I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 16
Night #02




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791482/chapter/16

Tudo bem, tudo bem. Já estava na hora de eu ser sincera com Harry. Mas era tão difícil pensar em qualquer coisa com ele me beijando e metade dos botões da minha camisa abertos. Tenho certeza de que a última coisa que ele queria era falar. Não importa, eu precisava tentar.

— Hazz... Espera... Eu preciso te falar um coisa...

— Pode falar... – é... Muito fácil você falar isso!

— É que eu... – céus... Não me olha com essa cara...

— Você?

— Eu...

— Hannie! Hannie!— chamou uma voz aguda lá da frente da loja. Não era possível.

— Não acredito. – Harry encostou a testa em meu ombro e deu um suspiro alto.

— Nem eu. – não por alguém ter chegado, porque era bem possível, mas por quem eu achava que tinha chegado. Fechei os botões da blusa correndo e dei um beijo no rosto de Harry. – Espera aqui, por favor.

— Okay. – ele não estava lá muito feliz, mas no momento não tinha muito que eu poderia fazer. Corri para a frente da loja antes que nosso “visitante” inoportuno fosse me procurar.

Chegando lá, ele estava debruçado no balcão e mexendo no celular, como se houvesse esquecido o que tinha ido fazer ali.

— O que você quer aqui Dom? – falei, revirando os olhos e parando na frente daquele idiota. Sim, ele era um idiota pé no saco, apesar de neto da Margot. Lembro bem de quando era caidinha por ele e levei um belo fora na frente de metade da turma, um ano atrás. Foi um dos piores momentos da minha vida. Agora que eu finalmente superei, ele parece ter resolvido me enxergar e fazer piadinhas infames toda vez que nos vemos.

— Nossa querida, pensei que estava com saudades. – ele tentou segurar meu queixo e eu virei o rosto. – Faz quanto tempo? Um mês? Dois?

— Dom, fala logo o que você veio fazer aqui e me dá licença. – eu já estava impaciente e também não queria que ele visse Harry.

— Meu doce, seu pai me pediu para vir aqui.

— É mesmo? E por que ele não me avisou? – meu pai ia ouvir hoje! Não acredito que ele fez isso de novo! Uma vez já tinha tentado me juntar com Dom, um menino “nota dez” como ele dizia, claro que no futuro, quando estivéssemos fora da escola. Enfim, o que importa é que ele não tinha ideia das escrotices daquele menino. Talvez já fosse hora de saber.

— Se você não ficasse dormindo... – ele apontou para minha camisa, que para minha vergonha estava abotoada nos buracos errados. – Em vez de trabalhar, talvez soubesse.

— Eu não estava... Esquece! E para quê ele te mandou? – fiquei de costas para ele e arrumei a camisa, morta de vergonha.

— Hannie, vamos. Não seja má comigo. Já passamos dessa fase... – ele atravessou o balcão e ficou de frente para mim, em toda a sua gloriosa altura e lourice.

— Hey, chega para lá. – falei, colocando uma mão no peito dele para manter distância.

— Hannie. Já está na hora de você esquecer o passado e seguir em frente. – de eu o quê?

— Dom! Eu já te disse para ficar longe, ok? – ele estava invadindo mais do que meu espaço ali.

— Não ouviu a garota? – e Harry percebeu isso também. Já que o “espaço” dele e o meu agora era o mesmo.

— Hey! Por onde você entrou? – perguntou Dom, se virando desnorteado para encarar Harry.

— Pelo mesmo lugar que você. – ele estava com um olhar mortalmente sério, enquanto Dom se movia em sua direção. – Pela porta.

— Quem é você? O que quer aqui? – questionou Dom, com uma autoridade que não lhe era permitida.

— Dom! Não seja ridículo... – eu queria poder dar na cara dele agora!

— É Dom, não seja ridículo. Quem é você para me interrogar desse jeito? – ah meu pai... Pela cara de Harry dava para notar que ele estava ficando muito puto.

— Eu sou namorado dela! – O QUÊ?

— O quê? – gritei, indo até ele, que estava quase se engalfinhando com Harry.

— Mas não é mesmo! – Harry falou, empurrando Dom.

— Qual é cara? – Dom o empurrou de volta e eu me meti no meio dos dois, segurando Harry, claro.

— Mas não é mesmo. Que ideia idiota é essa Dom? – gritei, olhando furiosa para ele e depois me virei para Harry. – Ele é neto de uma vizinha Hazz. Não dá ideia para as merdas dele.

— Acho que eu conheço esse cara de algum lugar... – Dom estava olhando para ele com um misto de desconfiança e despeito. Eu não podia deixar que ele estragasse meus planos, porque eu ainda tinha muitos.

— Dom, fala logo o que você veio fazer aqui... Além de foder com a minha vida, ou vai embora logo. Senão meu pai não vai gostar nada da história que vou contar mais tarde... – seu cretino. – E nem sua vó!

Ele alternou o olhar entre mim e Harry, e por fim decidiu que era minoria ali.

— Vim buscar umas caixas que seu pai separou para minha vó. São duas, perto do balcão.

Fui até lá, puxando Harry atrás de mim e alcancei duas caixas de tamanho médio na lateral inferior do balcão, escritas: “Para Margot”. Peguei uma de cada vez com um pouco de esforço, já que estavam consideravelmente pesadas, e me espremi ao passar por Harry e jogar as caixas para cima de Dom.

— Aqui estão, faça bom proveito. – coloquei as duas em seus braços e abri a porta para ele sair.

— A gente se vê na festa, Hannie. – o babaca tinha que dizer aquilo, na frente do Harry.

Me virei e olhei para Harry, que ainda estava de cara feia, mesmo após a saída de Dom. Ele tirou a touca preta que usava e passou as mãos pelos cabelos, como se quisesse arrancar as preocupações de sua mente. Fui até ele devagar e parei do outro lado do balcão, nossos olhares se encontraram e meu telefone deu sinal de vida com seu toque de mensagem. Harry olhou para o aparelho, que estava a centímetros de sua mão, agora apoiada na bancada e enfim falou comigo.

— Acho melhor eu ir... – o quê? Por quê? Como assim? - Para sua casa. A gente se fala mais tarde.

— Harry, não...

— Tudo bem, Gen. Eu preciso esfriar a cabeça. Ok?

Ele me deu um beijo na testa e saiu andando, colocou a touca e seus óculos escuros, abriu a porta e se foi. Sem olhar para trás. Me deixando com um vazio no estômago e um buraco negro enorme no peito. Eu deveria estar com raiva, por culpa do filho da puta do Dom e por culpa dos ciúmes bobos de Harry, mas estava mais triste por ficar sozinha, sem ele ali comigo. Nessa hora temi que ele fosse embora de vez e senti que começaria a chorar a qualquer instante, sem parar.

Apertei os olhos e abri de novo, respirando fundo. Fui para o balcão e conferi de novo a lista de tarefas do dia, vendo que já havia cumprido quase todos os itens e sentindo vontade de morrer ao ver “Caixas da Margot” na lista. Peguei meu celular, lembrando que tinha recebido uma mensagem e meu queixo caiu quando vi de quem era. Niall. Como se eu precisasse de mais problemas.

— Pai? – o dia tinha começado bem, mas se transformou em uma merda em poucos minutos.

— Hannie? Algum problema na loja? – atendeu meu pai, preocupado.

— Não, eu... Não tô me sentindo muito bem. – o que era totalmente verdade. – Será que posso fechar mais cedo?

— O que aconteceu, Hannie? Você precisa ir ao médico? Eu vou até aí buscar você.

— Não, pai. – eu não podia chorar agora, senão ele provavelmente mandaria uma ambulância me buscar. – Eu posso voltar sozinha. São... Coisas de garota.

“Coisas de garota” era um código para meu pai não fazer mais perguntas, já não o usava há tempos, mas costumava ser bem eficiente. Falar de sexo e absorventes para ele tinha o mesmo impacto, logo, nada de tocar no assunto.

— Hã... Ok. Tem certeza, que não precisa que eu vá?

— Não, pai. Daqui a pouco estarei em casa.

— Certo. Venha com cuidado e me ligue se precisar.

— Ok. Beijo, pai.

— Beijo.

Desliguei tudo, deixei as coisas em ordem e fechei a loja. Voltei para casa a passos lentos, com medo do que ia encontrar e ao mesmo tempo louca para pular nos braços de Harry. Cerca de vinte minutos depois, cheguei e fui recebida com grande preocupação por meu pai, que fez questão de medir minha temperatura e me mandar tomar um banho frio enquanto ia preparar seu chá medicinal “cura tudo” caseiro.

— Hum... Onde está o Harry, pai? – perguntei, sentada no sofá, após sua minuciosa inspeção de saúde.

— Ainda não voltou. Saiu algumas horas mais cedo, dizendo que ia conhecer a cidade e até agora nada. – meu coração ficou do tamanho de um confete de chocolate. – Espero que tenha arrumado algo útil para fazer.

Assim que meu pai se virou para ir à cozinha, corri até o quarto dele. Me senti aliviada e quase sentei no chão quando percebi que sua mala e o resto de suas coisas ainda estavam ali. Queria poder ficar lá e esperar por ele, mas como explicaria isso ao meu pai? Portanto, voltei para a sala e avisei que iria para o meu quarto. Tomei banho, troquei de roupa, tomei o chá maluco e me deitei na cama. Agarrada ao celular e à esperança de que ele me ligaria ou voltaria logo, alegre e cheio de charme como sempre.

Acabei dormindo e eram 23h37m quando acordei. Nem sabia que estava com tanto sono. Imediatamente me lembrei de Harry e levantei da cama de um salto. Joguei as cobertas para o lado e saí do quarto. Meu pai já dormia, pois sua porta estava fechada e o corredor escuro. Desci as escadas e encontrei a porta de Harry fechada também. Coloquei a mão na maçaneta por duas vezes e acabei desistindo. Meu medo de não encontrá-lo foi maior do que a vontade vê-lo.

Minha respiração começou a ficar acelerada e lágrimas quentes molharam meu rosto. Me afastei da porta e voltei correndo para o meu quarto. Me enfiei sob as cobertas e chorei até dormir novamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Swear I'll Behave" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.