I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 14
Night #01




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Eu não parei para pensar exatamente no que eu estava fazendo. Apenas fui lá e fiz o que parecia ser o melhor para mim e o Harry. Ele queria ficar perto de mim, contra todas as leis da física – não que eu entendesse muito de ciências exatas – e eu o queria por perto. Sem dúvidas. Só não tinha pensado em como isso pode ser mais difícil na prática.

— Vou buscar minhas coisas e pedir ao Scott para pegar meu carro. Tudo bem? Não demoro. – disse ele, me dando um beijo no rosto assim que meu pai nos deixou a sós um minuto para organizar as coisas antes de fecharmos a loja.

— Tudo bem. – sorri para ele e olhei por cima do ombro, preocupada se meu pai tinha nos visto. Cara, isso seria tenso, mas eu acho que posso dar conta.

— Hannie... – chamou meu pai, me dando um susto. – Cadê o garoto?

— Caramba pai! Não chega assim na surdina! Vai me matar do coração... – estava sendo dramática, sim, mas em minha defesa não estava nos meus dias mais tranquilos.

— Não seja dramática. E aí? Ele foi embora?

— Não, credo. Ele só foi pegar o resto das suas coisas no hostel em que estava. – olhei para ele e fiz uma careta de reprovação. Mal tinha acabado de abrigar meu menino e já o queria fora? Mas gente!

— Certo. Quanto tempo mesmo você disse que ele vai ficar conosco?

— Só uns dias pai. Dá uma chance para o menino. Ele parece ser legal. – sem mencionar aquele sorriso sexy e aquele corpo escultural.

— Vamos ver. A propósito, na sexta temos o jantar da senhora Margot. Agora que estamos de volta, ela faz questão da nossa presença.

— Ah pai... – choraminguei, lembrando da velha senhora Margot. Era nossa vizinha, duas casas depois do senhor Thomas, não era tão fofoqueira quanto ele, mas tinha o mau hábito de ficar tocando na gente enquanto falava. Além de nos dar muitos conselhos não solicitados sobre a nossa vida. E ela tinha uns netos in-su-por-tá-veis. Dom e Rebecca, dois gêmeos da minha idade. A gente nunca se falava, porque ambos se achavam gostosos e fodões demais para se misturar com meros mortais feito eu. Infelizmente tinha que conviver com eles em ocasiões como essas: o jantar anual de aniversário da senhora Margot. Acho que esse era o 72º.

— Nada de “ah pai” Hannie. Você ainda está de castigo e a senhora Margot adora você.

— Então! Se eu tô de castigo, nem devia sair de casa. – argumentei, tentando me livrar.

— Agora você não quer sair de casa? Vou me lembrar disso.

— Paaai... – estava pronta para ajoelhar e implorar se fosse preciso, mas fomos interrompidos pela volta de Harry.

— Desculpem a demora. – disse ele, trazendo uma mochila nas costas e uma mala cinza com rodinhas.

— Sem problemas. Vamos pai? – ele me olhou desconfiado, acho que pensando em como eu era louca por estar chorando em um momento e sorrindo no outro. – Pai?

— Ok, ok. Vamos.

Saímos da loja e meu pai ajudou Harry a colocar a bagagem no porta-malas. Tudo parecia tranquilo, mas mal sabia eu que era apenas o início de uma longa noite.

— Entra... – falei para Harry, que estava logo atrás de mim. – Quer dizer, seja bem vindo, Harry.

— É, bem vindo, mas temos regras nesta casa garoto. Aqui é a América, mas liberdade tem limites! – berrou meu pai, indo para a cozinha.

— Ele é sempre assim? – perguntou Harry, deixando a mala em um canto da sala.

— Resmungão?

— Engraçado.

No momento, eu poderia dizer que a situação é qualquer coisa, menos engraçada. Talvez um pouco, só um pouco. Fiz sinal para que ele me acompanhasse até a cozinha e lhe dei um tapa quando tentou beijar meu pescoço, me pegando de surpresa. Fiz cara feia para ele, seguida de um inevitável sorriso.

— O que temos para o jantar pai?

— Risoto e carne assada, o que acha?

— Maravilhoso! Harry, acho que você deu sorte hoje, mas é melhor não se acostumar porque um dia é risoto e no outro cachorro-quente. – avisei-o.

— Não tenho nada contra cachorro-quente. – aparentemente ele estava se divertindo, olhei para sua cara sorridente e tentei imaginar a última vez em que ele estivera em um ambiente familiar assim. Talvez há muito tempo. – E seu risoto deve ser ótimo, senhor Laurent.

— Pode me chamar de senhor Mark. Agora vão tomar banho e logo a mesa estará posta. – agora era senhor Mark, hein? - E Hannie, mostre o quarto de hóspedes para ele, sim?

— Okay, pai. Vamos Haz...rry. – caramba, quase pisei na bola. Meu pai estava relutante, mas sei que logo cairia nos encantos de Harry, assim como eu. Que precisava ser mil vezes mais cuidadosa.

O quarto de hóspedes ficava no andar de baixo, não em cima, como o meu e o de papai. Não era grande coisa como aquele quarto maravilhoso no hotel em que Harry ficou, tinha uma cama normal, abajur, um armário pequeno, TV, almofadas e aquecimento adequado. Era confortável, isso eu garanto.

— É aqui Harry, seu novo cafofo pelos próximos dias. – eu espero.

— Parece ótimo. – ele colocou a mala em um canto e a bolsa sobre a cama. Foi até a janela e deu uma olhada na rua, escura a esta hora. – Vamos ao banho agora?

O quê? Ah, entendi.

— Hazz! Seu pervertido! Meu pai tá logo ali! – falei, rindo junto com ele.

— E foi ele mesmo quem nos mandou tomar banho!

— Não juntos!

— Você ouviu o mesmo que eu, Hannie. Só precisa interpretar melhor. – não que eu não quisesse pular em seus braços e ficar enroscada com ele a noite toda, mas, eu não podia.

— Fala sério. Vem, vou te mostrar o resto da casa.

Mostrei para ele o andar de baixo, além de seu quarto: cozinha, sala de jantar, sala de estar, banheiro do andar de baixo, área de serviço; e lá em cima, meu quarto, quarto de papai, banheiro e escritório/cômodo cheio de livros e bagunça.

— É isso, lá fora só garagem e jardim nos fundos. Pode usar o banheiro que quiser, mas acho que o de cima tem uma ducha melhor.

— Você poderia me mostrar como funciona.

— Ai Harry, pelo amor de Deus...

— O que foi?

— Como assim “o que foi”? A minha cara vermelha já não é suficiente?

— Minha linda... – ele segurou meu queixo e me deu um beijo na ponta do nariz. – Vermelho é a sua cor, sabia?

— E você é um paquerador de primeira classe, sabia?

— Isso é ruim?

— Eu sou suspeita para responder isso.

— Então isso é bom.

— Vamos logo.

Depois que tomamos banho, em banheiro separados claro, nos juntamos ao meu pai para jantar. Fiquei na dúvida sobre o que vestir, mas qualquer coisa mais elaborada não pareceria natural, para o meu pai ou para mim. Então decidi pela minha melhor roupa de ficar em casa: short cinza de algodão e uma camiseta preta de mangas estampada com “1D” nas costas.

Durante o jantar, meu pai fez várias perguntas a Harry sobre a Inglaterra. Do jeito que era fascinado em história, achei mesmo que não desperdiçaria a chance de conhecer um nativo. Harry respondeu à maioria das perguntas com entusiasmo, acredito que muitas de suas respostas eram baseadas na época em que não era famoso e vivia em Holmes Chapel. E foi um prazer memorável vê-lo falar pessoalmente sobre tudo que viveu lá. Poderia ter ficado ali por horas, se meu pai não nos tivesse interrompido depois da sobremesa e nos mandado para a cama, lembrando que eu tinha trabalho no dia seguinte.

— Então... – é lógico que meu pai não sairia dali antes de mim. Dã. – Boa noite, meninos. Até amanhã, pai, Harry.

— Boa noite.

— Boa noite, Hannie.

Subi as escadas devagar e pensando se aquilo de fato era uma boa ideia. Até agora, tudo tranquilo e favorável, mas no fundo me sentia como uma bomba prestes a explodir. Controlar tudo que eu sentia, perto de Harry desse jeito, poderia não dar tão certo quanto eu pretendia.

Entrei na internet, tentei ler meu livro, mandei mensagem para Rachel informando sobre o andamento do plano, ouvi música, e nada do sono chegar. Acho que era ansiedade. Ouvi quando meu pai fechou a porta do outro lado do corredor e por fim resolvi apagar a luz e me esforçar de verdade para dormir. Pouco depois de uma da manhã, acordei sobressaltada. Estava chovendo, e muito. Esqueci a droga da janela entreaberta e tive que levantar antes que inundasse o quarto.

Ia voltar a me deitar exatamente na hora em que meu cérebro resolveu acordar também e me lembrou que eu tinha Harry a alguns metros de distância. Não resisti à curiosidade e resolvi descer as escadas para espiá-lo dormindo. Seria rápido e indolor.

Coloquei a cabeça para fora do quarto, tentando escutar além do barulho da chuva, os roncos do meu pai e constatei que ele ainda dormia tranquilamente. Encostei a porta e fui pelo corredor, pé ante pé, desci as escadas e me dirigi ao quarto de hóspedes. A porta do quarto dele estava semi aberta e eu olhei pela fresta primeiro. Depois enfiei a cabeça e o resto do corpo todo no quarto, ao perceber que ele não estava lá.

— Sentiu saudades, Gen? – sua voz rouca atrás de mim fez meu coração dar um solavanco dentro do peito. Não sei se apenas pelo susto ou pelo medo de ele ter ido embora.

— Caramba, Harry! Quer me matar do coração! – me virei para ele e tentei manter a voz baixa.

— Desculpe, não foi minha intenção. – mesmo naquela meia luz ainda era possível ver aquele sorriso cínico e encantador dele. Qual era a intenção dele, no fim das contas?

— Eu... Só vim ver se precisava de alguma coisa. – cocei a cabeça e cruzei os braços, me esforçando para ignorar o fato de que ele vestia apenas uma calça de pijama baixa nos quadris.

— Só tem uma coisa de que eu preciso, você sabe. – ele me puxou para junto dele e colocou meus braços em volta de sua cintura. – E ela está bem na minha frente.

Nosso beijo começou devagar e suave. Ele encostou seus lábios nos meus e depois sugou meu lábio inferior, me fazendo ofegar e apertar a base de suas costas. Minha respiração parecia a de um velho com problemas respiratórios, não era possível que alguém ficasse desse jeito. Quando sua língua tocou a minha, foi como se todo o meu corpo ganhasse vida. Eu inspirei profundamente e acompanhei seu ritmo, querendo mais de cada pedacinho dele. Percorri as mãos por suas costas nuas até chegar em seu cabelo e me agarrei a ele, como um náufrago se agarra ao último bote salva-vidas.

Quando ele fez o mesmo, e suas mãos deslizaram da base de minhas costas para cima, por baixo da camisa, eu senti um calor intenso e iminente, que se eu não fosse tão frouxa e insegura, teria aproveitado todas as sensações pelas quais eu tanto ansiava. Mas não. Eu não estava mesmo pronta para aquilo. Tirei minhas mãos dele com relutância e me esquivei de seu toque com a elegância de um gato, quando senti que estava a meio centímetro de cair em sua cama.

— O que foi? – ele perguntou, com a respiração acelerada.

— Acho melhor eu ir, meu pai pode acordar. – e virei as costas. Já estava atravessando a sala quando ele me alcançou.

— Hannah. Por que está fugindo de mim desse jeito? – ele parecia angustiado e nervoso. Algo que eu nunca imaginei que poderia ser, por minha culpa. – Eu fiz algo que não gostou?

— Não. Não, Harry. – toquei seu rosto e olhei em seus olhos, com o máximo de coragem que consegui. – Desculpa, eu é que sou uma cabeça dura mesmo.

— Então me fala o que tá preocupando você. Porque parece que você tá sempre fugindo de mim ou que tem medo, sei lá.

Não deixava de ser verdade, mas como eu ia explicar para ele isso? Que eu tinha medo de intimidade e do “depois” principalmente. Não tínhamos definido nossa relação, se é que havia uma relação, nenhum status. Sou da opinião que sexo sempre complica as coisas e não quero ter que pensar em fazer isso com uma segunda pessoa tão cedo. Eu quero ele, sem dúvidas, mas só ele. E por muito tempo. Só tinha medo de dizer isso e fazê-lo ir embora de vez.

Eu o beijei de novo. Sei que essa “desculpa” não funcionaria tantas vezes, mas tinha que aproveitar enquanto podia. O puxei para o sofá e me sentei de lado em seu colo, beijando-o o mais ternamente possível e aproveitando o calor dos seus braços naquela noite chuvosa. No início tudo ia bem, mas eu não sei o que acontece com a gente. É como se bastasse um beijo para acender um pavio muito curto e de repente tudo começasse a queimar sem parar.

Nos beijamos com mais desejo e sempre nos tocando, sem nos afastar, como se quiséssemos nos tornar um só. Logo estávamos deitados no sofá, com ele por cima e nossas barrigas nuas se tocando. Era impossível resistir àquela sensação por muito tempo e eu não queria. Nem um pouco.


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