Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 23
Capítulo 23 - Voto de Confiança




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Capítulo 23 - Voto de Confiança

— T-Tem certeza? - Taís perguntava de novo, em voz baixa - É arriscado ficarmos com uma cor só! Eles só nos dão a semente uma vez...e do jeito que temos pouco crédito não podemos vacilar!

— Eu sei - disse Eva, com um olhar bem confiante - Mas tenho um plano muito bom.

— Se você tá dizendo... - Taís se conformou. As meninas vão até o criado e escolhem apenas sementes verdes. Ainda estavam com um ar duvidoso, mas Eva parecia saber bem o que fazer. Já eu, escolhi a cor amarela, como Max orientou. Sendo assim, nosso grupo ficou com duas sementes verdes (Max e Natalia) e uma amarela (a minha).

— Todos já pegaram suas sementes? - perguntou Pitre que, ao não ouvir nenhuma objeção, anuncia o começo do jogo - Então, começamos o Jogo da Colheita oficialmente. Dentro de uma hora, teremos a primeira eleição para um representante que definirá uma das quatro estações. Boa sorte a todos!

Agora, vinha a parte mais complicada. Algum tempo depois estávamos mais uma vez no quarto de Max discutindo nossa estratégia.

— Tá...e agora? Estamos em desvantagem numérica - disse Natália, com um expressão preocupada no rosto, sentada na cama, de maneira encolhida e tímida.

— É verdade - respondeu Max - Não podemos vencer nas eleições. Considerando que todos sempre votam num representante do próprio grupo, nunca poderemos escolher a estação. O resultado sempre será algo parecido com o que ocorreu na simulação.

— Então...precisaríamos nos unir com algum dos outros grupos? De novo? - perguntei.

— A tendência é nos unirmos com o grupo do Senhor Alípio, não? Afinal, ele também quer acabar com a turma da Eva o quanto antes - comentou Natália.

— Será? - disse Max, colocando as mãos no bolso, com uma expressão mais séria - Bom, sabemos que cada grupo é adversário um do outro, mas também não podemos depender do grupo de Alípio para sempre...

— Mas seria ideal nos unirmos a eles até eliminarmos o time da Eva de vez, não? - comentei.

— Talvez eles não aceitem isso, Alan - respondeu Max.

— Não?

— Quer dizer, eles também querem eliminar o grupo da Eva, mas, ao mesmo tempo, também querem vencer. Eles também nos enxergam como inimigos, lembrem-se sempre disso - ele continuava.

— Mas não temos muita escolha, temos? Afinal, só temos três membros no nosso grupo contra quatro em cada um dos outros. Somos minoria. Temos tudo para perder esse jogo! - comentei.

— É verdade...se não podemos controlar as estações estamos em muita desvantagem - completa Natália - E precisamos de sessenta créditos para salvar todos do nosso grupo.

— Então não temos mesmo escolha a não ser formar de novo uma aliança com outro grupo, não é? - comentei.

— Bem...se fizermos isso, teríamos que nos apressar - disse Max, olhando para o relógio da sala - Falta pouco tempo para a primeira rodada.

— Puxa...esqueci que as rodadas só tem uma hora - comentou Natália - Precisamos falar logo com o grupo deles e..

— Relaxe - disse Max, sentando-se na cadeira e se espreguiçando - Temos sementes de ambas as cores. Pelo menos um de nós terá frutos nessa rodada, se a estação escolhida não for Inverno.

— Mas e se eles escolherem Inverno? - falei, ansioso - Eles podem esconder as sementes e escolher Inverno só para ferrar com a gente!

— Se isso te preocupa, então eu guardo a minha semente para depois - ele diz, com toda a calma do mundo - Mas não precisam se preocupar tanto. Do modo que estamos agora, temos chances de vencer, sim.

— Como assim? Não vamos fazer nada nessa rodada? Precisamos nos aliar ao grupo de Alípio o quanto antes!

— Já falei para relaxar, Alan! - ele sorriu calmo mais uma vez - E escute com cuidado o que tenho para dizer...

E, enquanto discutíamos essas coisas, os outros grupos também começaram a agir. Assim que Pitre anunciou o início de jogo, o grupo de Alípio também se isolou em seu quarto e começou a preparar sua estratégia. No entanto, dessa vez eles estavam em vantagem.

— Bom - começa senhor Alípio, mostrando uma boa calma - Temos doze créditos...e precisamos de oitenta para garantir que todos se imunizem, certo?

— Mas aí é que está - levantou Valéria - Pagamos oitenta créditos para salvar todos e vamos para a próxima rodada sem nada, não é?

— É o que parece - responde Alípio - Teremos que desembolsar uma quantia alta para salvar todos...e, pelas minhas contas, se ganhamos três créditos para cada fruto que estocarmos...teremos que estocar pelo menos sete frutos cada um.

— É verdade - comentou Aline - Ai, esse jogo é mais difícil do que parece! E não podemos garantir que sempre dê frutos por causa das estações.

— Mas se controlarmos as estações podemos garantir nossos frutos, não podemos? Afinal, Alípio venceu a simulação, né? - disse Giovani.

— Bem, isso porque o grupo de Eva votou nela e vocês votaram em mim...mas... - o veterano da casa parecia preocupado.

— Mas o quê? - perguntou Giovani.

— Se o grupo de Eva se unir com Demian, eles controlarão as estações e poderão acabar com a gente! Droga! Vai ser complicado..

Nisso, alguém bate na porta do quarto de Alípio. Quem poderia ser? Os quatro se assustam, mas resolvem atender.

— Quem poderia ser? - perguntou o gordinho, enquanto acaba com os chocolates da bomboniere do quarto de Alípio.

— Não sei...por favor, vai lá ver, Aline - pediu Valéria.

— T-Tá - a mocinha se levanta e abre a porta devagar. Qual sua surpresa ao ver Eva na porta.

— Olá - cumprimentou a magrinha - Tenho algo para falar com vocês.

— Você? - estranhou Aline - Não temos nada para falar com você!

— Eu é que deveria estar brava por terem me traído no último jogo! - ela respondeu - Mas...ao contrário do que pensam, eu não guardo rancor e não me deixo levar pelas emoções facilmente. Sei muito bem como esse jogo funciona e se estou aqui é porque tenho uma ideia que será favorável a nossos dois grupos!

Aline olhou para os outros membros de sua equipe que apenas dão de ombros. Como não tinham a menor ideia do que fazer, apenas a deixam entrar com um olhar desconfiado.

— Com licença - disse Eva, educadamente, enquanto Aline fecha a porta.

— Veio sozinha? - perguntou Valéria

— Sim - disse a garota - Apenas para mostrar que não temos nenhuma intenção de pressionar!

— E o que quer da gente? - Alípio perguntou.

— Bem...considerando que ainda não se passou a primeira meia-hora da rodada - ela disse - Imagino que Demian ainda não tenha vindo falar nada com vocês.

— Não - disse Giovani - Estávamos começando a discutir nossa estratégia agora.

— Ótimo - disse Eva - Então, tenho um plano perfeito para todos nós!

— Como assim? - perguntou Valéria, sentada na cama com pernas cruzadas e olhar sério - Dependendo do que for...

— Meu plano é simples. Quero eliminar o resto da equipe de Max Demian o quanto antes!

Todos estavam atentos e calados. Bem, era de se imaginar que ela faria isso.

— Quer...eliminar todos da equipe dele? - perguntou Alípio.

— Sim - ela confirmou - Eles foram os primeiros a perder um membro. Isso significa que são o elo mais fraco da casa. Se eliminarmos mais um da equipe deles, os deixaremos apenas com dois. Se continuarmos aliados, podemos eliminar mais um e assim até o grupo dele descer ralo abaixo de vez.

Os quatro da equipe de Alípio ouvem a ideia, mas ainda não pareciam estar muito interessados.

— Mas com a equipe de Demian fora...só vai nos restar vocês como inimigos, não?

— Talvez - disse Eva - Mas aí vocês só terão que se preocupar com mais uma equipe ao invés de duas. Não se enganem, isso não é uma aliança vitalícia e sim temporária. Apenas um contrato contra um inimigo comum.

— Não sei porque...isso não me cheira muito bem - comentou Aline.

— Se estão com tanto medo de traições, porque não fazemos um contrato temporário oficial?

— Hã? - perguntou Valéria - Do que está falando?

— Trouxe oito papeis. Perla os preparou e já temos as assinaturas de todas as meninas do meu grupo. Ele é válido até o fim desse jogo.

— Até o fim desse jogo? - perguntou Giovani.

— Sim - reafirmou Eva - Na verdade, como ninguém sabe como será o próximo jogo, pode ser arriscado afirmar um contrato valendo até o fim da equipe de Max.

— Isso parece ser meio contraditório com o que você diz - reclamou Alípio - Você não acabou de falar que quer acabar com a equipe dele?

— Sim - a garota respondeu - Mas...não sei como é a mente doentia dos organizadores desse jogo. Eles podem criar um jogo diferente, onde uma aliança com muitas pessoas possa ser prejudicial. Mas esse contrato nos garante segurança, pelo menos até o fim desse jogo da colheita.

— Você...parece ser bem profissional, não é? - comentou Giovani.

— Heh! Dentro dessa casa, o que importa é pensar racionalmente. É idiota ficar revoltado com traições ou mentiras. Encarem tudo como um jogo. Deixem-se levar pelas emoções e vocês perdem.

Os quatro ficam com o pé atrás, mas, ao menos, leem o contrato que elas firmaram. A ideia parecia bem simples, mas parecia garantir a vitória.

— Então...o acordo de vocês é sempre escolherem a estação? - perguntou Alípio.

— Sim. Nós decidiremos qual estação será escolhida. Mas...a pessoa que irá definir a estação no jogo serão vocês! - explicou a magrinha.

— Não sei se entendi bem - comentou Aline - Vocês escolhem a estação, mas nós que somos votados.

— Isso - disse Eva - O grupo de Demian tem um membro a menos, por isso nunca nenhum deles poderá escolher a estação, a menos que pessoas de outros grupos votem neles. Mas se o meu grupo votar no seu, sempre será um de vocês a decidir a estação

— E? - perguntou Valéria.

— Quando dizemos que vamos escolher a estação, fazemos isso baseados na semente que plantamos. Mostraremos a vocês qual a semente plantada e dizemos que estação queremos que aconteça. Daí, votamos em vocês e basta escolherem a estação certa.

— Hmm...então, estão confiantes na gente? - perguntou Alípio.

— Exatamente. Não iremos pedir que mostrem qual semente plantaram, mas confiaremos que escolherão a estação que decidirmos. Mas claro que só faremos isso se afirmarem o contrato, que coloca um milhão como multa caso haja traição.

— E se não quisermos assinar? - perguntou Alípio.

— Bem, foi só uma ideia. Se não aceitarem, nossa conversa acaba aqui. Simples assim. Nesse caso, talvez seja mais interessante tentar uma aliança com Demian. Aliás, eles tem mais créditos, não?

— Tsc...não sei, não - estranhou Alípio.

— Estão indecisos? Bem, se isso ajudar...nessa rodada não vamos plantar nenhuma semente em nossos vasos e votar em vocês mesmo assim. Se ganharem logo na primeira votação, é sinal de que queremos vocês do nosso lado. O que acham?

— Mas vocês não vão ganhar nada se não plantarem nenhuma semente, não é? - comentou Aline.

— Não, mas...não precisamos de todas as dez rodadas para conseguir os créditos necessários. De qualquer forma, estamos dispostas a não plantar nada nessa primeira rodada.

— Não sei, não - disse Aline.

— Se duvidam da gente...porque não escondem as sementes também e escolhem Inverno? Se estivermos mentindo, perderemos nossas sementes - falou Eva, totalmente confiante.

— Hmm.. - Alípio ainda parecia pensativo.

— Vocês tem essa rodada para pensar. Dou minha palavra que estamos dizendo a verdade. Se mudarem de ideia na próxima rodada, assinem o contrato e aí a gente conversa mais.

— Tudo bem. Vamos ver o que acontece na primeira rodada - disse Alípio.

— Beleza - Eva se despede e sai do quarto, com um meigo sorriso no rosto.

— E o que a gente faz, seu Alípio? - perguntou Aline - Aquela Eva não é flor que se cheire, mas se nos aliarmos mesmo a ela, podemos garantir a derrota da outra equipe, né?

— O que me preocupa é nosso grupo não ter autonomia para fazer alianças. Tsc. No fim, viramos peões deles de novo.

— Eu sugiro aceitarmos a aliança - comentou Valéria

— Tem certeza? - perguntou Alípio.

— Vamos fazer esse teste na primeira rodada. Se Eva estiver mesmo falando a verdade, a aliança será vantajosa para todos. Enfraquecemos a equipe de Demian e garantimos nossa imunidade. No próximo jogo, definimos o que fazer.

— Bem, Valéria parece ser sensata. Vamos fazer isso - concordou Alípio.

Na primeira rodada, pouco tempo depois, nosso grupo não falou com nenhum outro. Só os encontramos na hora da rodada, momento em que não trocamos nenhuma palavra. Pitre logo anuncia a primeira votação.

— Muito bem - disse o palhaço - Dirijam-se à urna eletrônica e deem seus votos.

— Votamos em quem? - perguntou Natália.

— Tanto faz...nós não vamos ganhar mesmo - respondeu Max.

No fim da contagem, seu Alípio ganha de primeira e, o mais interessante, por unanimidade.

— Participante Alípio vence na primeira - disse Pitre - Com onze votos!

— Onze? - estranhei - Então, todo mundo votou nele?

— Parece que sim...sabemos que ou ele ou a Eva ganhariam, mas se todos votaram - Max parecia pensativo - Bem, vamos ver o que vai acontecer.

— Muito bem, senhor Alípio - disse Pitre, chamando o participante para escolher a estação - Escolha uma estação do ano: Primavera, Verão, Outono e Inverno.

Do nosso grupo, apenas Max não tinha plantado sua semente. Mas que estação eles escolheriam? Estava ansioso.

— Eu escolho - Alípio fez uma pausa - Inverno!

"Ah, não!", pensei. Natália e eu havíamos perdido nossas sementes. E agora?


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Notas finais do capítulo

Desculpem o capítulo curto...mas fiz uma cirurgia de extração do dente do siso ontem (uma das coisas mais doloridas do mundo) e ainda estou meio devagar...mas semana que vem eu capricho mais!

Até!



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