(500) Days of Rose escrita por Paulie


Capítulo 6
Capítulo VI - Como ele aprendeu a diferenciar todos aqueles ruivos


Notas iniciais do capítulo

Olá olá, como vão?

Estou tão feliz com a recepção que vocês estão dando pra cada capítulo, e pro projeto do Junho Scorose como um todo, que vocês nem têm ideia. Só queria agradecer, de coração.

Não que tenha alguma referência direta durante o capítulo, mas o escrevi com I Think He Knows tocando no repeat, então já sabe para o que é o link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=2d1wKn-oJnA

Aproveitem :)



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Capítulo VI

Como ele aprendeu a diferenciar todos aqueles ruivos

Dia 115

Scorpius piscou e estranhou a claridade em seu quarto: ele raramente esquecia de fechar as cortinas antes de deitar justamente porque odiava acordar com o sol em seu rosto. Iria levantar resmungando, mas quando olhou para o lado e teve a visão privilegiada do cabelo ruivo de Rose espalhado pelo travesseiro e refletindo os raios solares, ele pensou que devia um agradecimento ao astro no lugar. 

As sardas de Rose que começavam no rosto desciam pelas costas e braços, descobertos nesse momento. Ele não tinha nenhum talento para desenho ou para artes de forma geral, mas Scorpius se perguntou se ela deixaria que ele brincasse de ligue os pontos em sua pele, porque ele tinha certeza que formariam um lindo desenho – assim como cada detalhe do corpo dela.

— Se tirar uma foto dura mais – ela murmurou após um tempo, abrindo apenas um olho para olhar para ele.

— Ótima ideia – ele pegou o celular e apontou pra ela.

— Eu estava brincando, Scorpius – ela riu e colocou a mão na frente da câmara. Ela esperou até que ele realmente abaixasse o celular para depois abaixar sua própria mão, colocando-a sob o travesseiro em que estava deitada e sorrindo – Bom dia, Scorpius.

— Bom dia, Rose.

Ele poderia realmente tirar uma foto desse momento, mas mesmo que não tirasse, sabia que nunca o esqueceria, e de certa forma estaria gravado como uma fotografia em sua mente.

— Vou tomar um banho, tem problema?

— Se eu puder ir junto, nenhum – ele brincou, antes de abraça-la e a sentir encaixando a mandíbula em seu pescoço.

Ela riu de leve e ele sentiu as cócegas que sua respiração provocava em sua pele. Ou talvez não fossem cócegas, e fossem o fato de ser Rose Weasley.

— Considerando que você queimou o cannelloni que estava pronto da última vez que você me contou, acho melhor eu fazer o café da manhã – ela disse, quando entraram na cozinha juntos após o banho.

Se Scorpius algum dia ele iria se acostumar com Rose Weasley descalça, com uma camiseta sua e os cabelos presos no seu coque de sempre, procurando por ingredientes pelos seus armários em um sábado de manhã, esse dia não seria hoje. Quando eles acabaram por comer um iogurte cada por falta de opção melhor – após ela falar várias vezes como a geladeira dele parecia com a de um estudante universitário – e mesmo assim ele pensou que aquele era o melhor café da manhã que já havia tido, começou a se preocupar seriamente com onde havia se metido com seus sentimentos.

Balançou a cabeça mentalmente, tentando se desviar daqueles pensamentos.

— Vai trabalhar hoje?

— Amanhã. Troquei com a Alice.

— O que quer fazer hoje?

Ela apenas sorriu para ele antes de deixar seu iogurte pela metade sobre o balcão e beijá-lo.

 

Dia 131

— E se você colocar o de flocos assim, por cima do de torta de limão, quando você for comer o de torta de limão já vai ter derretido um pouco de flocos por cima, e vai ficar simplesmente a melhor coisa que você já comeu nesse mundo – ela andava e falava, mostrando para Scorpius como fazer a melhor combinação de sorvete como se tivesse desenvolvendo uma pesquisa científica.

— Deixa eu ver se eu concordo – ele tirou sua colher do próprio pote de sorvete, colocando dentro do da mulher ao seu lado e pegando uma grande porção.

— Hey, assim não vale – ela reclamou, afastando o pote dele em seguida.

— Tá, ok, concordo que é gostoso. Mas para chamar de melhor coisa do mundo, só se você não tiver provado ainda o meu sorvete.

— Scorpius – ela lhe encarou sorrindo por cima dos óculos de sol – Seu sorvete é uma bola de baunilha com uma de leite condensado. Seu sorvete é a definição perfeita de combinação mais sem graça.

Ele deu de ombros.

— Bom que você acha isso, pelo menos sobra mais pra mim.

— Nanão, eu disse que era sem graça, e não que eu não ia pegar uma parte do seu igual você pegou do meu. Direitos iguais aqui, parceiro.

Ele riu dela ao perceber que ela tentava medir para pegar mais ou menos a mesma quantidade que ele havia pegado do dela. E depois de cinco minutos, a discussão sobre o sorvete tinha passado e ela o arrastou pela mão até se sentarem em uma das colinas gramadas do parque, aproveitando a sombra de uma árvore.

Ela colocou as pernas sobre as dele que estavam esticadas, se apoiando nas mãos e levantando o rosto para o sol. Ele sempre tinha achado o cabelo dela bonito – ela toda bonita – mas o cabelo dela com os raios refletindo deveriam ser um insulto. Ele tirou o celular do bolso e a fotografou.

— Ei, direitos de imagem – ela disse, levantando os óculos de sol para o cabelo – Deixa eu ver. Hum, até que não ficou tão ruim. Me manda ela, tenho de trocar a foto do perfil mesmo. Deixa eu tirar uma sua agora.

— Nem inventa, Rose – ele riu.

— Então deixa eu tirar uma nossa. Só olha pra cá e sorri, vai.

E com ela pedindo daquele jeito, ele apenas se resignou a olhar para a câmera e sorrir ao lado dela, a abraçando.

 

Dia 152

Depois de horas ininterruptas de julgamento, o juiz finalmente havia decretado um intervalo de quinze minutos. Scorpius estava contente com o seu desempenho no caso, então estava com um sorriso no rosto quando se levantou e ajeitou a gravata antes de sair da sala do tribunal.

Já tinha ido ao banheiro e estava bebendo um pouco de água quando uma voz atrás de si o assustou.

— Ei bonitão – a voz de Rose estava entonada com diversão e sarcasmo, mas ela exibia um sorriso enorme (assim como ele) quando Scorpius se virou para vê-la.

— De novo em um tribunal e de novo com um vestido floral, Weasley?

Ela deu de ombros, aproximando-se dele e dando-lhe um beijo.

— O que veio fazer aqui?

— Entregar um laudo da autópsia pra minha mãe de novo – ela revirou os olhos, indicando a pasta que trazia meio para fora da bolsa com o queixo – Aparentemente Dr. Lee não consegue fazer as coisas em um prazo determinado.

— Rose, querida, achei que você não ia chegar mais e-Ah, Malfoy.

Hermione veio caminhando pelo corredor mexendo no celular enquanto dizia, após ter avistado um relance de flores em uma roupa (e ter certeza que se tratava de Rose sem nem mesmo um segundo pensamento), e se assustou ao chegar perto e olhar para a filha novamente: ela estava ali com Malfoy, e mais perto do que seria socialmente esperado.

Scorpius endireitou os ombros, mas manteve uma das mãos na lombar da mulher ao seu lado.

— Granger.

— Granger-Weasley – ela lhe corrigiu, por puro hábito, porque naquele momento estava bastante ocupada analisando a cena que se desenrolava a sua frente.

— Vou lá, Scorpius – Rose disse, inclinando-se para frente e subindo na ponta dos pés para dar um selinho no rapaz – Boa sorte no seu caso. Me liga quando sair.

Ela se separou dele e chegou perto da mãe. Scorpius abotoava novamente seu paletó se preparando para voltar para a sessão quando ouviu seu nome.

— Malfoy? Espero que possa vir jantar com a gente um dia desses – ela ergueu apenas uma das sobrancelhas ao dizer isso (um hábito que parecia ser de família, pois era exatamente o mesmo movimento que Rose costumava fazer) e virou-se pelo corredor em seguida.

— Não se preocupa, Scorpius – Rose assegurou, seguindo-a.

Mas Scorpius se preocupou. Não imediatamente após o encontro, porque devia voltar para a sessão e concentrar-se no seu trabalho. Mas no momento em que ela foi encerrada pelo dia e ele foi liberado, foi a conta de se sentar no assento do seu carro que refletiu. Ele era um homem de rótulos, sempre fora.

Mas ali estava ele agora: passando praticamente todo seu tempo livre com Rose, que tinha sido praticamente sua melhor amiga por duas semanas até que se beijaram – e transaram – e agora ele não tinha um nome para o que eram. Amigos coloridos? Ficantes? Enrolados? Namorados? Ele não sabia, e tinha medo de perguntar a ela.

Scorpius Malfoy tinha medo e ele não gostava nem um pouco da sensação. Ele não costumava ter medo, na verdade era até mesmo o oposto na maioria do tempo, sendo taxado de corajoso a ponto de ser estúpido por um amigo da escola quando ele foi o primeiro a pular em um poço com água que não sabiam a profundidade em uma viagem – ele admitia, aquele não havia sido seu momento mais sábio.

Do que ele tinha medo? Ele não sabia... No entanto, antes que pudesse pensar tempo demais nisso, a resposta relampejou pela sua mente: ele tinha medo de perde-la. Perder Rose Weasley, que em tão pouco tempo havia se tornado uma parte tão importante do seu cotidiano. As pequenas coisas: mandar uma mensagem quando ela saia do hospital meia-noite após seu plantão cinderela, para saber se tinha chegado bem em casa; ou quando ela dormia na sua casa e sentia frio no meio da noite, o jeito que aconchegava seus pés junto aos de Scorpius; ou o jeito como ela não suportava andar calçada dentro de casa.

E se ele perguntasse ou sugerisse uma coisa que não era o que ela tinha em mente? E se ele acabasse por arruinar o equilíbrio que haviam alcançado sem muito esforço?

Já era noite, havia acabado tarde a sessão e o que mais queria no mundo enquanto estava lá era chegar em casa e tomar um bom banho. Mas ele ainda estava ali dentro do seu carro no estacionamento, sem acionar o motor. Que ele era um emocionado, ele sempre soube. Mas ultimamente estava conseguindo se elevar a outros níveis – o que estavam colocando nas águas de Londres, era a única possível explicação.

Resolveu mandar uma mensagem para Rose, dizendo que já tinha saído, como ela tinha comentado. Não demorou mais de um minuto antes que ela respondesse:

Rose Weasley

Tem de rever algo do caso? Ou algum compromisso?

Scorpius Malfoy

Com a minha cama, só se for

Rose Weasley

Minha casa também tem um, sabia?

Scorpius Malfoy

Abre o portão que tô chegando então

Ele apenas jogou o celular no assento do passageiro e ligou o motor, resolvendo deixar para depois a continuação de sua sessão filosófica. Quando chegou na casa de Rose, não precisou nem de desligar o carro, pois a mulher já havia aberto o portão para que ele estacionasse o carro.

Ela o recebeu com um sorriso no rosto, shorts jeans e descalça. Mal o esperou sair apropriadamente do carro antes de correr até ele e se jogar enlaçada no seu pescoço, beijando-o.

— Já estava com saudade, Scorp.

Aquela foi a primeira vez que ela o chamou daquela forma, e ele já estava mais calmo com o cheiro característico do cabelo dela. Ela o puxou pela mão até a cozinha, onde a mesa estava arrumada com uma garrafa de vinho e uma travessa de macarrão.

— Ok, você tinha dito que gostava do Al Vivo um dia, lembra? E meio que o meu primo que é o dono de lá, e algumas receitas são da minha vó. Então vamos ver se você prefere o macarrão do Albus ou o meu com a mesma receita, embora se você preferir o dele eu vou entender cem por cento, porque afinal ele tem um puta curso de gastronomia no currículo.

— Rose...

Ela se sentou servindo vinho para os dois e ele a seguiu.

— Ganhou o caso?

— Nah, na verdade ainda não acabou, vamos voltar amanhã. Mas por enquanto está tranquilo. Há menos que haja uma reviravolta, o que acho bastante improvável. E a autópsia, deu tudo certo?

— Deu sim. Falando nisso, Scorp, a minha mãe... Ela estava brincando, tudo bem?

— Hermione Granger, ou melhor, Hermione Granger-Weasley não é alguém que costuma brincar, pelo menos não comigo, Rose – ele disse sorrindo, erguendo as sobrancelhas para a mulher.

— Eu expliquei pra ela que a gente não está junto-junto ao ponto de você ir tem um jantar lá em casa e tudo mais, então não precisa se preocupar – ela abanou as mãos, sorrindo, como se o gesto fosse capaz de acalmar qualquer preocupação que pudesse estar envolvendo o rapaz.

Exceto que aquilo que ela falou apenas o preocupou ainda mais. Tudo bem, talvez realmente não estivessem nesse ponto do relacionamento – certamente não estavam – mas a conversa reviveu a discussão interna que ele vinha tentando abafar desde a epifania no carro após o trabalho.

Ele se segurou, tentando segurar a língua e apenas sorrir e desconversar. Ele realmente tentou, mas a próxima frase que saiu pela sua boca foi:

— E a gente tá junto-junto em que ponto, Rose?

Ele se arrependeu imediatamente após acabar de proferir a frase – na verdade, se é para sermos sinceros, ele se arrependeu enquanto ainda dizia. Ele bebeu o vinho da sua taça ainda encarando a mulher a sua frente, tentando absorver suas reações e torcendo, sinceramente torcendo, para que não tivesse estragado tudo.

— Eu não sei, Scorpius... O que você me diria?

— Devolver uma pergunta com outra, ótima estratégia.

Ela deu de ombros.

— Mas é sério, Rose. A gente passou a maior parte dos últimos dois meses juntos, e embora você tenha a mania de falar enquanto assiste e ficar tentando bolar teorias que nunca dão certo, foram dois meses incríveis. E aí no último mês além de tudo você tem sido muito além de uma boa companhia, Rose... – ele pegou na mão dela por cima da mesa.

— Eu sei, Scorp, e tem sido incrível. A gente realmente precisa de rotular isso?

E eis o ponto fraco de Scorpius mais uma vez sendo trazido à conversa: sim, ele precisava de rotular.

— Eu me sinto mais seguro com rótulos. Sei que é uma bobagem, mas é verdade – ele deu de ombros – Mas a gente não precisa disso agora, Rose, se você preferir assim... Eu só quero saber o que você quer, de verdade. Eu sei que você saiu de um puta relacionamento sério a pouco tempo, então vou entender. Mas eu quero saber se posso me permitir almejar algo além do que temos, se posso me permitir a gostar de você... Mais do que já gosto.

— Se você já não estiver a meio caminho de se apaixonar por mim, Scorpius – Rose apertou sua mão e sorriu de lado, levantando apenas uma das sobrancelhas como sempre fazia –, eu vou levar como uma ofensa pessoal, porque aí eu estaria em uma desvantagem tremenda e não posso me permitir isso.

— E o macarrão? – ele comentou, tentando mudar o assunto para um mais casual – Quando vou poder decidir qual o neto incorporou a receita de família melhor?

 

Dia 176

— Sabe, Scorp... – Rose estava deitada apoiada no peito de Scorpius, enquanto ambos ainda estavam nus e apenas meio cobertos pelo lençol da cama dele – Sábado é aniversário do meu irmão, mas eu vou estar de plantão, e aí meus pais estavam pensando em reunir o pessoal todo nos sítio dos meus avós no domingo.

— Que ótimo, Rose. Toda a família vai conseguir ir?

— Acho que tio Carlinhos não vai, e alguns primos ainda não responderam, mas acho que a maioria vai sim.

Ela ficou calada por um tempo, ambos encarando o teto enquanto ele fazia carinhos circulares ritmados na cintura desnuda dela. Rose se virou sobre o próprio corpo, ficando de bruços e apoiando o queixo sobre as mãos cruzadas sobre o torso de Scorpius, tornando possível encará-lo diretamente.

— Talvez seja hora de você conhecer minha família, Scorp. Se você quiser, claro.  

Ele ergueu o tronco da cama, apoiando-se nos cotovelos.

— Seria incrível, Rose – ele sorriu, beijando-a e sentindo que ela também sorria ao retribuí-lo – Então talvez essa seja uma boa hora para comentar que meus avós vão dar outro jantar daqui quinze dias?

— Definitivamente não é uma boa hora – ela disse entre os beijos que dava no pescoço dele– Mas lembra de comentar comigo de novo daqui uns dez minutos.

 

Dia 179

— Tá, três coisas que você definitivamente tem de saber antes de chegarmos lá.

Estavam no carro, dirigindo pela estrada rumo ao sítio dos avós de Rose, onde enfim Scorpius seria apresentado a todos os Weasley. Rose estava animada, ele estava em pânico: seu sobrenome não faria maravilhas a ele ali.

— Você passou a noite pensando nessa lista até chegar em três números né?

— Cala a boca, Scorp. Número um: minha família é gigante e a grande maioria quase absoluta é ruivo. Menos os agregados da família e algumas raras exceções dos meus primos. Você não vai conseguir decorar o nome de todo mundo de cara, então se não souber com quem está falando, é só apertar minha mão ou meu ombro, ou algo assim, e eu dou um jeito de te falar o nome discretamente.

— Ok, todo mundo é ruivo, muito nome, apertar – ele pegou a mão dela e deu um beijo, sem desviar os olhos da estrada – Assim?

Ela gargalhou de leve.

— Número dois: ninguém da minha família é lá muito fã do seu pai ou do seu avô. Mas você é o Scorpius e eles vão te adorar tanto quando eu te adoro. Então... Eu gosto muito muito de você, de verdade, eles vão te adorar.

— Então você gosta muito de mim é?

—E isso – ela deu ênfase na palavra – leva a gente ao número três da lista: meu pai. Ele pode ser meio... Difícil às vezes. E talvez ele não te adore tanto assim de cara. Mas mamãe vai estar lá, então vai dar tudo certo. E eu não vou te deixar sozinha com ele. Vai dar tudo certo, você vai ver.

— Você tá dizendo isso pra mim ou tá tentando se convencer?

Ela sorriu dando tapinhas na coxa do namorado.

— Ali, pega essa estradinha à direita. Não vamos demorar muito pra chegar agora.

Dirigiram por mais uma meia hora antes de entrar na propriedade dos Weasley e ele conseguir avistar uma casa de madeira extremamente alta – e meio torta?

— A casa é torta assim mesmo ou eu estou enxergando errado?

Rose apertou a coxa dele em resposta, sorrindo até os olhos ficarem menores no rosto.

— Bem-vindo à Toca, Scorpius.

Ela indicou onde ele poderia parar o carro e custou a esperar ele desligar o motor para desabotoar o cinto, pulando para fora do carro. A maior parte da família já estava ali, ela percebeu pelo número de carros já estacionados, e viu Dominique de longe acenando para ela. Acenou em resposta e esperou Scorpius também descer para irem andando juntos.

— Ai, eu esqueci de te falar – ela disse, parando de andar abruptamente e colocando a mão no peito dele – Elogia a comida da vovó que ela vai te amar para sempre.

Scorpius levantou as sobrancelhas e deu uma risada.

— Relaxa, Rose, eu não sou um monstro. Os pais dos meus colegas da faculdade costumavam gostar de mim, você sabia? Eu era a boa influência. Eu sou ótimo com pais.  

— Que terrível ilusão – ela revirou os olhos mas sorria ao pegar na mão dele e voltar a andar rumo à construção. Quando chegaram perto o suficiente da garota que continuava ali parada esperando-os, ela continuou – Olha só, quem é vivo sempre aparece mesmo.

— Não exagera, Rosie, eu só não conseguir vir pro último Natal – as duas se abraçaram, rindo.

— Scorpius, essa é a Dominique. Nic, esse é o Scorpius.

— Fiquei sabendo que a gente ia ter um Malfoy pro almoço, não sabia se realmente acreditava. Foi a Lily quem comentou e você sabe como ela é. É um prazer te conhecer Scorpius – ela sorriu para ele – Aproveita o tempo com a Rosie, daqui a pouco a gente vai ter de roubar ela de você.  

— Então Rosie é?

— Às vezes algumas pessoas da minha família me chamam assim – ela deu de ombros – Vem.

Rose continuou a puxá-lo pela mão até o quintal, onde várias pessoas – em sua maioria ruivos, exatamente como mencionado antes – se reuniam. Ela abraçou um senhor grisalho (e o apresentou a Scorpius como o vovô Arthur), abraçou diversos tios e tias (dos quais ele só guardou o nome de Victoire, por ser a única loira e com um bebê no colo, e Harry, por já conhece-lo), cumprimentou vários primos e primas (e quando se diz vários, realmente eram vários. Os pais da mulher ainda não haviam chegado, pois iam dar carona para uma das sobrinhas – Roxanne, ou algo do tipo, Scorpius não se lembrava exatamente do nome – que só iria chegar na estação um pouco mais tarde.

— Finalmente te encontrei! É o aniversariante e fica se escondendo pela festa, nunca vi! – Rose abraçou o irmão, que havia estado hospedado nA Toca desde sexta.

— A Lucy me apresentou uma amiga naquele dia que saímos. E agora quer tirar satisfação comigo de porque eu não liguei pra ela depois. Então não estou tecnicamente me escondendo, apenas achando o sofá da sala de estar um ótimo lugar para comer meu bolo.

— Hugo, o Scorpius. Você já tinha conhecido ele lá.

Ambos trocaram um aperto de mãos.

— Eu vou voltar pra sala e se alguém perguntar pra você, eu não estou lá, ok?

Scorpius riu levemente.

— O que foi? – Rose perguntou, olhando de lado pra ele.

— Sua família é uma piada, Rosie.

— Vamos ver se vai continuar achando depois de conhecer meu pai. Vamos lá pra fora sentar com o pessoal.

A mesa dos primos era a maior ali, porque a medida que mais dos netos de Molly e Arthur chegavam, eles apenas puxavam mais cadeiras ou emendavam mais mesas na ponta da já enorme. Todos eles falavam alto, muito alto, e Scorpius pensou que crescer no meio de tanta gente e barulho te fazia falar assim para ter a chance de ser escutado. Era tão diferente de almoços ou jantares de sua família, sempre tão formal e silencioso, e ao mesmo tempo era bem mais acolhedor.

Ele ficou sentado entre Rose e Albus, um dos primos com quem ele mais se conectou imediatamente. Como cliente fiel do Al Vivo, ele já havia visto o homem algumas vezes por lá, embora nunca houvesse realmente conversado com ele. E, aparentemente, elogiar o restaurante de alguém era uma ótima forma de iniciar uma amizade.

Scorpius já estava se sentindo bem mais à vontade no meio da família Weasley, e Lily estava fazendo um ótimo trabalho se vangloriando de como ela foi a engrenagem que faltava para fazer o casal Scorose – como ela resolveu chamar Rose e Scorpius – ficar junto.

— E aí eu cheguei na casa da Rose de surpresa uma tarde, porque eu e a Emily íamos sair e a Rose tem uma sandália que eu queria usar no dia.

— O maior erro da minha vida foi ter dado a chave da minha casa pra Lily para casos de emergência? Com certeza.

— Era uma emergência.

— Claro, assim como o dia que você foi pegar um vinho meu porque “o seu tinha acabado e isso com certeza se enquadrava em uma emergência”.

— Ai, Rose, cala a boca e deixa eu acabar de falar, tá legal? – ela soltou e alguns dos primos, e Scorpius, riram de leve antes dela continuar – Voltando pro que é importante. Eu cheguei e estavam os dois simplesmente deitados no sofá, quase dormindo. E eu parei e pensei: não é possível que até hoje eles ainda estão nesse lenga lenga. Porque a Rose tinha me contado no dia que foi pra casa dele e tal. E aí ela foi me ajudar a pegar a sandália e eu dei um toque nela. E depois arranjei pra gente sair todos juntos naquela boate. Qual não é minha surpresa quando olho pro cantinho e tão lá os dois se beijando como se o mundo fosse acabar?

— Quer dizer que você fica beijando minha filha em uma boate qualquer, Malfoy?

Scorpius levantou de supetão ao ouvir a voz atrás de si e se atrapalhou com a cadeira, quase a derrubando, gerando uma onda de risadas pela mesa dos primos – e ele não pode perceber, mas alguns dos mais velhos presentes também estavam rindo.

— Hun, oi, bom dia, é, Sr. Weasley.

Ele estendeu a mão para que Rony a apertasse, mas ele apenas maneou a cabeça em cumprimento e virou-se para a filha para abraça-la.

— Mas então, beijando minha rosa em boates, Malfoy?

— Não senhor, Sr. Weasley. Quer dizer, sim senhor, mas depois a gente foi pra minha casa, então não fiquei beijando ela lá muito tempo e...

— Então além de beijar minha rosa em boates fica levando ela pra sua casa depois é? – o rosto dele estava vermelho, tão vermelho quanto seus cabelos ruivos; enquanto o rosto de Scorpius estava branco.

— Ronald, deixa ele em paz. Olá Scorpius – Hermione o cumprimentou, surpreendentemente, pelo primeiro nome e com um sorriso no rosto – Agora vem, preciso de conversar com a Angelina.

Ela o arrastou dali e enfim Scorpius voltou a se sentar, ajeitando a cadeira e ainda recebendo pequenos risos dos primos Weasley.

— “Eu sou ótimo com pais” – Rose imitou ele baixinho enquanto ela voltava a se sentar – Imagina se não fosse, amor.

E foi depois de um dia inteiro naquela mesa que ele aprendeu – começou a aprender, na verdade, pois sempre confundia a Molly II com a Lucy, por exemplo – a diferenciar todos aqueles ruivos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Eu adorei escrever sobre Scorpius no almoço da família Weasley, especialmente ele todo desajeitado com o Ron - todo pomposo como advogado, atropelando as palavras como namorado nervoso.

Me conta o que acharam e o que estão achando da história num geral.

Enfim, quarta-feira sai o próximo!

Beijinhos!