O Conde que me seduziu escrita por Mari


Capítulo 4
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Oi, estavam com saudades da história? Façam bom proveito!



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Isabella Swan vivera durante toda sua vida numa boa casa: espaçosa, bonita, simples e bem zelada. Entretanto, nenhum lugar que ela já havia visto – como as casas que eram feitos os eventos das temporadas – era como aquele. Seu novo lar. Havia um imenso gramado antes do portão principal, com árvores colossais que balançavam com a deliciosa brisa que varria a entrada da propriedade. Pelo que a futura condessa pode perceber, provavelmente teria ali três andares, e ao invés de ser larga para os lados, a residência era cumprida para cima.

Ao entrar, notou que os cômodos possuíam a mesma paleta de tons. O rodapé, assim como portas, janelas e detalhes eram de uma madeira cor de mogno abrilhantado e as paredes eram de um creme suave, quase branco. O teto era também revestido de madeira, com lustres de um dourado sem brilho. As janelas eram do tamanho e formato de portas, o que dava uma vista estonteante do jardim, que por sinal lhe tirou um suspiro. Havia orquídeas, rosas de todas as cores, lírios, violetas... Além de uma espécie de labirinto com paredes de arbustos altos, que, no centro, havia uma estátua de um leão medonho, com presas gigantes, e dois bancos de madeira muito escura.

Presumiu então, que aquele lugar reunia a luz – quando se tratava dos raios adentrando pelas janelas, diversidade arbórea e do jardim – e a escuridão – na mobília de madeira bem escuras e luzes amareladas – numa mescla elegante. Nada era mais a personalidade do conde do que seu próprio lar: era simples, porém intimidador, assim como ele.

Ela estava encarando um jardim pela sala de piano quando ele a chamou.

— Milady. – intimou ela que virou-se em direção à porta. Disfarçou bem sua surpresa. Ele estava mais másculo do que nunca. Parecia sentir-se mais confortável ali, na sua casa. Até seu jeito de andar era diferente. Mais confiante ainda, se era possível. Estava com uma camisa branca, um pouco entreaberta e ela desconfiava que estava molhada de suor. Colava no seu peito, no seu abdômen definido e nos braços contornados de músculos. Seus cabelos estavam também úmidos, colados na testa.

— Sim? – respondeu ela com tom de firmeza. Se seria casada com um homem apenas por conveniência e jamais por amor, era melhor que impusesse limites desde cedo.

— O casamento será amanhã cedo. Pedi à Gilly, a criada, para deixar o que deverá usar na ocasião nos seus aposentos. – avisou ele e depois dela agradecer e fazer uma reverência com o vestido, se retirou, imaginando-a com a roupa que mandara fazer para ela. Ainda bem que a veria com aquelas vestes apenas naquele dia, senão não saberia manter distância daquela mulher.

Havia três dias que eles tinham chegado de Londres e parecia que ela nem estava lá. Isso o agradou mais do que qualquer coisa, pois pôde manter sua fortuna sem se casar com uma dama insuportável que estaria vinte e quatro horas tentando controla-lo. Nunca tivera algo mais duradouro com uma mulher, jamais o quisera. Não tinha paciência, muito menos vontade, e achava que fazia um bom trabalho mantendo todos à distância.

. . .

Era o “grande” dia.

Isabella acordou cedo, antes mesmo dos galos começarem a cantar. Mal havia conseguido dormir, na realidade. Além da tensão de ter uma porta de ligação entre seu aposento e o do seu futuro esposo, estava melancólica, pois sempre imaginara que casaria por um amor avassalador, numa grande festa com todos os seus familiares e amigos, entretanto a idade chegou para mostrar o contrário. Também se sentia nervosa já que simplesmente desconhecia seu futuro marido completamente, porém ficava confortada em saber que poderia conseguir uma anulação se tudo viesse a dar bem errado.

Ela foi até a cozinha dos criados, que não estavam lá. Era muito cedo e o conde não parecia exigir tanto assim de seus empregados. Isabella, literalmente, começou a pôr a mão na massa. Sim. Muffins. Era o que sempre fazia para relaxar e agora estava realmente precisando. Além disso, era seu casamento e não faria mal preparar uns bem-casados. Quanta ironia. Chegava até a ser triste a sua situação, mas novamente agradeceu ao bom Deus por sair das garras da tia Miranda.

Quando o sol nasceu, a cozinha estava com uma variedade de bolinhos confeitados com glacê branco e frutas vermelhas (morango, framboesa, mirtilo). Cobriu-os com um pano e foi para os seus aposentos. Quando lá chegava, se deparou com uma mocinha bem jovem, muito branca de cabelos amarrados e um vestido um pouco gasto.

— Olá, sou Isabella Swan, a futura condessa. – apresentou-se simpática para a moça que fez uma reverência.

— Gilly, ao seu dispor, milady.

— Obrigada, Gilly. Poderia esquentar uma água para meu banho? O conde advertiu-me do horário do casamento.

— Claro, senhora. Com licença, irei preparar seu banho. – respondeu ela solícita e Bella agradeceu com um sorriso. Entrou no seu quarto e decidiu olhar seu traje de noiva coberto numa manta pela primeira vez.

Estava encantada. Era simplesmente perfeito. O tecido era de seda e sua saia era pregueada. Ia de ombro a ombro e tinha mangas de renda até seus pulsos. Era a roupa mais linda que iria vestir na sua vida. Seus olhos marejaram inevitavelmente, pensando em como desejava que esse momento fosse mais especial.

Em cima do vestido havia uma sacolinha de couro e quando ela a abriu, viu um anel prata com uma pedra oval verde. Ela ofegou. Era uma esmeralda brilhante. Como os olhos dele. Encaixou no dedo a formosa aliança e sorriu ao ver que cabia perfeitamente. Retirou-a para tomar seu banho.

— Gilly, não precisa dar-me o banho. Prefiro fazê-lo sozinha. – explicou ela para a mocinha, serenamente.

— Aí estão todos os utensílios que podes precisar milady.

— Obrigada. Gilly, poderia guardar os bolinhos que fiz na carruagem? – indagou ela e a moça assentiu, retirando-se.

Isabella suspirou. Mesmo que não fosse ter uma noite de núpcias – ainda bem, pois não desejava entregar-se para um desconhecido – pegou a pequena lâmina e começou a retirar a penugem das pernas e de sua intimidade. Terminado isso, agarrou a bucha e esfregou com sabão de menta em todo o seu corpo, para retirar qualquer sujeira ou pele morta que restasse nela. Em seguida, enxaguou-se com água de flor de laranjeira.

Ao secar-se passou por toda a extensão de seu corpo um óleo que Beau trouxera para ela de sua viagem à Paris. Também era de frutas cítricas. Em seguida, penteou suas madeixas tirando os fios que caíam e fez um lindo penteado com tranças laterais que se encontravam na parte de trás do seu cabelo, que estava solto e ondulado. Vestiu a roupa estonteante, colocou a aliança de noivado, pois a de matrimônio seria colocada na hora da cerimônia. Aplicou um pouco de pó rosa nas bochechas a fim de corá-las e beliscou-as um pouco. Pegou o outro presente de Beau, – uma espécie de cera de abelha avermelhada que se passava nos lábios -, invenção de uma famosa empresa francesa, que ela lembrava se chamar de “batom”. Passou pouca quantidade pois não queria que ficasse demasiadamente forte. Borrifou seu perfume apenas uma vez em cada lado do seu pescoço e estava pronta. Quanto à elegância de sua noiva, Edward não teria o que reclamar.

Foi para a sala e Edward já estava lá. Ele ouviu seus passos na escada e virou-se lentamente para contemplá-la, receoso em demonstrar alguma emoção pois sabia que ela estaria perfeita.

Os dois se surpreenderam um com o outro. A imaginação do conde jamais chegaria tão longe quando pensara em Isabella naquele vestido, pois ela estava muito mais estonteante do que em seu devaneio. Estava um pouco corada e seu cabelo negro contrastava com a pele clara de modo perfeito, enquanto algumas mexas eram banhadas pelos raios de sol que adentravam a sala pela janela. Ele também não estava mal. Estava completamente de preto, e o traje se moldava perfeitamente em seus músculos de maneira que nem estava muito apertado nem muito frouxo. Seu cabelo acobreado continuava bagunçado e caído sobre a testa. Deduziu ela que ele detestava chapéus. Ele pigarreou antes de falar.

— Está na hora. Acompanha-me, milady. – pediu ele, estendendo seu braço. Ela o agarrou e sentiu mais uma vez – esperava que a última – o calor que ele emanava. Suspirou. Em outra vida, em outra situação, em outro lugar e em outra hora talvez fosse agradável conhecê-lo.

Quando chegaram à capela, Isabella desmoronou por dentro. Não havia ninguém. Se perguntou onde estava a família daquele homem ou até mesmo Beau. Havia apenas o vigário, naquela igreja fúnebre e silenciosa, aguardando para casá-los.

A cerimônia terminou num beijo rápido, cujo roçar de lábios não durara dois segundos e fora tão macio que pareciam os lábios não terem se tocado. Ele agradeceu ao vigário e a direcionou de volta para a carruagem. De volta para casa.

Uma lágrima espessa caiu dos olhos da nova condessa, que estava de frente para o seu marido, porém olhava pela janela.

— Desejaria dizer alguma palavra de consolo, porém não a obriguei a estar aqui. Tinhas uma escolha até agora, na hora de dizer sim ou não.

— Eu só pensava que haveria mais alguém... Pelo menos Beau-

— Beau não veio por minha escolha. Ainda estou impaciente com a atitude dele. – avisou ele de forma direta.

— Eu... bem, fiz bolinhos antes de amanhecer cogitando que alguém viria. – murmurou ela, quase sussurrando e tirando o pano de cima dos doces. Fora como um soco no peito dele imaginá-la na sua – agora dela também – cozinha escura preparando-os para o casamento mais lúgubre da história da humanidade.

— Passe-me um. Tive alguns destes na sua casa em Londres e desfrutei muito. – ele quis sorrir para deixá-la menos miserável, mas era incapaz de um sorriso genuíno há muito tempo. Ele deu uma mordida no doce e saboreou. Amava doces desde pequeno, desde que... bem, desde que sua mãe fazia para ele.

Foram então para casa, comendo quantos bolinhos seus estômagos suportassem.

...

Uma batida firme na porta de madeira de seu aposento a assustou. Era noite enluarada e ela penteava os cabelos enquanto procurava acreditar que estava casada e agora era uma condessa. Estava apenas com a camisola de dormir, era de seda e tinha o busto rendado. Uma das dezenas de peças que Edward havia mandado comprar para sua esposa. Ela abriu a porta devagar e lá estava ele, também com sua camisa de dormir e calças. Homens dormiam de calças?

A verdade é que ele não fazia ideia do que estava fazendo ali, parado como uma estátua na frente dela. Sabia que tinha que avisá-la que para um casamento ser considerado legítimo, necessitava de uma consumação.

— Bella. – sussurrou seu nome numa voz aveludada. – Acredito poder chamar-te assim a partir de agora. – ela assentiu. – Deves estar consciente de que para um casamento ser considerado verdadeiro...

— Sim, Edward. – concordou ela, pronunciando pela primeira vez seu nome em voz alta. A simples ação fez com que um arrepio corresse pela espinha dele. O nome dele soava tão bem na voz dela. – Creio que ninguém precise saber que não iremos consumá-lo. Ninguém virá a comprovar se... se... – ela corou e ele achou a reação dela formidável. Quis rir.

— Compreendo, Bella. – por que diabos queria falar o nome dela o tempo inteiro? E por que, inconscientemente – ou não – estava tentando atraí-la para ele? – Meu quarto está detrás dessa porta, como deves imaginar. – apontou ele para a porta de ligação. – Caso necessite, pode procurar a mim através dela. Tenha uma boa noite.

— Boa noite. – Edward, adicionou ela em pensamento e ele foi para os seus aposentos.

Aquela noite, Isabella não conseguiu pregar os olhos pensando que haveria uma hora que precisariam consumar aquele matrimônio.


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Notas finais do capítulo

A partir de agora as coisas vão esquentar - em todos os sentidos - entre os dois. Aceito críticas e elogios tá? São todos bem vindos. O próximo capítulo já está pronto e se vocês derem um feedback bacana nos comentários, postarei amanhã!



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