(500) Days of Rose escrita por Paulie


Capítulo 8
Capítulo VIII - Como ele chorou feito um bebê


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!

Oficialmente, antepenúltimo capítulo. Estou tão animada que até esqueço que ainda não consegui acabar de escrever o último, embora já esteja todo pronto na minha cabeça, e que meu prazo está acabando. Mas vamos continuar ignorando isso.

Assim como estou ignorando que o Junho Scorose está chegando ao fim. Se adiar a tristeza, vai que ela some, certo?

Então, boa leitura para todos :)



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Capítulo VIII

Como ele chorou feito um bebê

 

Dia 299

Ele respirou fundo pela terceira vez, esperando que dessa vez surtisse algum efeito e fizesse, de algum modo, suas mãos pararem de tremer. Rose, ao seu lado, percebeu o que passava, e apoiou sua própria mão sobre a dele que ainda se agarrava ao volante tornando os nós dos dedos brancos, sorrindo para ele.

— Vai dar tudo certo – ela disse, o incentivando.

— Eu sei – ele disse em um sussurro, junto com um suspiro.

Respirou fundo mais uma vez.

— É só que já faz muito tempo.

Ela lhe estendeu o grande buquê de flores do campo – as favoritas de sua mãe – que até então estava apoiado no colo dela, como um incentivo final para que ele finalmente saísse do carro.

— Não vai ajudar ficar aqui, você sabe. Não vai ficar mais fácil.

— Você tá certa – ele pode ver que ela ergueu a sobrancelha esquerda em um gesto automático de “como sempre”, mas que não disse nada, e ele adorava aquilo nela.

Ele tirou a chave da ignição, entregou para a mulher, que ficaria o esperando ali, pegou o buquê que ela estendia para ele e saiu para o ar já não tão quente que o outono trazia.

O cemitério e seu longo terreno gramado, pontilhado com túmulos e flores, estava relativamente vazio naquele dia. Talvez o céu bonito, com poucas nuvens e a temperatura confortável tivesse estimulado outras atividades menos fúnebres, mas não para os Malfoy. Não naquele dia em específico.

Quando Scorpius se aproximou da pedra de mármore que marcava o túmulo de Astoria Malfoy, percebeu que o pai já estava lá, com o mesmo estilo de sobretudo que sua mãe sempre havia adorado comprar para o esposo – Scorpius se questionou se ela havia comprado aquele.

Fazia um tempo que não via seu pai, e os cabelos sempre tão louros que quase brancos, agora estavam mais para tão brancos que quase louros. Os anos chegam para todos, inclusive para Draco Malfoy.

Ele não olhou para o homem ao seu lado quando o alcançou, apenas agachou, depositou o buquê que trouxe ao lado de um extremamente semelhante (seu próprio pai havia trazido, ele imaginava) e tocou a pedra fria, como se assim pudesse tocar a bochecha rosadas ou o cabelo negro que nunca esqueceria o cheiro.

— Oi mãe – ele sorriu levemente.

Ele não saberia descrever exatamente o que se passava pela sua cabeça todas as vezes que vinha ali e colocava a mão sobre a pedra. Os pensamentos fluíam, como se ele tivesse contando para a mãe tudo o que havia acontecido com ele desde a última vez que estivera ali, mas não tinha um fluxo ou uma ordem na maneira que essas lembranças fluíam. Mas, naquele momento, ele sabia exatamente o que ele estava contando para ela: “a senhora vai ser avó!” ele repetia e repetia, ecoando o pensamento e sorrindo involuntariamente.

E também chorando involuntariamente. “A senhora vai ser avó e nunca vai conhecer seu neto”, ele completou o pensamento, sentindo que o choro se apertava na garganta.

Após um tempo, que não sabia dizer quanto, ele se levanto e abanou o tecido do joelho da calça onde havia se ajoelhado, ainda com os olhos marejados.

— Oi pai – ele finalmente disse.

E ao virar-se para Draco, e ver os olhos também molhados do pai, eles não trocaram palavras antes de compartilharem um abraço. Havia muito a ser dito, muito a não ser dito, muito a ser pensado e muito a ser refletido. Naquele momento, contudo, só havia muito a ser ignorado e a sensação de perda, mais forte do que havia estado nos últimos tempos.

Cinco anos haviam se passado desde que haviam perdido Astoria para o câncer, cinco anos desde que ela pode finalmente descansar, depois de tanta dor e sofrimento. Eles sabiam que havia sido o melhor para ela, após tantos meses de tratamentos penosos e de debilitações que só se acumulavam. E eles entendiam isso. Assim como também entendiam que, apesar de ter sido o melhor para Astoria, não tinha sido o melhor para eles.

— Eu vou ter um filho – Scorpius murmurou, ainda engasgado com as lágrimas, o som sendo abafado pelo sobretudo do pai – Você vai ser avô. E mamãe ia ser avó.

Eles não se afastaram, e foi por isso que Scorpius conseguiu sentir o soluço que movimentou o peito do pai, que não conseguiu segurar o choro após a notícia.

Depois de tudo que já tinha feito na vida, Draco Malfoy estava emocionado porque ia ser avô. E Scorpius permitiu se esconder nos braços do pai por mais aquele dia, antes de ter de se afastar e se tornar o pai.

No quarto, reinava a escuridão: não havia sequer um ponto de luz ali. Rose deitava sobre o peito nu de Scorpius, que continuava a passar a mão pelo braço dela.

— Eu contei pra ele, Rose, que a gente vai ter um filho.

— Ou filha – ela brincou, mas logo em seguida ele pode sentir quando sua testa enrugava um pouco – O que a gente vai fazer, Scorp?

— A gente vai ser pai. E vamos tentar fazer tudo certo. Embora eu ache que vamos fazer a maioria das coisas errado.

— Eu tô falando sério, Scorp – ele não podia vê-la, mas sentiu quando mudou de posição, virando-se e apoiando o queixo sobre as mãos cruzadas sobre o seu queixo – Eu falei que eu estava feliz, mas não te dei a opção também... Você quer mesmo ter esse bebê?

— Eu sei que não seria a hora perfeita, Rose, mas a gente pode fazer ser. Eu te amo, e eu sei que a gente não tá junto há muito tempo, e que eu vou fazer um milhão de coisas erradas antes de você ganhar esse neném. Coisas erradas do tipo dizer para o seu pai que a gente veio pra minha casa transar. Ou coisas erradas do tipo te irritar e fazer você me odiar quando eu fizer exatamente o oposto do que você queria que eu fizesse. Mas a gente vai fazer dar certo. Você vai ver.

Ele podia sentir que ela sorria, então havia dito a coisa certa, afinal.

— Que bom que você se sente assim, amor, porque pensei que a gente podia contar pra minha família no jantar do meu aniversário semana que vem então, o que acha?

Mas ela não esperou resposta antes de se ajeitar novamente no peito dele para dormir, e ele agradeceu que não tinha luzes ali, porque ele definitivamente fez uma careta ao pensar que a possibilidade de Ronald Weasley lhe castrar não era tão remota quanto ele gostaria que fosse.

 

Dia 303

Ele nunca fora medroso, mas por algum motivo ele estava parado no escuro dentro do carro estacionado em frente à casa de Rose por mais tempo do que seria considerado normal. Se algum vizinho que não o conhecesse estivesse o observando pela janela, provavelmente estaria a um fio de discar para a polícia e acusa-lo de estar planejando um roubo. Ou um sequestro. Ou de ser um stalker. Definitivamente nada de bom.

Ele pensou que devia sair dali logo e tocar a campainha de uma vez. Quem sabe em dez minutos, ele completou o pensamento, continuando na mesma posição. Despertou do seu transe sabe-se quanto tempo depois com batidas firmes no vidro da janela de seu carro.

— Ô mané, achei que já tinha passado da fase de ter medo do tio Rony – Albus disse, se abaixando ao nível que Scorpius se encontrava sentado, para que ele pudesse ver o rosto zombeteiro dele.

Albus deu um passo para trás para permitir que ele abrisse a porta do carro, e ficou ali esperando. Ele finalmente respirou fundo, agarrou o presente de Rose que estava apoiado no banco do passageiro, o buquê de flores violetas (incluindo algumas das próprias violetas, as favoritas da namorada) que estava ao lado e a chave do carro com a outra, saindo para o ar já gelado do outono.

— Se ele não te matou até agora e Rose ainda tá feliz contigo, eu não me preocuparia tanto – Albus passou o braço pelos ombros do amigo, mas como ele era mais baixo que Scorpius, acabou forçando ele a ficar corcunda e logo se desfazer daquela posição – A menos que você faça a Rose chorar, porque aí sim ele vai ficar possesso contigo. Ou que engravide ela, cara, aí sim ele vai te matar.

Scorpius parou no meio de um passo e engoliu em seco. Albus virou para ele sem entender porque haviam parado no meio da rua e, ao ver o rosto dele mais pálido do que poderia julgar ser possível, só fez uma careta.

— Tu tá de sacanagem comigo – ele disse, em voz baixa – Tu engravidou a minha prima, Scorpius? A minha prima, aquela que o pai dela já não gosta muito de você, você engravidou ela depois de, sei lá, seis meses de namoro?

— Tecnicamente quatro.

— Puta que pariu Scorpius, mas aí você quem pediu também ein.

Albus continuou andando balançando a cabeça e se negando a acreditar.

— Ei – Scorpius correu e o segurou pelo braço antes que ele tocasse a campainha da casa – Só não fala pra ninguém ainda, tá legal?

— Não falar o que? – Lily apareceu por trás deles de mãos dadas com a namorada.

— A surpresa que ele vai fazer pra Rosie – Albus respondeu, tocando a campainha – Quanto tempo, Emily, Lily agora inventou de te esconder só pra ela foi?

Eles se abraçaram mas Lily logo interrompeu o momento.

— Tá, agora desagarra da minha namorada.

O sorriso de Emily era largo e bonito, acentuado pelos lábios negros carnudos, e Lily o encarou por um tempo um pouco a mais do que o socialmente aceito antes de, provavelmente, se lembrar que estava do lado do irmão e do namorado da prima. Desviou o olhar para o segundo.

— Ah, eu quero saber a surpresa, me conta.

— Não vai dar – ele disse, escutando o barulho que a fechadura da porta fez ao ser remexida pelo lado de dentro. Salvo pelo gongo – Ela tá vindo aí.

— Oi! – Rose abriu a porta animada.

Era seu aniversário, e essa era a desculpa perfeita para Rose se vestir com roupas extremamente florais sem que ninguém pudesse dizer absolutamente nada sobre o assunto na sua frente – e ela aproveitou a oportunidade. O coração de Scorpius deu um pulo no peito ao encarar. Ele só podia torcer para que seu filho ou filha herdasse toda a beleza do mundo contida naquela mulher.

Albus a abraçou, Lily e Emily em seguida, e Scorpius ficou por último. Ela já sorria para os primos mas, ao ficar sozinha com ele, houve um clique que tornou o sorriso naquele tipo que ele nunca havia a visto dirigir para mais alguém além dele. Ele sentiu seus lábios se contorcerem no mesmo tipo de sorriso para ela, e toda e qualquer preocupação que o havia assolado – sobre ser capado, ou perseguido, ou caçado, ou morto – foi-se com uma brisa que soprou por ali no momento.

— Achei que você não vinha mais – ela se jogou sobre ele, enlaçando os braços em seu pescoço.

— Feliz aniversário, Rose – ele murmurou, depositando um beijo no pescoço dela.

— Agora vem, já tá quase todo mundo aqui.

Ele estendeu os presentes para ela depois de espera-la trancar a porta.

— Não precisava de nada, bobinho – mas pegou a embalagem em uma mão e as flores na outra enquanto dizia isso.

Ela deixou o presente apoiado junto com os outros que já havia recebido no móvel da entrada, arrastando-o para a sala, onde todos já se reuniam, pela mão. Apenas alguns mais próximos e que haviam podido ir plena quinta-feira estavam ali, e não toda a família.

— Ele te deu flores – foi vovó Molly quem suspirou, assim que entraram – Tá vendo, Albus, é por isso que você não tem uma namorada até hoje, porque você não dá flores para ela. Dá um abraço aqui, Scorpius. Vai nA Toca uma vez e depois nunca mais volta. Tem de levar ele lá depois, Rosie.

Rose ajeitava o buquê em um jarro com água, usando-o como decoração da própria festa, mas concordou em leva-lo para enfim livrar Scorpius das batidas na bochecha e perguntas se estava realmente comendo bem ultimamente, porque estava tão magro...

— Scorpius – Hermione o cumprimentou, surpreendentemente, com um abraço além do já habitual sorriso.

Pelo menos com a sogra a cada encontro ele progredia um pouco. Bem, a cada encontro particular, porque no tribunal ela continuava a andar com o nariz alto e a dar o seu melhor independente do agora genro – genros, genros, amigos a parte, como dizem por aí.

Ronald o cumprimentou com um aperto de mãos e um aceno de cabeça. Nenhuma palavra ou olhar hostil, o que era um grande feito – Scorpius estava prestes a descobrir se milagres unidos pelo xadrez seriam desfeitos com uma filha grávida, e não estava necessariamente ansioso.

Quando James chegou com a namorada nova, Alice – uma velha amiga da família, Rose lhe contou (ela também completou “quem sabe ela consegue dar um jeito nele”) –, Rose apertou a mão dele e se pôs de pé, chamando atenção de todos e o fazendo ficar de pé ao seu lado.

“É agora”, ele pensou, “se eu não morrer hoje, nunca mais eu morro. Mas ele não deixaria a neta sem pai, deixaria?”. Scorpius não tinha receio de estar no centro das atenções – pudera, ele era um advogado, ele fazia isso para viver— mas pela primeira vez desde o ensino fundamental suas mãos suavam e ele as passava nervosamente pelo tecido da calça.

— Eu sei – ela começou, quando já tinha a atenção de todos da sala – que hoje é o meu aniversário, mas eu queria dar um presente pra mamãe e papai hoje.

Ela tirou pegou duas pequenas embalagens que estavam na mesa de centro e as entregou para os pais. Scorpius franziu as sobrancelhas, perguntando-se o que ela estaria fazendo, ficando ainda mais nervoso ao olhar para Albus e o perceber rindo consigo mesmo do nervosismo do amigo.

Hermione foi a primeira abrir o embrulho, levando as mãos ao peito e com os olhos marejados.

— Isso é sério, querida?

Rose não respondeu, também já com os olhos lacrimejando, apenas acenou em concordância, indo em direção da mãe e encontrando-a no meio do caminho em um abraço. O restante da família ficou sem entender enquanto as duas se abraçavam e choravam, murmurando palavras confusas e incompreensíveis.

— Alguém pode me ajudar com essa coisa – um Ronald nervoso, com dificuldades para abrir seu próprio embrulho e preocupado porque sua esposa e filha estariam chorando no meio do cômodo.

James deu um passo em direção ao tio, por ser o mais próximo, e o ajudou a acabar de abrir. O rosto de Ronald adquiriu tons vermelhos intensos, mais intensos que Scorpius julgava ser possível, mas foi James quem quebrou o silêncio, enquanto toda a sala observava-os.

— A Rosie tá grávida?

— Eu vou te matar – Ronald disse.

Mas ele não gritou, ele não bradou – ele disse em um tom contido e calmo, como se tivesse planejando cada detalhe da morte dolorosa dele em sua mente. Scorpius podia sentir, mesmo aqui, do outo lado do cômodo, que a mente do sogro maquinava nos métodos de tortura mais dolorosos e sofríveis e que matavam lentamente.

Ao mesmo tempo, o burburinho na sala cresceu. As mulheres da família correram para rodear a futura mãe, enquanto os homens – pressentindo o perigo, possivelmente – correram para rodear Ronald.

Scorpius se sentia em transe, que só foi rompido quando Hermione o alcançou.

— Você vai ser um ótimo pai – ela disse, simplesmente, abraçando o genro. Se separou dele com um sorriso no rosto e os olhos ainda marejados – Eu te disse isso uma vez, e vou repetir: Rony vai acabar acostumando. E agora pelo menos você tem a certeza que ele não vai fazer nada de muito ruim: ele nunca prejudicaria o pai do nosso primeiro neto.

Ronald se aproximou dele em seguida, sendo ladeado por Harry, Albus e James – prontos e em sobreaviso para evitar qualquer possível tragédia. Foram surpreendidos quando ele deu um passo a frente e abraçou o genro, com tapas desajeitados nas costas.

— Eu querendo ou não você é da família agora, aparentemente – ele murmurou – Mas se você fizer um a errado com a Rosie ou com esse bebê, eu pessoalmente te caço, te castro e te mato, entendidos? – Scorpius acenou em concordância – Bem-vindo a família – Rony completou entredentes ao se afastar e se dirigir para onde a filha estava.

Albus foi o próximo a se aproximar dele, com um tapa nas costas.

— Hoje descobrimos que o amor de tio Rony pela família é maior do que o ódio dele por você. Parabéns, Scorp.

 

Dia 314

— Para onde?

— Sua casa, eu estou morta para sequer cogitar ir pra minha casa e ter de dormir sozinha agora – Rose, com a cabeça deitada no encosto do carro enquanto desfazia o rabo do cabelo disse – Um plantão já era difícil, agora, um plantão grávida, vomitando e com a porcaria da cabeça doendo o tempo todo, é uma amostra grátis do inferno.

— Sabe, amor... Eu estive pensando – ele disse, enquanto saíam do estacionamento do hospital.

— Olha o meu cabelo – ela riu, depois de se encarar no retrovisor – ele grita por si só “ei, acabei de sair de um plantão de 24 horas”.

— Exagerada – ele rolou os olhos – Tá linda.

— Não vamos mentir também, tá, Scorp.

— Mas voltando pro que eu estava dizendo. Eu estive pensando.

— Hun, que milagre.

— É sério, Rose. A gente tá sempre um na casa do outro, quando não estamos trabalhando. E agora você vai começar a ter desejos malucos...

— Ei, malucos não.

— Desejos malucos a sabe-se lá que hora do dia. E depois, você vai estar sempre no nasce não nasce. E depois, a gente vai ter o bebê. E eu não conseguiria dormir tranquilo sem saber que vocês estão bem, e perto de mim. Então, eu estive pensando... A gente devia morar junto.

— Sim, a gente devia – ela concordou.

— Fácil assim? Eu achei que ia ter de usar um pouco mais da minha lábia pra te convencer nessa.

— Nah, eu acho que faz sentido. Vai ser o melhor jeito, e o jeito que vai te dar menos trabalho, o que quer dizer que eu vou poder ter desejos a qualquer hora do dia sem receio de te ligar – ela tirava o tênis do pé agora, esticando os dedos para restaurar a circulação – Eu estou de folga amanhã o dia todo, então já vou atrás das coisas pra mudança e mando tirar a cópia da minha chave pra você também.

— Epa, pera. Da sua casa?

— É – ela riu – Ou você estava pensando que a gente ia morar na sua?

— É exatamente o que eu estava pensando.

— Tá brincando né Scorpius?

— É tão ruim assim cogitar a possibilidade? – o tom dele havia mudado, mas o dela também tinha – Minha casa é a mais próxima da maternidade, e além de tudo fica no meio do caminho tanto para você trabalhar quanto pra mim.

— Sem chances.

Ele desligou o motor, já parado na garagem de sua casa, mas nenhum dos dois se moveu para sair do carro.

— Ah, se você puder me explicar o porquê, eu serei o cara mais feliz do mundo— o tom de ironia havia feito sua voz subir dois tons nas últimas palavras.

— Ai, Scorpius. Eu sei lá, tudo bem? – ela jogou as mãos para cima – Talvez porque na minha casa o quarto da bebê seria bem em frente ao nosso quarto? Ou porque eu amo meu jardim e não estou disposta a abrir mão de algo que eu tenho trabalhado?

— Ah sim, claro, porque na minha casa o quarto do bebê seria bem do lado do nosso e isso seria terrivelmente péssimo, a pior coisa do mundo.

— Eu só não acho que a sua casa seja o melhor lugar.

— Isso tem alguma coisa a ver com meus avós terem comprado essa casa pra mim? É alguma coisa estúpida de orgulho Weasley?

— Você não disse isso – Rose o olhou com o olhar gélido, destacado pela penumbra que a luz desligada da garagem deixou – Nem um dia, nem por um único momento, eu nunca disse ou fiz algo que pudesse te dar a entender que me sinto assim em relação a você. Pelo contrário, eu já te disse que eu não dou a mínima pra isso. O que a sua família fez ou deixou de fazer é problema deles, não seu ou nosso. Você ter a coragem de dizer isso pra mim agora é realmente muita audácia.

— Tá, ok, entendi. Só não muda o foco do que a gente tá discutindo aqui, tá bom? A minha casa é tão boa quanto a sua, é maior, fica na posição melhor para ambos.

— Eu realmente não quero continuar a discutir isso agora, tá legal? – ela abriu a porta e saiu do carro, batendo a porta atrás de si.

Ele abriu a sua própria porta e saiu andando atrás dela em passos largos, parou nos pés da escada com os braços balançando.

— Muito bom, Rose, a primeira briga de verdade que a gente tem e você só sai no meio.

Ela se virou para ele lentamente.

— Eu acabei de trabalhar 24 horas seguidas, eu estou com sono, e meus pés estão inchados. Eu não estou saindo ou fugindo de uma briga, eu só estou cansada e a gente pode continuar isso quando eu não estiver com uma dor de cabeça insuportável? As casas ainda vão estar aqui amanhã de manhã pra gente discutir, sabia?

Ela continuou subindo as escadas pisando forte, e entrou para o banheiro, fechando e trancando a porta atrás de si.

“Ah, ótimo, agora é ela quem decide que a briga estúpida acabou”, ele trocava de roupa jogando a que estava vestido de qualquer jeito sobre uma cadeira em seu quarto – coisa que ele nunca fazia. Puxou os cobertores da cama de qualquer jeito e se enfiou lá, encarando o teto com as luzes do quarto apagadas.

Talvez ele tivesse exagerado ao trazer a questão da família na discussão. Ok, ele totalmente tinha exagerado nisso. Mas Rose havia sido completamente irracional sobre a questão das casas. Morar juntos era a decisão certa, ele sabia disso e não se arrependia nem por um momento de ter trazido o assunto à tona.

Alguns minutos depois, Rose enfiou-se ao seu lado na cama, cobrindo-se até a orelha e virando para o canto. Sempre que eles dormiam juntos, ela deitava-se no peito dele. Aparentemente, não hoje.

Ele franziu a boca. Não gostava da ideia de dormirem brigados. Sua mãe sempre tinha dito que dormir brigado não era uma coisa boa – nunca se sabe o que vai acontecer durante a noite.

— Rose? – ele a chamou, deitado com as mãos cruzadas sobre a barriga.

Ela fez um barulho apenas para mostrar que havia escutado.

— Eu não quero dormir brigado.

— Que pena então – ela disse sem se virar para ele.

— Ah, qual é, Rose.

Ele se deitou de lado virando-se para ela, mas enxergando apenas as costas da namorada. Ficou encarando por um tempo o escuro onde sabia que o corpo dela estava, e esticou a mão, tocando o ombro dela. Foi quando percebeu os pequenos movimentos que o tronco dela fazia sutilmente e percebeu que ela chorava.

— Rose... – ele disse, se arrastando para mais perto dela na cama.

Ela finalmente se virou para ele.

— Eu não quero continuar a discutir agora, por favor— a voz dela se quebrou no meio da frase, indicando que ela realmente estava chorando – Eu só estou cansada, Scorp.

— Tá tudo bem, Rose, tá tudo bem – ele a puxou para seus braços, passando os dedos pelos cabelos dela em um cafuné até que ela adormecesse.

 

Dia 316

Era horário do almoço, e ele tinha avisado a Rose que provavelmente não iria almoçar em casa hoje – algo sobre o juiz ser meio enjoado com pausas muito longas. Então quando a campainha da sua casa tocou, ela deu um pulo e parou o garfo cheio no meio do caminho, correndo e colocando os shorts no caminho de atender a porta.

— Tá tudo bem? – foi a primeira coisa que ela perguntou ao ver Scorpius parado ali, com um sorriso no rosto.

— Vem comigo – ele a agarrou pela mão e a trouxe com ele para fora de casa.

— Ei, espera, eu ‘tô descalça! – voltou, colocou a sapatilha no pé e o seguiu.

Desde a briga, que tinha acontecido antes de ontem, eles não tinham conversado mais sobre o assunto. Rose estava muito cansada de tudo para procurar continuar a discussão por si só, e Scorpius tinha chegado em casa tarde e pulado horários de almoço desde então.

— Olha, a gente morar junto é a melhor opção, você sabe – ele começou a dizer, enquanto estacionava em uma rua pouco movimentada e desligava o carro, embora Rose não sabia onde estavam.

— A gente vai discutir agora de novo? – ela olhou de lado para ele.

— Espero que não. Se você deixar eu acabar de falar – ele saiu do carro enquanto falava.

Ela revirou os olhos, o seguindo para a rua.

— Fala então.

— A gente morar junto é a melhor opção, nós dois sabemos. Além de ser a opção mais prática, é o que eu quero— ele segurou a mão dela enquanto atravessavam a rua, como se fosse uma criancinha – Eu realmente te amo muito, Rose, e quero morar com você. Quero acordar todo dia com você, e quero que todo dia a gente vá pra casa, nossa casa, sem ficar pulando de um lugar pro outro, ou perguntando pra onde vamos ir naquele dia.

— Eu também quero, Scorp, mas...

— Deixa eu acabar, Rose – ele riu, soltando a mão dela e a passando no cabelo, de forma ansiosa, enquanto remexia no bolso da calça com a outra – Eu sei que o seu jardim é importante para você, e eu sei que gosta da sua casa. Eu também gosto da minha. Então achei que a melhor opção seria um lugar neutro... Nós dois abrimos mão de um pouco.

Ele encaixou a chave na porta da casa que estava na frente deles e abriu os braços quando entrou na sala da entrada, vazia.

— O que acha? – ele sorriu e a voz ecoava pelo ambiente vazio e muito branco da casa – Tem um jardim nos fundos, pra você poder continuar a plantar. Vai ter de começar de novo, mas...

— É sério, Scorp? – ela disse, sorrindo e olhando ao redor com os olhos marejados.

— Eu não comprei, ou aluguei, ou assinei nenhum contrato ainda. Mas foi a que, de todas as casas que visitei, mais encaixava com nós dois. Então se você não gostar, a gente pode procurar outra, sei lá. A gente pode... 

Ela não esperou que ele concluísse a frase antes de correr até onde ele estava, no meio do cômodo, e pular no colo dele, enlaçando as pernas ao redor dele. Ela meio ria e meio chorava, e ele gargalhava.

— Eu te amo, Scorp, é a solução perfeita. Eu sabia que namorar um advogado ia trazer algum benefício, no fim de tudo.

Eles riram. E então ela o beijou, e depois o beijou de novo. Em seguida, ele a beijou. E eles se beijaram.

Dia 326

— Agora você fica aqui sentadinha – ele a conduziu para a cadeira que havia colocado perto do balcão da cozinha – enquanto a gente acaba de ajudar a tirar as coisas do caminhão, beleza?

— Eu ‘tô grávida, Scorp, não doente – ela revirou os olhos, levantando-se de onde estava sentada.

— Espera a gente descer os móveis primeiro, depois você ajuda sua mãe a começar a desempacotar aquele monte de roupa que você tem – ele deu um beijo nela, a encarando em seguida com as sobrancelhas levantadas.

— Ok – ela aceitou, voltando a se sentar na cadeira com os braços cruzados – Mas, pra registrar, eu simplesmente odeio ficar aqui parada enquanto vocês estão fazendo todo o trabalho.

— Eu sei – ele sorriu e a deixou ali.

Eles estavam de mudança para a casa nova – que, pelas palavras de Rose, era “tremendamente agradável e bonita e esse jardim vai ficar incrível assim que eu plantar alguns girassóis ali, você não acha, amor?”. Os pais dela haviam vindo ajudar, assim como Albus e Lily (bom, Lily chegou um tempo depois e disse que iria ficar com Rose para não deixa-la sozinha, se é pra falar o que realmente aconteceu).

Eles juntaram alguns móveis da casa dela, com alguns da casa dele, e compraram algumas outras coisas para montar a mobília da nova casa – a casa deles.

Rose tinha vomitado várias vezes pela manhã daquele dia e por mais que ela – e várias outras pessoas – tivesse dito a ele que aquilo era super normal no primeiro trimestre, Scorpius sentia um suor frio descendo-lhe pela nuca a cada vez que ela corria para o banheiro. Grávidas precisavam comer bem, certo? E se tivesse algo de errado com o bebê?

E quando, em nome de tudo que era mais sagrado, esse bendito primeiro trimestre terminaria? Porque, aparentemente, tudo de ruim pode acontecer nele: Rose vomita sem parar, o humor de Rose flutua mais do que ele conseguia lidar com naturalidade e sem contar que todas as pessoas que ele via diziam “cuidado pra não abortar, é um perigo!”.

— Levanta mais um pouco! – Albus gritou para ele enquanto tentavam tirar o sofá do caminhão para colocá-lo na sala.

— Não deixa isso cair – ele gritou de volta – ou se não Rose me mata.

— Ela ainda tá muito nervosa? – disse quando conseguiram apoiar o sofá no asfalto.

— Se ela tivesse simplesmente nervosa, seria o paraíso. Ela está nervosa, e triste, e chorona, e explosiva, e emocional, e feliz, e apaixonada, e com vontade de transar, tudo ao mesmo tempo.

— Não precisava ter comentado a parte de transar, ela é minha prima, sabe – ele fez uma careta.

— Acha que ela engravidou como? A cegonha?

— Eu sei que vocês fazer isso, só não preciso ser lembrado.

Scorpius riu antes de voltarem a levar o sofá para o lugar certo. Seus sogros estavam carregando a geladeira e Lily e Rose colocavam as louças no lugar nos armários da cozinha.

Ele estava suado, sujo e provavelmente fedido, mas quando viu Rose sorrir e olhar para ele mandando um beijo pelo ar, ele se sentia o homem mais feliz do mundo.

 

Dia 327

— Ok, então hoje a gente testa se a casa aguenta – ele brincou, enquanto acabava de pentear o cabelo.

— Nem brinca com isso – Rose respondeu, com a mão apoiada na barriga, um gesto que parecia estar se tornando rotineiro, mesmo que a barriga ainda não houvesse aumentado ou que o bebê tivesse começado a se mexer.

— Vem cá – ele se sentou na cama e a puxou para perto dele, levantando a blusa dela para expor a barriga – Ok, bebê, hoje é o dia que seus avós vão se conhecer, então se quando você nascer ainda tiver os três avós e os dois pais vivos, é porque deu mais ou menos certo, pelo menos.

— Scorp – Rose riu.

A campainha tocou e eles se olharam apreensivos. Agora não tinha mais volta. Scorpius beijou a barriga dela, voltou a blusa para o lugar e se levantou. Desceram as escadas juntos e ela abriu a porta.

— Boa noite Sr. Malfoy – ela sorriu e ele sorriu de volta.

— Oi pai – Scorpius apareceu sobre o ombro de Rose, apoiando a mão em sua cintura.

— Entra, Sr. Malfoy – ela disse enquanto liberavam o caminho e o conduziam para a sala.

— Como vai o bebê? – Draco perguntou.

— Bem – o sorriso de Rose se abriu mais ainda, como sempre fazia quando mencionavam a gravidez – Ainda enjoo todas as manhãs, mas estou aprendendo a lidar melhor. E a evitar peixes, aparentemente seu neto vai odiar peixes.

— Astoria também não podia sentir o cheiro de peixe ou qualquer tipo de fritura, quando ela estava grávida de você – ele disse para Scorpius, com o olhar melancólico como sempre ficava ao se lembrar da esposa.

A campainha tocou e Rose levantou em um pulo.

— Eu atendo, pode ficar – ela disse para Scorpius, saindo da sala.

Pai e filho se encararam nervosamente. Desde aquele dia no cemitério, vinham tentando manter contato regular – bem, mais regular do que havia sido nos últimos anos. Draco recebeu o convite para o jantar com muita relutância: além de ter se tornado bastante recluso nos últimos anos desde a doença da esposa e então morte, ele próprio já havia dito algumas coisas bem desagradáveis à Hermione Granger na juventude de ambos.

Ele tinha dito coisas bem desagradáveis ao seu próprio pai na última vez que o viu, sabia que essas notícias tinham ido a público, mas, ainda assim, não o isentava da culpa pelo que tinha feito e dito antes, muito menos apagado.

Mas Hermione e Ronald entraram na sala junto com Rose e foram corteses com Draco – não calorosos, mas educados e respeitosos, o que era mais que Draco poderia pedir naquelas circunstâncias.

E, no fim da noite, a casa ainda estava de pé e ninguém havia se ferido, o que tanto para Rose quanto para Scorpius seria considerado um resultado positivo.

 

Dia 351

— Boa noite – disse Scorpius ao entrar na cozinha e encontrar Rose sentada à mesa mexendo no celular – Amo você.

Ele entregou para ela uma grande caixa de chocolates – ao leite, com recheio de cereja, os favoritos dela – e a beijou com paixão. Quando se separaram, Rose riu.

— Estamos comemorando algo e eu esqueci?

— Hoje é, oficialmente, o primeiro dia do seu segundo trimestre da gestação – ele abriu um grande sorriso – O que significa o fim dos enjoos de madrugada e o fim de todo mundo que te ver ficar avisando sobre abortos e mortes de bebês.

— Você sabe que não é uma mágica, não sabe? Provavelmente isso tudo ainda vai acontecer por mais um tempinho – ela rolou os olhos, mas sorria.

— Vamos lá, vai trocar de roupa, vamos jantar fora – ele disse, a empurrando delicadamente pelas escadas, andando atrás dela.

— Quer dizer que eu não posso sair por aí de pijama?

— Quer ir de pijama? Eu não importo, na verdade. Fica linda de qualquer jeito mesmo – ele pegou a sua mão e começou a descer as escadas.

— Não, não, eu estava brincando – ela riu alto – Vou trocar de roupa.

Ela saiu correndo escadas acima em direção ao quarto. Scorpius seguiu em um passo mais lento atrás dela, intencionando trocar o terno que usava, por ter ido ao tribunal hoje, para uma blusa mais simples e um sobretudo.

Se sentou na cama mexendo no celular esperando que Rose ficasse pronta. Não tinha se passado muito quando ela entrou no quarto, só de calcinha e sutiã, com os olhos e nariz vermelhos e os olhos molhados.

— Minha calça jeans começou a me apertar na cintura – ela disse, disparando a chorar e se jogando sobre ele, meio sentada no seu colo escondendo o rosto em seu peito.

— Isso é bom, certo? Quer dizer que o bebê tá crescendo e tá bem.

— É, mas daqui a pouco eu não vou poder usar a minha calça preferida – ela voltou a chorar.

Tinha virado algo rotineiro agora as crises de choro por motivos bobos vindos dela e, depois de ler muitos sites com nomes duvidosos sobre bebês e gravidezes, ele aprendeu que aquilo era o normal. E, depois de conviver e passar por muitas das crises de Rose, ele aprender que o melhor a se fazer naqueles momentos era concordar com tudo que ela dizia. E dar um chocolate. E esperar a explosão de raiva que viria em seguida.

— É bom, mas eu não queria perder minha calça – ela continuou a chorar.

Passados alguns minutos, ela se levantou em um pulo, limpou o rosto com as costas das mãos e marchou até o quarto ao lado, voltando com uma calça jeans na mão.  

— Quer saber também? Eu não preciso dessa calça estúpida! Os criadores, designers, costureiros dela não pensaram em colocar um pouco de elástico na cintura? Um pouco de elástico não ia fazer mal a ninguém! Toma, joga ela fora pra mim enquanto eu acho alguma roupa feita com o mínimo de consideração pelas pessoas que engordam um pouco – ela jogou a calça no colo dele antes de dar as costas e voltar para o closet.

Ele suspirou, dobrou a calça e guardou no fundo da sua última gaveta. Ele sabia que ela iria pedir a peça de volta daqui uns dias, uma semana no máximo. E que isso seria motivo para mais um choro, e que era melhor estar preparado. Mas também sabia que não podia deixar ver a peça antes que a pedisse – ou então ela iria ficar nervosa com ele.

Voltou para a cama, se sentando para mexer no celular novamente enquanto a esperava.

 

Dia 385

— Ok, o bebê está crescendo direitinho – o médico disse, antes de guardar o sonar que usava e pegar outro.

— Ali, Scorp – Rose apontava para um lugar da imagem preta e branca congelada da tela – Aquele é o pezinho, tá vendo?

Aparentemente cursar seis anos de medicina dava aos médicos a habilidade de distinguir partes do corpo em um emaranhado de cinza. E, também aparentemente, Scorpius não tinha a menor habilidade para abstrair esse tipo de coisa, então só negou com a cabeça – pela décima vez, somente durante essa consulta.

Rose tinha completado quatro meses já, o que queria dizer que tinham de fazer o ultrassom morfológico – o que quer que isso significasse. Mas, pelo que Rose tinha lhe contado, talvez conseguissem ver o sexo do bebê hoje (motivo pelo qual somente hoje ele já havia a pegado chorando discretamente várias vezes, ansiosa).

Ela não piscava ou tirava o olho da pequena tela do aparelho de ultrassom, tentando ter algum vislumbre do sexo do bebê.

— Vamos lá, abre as perninhas bebê – ela disse, cutucando a barriga com a mão que não apertava a de Scorpius – A gente quer descobrir se você é o nosso menininho ou a nossa menininha.

Ele sorriu para a ela.

— Vamos lá, bebê – foi a vez dele de dizer.

Mas o bebê não iria obedecer os pais nem enquanto ainda estava na barriga, aparentemente.

Foi dez minutos depois quando Rose deu um suspiro e colocou a mão que antes estava na barriga na boca, enchendo os olhos novamente com lágrimas. Scorpius olhou para ela sem entender o porquê da reação. Foi preciso que o médico falasse algo antes que ele entendesse.

— Parabéns, a sua menininha está forte e saudável, papais. Vou dar um tempo para vocês – ele sorriu e sair da sala, acendendo a luz.

Antes que Scorpius pudesse perceber, ele chorava copiosamente, alternando entre abraçar Rose, beijá-la ou beijar a barriga da mulher.


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Notas finais do capítulo

Teremos uma bebêzinha Scorose *emoji assoando o nariz que eu mando a cada 5 minutos no whatsapp*

Muito obrigada a você que leu esse capítulo até o final, e que leu a história até aqui.

Domingo sai o penúltimo capítulo!

Me contem o que acham que vai acontecer :)

Beijinhos e até o próximo