MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 24
Queima das mortalhas e eu sendo burra por meio capítulo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥ !



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No dia seguinte Matheus me deixou sair da tenda e voltar para meu chalé. Precisava de um pouco de ajuda para andar e ele estava sempre ao meu lado. Gavin também acordou e teve alta, a primeira coisa que fez foi ir direito a casa grande conversar com Sr.D. Tive medo que eu o tivesse colocado em encrenca, pois não o vi novamente pela manhã.
Quando cheguei ao chalé com Matheus vi vários vasos hidropônicos com girassóis perto de minha beliche.
“Achei que você gostaria. Não é sua flor favorita?” Matheus me diz como se fosse algo completamente normal decorar o chalé alheio com tanto carinho.
“E também elas sempre se viraram para você quando vier me visitar.” Eu brinco com ele, feliz por estar criando mais intimidade com o filho de Apolo. Algumas das plantas estavam viradas para os fundos do chalé, onde o Sol batia agora, outras para o teto e muitas estavam viradas para ele. 
“Também isso.” Eu sorriu um pouco e tocou um dos vasos.
Dimitri tinha colocado meus pertences em um pequeno armário do lado da beliche. Em cima da cama estavam apenas cobertores. Minhas roupas estavam em uma arara que eu podia ver pela porta aberta do banheiro.
O chalé estava arrumado, iluminado e as flores davam a ele uma vida que eu não lembrava de perceber na única noite que passei aqui. A lareira estava apagada e, perto dela, havia alguns livros jogados.
Me lembrei de Dimitri saíra para sua missão um pouco depois que eu.
“Seu cabelo ficou bonito com esse corte.” Matheus diz, brincando com uma mecha.
“Obrigada.” Eu digo e sorrio para ele, ainda deslumbrada com o novo visual do que vai ser minha casa por muito tempo.
“Essa noite vamos fazer uma fogueira, queimar nossas mortalhas e comemorar que voltamos vivos, posso te acompanhar?” O garoto me diz casualmente enquanto me ajuda a sentar na cama, movendo os cobertores para eu ficar mais confortável.
“Claro...” Eu começo a dizer e o efeito Matheus (que me faz ficar burra) bate novamente“Quer dizer, nós iríamos nos encontrar lá de qualquer forma, não é? E eu preciso de ajuda para andar.” Eu digo a ele e o filho de Apolo perde um pouco do brilho nos olhos e me dá um sorriso estranho.
Me virei de costas para ele e bati na minha cabeça com a mão. Como eu podia falar tantas coisas estúpidas perto dele? Será que um dos dons do garoto eram me fazer parecer uma idiota?
“Sim, claro. Serei seu apoio.” Ele me responde um pouco menos energético que antes.
“Obrigada, de novo.” Eu digo, envergonhada e provavelmente ficando vermelha.
“Te encontro aqui.” Ele me diz sorrindo e acena para mim enquanto vai embora.
“Não se eu te encontrar primeiro.” Eu respondo estupidamente.
Quando ele saiu, me joguei na cama e gritei dentro do travesseiro. Porque eu ficava tão estúpida perto dele?
Ouvi uma risada vindo dos fundos do chalé e fiquei tão vermelha quanto os tomates que nasciam crescendo em minha nova casa.
“CALA A BOCA DI...” Eu começo a gritar, percebendo que meu irmão estava ali o tempo todo ouvindo toda minha estupidez.
“Não se eu te calar primeiro!” E continuou rindo alto. Minha vergonha sumiu e comecei a rir com ele. Era boa a sensação de estar em casa, ter uma família e me divertir com ela.
Dimitri não entrou no chalé e eu continuei deitada em minha cama. Mesmo com a cura de um deus eu me sentia cansada o tempo todo. Dormi durante a tarde quase toda. Perto do crepúsculo, me levantei e andei um pouco pelo lugar que eu chamaria de lar pelos meus próximos anos.
Quando sai da cama, notei que minha lança de ouro imperial estava escondida abaixo dela. Não sorri ao lembrar da conversa que eu precisava ter com Dionísio. Todo o drama de quase morrer tirara Pedro de minha cabeça.
Decidi que deveria fazer isso agora.
Andei de meu chalé pela ponte do lago, passando pelo anfiteatro que eu não havia entrado ainda. Passei por uma cabana com uma placa que dizia “Arte e Oficios — alguém viu minha tinta azul?”. Andei mais a frente passando pela quadra de vôlei, onde eu conseguia ver um Pinheiro enorme protegido por um dragão. (Sério... Um dragão? UM DRAGÃO?”). Parei na porta da Casa Grande e respirei fundo antes de entrar(não só porque eu precisava de coragem mas também porque andar tanto me deixou muito cansada e meu corpo todo doía).
Passei por toda a casa até chegar nos fundos antes de achar Sr.D. Ele conversava com um homem enorme e altamente armado. O homem acenou para mim e foi embora em direção a floresta. Dionísio veio ao meu encontro.
“Em que posso te ajudar, Meloe?” 
“Encontrei Pedro na missão. Ele havia roubado o lenço de Afrodite...” Eu começo a dizer, não sabendo muito bem como abordar o assunto, principalmente porque Sr.D não é muito sensível.
“Ta, ta, todo mundo já sabe. Não precisa chover no molhado, garota. Vai se arrumar pra fogueira.” Ele me disse como se eu tivesse feito algo para o irritar.
“Como todos já sabem?” Fiquei confusa com a informação. A não ser que as meninas tenham tido essa conversa com ele enquanto eu estava desacordada... O que não imagino que elas tenham feito.
“O idiota do garoto voltou para cá. Seu pai apareceu no meio de nossa arena de combate e gritou para todos o que o menino havia feito. Acabou com ele em uma luta e o levou para fazer um estágio durante o ano. Volta nas próximas férias.” O diretor do Acampamento me contou e sua voz parecia um misto de tédio e irritação, como se fosse culpa minha.
“O que?” Pergunto, tapada.
“Santo Zeus garota, estou falando latim?” Sr.D aumenta a voz para mim e revira os olhos.
E começou a me empurrar para fora da casa.
Então Pedro voltara para o acampamento, como eu pedi. Eu disse que o ajudaria se ele voltasse e ele acabou sendo humilhado na frente de todos os campistas e derrotado em batalha, além de arrastado para um trabalho quase escravo.
Sai da Casa Grande e atravessei o lago para me sentar nos campos de morango. Parece que vender morangos era uma forma de conseguir dinheiro para manter o acampamento. Não sei porque os deuses não poderiam simplesmente manter o acampamento eles próprios.
Me deitei no chão perto das plantas rasteiras e encarei o céu enquanto o Sol ia embora e dava lugar à lua. Enquanto fiquei ali alguns morangos floresceram e ficaram maduros. Os colhi e coloquei numa cesta que estava perto de mim. Amanha eu poderia fazer uma torta de morango, como eu tentava fazer em casa.
Voltei para meu chalé, deixei os morangos perto de minha cama e fui tomar banho. Quando criança, eu adorava tomar banhos. Tomava três banhos por dia. Amava como a água quente parecia lavar toda a energia negativa de mim e me deixar relaxada. Eu achava que tinha muitos problemas.
Na floresta eu tomava poucos banhos. Só quando era muito necessário. Tinha medo de ser atacada com um monstro e ter que lutar seminua. Provavelmente é o medo de muitos semideuses, mas duvido que alguém converse sobre isso.
Penteei meu cabelo e coloquei uma calça jeans e blusa do acampamento. Ainda não havia descoberto quem tinha deixado as roupas na minha cama.
Quando acabei de me arrumar, coloquei meu anel e bracelete de ouro e sai do chalé. Matheus estava ali me esperando. Peguei um ramo de manjericão que crescia entre outras ervas e coloquei no meu cabelo.
“Alternativo.” Ele disse, sorrindo, e brincou novamente com uma das mechas do meu cabelo.
“Fazia isso na minha escola... Antes de vir aqui. As garotas sempre colocavam flores em seus cabelos e nunca tinha nenhuma para mim. Então colocava ramos de manjericão. Sempre cheirava a pizza.” Eu contei a ele, me lembrando de uma vida que parece tão distante. Não tinha conversado muito com ninguém aqui sobre minha vida antes de chegar no Acampamento. Bom... Não acho que porque eu não gostava de falar sobre isso, foi mais porque não tive tempo suficiente.
“Então esse é seu charme.” Ele diz enquanto me dá seu braço para eu me escorar e andar sem sentir muita dor.
“Sim, cada um trabalha com o charme que tem.”Eu respondo brincando.
Andamos lado a lado até o refeitório. Durante o jantar muitos campistas vieram me parabenizar, além de Silvia e Vanessa. Comi pizza e bebi suco de laranja. Dei um pedaço enorme de pizza para a lareira e agradeci a todos os deuses por estar ali. Agradeci a Zeus por me ouvir e a Apolo por me salvar. Principalmente a Deméter por me ajudar em toda a jornada. Agradeci por ter conhecido pessoas tão incríveis que me ajudaram e pedi que Gavin, ainda com paradeiro desconhecido, estivesse bem.
Depois do jantar, andamos até a praia e acendemos uma fogueira enorme. Cada chalé era responsável de costurar e decorar a mortalha de seu “campeão.”.
Assim, Vanessa ganhara uma mortalha com vários escritos em grego e latim, alem de corujas desenhadas por toda a parte. Alguém havia, recentemente, costurado um presidente Lincoln ao meio da faixa.Vanessa tinha muitos irmãos e todos foram para o seu lado.
Silvia estava ao lado do grupo mais lindo e diverso de campistas que eu já vira. Sua mortalha era de seda dourada, como seus cabelos, e tinha seu rosto bordado perfeitamente, com muitos detalhes, além de inúmeros elogios como “melhor conselheira” e “melhor amiga”.
Matheus se encaminhou para perto de uma mortalha laranja decorada com band–aids e esparadrapos. Havia alguns instrumentos musicais bordados em baixo, mas o que mais chamava a atenção era o caduceu com uma cobra colada bem no meio. Era a mais divertida de todas.
As crianças que Dimitri era responsável bordaram para ele uma mortalha em um tecido marrom e a encheram de folhas e flores. Quando ele se aproximou a garotinha filha de Iris correu para o abraçar e subir em seus ombros.
Dimitri não tivera tempo de fazer uma mortalha para mim antes de sair e, perto de onde eu estava, não havia ninguém, já que éramos os únicos filhos de Deméter do acampamento. Sorri envergonhada para os outros, mas todos olhavam para minhas costas.
Laura e seus amigos, Bruno e Hadassa vinham carregando uma mortalha em tecido amarelo. Bordada com vários girassóis e margaridas, com folhas presas com arame e a palavra “líder” escrita em dourado. A mortalha estava amarrada na minha antiga lança de madeira e pedra.
Os abracei quando chegaram e, de mãos dadas, foram comigo queimar seu presente na fogueira.
Depois das homenagens os filhos de Apolo começaram a tocar musicas e, ao redor da fogueira, dançamos e cantamos. Larguei meus sapatos em qualquer lugar e dancei como nunca. Bebemos ponche (não alcoólico para mim, por favor, só tenho 14 anos) e tomamos banho no mar antes de ir dormir.
Dimitri me acompanhou para o chalé e colocou fogo na lareira. Dormimos sem conversar muito, lado a lado, com as roupas ainda molhadas. Quase como na minha primeira noite aqui.
E essa poderia ser a noite mais feliz da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Opa pessoal! Espero que vocês tenham gostado dessa aventura... Agora Luna vai ter tempo de ficar mais calma e curtir o Acampamento e seu amigos sem tentas preocupações. Assim, o máximo possível para uma semideusa.
Comentem, amo vcs!



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