Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 35
Capítulo 35 - Ódio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/79125/chapter/35

Capítulo 35 - Ódio

 

 Alípio ainda estava meio ofegante, mas parecia decidido a falar com o grupo de Eva. Claro que ela já previa isso.

— Ora, que surpresa - disse Eva - Então querem negociar com a gente de novo?

— Não temos muita escolha, vocês... - mas Eva interrompeu Alípio antes que ele pudesse continuar.

— Vocês sabem, aqui não é o melhor lugar para discutir esse tipo de coisa...por favor, venham até meu quarto.

Os seis se dirigem ao quarto de Eva. Ela entrou, arrancou os tênis e se jogou em cima da cama, com toda a tranquilidade do mundo. Parecia mesmo confiante.

— Então...estão dispostos a negociar? - perguntou ela, com um sorriso maldoso no rosto. Perla e Yumi apenas ficaram em silêncio, enquanto Alípio e as garotas de seu grupo estavam claramente tensos.

— Como eu disse, não temos escolha - disse Alípio, de olhos e punhos fechados, não muito satisfeito com a escolha que estava fazendo - Se unir ao grupo de Demian não seria vantajoso para nós.

— Entendo - disse Eva, olhando para as unhas e logo voltando seu olhar para o tenso Sr. Alípio - Afinal, o seu grupo só tem pessoas normais, não é?

— Você sabe bem disso! - disse Valéria - Afinal, o seu grupo mantém controle sobre o jogo.

— Nem tanto - respondeu Eva.

— O que? - estranhou a empresária, mas Eva continuou.

— Vejamos...vocês estão aqui porque acreditam que meu grupo possui tanto o Cupido quanto o Anti-Cupido estou certa?

— Só pode - disse Aline - O único motivo para você ter sugerido uma ideia doida daquelas é porque tem total controle sobre os personagens especiais e precisa fazer contatos com alguém, não é?

— Errado.

— Como? - estranhou Valéria - Então...para que você...

— Minha ideia foi apenas um verde que eu joguei - interrompeu a psicóloga, enquanto mexia nos longos cabelos de maneira charmosa - Um grupo que possui apenas membros neutros, não iria aceitar fazer contatos tão facilmente assim...imaginei que o grupo de vocês reagiria assim e pude deduzir que eram todos neutros.

— Mas, então... - Aline parecia tão tensa quanto.

— Sim - Eva prosseguiu - Nunca foi minha intenção colocar aquele plano em prática. Tudo que eu queria era saber qual dos grupos era o totalmente neutro. Afinal, o grupo com o Cupido nunca iria me procurar.

— Quer dizer que.... - Alípio já entendera perfeitamente a situação.

— Exato. Nosso grupo tem apenas o Anti-Cupido. Perla! - terminou a magrinha, apontando para  a colega Anti-Cupido que acena cinicamente para os três desesperados.

— Ai, não! Fizemos bobagem! - gritou Aline - Elas só tem o Anti-Cupido. 

"Tsc! Já devia saber! Eva nunca pensaria de um jeito tão simplório!", pensou Sr. Alípio. 

— Vamos embora daqui! Não temos mais nada para conversar! - ele esbravejou, já virando as costas, mas Yumi havia trancado a porta e bloqueava a passagem.

— Saia da frente, garota! - bronqueou Valéria - Não vamos fazer negócios com o Anti-Cupido!

— Por que a pressa? - disse Eva, agora ajoelhada na cama e sorrindo maliciosamente - Não é porque somos o grupo com o Anti-Cupido que ficar do nosso lado é desvantajoso.

— Como assim? - perguntou Alípio - Se não pudermos conseguir corações, não podemos vencer o jogo. Alguém como você sabe disso muito bem.

— Sei. Sei sim, mas...há um jeito de se sair bem nesse jogo sem precisar de corações.

— Hã? Como? - perguntou Alípio - Você não ouviu as regras: o único jeito de vencer é estando Apaixonado, com três corações e pagando trinta créditos.

— Sim. Isso garante a imunidade, mas...estava pensando em ir para a sessão de votos.

— O que?! - gritou Aline - Tá louca, menina? O que todo mundo aqui quer é escapar do paredão e você fala uma coisa dessas!

— Tsc, tsc. Você não aprendeu nada com a nossa última aliança? - Eva fez uma expressão cínica.

— Está falando daquele jogo dos vasos? - perguntou Valéria - O que tem?

— Se Max Demian não tivesse enganado meu grupo desde o começo, iríamos ignorar o pagamento da imunidade e ir para a sessão de votos de propósito com a única finalidade de eliminar Max. Seria possível, já que vocês, pelo medo que tem, usariam seus créditos para pagar a imunidade e meu grupo teria quatro votos contra Max. Teoricamente, iríamos eliminá-lo com certeza!

— Sim, eu lembro que era esse o seu plano - disse Alípio - Que, aliás, você não contou para nenhum de nós naquela ocasião.

— Claro que não. Se tivesse feito isso, poderia ter acontecido alguma coisa errada - retrucou Eva.

— Como se tivesse dado muito certo - Aline provocou - O Max te enganou direitinho desde o começo.

— Mas agora é diferente! - Eva continuou, ignorando a provocação - Com a minha ideia, tenho certeza absoluta que poderemos eliminar alguém do grupo de Demian nesse jogo!

— Você tem mesmo uma ideia fixa de eliminar o grupo dele, não é? - comentou Valéria.

— Ouçam! - Eva parecia séria - Essa casa é muito tendenciosa...mesmo que tenhamos três equipes, essas equipes ainda precisam colaborar umas com as outras se quiserem sobreviver. Aquelas que quiserem agir sozinhas, podem ser eliminadas covardemente pelas outras duas. É assim que as guerras funcionam.

— Pelo menos é o que os jogos até agora mostraram...

— Sou psicóloga, mas ainda não compreendi muito bem o que exatamente os organizadores dessa casa querem analisar - comentou Eva - É provável que queiram entender como o ser humano se comporta em certas situações peculiares, por exemplo, nesses jogos.

— Hm? - Alípio estranhou.

— Em nenhum momento fomos criticados ou alertados por agirmos em grupos ou alianças e nem mesmo por termos contratos para dividir o prêmio final. Presumo que a ideia deles seja justamente essa, como escolher seus melhores aliados para ter o melhor resultado. No caso, o resultado desejável é continuar na casa e eliminar os obstáculos.

— E Max Demian é seu obstáculo, não é? - perguntou Valéria.

— Exato - Eva respondeu - Das duas equipes adversárias, a equipe de Max é a mais perigosa...não pelos membros, mas apenas pelo líder. Ele tem uma visão de jogo fantástica e quero acabar com ele o quanto antes. Mesmo que vocês também sejam adversários, creio que também tenham interesse em eliminar o oponente mais forte, não é?

— Na verdade - Alípio continuaria a falar, mas se interrompeu, olhou para as colegas e depois voltou a falar - Ainda temos dúvidas de quem é o melhor aliado...mesmo que Max Demian suma da casa, teremos que enfrentar vocês.

— E é aí que esse jogo começa a ficar justo - disse Eva - Como vocês sabem, nossa aliança é temporária. Uma vez que a terceira equipe sair, isso aqui se tornará apenas um jogo entre dois times. Um contra um. Algo bem mais justo do que está havendo agora.

— Mas até lá... - Valéria balbuciou.

— Não posso obrigá-los a fazer uma aliança que os force a ficar presos comigo até a total eliminação de Max Demian, mesmo porque isso poderia ser prejudicial a nossos dois grupos no futuro - ela continuava, com um olhar confiante - Caso a mesa vire e Max Demian, por um milagre, queira se aliar a mim, ter esse contrato seria desvantajoso para mim. 

— Duvido muito. Ele declarou guerra contra você desde o começo dessa casa - Alípio comentou.

— É, mas como eu disse algumas vezes, alguém inteligente como Max pode saber quando se aliar com a pessoa certa - disse Eva - Mas, por hora, estou oferecendo uma aliança temporária contra o grupo dele.

— E qual é o seu plano? - perguntou Aline.

— Faremos o ódio vencer - respondeu a psicóloga.

— O ódio vencer? Mas isso só salvará o Anti-Cupido - disse Valéria, espantada.

— Pode ser - concordou Eva - Mas acabará com o Cupido.

Todos ouviam a explicação dela, mesmo com um pouco de medo, mas a garota continuava a expor seu plano.

— Sabemos que o grupo de Max Demian tem um Cupido e dois neutros. Mas, mesmo que eles façam contato entre si, nunca conseguirão mais do que dois corações. Precisam de pelo menos mais uma pessoa para ganhar imunidade.

O que era verdade. Era preciso mais uma pessoa para conseguir os três corações necessários para vencer.

— No entanto - continuou ela - Se nós seis nos unirmos e criarmos uma rede de ódio, teremos mais pessoas amarguradas do que apaixonadas, e garantimos a imunidade de Perla.

— Muito bem - interrompeu Alípio - Mas nós não ganhamos nada com isso, ganhamos?

— Garantir o seu futuro na casa não é um lucro? - ela respondeu.

— Como assim? 

— No nosso contrato de aliança temporário, todos os membros de meu grupo que forem para a sessão de votos se comprometem a votar nas pessoas não imunes do grupo de Max Demian, o que é realmente nosso interesse. O compromisso de vocês, deve ser esse também.

— Nas pessoas não imunes? - perguntou Aline.

— É preciso 40 créditos para imunizar alguém na sessão de votos - explicou Eva - Mas mesmo que o grupo de Max termine com 20 corações, ele não conseguirá salvar duas pessoas do grupo (*). Sem contar que a parte ruim de pagar a imunidade na sessão de votos é que você aumenta o número de votos numa única pessoa do seu grupo.

— Então quer que todos nós votemos em Max? Mas ainda assim não vi nenhum lucro para o nosso grupo! - colocou Valéria.

— Ai, ai - Eva suspirou - Pagamos 50 créditos ao seu grupo, tudo bem?  Temos 97 e vocês não tem nada. Não é um mau acordo, é?

— Cinquenta? - repetiu Aline - É sério?

— Sim - Eva confirmou - No fim, vocês ficarão com mais créditos do que a gente, já que esse plano não nos permitirá ganhar mais créditos. Não é mau negócio, se forem pensar.

— Não sei, não - Alípio ainda parecia pensativo.

— Se Max usar seus créditos para se salvar na sessão de votos, ele terá ainda mais prejuízo - continuou a garota, com um sorriso maroto, agora deitada de bruços e balançando as perninhas -  Max não só terá um membro a menos, como também terá pouquíssimos créditos. Ele sairá perdendo tanto no econômico quanto no político. Parece vantajoso para mim.

 Alípio olha para as meninas. O grupo dele tinha caído numa situação desesperadora no último jogo. Juntando-se a Eva, conseguiriam 50 créditos e eliminariam alguém do grupo de Max, o que seria um excelente negócio. Aceitar ou não? Eva parecia ter um bom controle de tudo.

— Entendo se recusarem - disse a magrinha, agora abraçando o travesseiro - Mas seria uma pena, já que é um excelente negócio. Se mesmo assim não quiserem...Yumi abre a porta imediatamente.

 Os três se entreolharam. Embora tenham se enganado quanto à formação do grupo dela, se aliar às meninas poderia ser a única oportunidade deles.

 - Está certo...nós aceitamos - disse Alípio.

 - Ótimo - disse Eva, esboçando um sorriso e voltando a se sentar na cama - Com isso vocês concordam em se tornar Amargurados, imunizar Perla e votar apenas no membro que escolhermos do grupo de Max Demian. Aceitam esse contrato? As câmeras da casa são as testemunhas!

— N-Nós...aceitamos. Já disse! - Alípio reafirmou.

— Então...façamos os contatos - disse Eva - E os contratos...hehe

E mais uma aliança contra nós estava formada. Um de nós sairia dessa vez? Será que dessa vez realmente eu não teria escapatória? Perder esse jogo será fatal para o nosso grupo...tenha certeza disso! Mas, ainda teríamos muitas surpresas pela frente.

 

 

(*) = Cada coração vale 10 créditos. Se apenas Alan, Max e Natália entrarem em contato acumularão, no máximo, 40 créditos. Mas somados com os 38 que o grupo de Max, será um total de 78 créditos. Para salvar 2 pessoas, seriam precisos 80 créditos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E essa é a Casa dos Jogos, onde as conspirações e maracutaias são essenciais para sobreviver . Fazer o que, né?

Aguarde o próximo capítulo! Até! ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Casa dos Jogos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.