brilhava de forma discreta (porém, hipnotizante) a cada vez que ela se mexia. E ela ria. O riso angelical e delicado que tão bem se encaixava em seu rosto.

            Ele permaneceu imóvel por alguns minutos (ou seriam horas?) apenas observando Padmé Amidala, precisando lutar contra o álcool em seu sangue para não avançar até ela e beijá-la na frente de todos os presentes. Por Deus, ele daria tudo no mundo para que pudesse ter um momento desses com ela sem precisar se preocupar com os cargos que eles ocupavam e com as consequências da revelação de seu casamento secreto.

            – Aqui estão, senhor.

            Anakin foi retirado de seu transe e deu meia-volta. À sua frente, encontravam-se duas taças. Uma quase igual a que ele vira Padmé beber alguns instantes antes e outra com um conteúdo azul que mais parecia algo radioativo do que alguma coisa que se pudesse beber.

            – Sugiro beber esse aqui bem devagar – disse o barman, apontando para a bebida azul.

            – Obrigado – disse Anakin.

            Com as duas taças, ele se voltou até onde deixara Ahsoka. Sua Padawan parecia estar distraída enquanto assistia um desinibido Obi-Wan blefando sobre suas cartas. Anakin jamais imaginara que seu mestre se transformasse em uma pessoa completamente diferente após alguns drinks.

            – Aqui está – Anakin entregou a bebida de Ahsoka a ela. – Mas amanhã nós vamos conversar bastante sobre isso, viu, Abusada?

            Ahsoka revirou os olhos.

            – De qualquer forma, obrigada, Mestre.

            Os dois brindaram e Anakin deu o primeiro gole de sua bebida.

            Grave erro. Não pelo gosto. Era deliciosa. Mas porque era forte. Praticamente álcool puro. Ele, que também não tinha o costume de beber, sabia que consumir tudo aquilo seria um erro. Se assim o fosse, talvez ele tivesse coragem de convidar o próprio Obi-Wan para dançar (e, a julgar pelo estado do mestre Jedi, ele provavelmente aceitaria).

            – Eu acho que você venceria Obi-Wan – disse Anakin e Ahsoka o olhou perplexa. – Qual é? Ele não para de vencer. Alguém tem que tirar ele dessa mesa. E com certeza não vou ser eu.

            Ahsoka sorriu para ele.

            – Como quiser, mestre.

            Então, quando mais um derrotado se levantou, Ahsoka se ocupou o seu lugar. Ela e Obi-Wan se encararam por alguns segundos como se estivessem prestes a entrar em um duelo mortal com os sabres de luz e, por fim, Obi-Wan riu e começou a embaralhar as cartas.

            – Estive esperando a noite toda você me chamar pra dançar, mas, pelo visto, a iniciativa teve que partir de mim.

            Anakin se virou assustado, como se tivesse sido pego em flagrante fazendo algo ilegal.

            Padmé estava ao seu lado, olhando e sorrindo para ele. Aquele sorriso que ela sempre lhe lançava quando queria alguma coisa.

            – Padmé, aqui não – ele sussurrou. – Todos vão nos ver.

            Com certeza, Padmé não estava plenamente sóbria. A Padmé que ele conhecia jamais sugeriria algo daquele tipo se estivesse com pleno domínio de todas as suas faculdades mentais. Era inconsequente, imprudente... Mas Anakin não conseguia negar que aquilo o excitava.

            – Não há com o que se preocupar – ela rebateu e Anakin pode sentir um discreto cheiro de álcool vindo dela. – Até o Mestre Mace está dançando.

            – Com a Madame Jocasta – disse Anakin.

            – E você dança comigo – ela se aproximou dele. Estava próxima. Próxima demais. – Até onde eles sabem, nós somos apenas bons amigos. Que mal há em chamar uma amiga pra dançar?

            Anakin estava relutante. Mas ele não conseguia dizer não para aquele rosto...

            Ele levou sua taça até a boca e deu um longo gole de sua bebida. Quase que imediatamente, ele sentiu o álcool circulando em cada dobra do seu cérebro e sabia que se arrependeria disso em alguns instantes. Por fim, ele colocou o que sobrou de sua bebida na mesa ao lado de Ahsoka e se voltou para Padmé em uma pomposa reverência, estendendo-lhe a mão.

            – Me dá a honra, senadora?

            Ela não respondeu, mas aceitou sua mão e praticamente o puxou para o centro do salão, juntando-se aos outros casais.

            Padmé deu meia volta e parou diante do marido pousando uma mão sobre seu ombro e segurando a mão robótica dele com a outra. A mão humana de Anakin, no entanto, pousou suavemente sobre a cintura dela.

            – Um pouco mais pra baixo, se quiser – ela sussurrou e ele riu.

            – Vai por mim, você não sabe o quanto eu quero – ele respondeu.

            Quando Anakin começou a conduzi-la, Padmé se aproximou ainda mais e pousou a cabeça sobre o seu peito. Quase instantaneamente, Anakin olhou ao redor, temendo ter sido visto por alguém do Conselho Jedi.

            – Todos eles estão bêbados, Ani – disse Padmé, sabendo o que se passava na cabeça dele naquele momento. – Mesmo que nos vejam, não vão se lembrar de absolutamente nada amanhã.

            – Ahsoka ainda não está.

            – E você realmente acha que ela não suspeita de nada?

            A pergunta, irônica, fez Anakin arregalara os olhos. Ele procurou sua Padwan e suspirou aliviado quando viu que ela estava plenamente distraída em seu jogo de cartas.

            – Acho que essa é a primeira vez que ficamos juntos em público, não é? – perguntou Padmé.

            – Talvez não a primeira, mas com certeza a primeira vez que parecemos tão íntimos.

            Ela sorriu.

            – A gente podia sair pra jantar qualquer dia desses, não é? – ela sugeriu. – Você sem seus trajes Jedi, eu sem meus trajes de senadora. Em algum lugar bem afastado, do outro lado de Coruscant. Seríamos irreconhecíveis. O que acha?

            – Eu acho uma ótima idéia – Anakin respondeu. – Preciso beber um pouco mais pra ter coragem de dizer “sim”, mas não vou mentir. Eu adorei.

            – O quê? – Padmé parecia intrigada. – Anakin Skywalker está com medo de alguma coisa?

            – Talvez – ele assumiu. – Mas não é assim que me sinto perto de você, geralmente.

            – E como você se sente perto de mim, então?

            – Com a guarda baixa.

            Padmé riu.

            – Vindo de um general, imagino que isso seja o mais romântico que você consiga ser.

            – Ultimamente, sim.

            Padmé retirou a mão do ombro de Anakin e o envolveu em um abraço, apertando o corpo do marido contra o seu. Podia sentir o seu calor e o seu perfume misturado com o cheiro de álcool. Havia algo de sensual e de hipnotizante naquilo que ela não sabia explicar, mas queria aproveitar cada segundo. Por alguns instantes, os dois permaneceram em silêncio, percorrendo lentamente o centro do salão em um balançar lento e ritmado. Por alguns instantes, Anakin pôde ver Obi-Wan olhando diretamente para os dois, mas, devido ao já presente efeito do último gole de sua bebida, ele não conseguiu sentir nenhuma forma de inibição. Àquela altura de sua sobriedade, estava pouco ligando para o que Obi-Wan ou qualquer um dos presentes pensassem.

            – Eu estava com saudades de você, Ani – disse Padmé.

            – Eu também – ele emendou imediatamente. – Quanto tempo foi? Nove dias? Dez?

            – Doze – respondeu Padmé. – E foi tão estressante, Ani. Achei que aquelas negociações em Jakku não iam terminar nunca. Eu queria estar em qualquer outro lugar que não aqui, tendo que bajular meus colegas. Qualquer outro lugar com você.

            A mão de Anakin deslizou da cintura de Padmé para suas costas em um abraço afetuoso. Por um segundo, ele esqueceu dos vários Jedi e senadores presentes e beijou o topo da cabeça de Padmé.

            – Pois eu também queria ir embora.

            Padmé ajeitou sua postura, olhando diretamente nos olhos do marido.

            – E se nós fossemos embora sem ninguém nos ver? – sugeriu Anakin. – Vamos pra casa. Eu posso preparar uma bebida quente pra você e passamos o resto da noite juntos, pra matar as saudades desses doze dias? Que tal?

            O sorriso no rosto de Padmé era o “sim” que ele esperava ouvir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Lembrem-se: os prompts estão sempre abertos. É só me enviar seu pedido nos comentários!

Beijinhos e até a próxima ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tales of Star Wars" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.