Tales of Star Wars escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 13
Uma peça no tabuleiro (Bariss Offe x Imperador / Imperador x Darth Vader)


Notas iniciais do capítulo

Voltei mais rápido do que de costume, mas a idéia pra esse conto surgiu na minha cabeça e eu PRECISAVA escrever hahahaha Acabei escrevendo tudo de uma vez, então já to postando ♥

Espero muito que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792316/chapter/13

Os dois stormtroopers caminhavam lado a lado com ela, segurando seu braço com força enquanto as algemas prendiam seus pulsos. Ela poderia se salvar facilmente. Bastava mentalizar as algemas abertas e elas se abririam, liberando suas mãos. Bastava mentalizar e os stormtroopers que a escoltavam seriam arremessados para o lado, e eles seriam. Podia até matá-los se quisesse. Mas, então, iria para onde? Não tinha mais seu sabre de luz e, sem eles, jamais conseguiria sair daquele local apenas com a Força. Por todos os corredores em que passava, via-se dezenas de stormtroopers e seguranças imperiais. Mesmo que ela se soltasse, apenas um milagre a tiraria de lá com vida.

A jovem conhecia muito bem aqueles corredores. Vivera a vida toda lá. Mas estavam diferentes. Por todos os lados do Tempo Jedi, bandeiras e estandartes ostentavam um símbolo diferente do da Ordem Jedi. E não havia nenhum Jedi por lá. Nem mesmo um mísero Padawan. Apenas oficiais. Ela ainda não sabia ao certo o que havia acontecido nos últimos meses, mas sabia que se tratava de algo muito grave. Os Jedi jamais permitiram aquela militarização do templo em condições normais. E, mesmo que as condições fossem normais, o Conselho deveria ter relutado muito em aceitar aquilo.

Com uma certa violência, a jovem foi colocada em um elevador, os stormtroopers um de cada lado. Seria executada, finalmente, por ter bombardeado o Templo Jedi? Talvez. Talvez ela merecesse. Talvez não. Mas ela tinha um ponto a provar. Que os Jedi já não mais defendiam os mesmos valores que antes. E, se fosse necessário, morreria pra isso. Apenas esperava que fosse uma morte rápida.

Por fim, a porta do elevador se abriu e Bariss Offee se viu em uma imensa sala. Nas laterais, guardas vestidos com capacetes e túnicas vermelhas, segurando lanças. Ao fundo, uma poltrona ocupada por um homem de feições familiares, mas muito mais velho, coberto pelo capuz de uma túnica escura. Ao seu lado, havia uma figura, diferente de qualquer outra que Bariss já havia visto na vida: uma figura alta, vestindo um traje preto e um capacete igualmente preto que se assemelhava a um crânio, em um aspecto macabro que fez o sangue da ex-Padawan congelar com a sua simples presença; debaixo do capacete, vinha uma respiração ruidosa e ritmiada.

— Aproxime-se – disse o homem na poltrona.

A passos lentos e sem conseguir tirar os olhos da figura espectral e macabra em pé à sua frente, Bariss obedeceu, sem conseguir imaginar que tipo de morte estava reservada para ela. Por fim, ela parou em frente à poltrona e, apenas nesse momento, voltou se olhar para o homem.

De perto, era nítido que se tratava do chanceler Palpatine. Mas estava desfigurado, envelhecido.

— Ajoelhe-se.

A voz metálica do homem ao lado do chanceler chegou aos ouvidos de Bariss Offee, assustando-a.

— O quê?

— Ajoelhe-se para o Imperador – disse o homem.

A figura, então, estendeu a mão, apontando seu dedo indicador para Bariss. A jovem, então, sentiu seu corpo todo travar e uma dor lancinante percorrer cada centímetro de pele seu. Ela caiu de joelhos, quase imediatamente.

— Chega, Lorde Vader! – o chanceler (ou seria Imperador?) repreendeu furiosamente o homem.

— Como desejar, mestre.

A figura macabra e misteriosa atendeu a ordem, recuando o braço e, instantaneamente, a dor no corpo de Bariss cessou, mas ela não ousou se levantar novamente. As feições no rosto do Imperador mudaram. Havia um sorriso (cruel ou acolhedor, era difícil diferenciar) quando ele voltou o olhar para Bariss.

— Você é Bariss Offee, não é?

— Sou – ela confirmou.

— Eu me lembro de você – o Imperador prosseguiu. – Lembro do que fez com o Templo Jedi. Você foi ousada. Deve se sentir orgulhosa.

— Não me sinto – ela disse. – Foi um mal necessário, chanceler. Os Jedi se desviaram do seu caminho e precisavam aprender uma lição.

A expressão dúbia no rosto de Palpatine morreu ao seu chamado pelo seu antigo título.

— É Imperador, agora – ele rebateu.

 – Perdão, Imperador – ela baixou a cabeça, ainda ajoelhada, evitando contato visual.

 Houve um curto silêncio, quebrado apenas pela respiração ofegante do tal Lorde Vader.

— Você não sabe, minha jovem, mas o que você queria acabou acontecendo – disse o Imperador, reassumindo um tom de voz mais ameno. – Meu aprendiz, Lorde Vader, terminou o que você começou. Os Jedi estão mortos. A Ordem foi extinta!

 O horror surgiu no rosto de Bariss. Não! Ela nunca tivera a intenção de exterminar os Jedi. Queria apenas... apenas... relembrá-los de seu caminho... Infelizmente, jamais conseguiria isso com palavras. Eles precisavam de um choque para, finalmente, perceberam o quanto a arrogância deles os havia desviado da luz. Mas, exterminá-los? Nunca!

— Vejo que não anda muito informada sobre os últimos acontecimentos, não é? – questionou o Imperador.

Diante da ausência de resposta de Bariss, o Imperador olhou para Vader, dando-lhe autorização com um aceno de cabeça. Pela segunda vez, a figura estendeu sua mão para Bariss, que se contorceu de dor no chão enquanto centenas de imagens passavam em sua cabeça como um filme desconexo.

Jedi... sendo mortos... pelos clones. Em toda a galáxia. Em todos os lugares. Ali, no Templo. Inclusive exatamente sobre o local em que ela estava. Mestres. Cavaleiros. Padawans. Todos mortos. Então, ela se viu na sala do chanceler, no Senado. Via claramente Mace Windu atacando o chanceler.

Vader recuou, e Bariss se viu novamente na sala.

— Os Jedi tentaram um golpe – disse o Imperador. – Tentaram me matar para tomar o controle da República.

Dito isso, ele se levantou e caminhou até Bariss.

— Você sempre esteve certa, minha cara – disse ele, reassumindo sua voz condescendente. – Foi a única capaz de ver que os Jedi haviam se desviado de seu caminho. Foi a única capaz de ver a corrupção e a quebra de dogmas dentro da Ordem. Mas foi suficientemente inocente para acreditar que se tratava de um equívoco. Que os Jedi haviam se esquecido de seus deveres por estarem atarefados e distraídos demais com as Guerras Clônicas. Você acreditou que eles não tinham feito por mal. Mas não foi. Foi tudo um plano cruelmente arquitetado e planejado. E você, uma simples Padawan, era apenas mais uma peça no tabuleiro que eles estavam montando.

Lentamente, o Imperador se abaixou e encarou Bariss nos olhos.

— E eles, em toda a sua injustiça, iam te condenar mesmo assim – continuou o Imperador. – A sua prisão e a sua execução seriam a forma de te calar. Calar a única dentre os Jedi que teve perspicácia o suficiente para perceber a traição pérfida que estava sendo arquitetada. Calar a única dentro os Jedi que teve coragem para se manifestar e se opor ao que viu. Você era um problema. E eles iam te eliminar.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Bariss.

Não... Não todos... Mestra Luminara jamais faria is... Ou faria?

Pelo que se recordava, nem mesmo sua antiga mestra a havia defendido. Ela deixou passivamente que o Conselho a expulsasse. Nem sequer tentou defende-la. Nem mesmo a visitou em sua cela durante todo esse tempo em que havia aguardado por sua execução.

— Assim como eu, você foi mais uma vítima dos Jedi, minha cara – disse o Imperador, ao se levantar. – Mais do que ninguém, eu entendo a sua dor e a sua frustração. E, diferente dos Jedi, eu as valido. São sentimentos fortes demais para serem reprimidos e você não está errada em tê-los. São naturais. São dignos. E são belos. Tão belos quanto a sua sede por justiça e por vingança.

  Nesse momento, o Imperador passou sua mão por cima das algemas de Bariss. Essas se abriram e ela, finalmente, tinha seus punhos livres. Aliviada com a sensação, ela esfregou os punhos antes de perceber que o Imperador estendia a mão para ela, esperando para a ajudar a se levantar.

— Alguns Jedi conseguiram fugir – disse o Imperador. – Junte-se a mim, Bariss. Seja treinada pelo Lorde Vader nos caminhos do lado sombrio e me ajude a caçá-los. Eu quero vinganças pelo que eles fizeram comigo. Acredito que você também quer vingança pelo que eles fizeram com você, não é? Nós podemos ajudar um ao outro, Bariss. Podemos eliminar da galáxia os últimos vestígios da impureza e da corrupção dos Jedi. Juntos.

Houve silêncio.

Bariss olhou do Imperador para Lorde Vader e, então, para o Imperador novamente.

Que escolha tinha? O modo Jedi era o único que ela sempre conheceu. Dedicou toda a sua vida ao código, mas, quando ela finalmente teve coragem de apontar inconsistências, ela foi traída. Ao invés de ouvida, seria descartada. Silenciada. Os mesmos Jedi a quem ela dedicou todo o seu esforço eram os mesmos Jedi que a deixariam morrer em uma execução humilhante.

Uma segunda lágrima escorreu pelo rosto de Bariss no momento em que ela segurou a mão do Imperador. No rosto dele, um largo sorriso de satisfação.

— Eu quero aprender, mestre – ela disse, incapaz de manter contato visual com o Imperador ou com o Lorde Vader, envergonhada pela sua escolha, mesmo sabendo que era a escolha certa. – Me ensine tudo o que preciso saber para caçar os Jedi.

— Você fez a escolha certa, minha jovem – disse o Imperador. – Agora, levante-se, Segunda Irmã.

Bariss, então, apoiou-se sobre o pé esquerdo, impulsionando-se para cima e, finalmente, conseguindo manter contato olho a olho com o Imperador.

Palpatine se virou e, de um dos braços de sua poltrona, pegou um objeto. Apenas quando ele se voltou para Bariss novamente e o estendeu a ela, foi que jovem percebeu do que tratava: um sabre de luz com empunhadura circular.

— Um presente – ele disse. – Que não seja só uma arma, mas o seu instrumento de justiça.

Com o sabre em mãos, Bariss se curvou ao imperador.

— Será, mestre.

—Agora vá – ordenou o imperador. – Os stormtroopers irão te mostrar seus aposentos. Imagino que queria descansar apropriadamente em um lugar mais confortável do que aquela cela, não é?

Obedecendo suas ordens, Bariss seguiu os stormtroopers, saindo da sala pelo mesmo elevador que a trouxera até ali.

— Não precisava ser assim – disse Darth Vader. – Eu podia ter matado ela. Seria um prazer.

— Não – rebateu o Imperador. – Ela é jovem e determinada. Será muito útil para nós.

— Ela é fraca e inconsequente – Vader argumentou. – Irá nos trair na primeira oportuni...

— Silêncio! – ordenou o Imperador.

Vader obedeceu imediatamente. O Imperador se voltou para ela, seu rosto a poucos centímetros da máscara preta do homem. Havia fúria em seus olhos.

— Pensa que não sei porque você quer tanto matá-la? – questionou o Imperador. – Você quer vingança pelo que ela fez com a Padawan de Anakin Skywalker. E não ouse negar! Eu já olhei dentro do seu coração, Lorde Vader. Não há segredos seus que eu não saiba.

Darth Vader se calou. Por medo de retrucar e por haver verdade nas palavras do Imperador.

Palpatine se afastou, olhando seu aprendiz com decepção.

— Ainda há muito de Anakin Skywalker em você – ele disse. – Uma fraqueza que você precisa superar.

— Anakin Skywalker era fraco – Vader respondeu. – Eu o matei.

— Então, prove!

Dito isso, o Imperador se virou, deixando a sala, sendo seguido pela guarda real.

Sozinho na sala do trono, Darth Vader se voltou para a grande janela que ficava atrás da poltrona do Imperador. Por alguns instantes, ele observou o céu de Coruscant, vendo naves e speeders cruzarem de um lado para o outro. Tanto havia acontecido e tanto ainda iria acontecer. Mas, para que tudo pudesse ocorrer da forma, correta, Anakin Skywalker precisava ser extinto.

Sem registros de sua existência e de sua memória.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Apesar de tudo que o Dave Filoni já falou, NADA NEM NINGUÉM me tira da cabeça que a Bariss Offee era a Segunda Irmã hahahaha Ai resolvi escrever esse conto. Mas também porque eu sempre me perguntei quanto do Anakin ficou dormente do Darth Vader e por quanto tempo. E até que ponto as personalidades dos dois se misturavam? Por isso esse final haha

Espero que tenham gostado!

Comentem e peçam prompts hahahaha

Beijinhos e até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tales of Star Wars" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.