MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 22
Todas as batalhas seriam tão curtas se heróis pensassem mais como eu


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Olhei para os meus dois lados. De um, meus amigos estavam perdendo para um minotauro enorme. Do outro, um exército vinha em minha direção. Se eu ajudasse meus amigos colocava todo o Olimpo em risco, se ficasse parada poderia ver meus amigos morrerem.
Como em meu sonho.
Mexi no meu bracelete e ele se tornou a foice que eu já vira antes. Feita de ametista e craveja com safiras, ela parecia mais poderosa com os primeiros raios do Sol nascendo. No sonho meus amigos estavam mortos.
Ou eu os salvava, ou salvava todo o mundo.
Parecia aquele dilema moral idiota sobre trens e pessoas. Nós sempre matamos o mínimo de pessoas possíveis. Menos em situações que são pessoas que conhecemos. Família. O que aqueles três tinham se tornado para mim.
Mas se eu os ajudasse agora morreríamos de qualquer forma no futuro. O flautista não iria parar até matar todo Olimpo, semideuses juntos.
Não conseguia ouvir nada, mas percebi quando o satiro parou. Estava a poucos metros de mim e todo seu exercito, com centenas e centenas de outros sátiros, parou também. Ele apontou para mim e eu segurei minha foice com mais força. Um raio enorme passou pelo céu e atingiu o campo, não muito longe de nós.
Quando olhei para meus amigos novamente vi que o minotauro conseguira capturar todos eles e vinha em minha direção. Passou direto por mim e parou do lado do satiro. Ele fazia gestos apontando para mim, para seus ouvidos e depois para meus amigos.
Eu tinha que tirar as ervas do ouvido ou ele mataria meus amigos. Parecia ridículo estar brincando de mimica no meio de uma batalha. Talvez essa também não tenha sido minha melhor ideia.
Rasguei uma parte da minha blusa e comecei a me limpar o mais rápido que consegui. Comecei a ouvir os gritos de meus amigos implorando para que eu não fizesse isso, mas eu não poderia os deixar morrer.
“Então, senhorita filha de Deméter, que bom que pode se juntar a nós.” O sátiro falou e sua voz soava alta e ecoava por todo o parque onde estávamos.
“Solte meus amigos e eu não te mato agora.” Eu disse, com a voz tremula mas tentando demonstrar o máximo de coragem que consegui. Era difícil considerando que estava quase morrendo de medo e eu sabia que provavelmente ia morrer (mas não antes de matar meus amigos).
O sátiro riu durante algum tempo.
“Por favor, melhore. EU te trouxe até aqui. Isso mesmo, você foi enganada. Eu preciso do seu poder para começar a guerra e você VAI me ajudar. Esses aqui não são os únicos amigos que eu peguei...” O sátiro continua. Seu tom ironico me incomoda muito, só meus amigos podiam falar comigo assim. Ele ria de mim enquanto falava que tinha me manipulado.
“Quem...” Eu começo a dizer, mas o louco me interrompe antes de eu conseguir terminar uma palavra.
“CALE A BOCA! Eu sou mais inteligente que você. Eu toco melhor que você e poderia te vencer em batalha. Você não é nada e eu serei o próximo governante.” Ele parece massivamente arrogante e louco. Louco mesmo, falando bobagens. O que tinha a ver que ele poderia tocar melhor do que eu? Eu nunca nem tentei tocar uma flauta. Ele parecia ter perdido completamente a noção.
“Que?” Eu digo, confusa, mas ele me interrompe novamente.
“CALE A BOCA! Voces nos veem como empregados. Nos mandam fazer trabalhos que não querem. De um lado somos servos, do outro somos mendigos. NÃO MAIS. Os seres mágicos vão se rebelar contra o Olimpo e nós não seremos os únicos.” Ele diz e atrás de si centenas de sátiros gritam e uivam em celebração.

"Ninguem os vê como empregados... Eu não conheço muito dos olimpianos, mas o que eu vi no Acampamento foi um imenso respeito pelas criaturas que salvam nossas vidas todos os dias. Sei que Gavin tentou salvar a minha muitas vezes." Eu digo, e olho para meu protetor que lutava inutilmente para sair das mãos do minotauro.

"Sim, garotinha, parece que você realmente não conhece os olimpianos. Sátiros são seres poderosos, mágicos, com enorme intimidade com a natureza e que não nasceram para proteger os bastardos burros dos deuses." O sátiro diz, parecendo entediado com a minha tentativa de acabar com a batalha. Parecia que ele não ouviria nada que eu falasse e, sinceramente, eu não tinha muito o que falar. "Vocês olimpianos acham que são TÃO superiores a todos seres mágicos... Mas é só uma nota para os derrotar."

Ele voltou a tocar a flauta e todos os sátiros atrás dele começaram a avançar em minha direção. Eles estavam me cercando. Não sabia se o que ele estava falando era verdade, mas ele com certeza estava louco.
Me lembrei da história do primeiro satiro e como ele achou que era melhor que Apolo e o desafiou. Mas ele estava errado e perdeu.
E este também esta.
Precisava de uma das minhas estratégias loucas de batalha.
Precisava agora de algo que ninguém nunca pensaria em fazer para salvar meus amigos e impedir um sátiro louco de matar minha família.
Ele queria o poder ancestral daquele tronco. Ele precisava de um lugar com muita magia para sua música atingir o Olimpo.
Então eu só precisava destruir a árvore mais antiga da história. Não dever ser muito difícil. E em apenas alguns segundos, porque ele esta cada vez mais perto.
Segurei mais forte a foice e a ergui para o céu. Lembrei de Dimitri “... deusa dos grãos, agricultura... das estações.”
Mãe, se estiver me ouvindo, senhora Deméter, com benção de Zeus, eu preciso de uma tempestade AGORA.
Nuvens negras se formaram no céu e raios começaram a cair em todos os lugares perto de nós. O som da tempestade estava acabando com o som da flauta e os sátiros que estavam mais distantes de mim já pareciam estar retornando a seu estado normal.
Eles se olhavam e pareciam não se reconhecer.
Tentei focar na tempestade. Pensava em tornados, trovões, raios, muita água caindo, destruição, sons mais altos que flautas. Tentei ficar com essa imagem na cabeça e não pensar em mais nada (e é assim que se faz uma boa estratégia de batalha, não pensando em nada, claro).
Quanto mais alto ele tocava sua flauta, mais eu me concentrava em fazer trovoar. Gotas enormes começaram a cair do céu e eu me concentrava mais e mais em fazer trovoes muito altos.
Deméter, Zeus, todos os deuses, me ajudem. Preciso de ajuda. Não sei o que estou fazendo.
Os trovoes ficaram mais e mais altos até que nem mesmo eu conseguia ouvir a flauta. O satiro estava a alguns segundos de mim agora. Esperei ele chegar perto o suficiente para minha próxima oração.
Eu não sabia nada sobre eletricidade. Fugi da escola com 12 anos e eu nem tinha começado a estudar física. Mas eu conhecia muito sobre solos. Seja por minha mãe ser quem é ou por ter morado na floresta por 2 anos, eu sabia sobre solos. E sabia que solos absorvem energia. Aqueles raios não me ajudavam muito se não caíssem exatamente encima ou muito perto do sátiro louco que estava cada vez mais perto de mim, agora muito mais nervoso do que antes enquanto percebe que o seu exercito esta acordando da transe.
Zeus. Só você. Que sabe o maior peso da liderança. Preciso de um raio agora. Preciso de um raio AGORA. EM CIMA DE MIM. O MAIOR QUE PUDER. NESSE MOMENTO.
Nada aconteceu por um tempo. Talvez eu tenha orado errado e precisava exaltar mais o Senhor dos Céus.
ZEUS. GRANDE LÍDER DE TODOS OS DEUSES QUE SALVOU TODOS SEUS IRMÃOS, QUE SALVOU O MUNDO MUITAS VEZES. QUE FICOU VIVO DURANTE TODOS OS SÉCULOS E INSPIROU MILHÕES DE HISTÓRIAS. FAMOSO REI DO OLIMPO. POR FAVOR. EU PRECISO DE UM RAIO AGORA. AGORA, ANTES QUE O SÁTIRO CONSIGA ME MATAR. TIPO... AGORA, ENQUANTO O SÁTIRO ESTA A POUCOS CENTÍMETROS DE MIM... POR FAVOR.
Consegui ver quando o raio veio em minha direção. Senti a carga elétrica muito maior do que eu poderia aguentar passar pelo meu corpo me queimando. Bem no meio da minha cabeça. A dor foi maior do que qualquer coisa que eu senti na vida. Queimou todos meus órgãos enquanto eu ainda estava acordada. Mas durou pouco, apenas alguns segundos.
Enquanto caia e perdia a visão vi o sátiro caído do lado do tronco. O corpo dele também não aguentou a carga elétrica. Graças aos deuses ele era o único perto o suficiente.
Sorri enquanto tudo se transformava em escuridão.


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Notas finais do capítulo

Não acredito que consegui chegar ao fim! Toooda essa jornada e finalmente terminamos a profecia (eu acho).
Comentem, amo vcs ♥



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