Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 48
Capítulo 48 - Azar


Notas iniciais do capítulo

E a casa dos jogos continua pegando fogo! Boa leitura! :)



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Capítulo 48 - Azar

Dessa vez, Remulus passou a bola para Yumi. Ela pensa por alguns instantes e finalmente diz:

— Passo.

Agora a bomba estava na minha mão. Droga. O que eu podia fazer? Ainda não consegui achar nenhuma brecha naquele jogo. Seria só sorte mesmo? Por via das dúvidas, era melhor passar o menor tempo possível com ela. Resolvi passar.

— Passo - apertei o botão e joguei para ela.

— Fico - ela disse - E agora passo.

"Será que ela sabe de alguma coisa? Droga...tudo bem, vou passar!"

— Passo.

— Também passo.

— Passo.

— Fico - ela ficou com a bola - E passo!

Assim que recebi a bola, a música estoura na minha mão de novo. Droga. Perdi mais uma. Como ela adivinhou?

— Que coisa...parece que você não está com muita sorte hoje, não é? - ela comentou, de forma meio artificial.

— B-Bem...nunca tive muita sorte - foi o que respondi. Com isso, perco os 50 que apostei. Agora só me restam 30 créditos.

— Senhorita Yumi leva os 100 créditos da mesa. Os resultados parciais são 170 créditos para senhorita Yumi da equipe azul e 30 créditos para o senhor Alan da equipe vermelha! - anunciou Remulus - Próxima rodada...sua vez de começar as apostas, senhor Alan.

— T-Tá - respondi. Agora não tinha muita coisa para apostar. Posso apostar no mínimo um crédito, mas se for apostando de um em um esse jogo não ia acabar nunca. Depois de tudo que passei naquela casa, era difícil de acreditar que fosse um jogo de risco, mas não conseguia pensar em nenhum jeito de ganhar. Como? Como eu venceria? E se fosse sorte mesmo? Será? Bem, resolvi arriscar 20 créditos.

— Tá legal. Então vou ser boazinha - Yumi respondeu - Dessa vez, aposto 50 créditos!

"Legal!", pensei, "Se for sorte mesmo...tenho chance de recuperar uma parte dos créditos"

Mas não foi o que aconteceu. De novo, a bola é ativada na minha mão. Perdi os vinte.

— Puxa...você não está bem mesmo, né? - ela comentou, sem sorrir - Mas quem sabe na próxima?

— Próxima rodada - disse Remulus - Sua aposta, Senhorita Yumi.

— Bem...vou de 80 créditos - ela diz, colocando fichas equivalentes a 80 créditos na mesa - Você, Alan?

— Tá - respondi. Bem, só me restavam 10 créditos. Apostei cinco.

— Certo - disse Remulus - A bola vai para o senhor Alan

Mais uma rodada. Mantive a estratégia de passar a bola o tempo todo. Mesmo assim, perdi de novo.

— Oh! De novo - ela comentou, sem mudar a cara de tédio.

"Mas que droga!", pensei, "Qual é o segredo desse jogo? Por que ela está ganhando todas? Bem, eu só estou passando a bola, mas será que tem alguma coisa a ver com ficar com a bola alguma vez? Mas como? Como pode ter alguma coisa a ver? Não consigo ver relação nenhuma."

— Sua aposta, senhor Alan - disse Remulus.

— Olha..eu já tô cansada de ficar aqui - disse Yumi -Queria muito acabar logo com isso!

"Eu também, mas...preciso ganhar alguma coisa", pensei, "Vou tentar apostar quatro créditos então!"

— Sua aposta, Senhorita Yumi.

— Tá. Então eu aposto...150 créditos. Se você ganhar, quem sabe a coisa fica mais emocionante? - ela comentou.

"Uou! 150!", pensei, "Se eu ganhar, posso ficar com mais créditos que ela! Vamos lá..preciso passar a bola na hora certa dessa vez!"

E o jogo começou. Dessa vez, escolho ficar com a bola algumas vezes, mas, infelizmente, ela acaba vencendo de novo. A bola estoura na minha mão, mais uma vez. Impossível. Tinha que ter algum truque?

— Ah, não! - reclamei - Não é possível. Deve ter algum truque!

— Será? - ela perguntou - Eu não tenho a menor ideia...simplesmente estou jogando de acordo com os meus instintos.

— Como? Não pode ser...você...você deve estar usando algum truque! Tudo nessa casa é assim!

— Eu não sei de nada - foi tudo que ela disse, sem ao menos me olhar nos olhos.

— Senhorita Yumi, sua aposta - disse Remulus, cortando a discussão.

— Bem...tenho 199 créditos. Então vou deixar a coisa ainda mais emocionante. Vou apostar 198. Se você vencer, invertemos nossos papeis. Eu é que vou ter só mais um crédito no final.

"199? Posso recuperar tudo agora se vencer, mas...eu só tenho mais um crédito para apostar...se perder, é o fim para mim. Não tenho escolha...preciso rezar para vencer!"

— Senhor Alan? - Remulus cobrou - Sua aposta

— Meu último crédito.

— OK. Apostas encerradas....começamos o jogo!

Ele deu corda e passou a bola para Yumi. Ela pensou um pouco e simplesmente disse.

— Passo.

Agora estava na minha mão. Será que era sorte mesmo? O que importava agora? Eu não tinha como descobrir o truque do jogo na última rodada, isso se tinha algum truque. Maldição. Teria que jogar de acordo com meus instintos mesmo. Resolvi ficar.

— Fico - respondi - E agora passo - afinal, de acordo com as regras, você só pode ficar uma vez com a bola.

— Passo.

— Fico - respondi - E passo - estava jogando aleatoriamente. Não tinha jeito. Não consegui pensar em nenhum truque naquele jogo.

— Passo - ela disse.

— Fico - por fim decidi - Agora passo.

Yumi deu um sorriso e fez sua última decisão.

— Passo.

No que ela passou, a bola começou a tocar. Game over. Perdi todos os meus créditos.

— Senhor Alan não possui mais nenhum crédito. A vitória vai para a senhorita Yumi e a equipe azul leva o primeiro ponto!

Equipe Vermelha 0

Equipe Azul 1

— Isso! - gritou Alípio - Conseguimos o primeiro ponto!

"Alan", pensou Natália, "Coitado...agora ele não tem mais nenhum crédito."

— Muito bem - Pitre aparece na tela, de novo - Parece que a equipe azul levou o ponto. O primeiro duelo tem a Senhorita Yumi como vencedora. Nossos parabéns à equipe!

Yumi não falou nada. Apenas se levantou e subiu para o lado dos outros dois. Já eu, estava arrasado. Ela ganhou todas. Todas. Era sorte mesmo? Ela mesma disse que foi. Mas como ela conseguiu ganhar direto? Não é possível! Quer dizer, talvez fosse possível. Por um momento, havia me esquecido de quem eu era. A pessoa que nunca ganhou nada na vida, nem mesmo uma partida de par-ou-ímpar. Por que venceria uma partida de Batata Quente? Max deve estar muito desapontado. Mesmo assim, tinha que encará-lo.

— Muito bem - anunciou Pitre - Iniciaremos o próximo duelo dentro de trinta minutos. Até lá, descansem bem. Uhuhuhuhu!

Cheguei até Eva e Max de cabeça baixa. A situação era embaraçosa, mas nenhum dos dois parecia furioso.

— Você está bem, Alan? - Max me perguntou.

— Desculpem - foi tudo o que disse - Eu sou mesmo um azarado. Desculpem!

— Azar? - Eva comentou - Espera...você acha mesmo que perdeu esse jogo porque não teve sorte?

— Sim - respondi - A própria Yumi falou que estava jogando só com os instintos...e eu também não percebi nada de especial nesse jogo. Foi muito azar mesmo!

Eva começou a rir. Max não disse nada, mas parecia sério. Era como se não soubesse de alguma coisa.

— Por que está rindo? - perguntei.

— Desculpa, querido - ela terminava de rir - Mas...Yumi mentiu para você!

— Mentiu?

— Essa é a casa das trapaças! É claro que aquele jogo tinha um truque!

— Impossível! Eu pensei em tudo, tudo, mas não consegui achar nada!

— Bem...vamos retomar o começo do jogo, quando o criado dava corda na bola - lembrou Eva.

— O que é que tem?

— Tente se lembrar - ela cruza os braços e sorria daquele jeito sagaz de sempre - Cada vez que ele dava corda, você podia ouvir algum som?

Tentei me lembrar e...sim. Sim. Cada volta que ele dava na chave, fazia algum barulho. Mas, na hora, nem me ocorreu que isso tivesse alguma coisa a ver.

— Então tá explicado - terminou Eva - Yumi acompanhava o número de voltas que ele dava na chave pelo som. Desse jeito, ela sabia direitinho quando a bomba ia explodir.

— Então...foi isso? balbuciei, espantado.

— Sim. E você provavelmente tinha medo de ficar muito com a bola e tinha mais tendência a passar, não é?

— É. Eu achava que a melhor estratégia era passar o tempo todo.

— Ela provavelmente percebeu que você pensou isso e controlou o jogo totalmente. Tendo ideia de que você tinha maior probabilidade de passar a bola, ela sabia como controlar as ações para fazer a batata sempre queimar na sua mão. E foi assim que ela ganhou.

Olhei para Max e ele apenas olhava sério para o chão. Sim. Foi aquilo. Fui enganado direitinho. Não tem jeito. Sou mesmo péssimo em qualquer jogo. E agora?

— Não precisa se preocupar, querido. Já esperávamos que você perderia! - Eva dá uns tapinhas na minha cabeça de forma carinhosa (ou sarcástica, no caso) - Demian e eu vamos vencer nossos duelos com toda a certeza.

Agora que eu me toquei. Eva ia jogar contra a Natália. E, ao que me consta, Natália também não era aquela maravilha em jogos. O que ela iria fazer? Se ela vencer, acabaria com a nossa equipe, mas ela poderia sobreviver sozinha nas semi-finais? E se perder? Iríamos ficar sem ela, mas talvez fosse o melhor. Era estranho, mas dessa vez precisaria torcer pela Eva e ir contra a Natália. Como a situação foi chegar nesse ponto?

— Entendi...então dava para saber quando a batata ia queimar pelo número de voltas dado na chave - disse Alípio - Que você sabia quantas eram pelo som no começo...

— Exato - respondeu Yumi, sem tirar as mãos dos bolsos e com uma expressão entediada - Eu achava estranho você ter a opção de ficar com a bola, mas isso era necessário para controlar o jogo. E, como aquele Alan não é muito bom em perceber as coisas, foi fácil controlar a situação.

— Heh! Você é boa - disse Alípio - Agora...é a sua vez, não é, Natália?

— É - ela respondeu.

— Você vai jogar com a Eva, né? - disse Yumi - Bem...acho que não tem jeito...vamos perder essa.

— O que disse? - Alípio reclamou - Ela pode ser da sua aliança, mas agora nós somos uma equipe e..

— Diga isso para a Natália - Yumi interrompeu - Se ela vencer, irá levar nossa equipe para as semi-finais direto e terá que lutar contra a gente. Para ela, é mais vantajoso deixar o time adversário vencer. Aposto que você não quer ganhar, não é, Natália?

Natália ficou constrangida, mas preferiu manter as aparências.

— Eu...eu vou fazer o melhor que puder - ela respondeu - Se eu vencer, vou conseguir levar todos os créditos da Eva, não? E serei uma adversária forte nas semi-finais! Isso não é segredo para ninguém!

— Não precisa se fazer de forte - disse Yumi - E mesmo que você quisesse vencer, duvido que consiga ganhar dela.

Natália ficou séria e não falou mais nada. Nisso, o sinal de aviso para o próximo duelo tocou.

— Atenção - dizia Pitre - Participantes Eva e Natália, desçam para a mesa do saguão. Iniciaremos nosso próximo duelo!

Natália e Eva descem. Agora a situação era mesmo estranha. Para quem deveríamos torcer?

— Torcemos para a Eva ou para a Natália? - perguntei a Max

— Para a Eva - ele respondeu - Eva tem que vencer...para o bem da Natália. Não querendo subestimá-la, mas vai ser muito difícil ela sobreviver nas semi-finais sozinha

— Tem razão...pelo bem da nossa equipe...vamos esperar que a Natália perca.

As duas se colocam frente a frente na mesa. Dessa vez, havia um dispositivo grande em cima dela (quase cobria a mesa inteira). O criado responsável por coordenar a partida também mudou. Agora era uma mulher. Logo, Pitre se colocou na tela.

— Muito bem, senhoritas. Espero que estejam prontas para começar o próximo duelo.

— Eu estou sempre pronta - disse Eva.

Natália também responde afirmativamente com a cabeça.

— Sendo assim - o palhaço continuava - Nesse duelo vocês jogarão...Xadrez Fechado!

""Xadrez Fechado?", pensei. Como será esse jogo?


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