About Time escrita por noora


Capítulo 1
Sobre o Tempo


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!
Aqui vai minha contribuição pro Junho Scorose 2020.
Queria agradecer as meninas por terem organizado e me tirado da minha aposentadoria hahaha
Espero que gostem!



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Antes mesmo de conhecer Scorpius Malfoy, Rose Weasley sabia muito bem quem ele era.

Passou boa parte de sua infância vendo seu pai mencionar o nome daquela família. Numa festa de Natal do Ministério, quando ela tinha apenas 10 anos, seu pai discretamente apontou para uma mesa distante da deles, onde três pessoas estavam sentadas:

― Está vendo aqueles ali, Rosie? É bom ficar longe deles, porque são encrenca.

A mulher foi a que mais chamou sua atenção, por ser alta e ter uma postura elegante. Do lado dela, um homem com o cabelo extremamente claro exibia uma expressão de tédio. E por fim, sentado desenhando havia um garoto mais ou menos da idade dela. Seu cabelo não era tão loiro quanto o do pai, mas ainda era um tom dourado extremamente bonito.

Rose olhou de volta para o pai, que esperava uma resposta dela.

― Sim, papai.

conhecidos

 

Ao contrário dos pais de Rose, os de Scorpius nunca mencionavam o nome dos Weasley. Às vezes mencionavam alguma coisa de Harry Potter, mas fora isso a única coisa que ele sabia sobre aquela família é que eram a maior concentração de ruivos por metro quadrado.

Por isso sabia muito bem que era ela na sua frente na hora da seleção de casas. Era um tom de ruivo mais escuro, puxado para o castanho e ele sentia o cheiro de morango toda vez que ela balançava a cabeça. Scorpius assistiu Rose ser sorteada na Corvinal enquanto estava sentado na mesa da Sonserina.

Durante o primeiro ano deles, Scorpius não prestou muita atenção nela. Às vezes tinham algumas aulas juntos, mas só sabia que ela estava ali porque sempre se sentava com seu primo, o único Potter na Sonserina. Foi lá pelo segundo ano que as coisas começaram a mudar.

Rose se lembrava muito bem do dia em que finalmente foi formalmente apresentada a Scorpius: era um sábado quente, então Rose estava no Salão Principal lendo enquanto esperava Albus para irem relaxar na beira do lago. Ela ouviu uma barulheira não muito comum naquele horário, então olhou para a porta e ficou chocada ao ver o primo cercado por pessoas. Ele andava na frente, conversando com um garoto moreno enquanto um garoto e uma garota, os dois loiros, vinham atrás deles.

― Oi Rosie, vamos? – Albus percebeu que ela olhava para seus novos amigos sem entender o que estava acontecendo – nossa, desculpa. Rose, esses são meus amigos: Luke, Charlotte e Scorpius. Pessoal, essa é minha prima Rose.

O moreno, Luke, apenas acenou e sorriu; Charlotte também sorriu e corrigiu Albus para chamá-la de Lottie, já que apenas sua mãe a chamava pelo nome completo. Scorpius apenas observava, até se aproximar e perguntar o que ela estava lendo.

― Uma História da Magia. Eu sei, nerd demais. Pode rir também.

― Por que eu riria? Já chegou na parte em que conta como no século XIV teve aquela infestação de gnomos de jardim na Escócia? – Rose negou – se prepara então, é hilário.

Eles já tinham se levantado e o grupo caminhava em direção aos jardins. Albus conversava com Luke e Lottie; e Scorpius e Rose continuaram conversando sobre fatos curiosos da história dos bruxos. Os dois secretamente estavam muito animados por finalmente conhecerem alguém que gostava tanto assim da matéria. Enquanto os amigos jogavam pedrinhas do lago, a dupla ficou sentada no gramado dessa vez conversando sobre várias coisas.

Rose elogiou a mãe de Scorpius, comentando como achava que ela estava fazendo um ótimo trabalho como professora de Feitiços. Discutiram quais matérias eles iriam fazer no terceiro ano: Scorpius escolheu Runas e Trato das Criaturas Mágicas e Rose planejava fazer Adivinhação e Aritmância.

― Você sabe que elas são praticamente a mesma coisa, certo? – o menino questionou.

― Eu sei, mas vai deixar minha mãe irritada – ela deu um sorriso zombeteiro. – ela não acredita nesse tipo de coisa, mas eu acho que todas as opções deveriam ser consideradas.

­― Uau, eu nunca iria te considerar meio “rebelde” desse jeito, Weasley.

― E eu nunca achei que você era meio “legal” desse jeito, Malfoy.

Os dois riram e continuaram conversando até começar a escurecer e todos voltarem para dentro do castelo. Antes de se separarem no Salão Principal para as mesas de suas respectivas casas, Scorpius deu um abraço em Rose:

― A gente se vê por aí!

Ela ficou com um sorriso no rosto pelo resto da noite.

Apesar daquela interação, os dois ainda não ficaram próximos nem no segundo ou no terceiro ano. Rose acabou desistindo de Aritmância, indo fazer Runas Antigas com a esperança de voltar a falar mais com Scorpius. Não que ela estivesse romanticamente interessada nele, apenas tinha ficado muito animada por achar alguém que dividia os mesmos interesses que ela. Seus colegas da Corvinal não eram pessoas muito fáceis de fazer amizade e sua única melhor amiga era de outra casa e ainda por cima não tinha os mesmos interesses acadêmicos que Rose tinha.

Infelizmente, ela não conseguiu se aproximar o tanto quanto queria dele. Scorpius sempre a cumprimentava quando se viam na sala, mas estava sempre grudado em Lottie e Rose ficava com vergonha de falar quando a loira estava por perto, já que ela era meio intimidadora. Acabou continuando no mesmo esquema de se cumprimentar de longe quando se viam e nada mais.

Alguns anos após a guerra, a diretora McGonagall resolveu que haveria um Baile de Inverno todos os anos, para animar o espírito dos alunos. Eles podiam ir a partir do quarto ano e finalmente havia chegado a vez do ano de Rose e Scorpius irem. Estavam todos absolutamente eufóricos e na sexta-feira antes do baile os professores mal conseguiram dar suas aulas, já que os alunos não conseguiam ficar quietos.

Rose tinha aceitado o convite de Lorcan Scamander, seu colega de casa, de quem havia se aproximado no último ano. Já Scorpius, ao perceber que não possuía um par faltando pouco para o baile, acabou chamando Cassandra Thomas-Finnigan entre uma aula e outra. Isso foi um grande erro dele, porque a garota era extremamente chata. Desde quando Scorpius foi pegá-la na torre da Grifinória até quase metade do baile a única coisa que a garota fez foi reclamar. Reclamou da decoração, da música, da comida e até mesmo do terno que Scorpius estava usando. Depois de um tempo, ele só começou a ignorá-la e quando Cassandra notou isso, anunciou que ia embora. Scorpius pensou em fazer a mesma coisa, até avistar Rose.

Ela estava sentada sozinha em uma das mesas, olhando para a multidão que dançava. Usava um vestido rosa simples, mas estava muito bonita com o cabelo meio preso. Scorpius decidiu se aproximar, sentando-se ao seu lado antes de perguntar:

― E ai Wesley, cadê seu par?

Ela olhou para ele. Scorpius tinha aquele sorriso charmoso em seus lábios que ele sempre exibia e que deixava Rose um tanto nervosa. O garoto, como sempre, olhava para ela intensamente. Ela engoliu a seco antes de responder:

― Sendo o centro de atenções, como sempre.

O loiro seguiu o olhar da menina e viu Lorcan, realmente parado, praticamente no meio de uma roda de pessoas, encantando elas com seu charme.

― Sabe, a princípio você acha que Lorcan e Lysander são apenas muito parecidos fisicamente, mas quando você realmente conhece os dois, percebe que além disso eles têm a mesma personalidade – Scorpius comentou enquanto Rose balançava a cabeça, concordando. – mas vem cá, que feio ele te largar aqui sozinha.

― Não tem problemas, eu sabia que isso provavelmente ia acontecer – ela deu uma risada e puxou sua bolsa, tirando seu livro de dentro. – Por isso eu trouxe isso.

Scorpius olhou incrédulo para ela.

― Você trouxe um livro para o baile? Weasley, você é inacreditável.

― Não, você não entende o que é esse livro – ela virou para Scorpius, alvoroçada – é sobre esse menino, Henry Parker, que é um aborto numa família de bruxos. Ai como os pais se sentem mal, eles mandam ele para essa escola super chique de trouxas. Lendo parece que é um livro de crianças, mas tem cada reviravolta emocionante! Eu ‘tô viciada, faltam três livros para acabar tudo. Se quiser, posso até te emprestar o primeiro.

― Quer saber? ‘Tô afim de tomar um ar, que ir lá fora me contar mais sobre esses livros?

Os dois passaram a próxima hora sentados num banco do lado de fora do Salão, Scorpius ouvindo com a maior atenção do mundo Rose contar tudo sobre os livros. Depois disso ficaram brincando de tentar adivinhar quais casais estavam se pegando nas carruagens, rindo dos colegas quando algum dos professores passava lá para separÁ-los.

― Sabe o que é estranho? – Scorpius perguntou, depois de cansarem de brincar.

― O quê?

― O conceito de gêmeos. – Rose começou a rir do menino. – Não ri não, eu ‘tô falando sério! Imagina, ter alguém igual a você, com praticamente o mesmo DNA, existindo por aí. É muito estranho.

A ruiva já estava vermelha de tanto rir. Em nenhum universo ela consideraria Scorpius Malfoy ser daquele jeito. Ele sorriu envergonhado, passando os dedos pelos cabelos.

― Desculpa, eu ainda estou com Lorcan e Lysander na cabeça. Mas Weasley, saiba que como minha amiga você tem que ter a noção que eu sempre vou falar coisas assim. É bom se acostumar.

― Somos amigos? – ela questionou, com brilho nos olhos.

― Claro que sim. Eu não estaria aqui com você se não fôssemos.

Ela concordou lentamente, olhando para as mãos. Os dois ficaram naquele silêncio confortável pelos próximos minutos, até Rose levantar.

― Acho que já vou voltar para minha Sala Comunal, estou meio cansada.

Scorpius levantou junto dela, perguntando se a menina não queria que ela acompanhasse. Rose negou, pegando suas coisas e indo em direção ao interior do castelo. Antes de entrar, virou-se para o loiro que ainda estava parado:

― Boa noite!

Ele deu mais um de seus sorrisos charmosos, fazendo o coração de Rose dar pulinhos.

― Boa noite, Rosie.

amigos

 

― Pode falar a verdade, não vou ficar bravo.

― Mas é a verdade!

Scorpius olhou para Rose, descrendo do que ela estava falando. Era a primeira sexta-feira desde que as aulas deles haviam começado então a maioria dos alunos relaxava na beira do lago após o horário das aulas ter acabado. Lottie e Luke não estavam com eles já que tinham rondas da monitoria para fazer, então estavam apenas Scorpius, Rose e Albus. O loiro tinha sua cabeça apoiada no colo da menina, enquanto Potter lia um livro sentado perto deles.

― Rose, eu adoro você, mas nós dois sabemos que a sua família me odeia – ele viu o olhar severo da menina. – Certo, talvez sua família inteira não, mas seu pai me odeia!

Rose ficou de boca aberta, tentando começar uma frase. Dessa vez ela não podia contestar, porque sabia muito bem que o menino estava certo.

― Ele está certo, seu pai se pudesse impedia Scorpius de andar perto da gente – Albus sustentou o argumento do melhor amigo, que gargalhou alto com o que ele disse.

― É só porque ele não te conhece! Se conhecesse, ia gostar. Vocês dois têm muitas coisas em comum, na verdade.

― Não é como se ele quisesse me conhecer. Eu passei uma semana na casa da vó de vocês nas férias e dizer que seu pai trocou mais de 10 palavras comigo é um exagero.

― Eu acho que se você defendesse os Chudley Cannons uma vez, ele te daria uma chance – Albus provocou.

― Se eles fossem bons, eu faria isso.

Os dois entraram numa discussão acalorada sobre times de quadribol enquanto Rose apenas observava. Instintivamente, ela passava os dedos pelo cabelo de Scorpius. Eram extremamente macios e, estranhamente, cheiravam um pouco ao amaciante que sua mãe usava em casa. Suas observações mentais sobre o cabelo do amigo foram interrompidas quando ele se sentou rapidamente. Rose olhou para Scorpius e seguiu seu olhar, percebendo que Catherine Kwon o chamava de longe.

­― Eu vou indo, pessoal. Encontro vocês mais tarde?

Os dois concordaram e Scorpius deu um aperto de mão em Albus antes de beijar a bochecha de Rose, se levantando para encontrar a colega de ano. A ruiva ficou olhando ele ir, as pernas juntas ao corpo e o queixo apoiado nos joelhos.

― Desiste.

Ela olhou para Albus, confusa. O primo levantou os olhos do livro, segurando com um dedo para marcar a página.

― Rose, eu te conheço desde que eu nasci, então não leve a mal o que eu vou te falar: desiste, ele não gosta de você desse jeito. Eu sei que parece que ele está flertando, mas não é isso. Scorpius só é legal demais.

Ele pausou. Rose puxava um fio solto no suéter, não querendo encarar o primo, pois sabia que seu rosto estava vermelho.

― Sou melhor amigo dele faz tempo suficiente para dizer quando ele realmente está flertando ou não. Além do mais, os dois ali – apontou para Scorpius e Catherine, que conversavam com os corpos quase colados – estão praticamente juntos desde junho. Entenda que só estou falando isso porque te amo e não quero que você quebre a cara.

Rose concordou, ainda focada em brincar com o fio solto. Na parte racional de sua mente, ela tinha a noção de que ele não queria nada mais do que amizade. Na emocional, havia aquela pequena faísca de esperança que ele realmente retribuía o sentimento, mas tinha sido acabado de ser apagada.

― Eu vou indo tomar um banho, combinei com Lottie de nos encontrarmos mais cedo para termos pelo menos um tempo sozinhos antes do jantar. Você vai ficar bem? – Albus questionou, já de pé para ir ao interior do castelo.

A menina apenas mexeu a cabeça, não olhando para o primo. O menino suspirou e bagunçou o cabelo dela amorosamente antes de ir embora. Ela não tinha muita noção do tempo que ficou ali sentada, olhando para o lago. A maioria das pessoas já tinham ido embora quando Rose finalmente decidiu voltar para o castelo. Ia dar uma passada em seu quarto antes para largar seus materiais antes de descer. Já estava fechando a porta da Sala Comunal quando ouviu alguém pedir para ela segurar. Lorcan Scamander apareceu esbaforido atrás dela, o cabelo loiro bagunçado por causa da corrida.

― Oi Rose! Obrigado por segurar – ele abaixou a coluna, apoiando a mão nos joelhos. – quarta eu fiquei acho que uma hora esperando alguém chegar porque a desgraça da porta me faz uma pergunta impossível de responder.

Ela riu, contando da vez que implorou chorando para deixá-la entrar e mesmo assim a porta só ignorou-a. Lorcan soltou a piada “é difícil ser inteligente”, fazendo Rose gargalhar. Ele olhou para ela, sorrindo.

― Ei, você vai fazer alguma coisa amanhã? – ele perguntou.

― Provavelmente vou já adiantar minhas leituras, por quê?

― Queria saber se você talvez queria ir comigo no Três Vassouras tomar uma cerveja amanteigada.

Rose olhou para ele, surpresa.

― Como num encontro?

― É, um encontro.

― Ah. Claro – ela sorriu e Lorcan retribuiu, avisando-a que a esperaria na frente do dormitório feminino.

Os dois namoraram por um mês e meio e terminaram. Depois de uma semana, voltaram. Duraram mais três meses, terminando de novo. Voltaram quatro dias depois, mas acabaram de novo em só duas semanas. O maior recorde separados foi de dois meses, antes de voltarem novamente. Rose acabou terminando com Lorcan alguns dias antes das aulas acabarem e estava decidida a não voltar mais.

Ela realmente gostava do menino, mas os dois queriam coisas diferentes. Enquanto Rose realmente queria um relacionamento, Lorcan parecia ainda querer sua vida de solteiro. Ele aguentava alguns meses com ela, mas logo falava que não estava dando certo. Isso era só uma desculpa para ele poder pegar outras pessoas. Tinha até sugerido um relacionamento aberto, mas Rose não gostava desse tipo de relação.

Lorcan mandou três cartas para Rose durante o começo das férias, mas desistiu depois que ela propositalmente não respondeu nenhuma delas. Não ouviu falar dele o mês de Julho inteiro, mas na segunda semana de Agosto seu irmão gêmeo foi passar o resto das férias de verão nA Toca com ela. Rose se segurou para não perguntar sobre Lorcan, enquanto Lysander também não fez questão de mencionar nada sobre o irmão.

As férias de verão entre o quinto e sexto ano de Rose foram as mais tumultuadas de todas nA Toca. Como todos os anos, os pais dos primos Weasley os mandavam para lá no momento que ficavam de saco cheio dos filhos em casa. Rose e todos os primos menores de idade já estavam lá desde o começo de Julho, mas aos poucos os agregados da família iam se juntando. Lá para o final do mês, a casa estava tão cheia que Molly começou a impor regras de quantas pessoas podiam estar lá.

Cat e Effy ficaram mais uns dias antes de irem embora para que o resto dos amigos de Rose e Albus pudessem ir para lá tendo onde dormir. Scorpius apareceu com Luke um pouco depois de Lottie ter chegado, deixando Rose feliz. Adorava a menina, mas acabava ficando um pouco de vela quando Charlotte e Albus viravam praticamente uma pessoa só. Os dois eram um dos únicos relacionamentos do grupo de amigos que realmente tinha dado certo, indo completar dois anos em dezembro.

Luke tinha seus rolos, mas nunca algum relacionamento realmente sério; Lysander estava enrolado com um menino misterioso, provavelmente que ainda não tinha saído do armário; Effy fazia parte do grupo dos relacionamentos funcionais, completando quase um ano com Fred; Rose com seu relacionamento ioiô com Lorcan; e Scorpius e Cat, que tecnicamente namoraram por quatro meses, até perceberem que não tinha nada a ver um com o outro e eram melhor como amigos.

Mesmo que alguns amigos tivessem ido embora e alguns dos primos não estivessem lá, Molly continuava estressada com a quantidade de adolescentes fazendo barulho em sua casa. Por isso, sempre acabava obrigando-os a dividirem as tarefas de casa: James e Fred estavam sempre consertando alguma coisa; Louis e Dominique sempre ajudavam a avó a cozinhar, já que eram os únicos com a habilidade mínima de culinária; Hugo e Roxanne infelizmente pegavam a tarefa de ajudar na faxina, fazendo a garota querer morrer porque o pó a fazia espirrar descontroladamente; já Lily era deixada sozinha para cuidar do jardim, mas pelo menos ela realmente gostava do que tinha que fazer.

Molly não cobrava nada de seus não familiares, mas todos se ofereciam para ajudar: quando estavam lá, os irmãos Longbottom se dividiam em todas as tarefas, já que tinham o mínimo de experiência ajudando seus pais a cuidarem do Caldeirão Furado. Já os sonserinos tinham sua atividade favorita: desgnomizar o jardim. Até tinham transformado em uma competição, onde quem conseguisse jogar mais longe era o campeão. Luke acabava sempre sendo quem ganhava, devendo isso a seus braços de artilheiro.

Albus discutia com Lysander, que estava de jurado, como o gnomo dele tinha ido mais longe do que o de Scorpius, enquanto o juiz dizia que não tinha não. Albus já estava vermelho de tanto gritar e o resto deles morria de rir, já que Lysander parecia não estar nem um pouco abalado.

― É exatamente por isso que proibiram ele de jogar quadribol – Scorpius comentou com Rose, que bateu no braço dele de brincadeira.

― Albus, por favor se controle. Não quero ter alguém com esse tipo de comportamento como meu irmão – James apareceu, brincando. Faziam anos que ele sofria de TEI, tendo problemas de controlar sua raiva.

­― É sério pessoal, escutem aqui rapidinho – Fred apareceu do lado do primo, os dois com sorrisos enormes no rosto – temos ótimas notícias.

― Já preparem seus pergaminhos, penas e qualquer que seja o método trouxa que vocês se comuniquem, porque sexta-feira vai acontecer a tão esperada festa nA Toca! – James anunciou, com Fred dando pulos em seu lado.

Albus, que estava sendo acalmado pela namorada, saiu de seu estado de ódio para um de animação e choque. Todos os primos, que tinham sido reunidos por James e Fred estavam falando ao mesmo tempo absolutamente extasiados. Scorpius se inclinou para murmurar no ouvido de Rose, representando todos os amigos que estavam perdidos na conversa:

― Que festa é essa?

― Isso vem desde a adolescência da Vic: sempre tem um de nós que tenta convencer a vovó a dar uma festa pro pessoal de Hogwarts aqui, mas ela nunca deixou.

― E como os dois consagrados conseguiram? – os dois ouviram Roxy perguntar para o irmão, desacreditada.

― Maninha, todo mundo sabe que eu sou o neto favorito da vó – ela olhou para o irmão, ainda duvidando – tá bom, eu prometi que ia aceitar o emprego no Ministério que o vovô me ofereceu depois que eu me formar.

Roxanne gargalhou. Fred, assim como o homem que inspirou seu nome, era a última pessoa que trabalharia em um lugar como o Ministério da Magia. Ela colocou a mão no ombro do irmão, soando orgulhosa:

― É bom para você, vai que enfia algum juízo nessa sua cabeça oca.

― Você sabe que isso nunca vai acontecer – ele sorriu, antes de voltar a atenção para o restante – eu e James vamos amanhã no mercado trouxa aqui perto para comprar as bebidas, Luke e Scorpius, vocês podem vir com a gente para ajudar? E o resto, espalhem sobre a festa e deem uma decorada. Vai ser inesquecível.

Os avós deles saíram na manhã de sexta-feira para Londres, onde iam passar o fim de semana na casa dos pais de Fred e Roxanne. No momento que os dois aparataram, James e Fred já saíram correndo para pegar as bebidas que eles tinham escondido no galpão do avô. Potter foi quem fez o maior trabalho, lançando feitiços para que as bebidas nunca ficassem quentes, já que ele era o único maior de idade naquela casa.

As pessoas começaram a chegar lá pelas 20hrs, e quando já eram quase 22hrs estava praticamente impossível de se mexer. Lottie tinha trazido sua caixinha de som e usava seu celular para tocar música. Isso meio que a obrigava a ficar perto da caixa o tempo inteiro, o que não foi um problema, já que acabou ficando a maior parte do tempo sentada do colo de Albus no sofá. O aniversariante já estava para lá de bêbado e Effy ficava dando água para ele na esperança que o garoto não vomitasse logo no começo da própria festa.

James conversava com várias garotas, mas sempre acabava procurando Nina Longbottom com o olhar, que podia ser achada conversando com Roxanne e Luke, mas acabou indo procurar Dominique quando percebeu o clima entre os dois. Rose estava sentada na escada bebericando sua cerveja trouxa enquanto observava a cena quando Scorpius apareceu, sentando-se ao seu lado:

― Tudo bem?

― Sim, só fiquei cansada de tentar manter uma conversa com Albus e Lottie.

Scorpius riu, enquanto tomava um gole de seu copo.

― Aqueles dois são impossíveis. E aqueles ali? – ele apontou a cabeça para Luke e Roxanne.

― Eu ‘tô aqui desde que começou: primeiro a Roxy estava só conversando com a Nina e o Luke chegou para conversar com elas. Faz uns minutos que Nina se tocou e já saiu, agora é só esperar se algum deles faz alguma coisa.

Eles continuaram conversando enquanto esperavam Luke e Roxy se resolverem; durante a conversa, Rose notou que o líquido no copo de Scorpius era transparente e perguntou, em choque:

― Você ‘tá tomando vodka pura?

Scorpius olhou para ela como se fosse louca:

Não? É água, sua maluca.

― Desculpa – ela riu. – então você não ‘tá bebendo hoje ou...

― Não sou muito de beber – ele deu de ombros. – no máximo uma taça de vinho quando vou jantar nos meus... – Scorpius rapidamente fixou seu olhar em sua frente – finalmente!

Rose seguiu o olhar do amigo, vendo que Luke ou Roxy finalmente tinham feito alguma coisa, já que estavam apoiados na parede se beijando. Scorpius e Rose bateram as mãos, comemorando. Seus dedos deram uma leve entrelaçada e os dois ficaram se encarando em silêncio. Talvez estivesse imaginando coisas, mas Scorpius pôde jurar que Rose estava olhando diretamente para sua boca. Na verdade, parecia que ela estava fazendo aquilo durante a conversa inteira deles. Ele pigarreou, perguntando:

― Então, seu talvez namorado não vai vir?

― Não convidei ele – ela deu um sorriso fraco – e é definitivamente meu não namorado. Terminei para valer dessa vez.

Scorpius concordou, os dois ficando em silêncio de novo. Ele reparou melhor em Rose: estava apenas com uma blusa e saia preta, mas havia algo nela que ele não conseguia entender o que era. Ela olhou de volta para ele e sorriu, fazendo Scorpius sentir algo estranho em seu peito.

― Ei gente, ‘bora jogar de Girar a Garrafa.

Os dois levaram um susto com Gregory, primo de Scorpius. Seu hálito cheirava fortemente a álcool e ele falava muito perto da cara da dupla. Eles se entreolharam e concordaram, levantando ao mesmo tempo. Seguiram Gregory até a roda, reconhecendo poucos dali. Entre os amigos do primo, Scorpius reconheceu o rosto da ex, que apontou o dedo para ele antes de dizer:

― Opa, vamos ver se dessa vez vai.

Ele riu, sabendo que ela estava só brincando. Gregory puxou Rose para seu lado e Scorpius sentou do lado de Cat, então os dois acabaram meio que na diagonal um do outro. Todos na roda ficavam dando risadinhas quando a garrafa caía nas pessoas e Rose ria de nervoso toda vez que Scorpius olhava para ela. A garrafa caiu nele uma vez e teve que beijar uma garota da Grifinória. Finalmente chegou a vez de Scorpius girar a garrafa. Parecia câmera lenta, que ela nunca ia parar, mas parou. A roda explodiu de gritos e Rose sorria para o amigo enquanto a boca da garrafa apontava para ela.

― Vai logo! – Gregory gritou, incentivou o primo.

Os dois se ajoelharam no meio da roda, se encarando. Rose ainda ria e Scorpius estava muito nervoso, não sabendo exatamente o porquê. Ela sussurrou:

― Tudo bem aí?

― Só ‘tô nervoso – ele sussurrou de volta. – medo de estragar nossa amizade.

― E por que estragaria? É só um beijo.

Ela colocou a mão no pescoço dele e aproximou os rostos deles. Scorpius conseguia sentir a respiração dela em sua boca e deu uma respirada forte antes de beijá-la. Seu coração batia rápido e parecia que nada mais no mundo existia, só ele e ela. Instintivamente, colocou a mão na cintura de Rose puxando-a mais perto e aprofundando o beijo. A mão dela brincava com os cabelos de sua nuca e Scorpius nunca tinha se sentido daquele jeito com qualquer outra menina.

Quando se separaram, ele olhou para os lábios vermelhos da menina e tudo que ele queria fazer era beijá-la por horas e horas. Rose voltou para o lugar, apoiando em Gregory enquanto ria do que ele tinha falado. Cat deu uma leve cotovelada em Scorpius enquanto fazia uma cara engraçada. O garoto sorriu para ela, voltando a olhar para frente. O jogo continuou por mais umas rodadas e a garrafa caiu novamente em Rose, mas dessa vez quem tinha girado havia sido Gregory, que não perdeu tempo e já saiu beijando a menina.

Scorpius assistiu apenas alguns segundos daquilo antes de levantar e ir em direção à cozinha pegar alguma coisa para beber. Ele não entendia direito o que estava sentindo, mas havia um aperto constante em seu peito. Pegou uma garrafa de firewhiskey e seguiu em direção do lado de fora da casa, esbarrando em várias pessoas no caminho.

Caminhou pelo lado da casa até achar um canto vazio e sentou-se lá, tomando longos goles da garrafa. Não tinha muita noção de quanto tempo ficou lá, mas sua solidão foi atrapalhada quando ouviu passos e risadinhas. Albus e Lottie apareceram, os dois claramente já bêbados provavelmente procurando um lugar para ficarem sozinhos. Eles pararam de supetão quando viram Scorpius sentado no chão. Lottie notou a garrafa em sua mão e se agachou, perguntando:

― Querido, tudo bem? Precisa conversar?

Albus também parecia preocupado, com a testa franzida. Os dois sabiam muito bem que o amigo quase nunca bebia, então se estava daquele jeito, algo de ruim tinha acontecido. Scorpius olhou para a melhor amiga, os olhos azuis cheios de preocupação. Ele negou com a cabeça, pedindo ajuda dela para levantar:

― Não gente, ‘tá tudo bem. Acho que vou ir dormir, já deu para mim.

― Tem certeza? – Lottie questionou, apertando a mão dele.

― Tenho sim. E vocês – ele apontou para o casal. – se divirtam e não façam nada que eu não faria.

Eles riram, Lottie abraçando Albus pela cintura e apoiando a cabeça em seu peito. Scorpius sorriu enquanto fazia o caminho de volta para a casa; sempre teve inveja do que aqueles dois tinham. Ele largou a garrafa em uma mesa qualquer dentro dA Toca e antes de subir, deu uma olhada pela sala e viu Rose e Gregory em um canto distraídos um com o outro. Ele suspirou e se virou, subindo para o quarto.

Rose passou o resto da festa praticamente casada com Gregory. Ele era bonito, beijava bem e era engraçado quando estava bêbado, mas sabia que aquilo nunca iria se tornar algo maior porque conhecia muito bem ele quando estava sóbrio e na maior parte das vezes ela queria dar um soco nele. Apesar disso, com aquilo conseguia afastar de seu pensamento as borboletas em seu estômago logo depois de ter beijado Scorpius. Não podia voltar a gostar dele, mesmo que no fundo soubesse muito bem que nunca tinha superado ele ao todo.

A manhã seguinte foi um caos: todos eles tendo que arrumar a casa, sendo que a maioria dos que haviam participado da festa morrendo de ressaca. Louis, Hugo e Lily, que tinham sido proibidos de descerem na noite passada por serem muito jovens, estavam sentados no jardim rindo dos outros. Scorpius não estava no mesmo estado que os outros por ter bebido muito menos, mas seu emocional estava pior. Ele havia ignorado Rose a manhã inteira, desde o café da manhã até o momento em que recolhia o lixo perto da lareira.

Ela tentou várias vezes falar com ele, que apenas respondia com monossílabas e grunhidos. Depois de algumas tentativas, Rose parou de falar com ele pelo resto do dia. Tentou falar com ele na semana seguinte também, no trem para Hogwarts e até mesmo na escola, mas Scorpius continuou agindo mesmo jeito. Então Rose desistiu de tentar. Eles ficaram sem se falar por quase três meses, Rose andando apenas com sua amiga Zoey e Scorpius com seus amigos da Sonserina. Nenhum deles entendia o que tinha acontecido, mas Lottie e Albus suspeitavam que talvez eles tivessem brigado na festa.

Os amigos sentiam o clima pesado entre eles, principalmente nas aulas que tinham juntos. Slughorn um dia obrigou-os a ficarem lado a lado na sala e os dois agiam como se o outro não existisse. No final da aula, o professor fez todos os alunos da turma de Poções se juntarem na frente de sua mesa.

― Alunos, queria mostrar para vocês a poção que vamos aprender na próxima aula – em sua mesa havia um caldeirão cheio de um líquido perolado. – é a poção de amor mais forte do mundo, Amortentia. Ela faz com que quem a beba fique obcecado pela pessoa que preparou. E um fato curioso, essa poção tem um cheiro diferente para cada pessoa, pois representa o que elas amam. Sr. Malfoy, por que não vem aqui e diga para a classe o que sente?

Scorpius passou pelos colegas, chegando perto da poção. Deu uma boa inspirada, citando o que sentia:

― Bem, acho que livros novos, tinta de tatuagem – esse arrancou uma risada dos colegas – e acredito que... Morango?

Slughorn agradeceu e chamou outro colega para fazer a demonstração. Scorpius voltou para o fundo da sala, passando por Rose no caminho. No momento que ele fez isso, a menina mexeu a cabeça ao rir de Zoey, e Scorpius sentiu aquele mesmo cheiro de morango que havia sentido no primeiro ano quando ficou atrás dela na seleção. Ele parou subitamente antes de exclamar:

― Ah, puta que pariu.

Ele falou mais alto do que pretendia, chamando atenção da sala inteira. Rose olhava para ele em choque, sem entender o que tinha acontecido. O garoto pediu desculpas para o professor e voltou para seu lugar, pegando sua mochila e indo embora da sala. Estava quase virando o corredor quando ouviu alguém chamar seu nome. Olhou para trás e avistou Lottie e Albus, os dois correndo para alcançá-lo. Bufou, mas parou para esperar os dois se aproximarem. Albus foi o primeiro a falar:

― Ei, o que foi aquilo cara?

Ele tentou falar, mas nada saía dele. Apenas fez um gesto como se não soubesse o que estava acontecendo, que era verdade. Não se sentia bem fazia meses. Scorpius suspirou, sentando-se.

― Aconteceu alguma coisa na festa, não foi? – Lottie perguntou, enquanto ela e Albus se sentavam com o amigo – você sabe que pode falar para a gente. Isso claramente não está te fazendo bem, bota pra fora.

Scorpius olhou para o casal. Aqueles dois eram seus melhores amigos há anos, confiava neles com sua vida. Respirou fundo e começou a falar, se atrapalhando nas palavras. Contou sobre como Rose olhou para ele enquanto conversavam na escada, sobre terem sido arrastados para o jogo e sobre ter beijado ela.

― Ela falou que não era demais e eu também achei que não seria depois disso, mas...

― Não foi nada demais, não é? – Lottie falou baixinho.

Ele negou. Deu uma risada, passando a mão pelos cabelos:

― É que... Poxa, é a Rose! Conheço ela desde os 12 anos, nunca pensei nela assim e agora – ele sussurrou, como se finalmente estivesse admitindo para si mesmo. – é a única coisa que eu consigo pensar.

Lottie e Albus se entreolharam, os dois com praticamente a mesma expressão no rosto. Potter apoiou a mão no joelho do melhor amigo, comentando:

― Que lindo, sua primeira possível rejeição amorosa. Parabéns, cara, é uma merda.

Scorpius mostrou o dedo do meio e Albus riu. Lottie inclinou o corpo, voltando a perguntar para o amigo:

― Então você falou isso pra ela e deu ruim? Por isso vocês não estão mais se falando?

― Não, eu nem falei com ela sobre isso.

Os dois olharam para ele, confusos.

― Espera, então você só parou de falar com ela porque não sabe lidar com o que está sentindo? – Scorpius hesitou, mas acabou concordando. Lottie soltou um olhar incrédulo para ele. – você é burro?

Albus soltou uma risada e Scorpius ficou perplexo.

― Você deve ser, por ter feito isso. Uma vez na sua vida, só uma, para de ser dramático e vai falar logo com a menina!

Lottie levantou e começou a puxar Scorpius consigo. Agarrou a mão dele, voltando para o corredor da sala de Poções, onde alguns alunos ainda estavam saindo após cheirar a amortentia. Ele conseguia ver o cabelo ruivo de Rose de longe. A amiga parou um pouco antes de chegarem perto e postou-se em frente a Scorpius, tendo que olhar para cima para focar na cara dele:

― Escuta aqui: você vai lá agora e vai pedir desculpas por ser um babaca. Pode inventar qualquer coisa, mas se você não fizer isso quem vai fazer sou eu. Você não pode simplesmente dar um gelo nela porque não sabe lidar com as próprias merdas. Agora vê se cresce e vai lá.

Scorpius não conseguia encarar o olhar ameaçador de Lottie. Respirou fundo, virando-se e andando até onde Rose e Zoey conversavam. A morena avistou ele primeiro e cutucou a amiga, que virou e revirou os olhos, voltando sua atenção para a outra.

― Rose, posso falar com você?

Ela respirou fundo e virou-se para Scorpius.

― Não sei, você vai me ignorar dessa vez? Ou quem sabe responder com algum barulho?

Ele conseguia sentir a raiva na voz dela. Sentia-se envergonhado depois do discurso de Lottie, notando que realmente tinha agido que nem um absoluto babaca. Scorpius passou a mão no cabelo, olhando para baixo.

― Por favor? – ele pediu baixinho.

Rose olhou para ele, como se estivesse pensando. Então suspirou e deu um olhar para Zoey, que assentiu e avisou que ia estar na sala comunal da Grifinória antes de sair. Weasley voltou a olhar para Scorpius. As mãos do menino estavam suadas de nervosismo.

― E então? – a garota questionou, cruzando os braços sobre o peito.

― Eu queria pedir desculpas pelo jeito que agi. Foi muito babaca da minha parte. É só que – ele travou por uns segundos, debatendo de devia falar a verdade ou só inventar alguma coisa. Acabou indo com a segunda opção. – eu já estava meio cansado depois da festa e daí minha mãe me mandou uma carta falando sobre uns problemas com meus avós e acabei descontando em você.

O rosto de Rose mudou depois da última frase. Ele conseguia ver a compreensão no olhar dela. Era uma das únicas pessoas que realmente sabia dos problemas familiares de Scorpius. Ela colocou a mão no braço dele, que ficou formigando com o toque dela:

― Por que você não me contou? Eu totalmente iria entender.

― Você sabe como eu sou para falar sobre esse tipo de coisa.

Ela assentiu. Depois de conhecer um pouco mais Scorpius, dava para perceber que ele não gostava de falar sobre si mesmo ou sobre qualquer coisa mais pessoal.

― Mas sério, desculpa. Nunca mais faço isso, não consigo ficar sem falar com você.

Rose ficou nas pontas dos pés, passando os braços nos ombros de Scorpius para abraçá-lo. Ele cruzou os braços na cintura dela, abraçando-a forte e apoiando o nariz perto do pescoço dela. Sentiu o cheiro de morango e inspirou mais fundo. Percebeu que era melhor ficar com dor perto de Rose, do que ficar triste e confuso longe dela.

Eles voltaram a se falar normalmente, até mais do que antes. Faziam praticamente tudo juntos, a ponto de vários colegas irem perguntar para seus amigos se eles estavam juntos. Nenhum deles sabia o que responder exatamente, já que Scorpius não tinha falado para eles como tinha sido a conversa, apenas que Rose tinha o perdoado.

Novembro passou e logo Dezembro já estava quase na metade. Como todo ano nessa época, os alunos só sabiam falar de uma coisa: o tão esperado Baile de Inverno. Quem eles queriam convidar, quem queria que convidassem eles, a mesma conversa todo ano. Algumas meninas surtavam com as amigas quando algum garoto popular as convidavam. Scorpius e Rose estavam sentados numa das muretas que davam para o jardim, trocando as respostas da lição de História da Magia, quando ouviram um grupo de garotas passarem falando em tons agudos:

― Não acredito que Lorcan Scamander te chamou para o baile, Sarah! Eu ‘tô morrendo de inveja.

­― Ai amiga, nem eu acredito. Achei que ele tivesse brincando quando perguntou.

As meninas riram enquanto passavam e Scorpius olhou para Rose, que possuía um semblante decepcionado no rosto. Ele a cutucou com a ponta da pena:

― Ei, nada de carinha triste.

― Não estou triste – ela sorriu. – é que nos dois últimos bailes, eu que fui com o Lorcan e agora não tenho a menor ideia de quem vai ser meu par.

― Bem – Scorpius pigarreou. – quer ir comigo?

― Sério?

― Claro! A gente pode ir, você bebe do ponche batizado enquanto eu assisto ou então nós dois podemos levar livros e ficar lendo enquanto todo mundo dança. Ou nós dois podemos dançar ou então...

Ele começou a divagar sobre possíveis cenários, enquanto Rose só ria. Ela colocou a mão na dele, fazendo o amigo parar.

― Eu vou com você se parar de falar tanto.

Scorpius riu, envergonhado. Observou ela sorrir antes de voltar a discutir as respostas e sentiu seu corpo se aquecer.

Ele contou os dias até o baile. Mandou uma carta para seu pai, pedindo para comprar um traje de gala novo. Também surrupiou flores dos jardins de Hogwarts, pedindo ajuda de Lottie para colocá-los em um buquê. Esperou-a na frente da sala comunal da Corvinal e quando Rose apareceu, perdeu até o fôlego. Assim como todos os anos, seu vestido era simples; o daquele ano de seda com o tom de azul bebê. Scorpius se culpava por nunca ter notado o quão linda ela era. Entregou o buquê para a menina, que sorriu:

― Scorpius! Não acredito que você fez isso. Consegue esperar mais uns minutos só para eu voltar para meu quarto e colocar elas na água?

Esperou ela voltar e foram em direção ao Salão, Rose segurando nos bíceps dele. Encontraram com seus amigos lá: Lottie e Albus juntos, como sempre; Luke tinha convidado Roxanne, que sorria de orelha a orelha; Lysander e Catherine não tinham pares, então resolveram ir juntos; Effy estava com Fred, e havia se juntado aos amigos dele.

A primeira hora havia sido ótima: comeram bem, dançaram enquanto berravam ao som da música, riram das piadas de Luke. Em um momento, os dois se sentaram em uma das mesas para conversar quando Cassandra Thomas-Finnigan passou por eles e foi puxar conversa:

― Finalmente vocês dois se assumiram! Demorou, ein?

Scorpius viu Rose olhar confusa para a menina e começou a sentir uma sensação de angústia em seu peito.

― Como assim? – a ruiva questionou.

― Vocês não vieram juntos juntos?

― Não! – Rose riu, olhando para Scorpius. – somos só amigos.

O humor do garoto mudou drasticamente. Não quis mais dançar e quase não respondia mais Rose direito. Dessa vez, ela não apenas aceitou. Depois de ter feito uma piada e ter recebido um grunhido de resposta, se virou para Scorpius:

― Qual é o seu problema? – ela perguntou, irritada.

― Nenhum.

― Não é o que parece. Você está assim desde que Cassandra veio falar com a gente. É o que? Não somos amigos?

­― Somos – ele respondeu no mesmo tom. – Mas talvez eu não queira ser seu amigo.

Rose soltou um “quê” baixinho e Scorpius suspirou, pegando a mão dela e levantando. Levou a menina com ele até a parte de fora do castelo, no mesmo lugar onde tinham chegado ao acordo que eram amigos. Parou de frente a menina, que ainda tinha uma completa confusão no olhar.

― Olha – ele começou, se atrapalhando nas palavras. – eu achei que quando você aceitou meu pedido, tinha entendido com quais intenções ele tinha sido feito. Por Merlin, Rose, eu te dei flores, disse que você estava linda, flertei com você pela última hora para você me chamar de amigo?

― Scorpius, o que...

Rose estava em choque, mas também confusa. Ela realmente não tinha visto nada de segundas intenções nos atos dele, achando que Scorpius estava agindo do mesmo jeito de sempre.

― Eu não planejei nada disso acontecer, ok? Porque por anos você era minha amiga Rose, uma das minhas pessoas favoritas do mundo inteiro, mas aí teve aquela brincadeira estúpida e aquele beijo... Não sei você, mas eu senti alguma coisa e isso ‘tá me matando por dentro.

Ela o interrompeu, gesticulando no ar:

― Teve sim alguma coisa! Eu senti também, ok? Teve uma coisa.

Os dois se olharam intensamente, em absoluto silêncio. De repente, Scorpius fez um movimento para frente e Rose colocou os braços na frente do corpo, dando um passo para trás:

― O que você ‘tá fazendo?

― Dá para ficar parada?

Colocou as mãos nas costas dela, puxando seu corpo para o dele. Os braços de Rose instintivamente se apoiaram no pescoço de Scorpius, enquanto ele a beijava com delicadeza. Não foi um beijo intenso, mas os dois sentiram como se tivesse sido. Scorpius se afastou, ainda olhando para Rose. Ela olhava para baixo, absorvendo o que tinha acontecido. Olhou de volta para ele e foi sua vez de se aproximar, fazendo Scorpius dar um passo para trás:

― O que você está fazendo?

― Dá pra ficar parado? – Rose respondeu, com um sorriso brincalhão nos lábios.

Dessa vez o beijo foi calmo, mas intenso; as mãos de Rose seguravam as bochechas de Scorpius, enquanto ele a abraçava como se quisesse grudá-la nele. Não queriam nunca mais se afastar, mas também precisavam respirar. Continuaram se abraçando, Rose com a cabeça apoiada no peito dele. Olhou para cima, sendo recebida por aqueles olhos azuis intensos. Scorpius beijou os lábios dela delicadamente antes de Rose perguntar:

― Então... Vou assumir que nada aconteceu com seus avós, certo?

― É, eu inventei aquilo. A verdade é que eu estava doido por você e não sabia lidar com isso. Desculpa.

Ela riu, abraçando Scorpius com mais força.

― Posso perdoar isso, com a condição de mais alguns muitos beijos.

Ele riu, segurando o rosto dela. Passaram muito tempo daquele jeito, conversando e se beijando, extremamente felizes. Resolveram voltar para dentro depois que começou a ficar muito frio. Foram em direção de onde os amigos estavam sentados e Lottie foi a primeira a notar as mãos entrelaçadas.

― Por Merlin, vocês dois? – ela perguntou, com um sorriso enorme no rosto.

Quando eles sorriram e meio que concordaram, a menina levantou gritando e foi abraçá-los. Eles riram, um pouco assustados com Lottie daquele jeito. Os outros amigos levantaram, parabenizando-os. Os dois sorriam como se fosse o melhor dia da vida deles.

Não precisaram de nenhum tipo de pedido: sabiam muito bem que estavam namorando. Nos primeiros meses, continuavam com uma sensação estranha, como se o outro fosse acordar no dia seguinte e de repente terminar tudo. Isso nunca aconteceu e os meses continuaram passando, até chegar o fim das aulas. Rose tinha tido sua última aula de Feitiços do ano letivo.

― Tchau prof. Malfoy, boas férias!

― Boas férias! – Astoria respondeu – Rose! Espera.

A garota continuou onde estava, voltando seu olhar para a mãe de Scorpius. Era sua professora favorita, mas nos últimos meses se sentia estranha por ter aulas com a mãe de seu namorado. Astoria se aproximou, os cabelos escuros balançando no rabo de cavalo.

― Querida, você por acaso vai viajar nas férias?

― Bem, vou fazer uma viagem pela Europa com meus pais e meu irmão, mas devemos voltar lá pelo final de Julho. Por quê?

― Bem – a professora sorriu – queria saber se você gostaria de almoçar lá em casa em algum momento das férias.

Rose foi pega de surpresa. Não esperava aquilo. Sabia que algum dia iria acabar conhecendo melhor os pais de seu namorado, mas não esperava que o convite viesse daquele jeito.

― Sim, claro!

― Ótimo, querida. Combine com Scorpius uma data, ok?

Rose concordou e foi em direção da saída. Encontrou Scorpius sentado nos jardins, lendo alguma coisa. Antes mesmo de se sentar, ela já começou a falar:

― Sua mãe acabou de me convidar para almoçar na sua casa.

― O quê? – o garoto, que estava distraído com o livro, virou o rosto rapidamente para ela.

― Almoçar. Sua casa. Seus pais.

― Ela convidou? Droga, eu disse que ia fazer isso – Scorpius resmungou. – enfim, que dias você está livre?

― Scorpius, por Merlin! Eu estou surtando aqui!

― E por quê? São meus pais, claro que eles querem te conhecer.

― Sua mãe já me conhece! Ela é minha professora faz 6 anos!

― Mas ela te conhece como a aluna dela, não como a namorada do filho dela. E lembrando que meu pai nunca te conheceu.

― Merlin, seu pai – os olhos de Rose se arregalaram e ela olhou para Scorpius desesperada. – e se ele não gostar de mim?

― Amor, é claro que ele vai gostar – Scorpius puxou Rose para um abraço, acariciando o cabelo dela. – e se não gostar, se conforte pelo fato de que meu pai não gosta de ninguém.

Ela riu, mas não conseguiu tirar isso da cabeça. Em vários momentos de suas férias, lembrava de que estava cada vez mais perto do almoço e ficava muito nervosa. Na noite anterior, passou horas escolhendo o que ia vestir. Ficou surpresa a descobrir que Scorpius não morava muito longe dela, apenas quatro estações do metro. Parou na frente da casa dos Malfoy: era uma do estilo terrace, toda branca. Tocou a campainha, as flores que comprou para a mãe de Scorpius em um de seus braços. Foi o menino que abriu a porta, os cabelos loiros bagunçados e usando roupas leves de verão.

― Senti saudades – ele disse logo de cara, antes de beijá-la.

Convidou-a para entrar e Rose observou o interior da casa, meio em choque. Pelo que ouviu desde criança, esperava que a casa dos Malfoy fosse toda escura por dentro, com uma decoração meio medieval. Na verdade, ela era muito bem iluminada e cheia de obras de arte dentro. Scorpius guiou-a por dentro da residência até saírem em um pátio, onde Astoria e Draco estavam sentados. Os dois levantaram no momento em que a viram e Astoria foi a primeira a ir a sua direção.

― Ai, querida, que bom que você pôde vir! – Rose abraçou-a de volta, antes de entregar as flores. – Para mim? São lindas, muito obrigada!

Draco estava logo atrás da esposa. Rose se sentia meio nervosa perto dele, talvez por todas as histórias que ouviu. Ele foi simpático, sorrindo ao apertar sua mão. A menina instintivamente olhou para o antebraço esquerdo do homem, esperando ver a marca negra, mas no lugar havia apenas uma tatuagem de magnólias. Ao olhar para cima, percebeu o olhar do pai de Scorpius nela e sentiu o rosto esquentar de vergonha.

Astoria, que tinha ido até a cozinha achar um vaso para colocar as flores, voltou com uma panela cheia de macarrão. Depois de colocá-la na mesa e todos se sentarem, Astoria começou a falar:

― Rose, espero que goste de macarrão, porque é a única comida nós conseguimos fazer sem ficar absolutamente horrível.

― Eu adoro macarrão – ela riu, enquanto se servia.

Rose percebeu que a matriarca era quem normalmente comandava a conversa naquela casa. Scorpius e Draco até que falavam, mas era Astoria quem realmente fazia as perguntas. A menina até ficou tonta de tanto que teve que responder e ficou envergonhada quando ela começou a elogiar Rose para os dois homens, falando que era uma das melhores alunas de Feitiço que já tinha tido.

― Então – Scorpius começou, enquanto ela lavava a louça e ele secava. – sobreviveu ao interrogatório?

― Até fiquei um pouco sem ar de tanto que eu falei.

― Não estou falando isso para acariciar seu ego, mas minha mãe só fala demais quando está animada. Normalmente ela e meu pai só ficam em silêncio, se encarando.

Rose deu uma gargalhada, jogando um pouco de água em Scorpius. Os dois ouviram a voz de Astoria chamando o filho, que colocou o pano apoiado numa cadeira e foi atrás da mãe. Rose ficou em sozinha por uns minutos, até Draco aparecer em seu lado:

― Precisa de ajuda?

― Ah. Sim, obrigada – ela respondeu, sorrindo para o sogro.

Ficaram em silêncio por um tempo, apenas com o barulho da água da torneira no fundo.

― Rose – Draco quebrou o silêncio, atraindo o olhar da menina. – eu não espero que você e sua família me perdoem algum dia, mas espero que saiba que eu realmente sinto muito.

Rose não sabia o que dizer. Ficou um tempo quieta, absorvendo tudo que tinha ouvido. Apenas assentiu, com um sorriso fraco. Scorpius apareceu logo depois, tomando o lugar do pai. Depois que terminaram, ele deu um tour pela casa para a namorada, finalizando com seu quarto. Ela caminhou pelo ambiente, observando a decoração. Fotos com os amigos e bandeiras da Sonserina estampavam as paredes, mas a principal decoração eram desenhos. De pessoas, paisagens, personagens. Ela virou para ele, desacreditada:

― Você que desenhou tudo isso?

Scorpius assentiu, sentado na cama. Rose olhou um mais de perto, analisando. Era a cabeça da Medusa, com as cobras intercaladas com flores.

― Eles são muito bons! Não sabia que você desenhava.

― Pouca gente sabe. Lottie fala que é meu talento secreto. Puxei isso da minha mãe.

Eles continuaram conversando sobre os desenhos, quando Astoria apareceu na porta.

― Scorpius? Sua avó acabou de mandar um patrono, seu avô está dando problemas de novo... Tudo bem você ficar sozinho por um tempo enquanto eu e seu pai vamos lá resolver isso? – ela se virou para a ruiva. – Rose, quer que nós te deixemos em algum lugar antes de aparatarmos?

Ela olhou para a sogra e depois para o namorado. Seria a primeira vez que iria realmente ficar sozinha com ele.

― Na verdade, não precisa. Eu vou comemorar o aniversário de meu tio com minha família depois daqui e como o restaurante é mais perto de onde vocês moram, combinei com meus pais de encontrar eles lá.

Astoria assentiu. Deu um abraço em Rose, agradecendo ela por ter ido lá e deu um olhar para Scorpius, que apenas revirou os olhos. Depois que ela saiu, os dois continuaram a conversar até Rose ficar estranhamente quieta. Apoiou-se na cômoda atrás de si, encarando o namorado. Scorpius olhou para ela, confuso.

― Você não é virgem, é?

Scorpius foi pego de surpresa pela pergunta da namorada. Ainda mais confuso, respondeu que não.

― Você é? – foi a vez dele de questionar.

― Não.

― Certo. Por que exatamente você me perguntou isso, posso saber?

­― Só ‘tava pensando se eu teria que tirar a sua virgindade, sabe. Só isso.

Ele riu, desacreditado com a conversa.

­― Deixa eu ver se entendi: você estaria disposta a tirar a minha virgindade hipotética?

― Sim. Eu meio que ‘tô – ela respondeu, mordendo o lábio e dando um olhar para ele.

Oh.

Ele endireitou a postura na cama. Estendeu as mãos para a menina, puxando-a para seu colo. Rose o beijou e seus corpos fizeram o resto. Depois, ficaram deitados de frente um ao outro, as pernas entrelaçadas. Scorpius passava os dedos pelo rosto dela, notando o amontoado de sardas que ela tinha perto do nariz. Já Rose finalmente via as novas tatuagens do namorado, que estavam escondidas pelas roupas:

― Você já tinha essas ou fez agora?

― Fiz nessas férias. Minha mãe me prometeu que quando eu fizesse 17 ela ia tirar uns dias e íamos fazer todas as que eu queria.

Rose sempre esquecia que além de professora de Feitiços em Hogwarts, Astoria também tinha um estúdio de tatuagem em Londres. Ela mencionava isso poucas vezes, mas era possível ver algumas das suas próprias quando usava mangas curtas para dar aula.

― Cara, até hoje eu não consigo acreditar que durante o verão sua mãe realmente tatua pessoas. As suas tem algum significado?

― Por que as pessoas sempre perguntam isso? Sinceramente, são todas por estética. Nenhuma tem um significado maior.

Rose observou de novo. As únicas que ela tinha visto antes dele tirar as roupas eram uma árvore no interior do antebraço esquerdo dele e um olho na mão direita. No torso, havia um anjo em seu peito, uma cobra mordendo uma mão perto da cintura e um escorpião no final de seu abdômen. Ela tocou aquela com os dedos, debochando de Scorpius:

― Um pouquinho egocêntrico, não acha?

― Totalmente egocêntrico, meu amor. Faz parte da minha personalidade.

Ela riu e beijou-o. Ficaram em silêncio por mais uns minutos, enquanto Scorpius passava os dedos pelo braço dela bem de leve.

― Então, que horas você tem que sair para o jantar?

― Ah não, o aniversário do tio Harry é só semana que vem.

Scorpius olhou para Rose, chocado.

― Você mentiu para a minha mãe? Para ficar aqui sozinha comigo e se aproveitar de mim? Rose Weasley, não esperava esse tipo de comportamento de você.

― Fazer o que, com as influências que eu tenho na minha vida. Agora levanta aí e se veste, vamos dar uma volta. Eu nunca venho para Kensington e quero saber como os ricaços vivem.

Eles andaram por horas, tomando sorvete e olhando em lojas aleatórias. Quando começou a escurecer, Rose avisou que tinha que voltar para casa. Na frente da entrada da estação de metro, ela convidou Scorpius para passar algumas semanas nA Toca antes de voltarem para Hogwarts.

― Minha vó que está te convidando. Ela realmente sente saudades.

― E desapontar a minha maior fã? Claro que eu vou.

Arrependeu-se um pouco de ter concordado assim que tocou a campainha e Ron Weasley abriu a porta. Seu sogro apenas bufou e saiu andando, deixando Scorpius lá. Já estava acostumado com o jeito que Ron o tratava e esperava que fosse piorar depois que começou a namorar Rose, mas isso ainda assim deixava Scorpius um pouco magoado. O resto da família o tratava bem e Arthur Weasley tinha deixado de lado seu preconceito contra os parentes de Scorpius e ficado surpreso de como o garoto não tinha as características grotescas de seus antepassados.

Ron era o único que não conseguia entender que o menino tinha sua própria personalidade e não era uma cópia exata dos atos ruins que sua família cometeu. Quando não estava agindo como se Scorpius não existe, estava julgando-o por qualquer coisa errada que ele fazia. A gota final para Malfoy foi quando em um dos jantares nA Toca ele sem querer derrubou um pouco das batatas no chão e ouviu o sogro ridicularizá-lo para sua esposa, que o pediu para ficar quieto.

― Desculpa senhor, mas qual é o seu problema comigo? – Scorpius falou antes mesmo de pensar.

A mesa inteira ficou em silêncio. Ron olhava para ele em choque. Scorpius respirou fundo, sabendo que não podia ficar quieto de novo.

― Eu venho aqui faz anos e só te tratei com educação e simpatia, mas nunca vai ser suficiente, não é? – ele sentiu Rose apertando sua mão – eu entendo todo o horror que minha família fez a sua passar e eu juro que se pudesse, mudaria o passado. Mas, infelizmente, eu não posso.

Todos os adultos na mesa assumiram expressões tristes e Hermione passou os dedos na cicatriz que Bellatrix havia causado nela tantos anos atrás. Scorpius apertou a mão de Rose antes de continuar:

― Você age como se eu fosse a cópia exata de todas essas coisas horríveis, mas nunca tirou minutos do seu tempo para tentar me conhecer. Você não sabe nada de mim. Não sabe que minha mãe me criou com os ideais dela, ignorando tudo que meus avós falavam para ela. Você não sabe as coisas que amo, como eu sou.

Scorpius parou, respirando fundo. Ron abriu a boca para falar alguma coisa, mas o menino continuou:

― Eu amo desenhar e planejo trabalhar no estúdio de minha mãe depois que me formar; eu amo História da Magia e apesar de muita gente me achar burro, sou um dos melhores do nosso ano; eu amo seu sobrinho como um irmão e acima de tudo, eu amo sua filha. E te prometo que nunca vou machucá-la, pelo menos não intencionalmente. Se algum dia você quiser me conhecer melhor, eu estou bem aqui. Agora, se me dão licença, vou pegar alguma coisa para limpar o chão – ele se levantou, parando no meio do caminho – e mil desculpas por todo o incômodo.

George havia conseguido mudar o clima da mesa rapidamente e quando Scorpius voltou todos já estavam comendo normalmente. Rose passou o resto do jantar quieta, lançando alguns olhares para o namorado. Só falou com ele quando todos estavam indo dormir. Ela entrou no quarto que o menino dividia com Albus, pedindo para o primo deixá-la falar a sós com Scorpius. Ele olhou para os dois, antes de fazer uma cara de nojo e pedir:

― Por favor, não transem na minha cama.

― Albus!

― Cara, sai logo daqui!

Ele saiu, ainda resmungando. Scorpius estava sentado na cama de baixo e Rose se colocou do lado dele. Apoiou sua cabeça nos ombros largos do menino, antes de falar:

― Então... Você me ama como o Albus ou o que?

A ficha de Scorpius finalmente caiu. Tinha tecnicamente dito que amava ela pela primeira vez no meio de um discurso para seu pai. Olhou para Rose: os olhos claros grudados nos dele, cheios de ternura. Passou seu nariz no dela, com carinho.

― Eu te amo, mais do que qualquer coisa.

Rose abriu um sorriso enorme, beijando-o.

― Eu te amo.

Scorpius passou o braço pela cintura dela e ficaram ali, abraçados.

apaixonados


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Notas finais do capítulo

desculpa pela bíblia HAHAHAHAHA
espero que tenham gostado!!!
um beijão ♥