La Lumière Au Bout Du Tunnel escrita por Mercenária


Capítulo 15
Capítulo 15 - Perdas...




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15 – Perdas...


PDV LUKE

 

Ela estava quieta demais. E eu estava chocado com os pensamentos dela. E de certa forma, comigo próprio. Em séculos de existência, eu nunca tive nenhuma relação intensa. Bom, Greg é amigo e ponto. Nada de mais.

 

Mas Annie...

 

Ela estava bagunçando o meu eu completamente. Estou confuso, devo admitir. Eu... eu jamais entrei na mente de alguém e expus meus pensamentos. E isso acabou de acontecer. Era uma grande novidade. Mas não deixava de ser perturbadora.

 

-Eu ainda não superei! – sussurou. Notei que ela não havia bebido nada de seu cappuccino. A fitei com a testa franzida, enquanto Ann permanecia de cabeça baixa. –E eu... eu não gosto de... ah... – ela falava entre as arfadas que dava.

 

-Tudo bem... – eu afaguei seus ombros.

 

-Não, não esta! – disse firme. – Para mim Luke, perdê-lo foi igual a perder parte de mim. Daqui de dentro... – e ela apontou para o peito. Eu não queria que ela sentisse isso, apesar de que é inevitável. E eu estava de mãos atadas. Lagrimas desciam por seu rosto.

 

-Eu ti entendo, Ann... – falei com a voz baixa. Coloquei meu copo de café descafeinado com creme apoiado no banco do parque. Ela se encolheu, com os olhos fora de foco.

 

-É difícil... e acho que não vou esquecê-lo nunca! Eu não consigo... – resmungou para si e falou para mim. – Não Luke, você não entende o sentimento de culpa que eu sinto no momento...

 

Tirei meu braço de seus ombros, perturbado com o que ela disse. E... digamos que eu não pensei, apenas falei. E não tive a intenção de ser rude.

 

-Eu matei minha noiva, Ann... então, eu sei o que é ter culpa! – falei sussurrante. Abaixei a cabeça e senti seu olhar assustado em mim. Levantei a cabeça e a encarei nos olhos.

 

Não dissemos nada.

 

Aquele meu segredo estava entalado na garganta, eu tinha que falar. Eu precisava falar. E necessitava ser agora. Analisei seu rosto: culpa, mágoa, surpresa, medo... tinha de tudo um pouco. Eu estava pronto para vê-la sair correndo de mim...

 

-Ann... – murmurei. Ela engoliu seco e piscou os olhos, cheios de lagrimas. – Eu sou um... – respirei fundo. – Vampiro!

 

Annie arregalou os olhos. E de repente... explodiu numa estrondosa gargalhada! Eu continuei serio e esperei ela se acalmar. O que deu nela para rir desse jeito? Dei uma espiadinha na mente dela e... “Ah fala serio... Ele não disse isso serio, disse? Não... mas porque ele não esta rindo junto comigo?!”

 

E eu senti o cheiro do medo manchar o ambiente ao nosso redor.

 

-Você...? - sua voz era estrangulada. – Você... falou serio? – perguntou prendendo a respiração.

 

-Sim. – me limitei a dizer.

 

-Ah... – arfou de olhos esbugalhados. Eu aproximei minha mão, mas como previsto, ela se esquivou, olhando-me acusatoriamente. – Não é possível... –murmurou. – Não, não, não, não... não pode ser!

 

-Mas é Annie! – falei amargo. Eu estava essa reação, mas senti-la, ainda não era agradavelmente legal. – Mas não precisa ter medo!

 

-Como não!? – perguntou exasperada.

 

-Eu nunca ti machuquei, Ann! – falei entre dentes. Ela tornou a se encolher.

 

Annie se calou, deixou seu cappuccino já frio de lado, puxou as pernas para cima do bando, as enlaçando com os braços e apoiou o queixo no joelho. Eu não me mexi, com medo de assustá-la ainda mais. E eu ficaria assim pelo resto da eternidade, se isso a fizesse não ter medo... de mim.

 

-É tanta coisa acontecendo... – reclamou. Seu rosto agora era opaco e seu olhar, distante. – Por mais que... – parou para tomar fôlego. – Por mais que isso me deixe com medo, não vou conseguir mantê-lo afastado... eu preciso de seu apoio, por mais bizarro que você seja!

 

Um grande alivio tomou conta de mim.

 

-Mas... – e então, o alivio sumiu. – Eu preciso de um tempo para fixar as idéias no lugar! – disse.

 

-Tudo bem, você sabe que vou respeitar... – falei solene.

 

-Eu tenho perguntas! – exclamou num tom sombrio e autoritário. É, lá vem bomba! ¬¬

 

PDV EMILLYA

 

Um bip irritante ecoava em minha cabeça. O maldito PI PI PI constante fazia minha cabeça doer. Abri os olhos, pronta para chamar alguém para desligar essa porcaria.

 

A luz me cegou.

 

Meus olhos lacrimejaram e eu os pisquei freneticamente para voltar a enxergar. Senti algo sob meu nariz, trouxe a mão ate meu rosto para tirar aquilo que estava me incomodando. Uma mão me parou. Olhei ao redor, confusa e...

 

-P-pete? – perguntei roucamente.

 

-Nem pense em tirar isso daí moçinha... – ele disse. Sua face denunciava o quanto ele estava exausto. E sem dormir.

 

-O que aconteceu? – perguntei com a testa franzida e querendo me levantar. Assim que me sentei, tudo girou e cai pesadamente nos travesseiros. Arfei.

 

-Tente não fazer isso de novo... você vai ficar em repouso e observação durante essa noite. – disse. – Os médicos disseram que você tem pneumonia...

 

-Hãn?

 

-Mas eles já estão tratando, pode ficar tranqüila! – ele disse rapidamente. Afagou minha mão.

 

-Esta com uma cara de cansado... desde quando estamos aqui? – perguntei num sussuro. Ele olhou para mim e suspirou.

 

-Algumas horas...

 

-Números Pete, números. – pedi calmamente.

 

-16 ou 18 horas... – disse fechando os olhos brevemente. “Choquei!”

 

-E eu estou dormindo desde então?

 

-Sua febre estava mais que alta... – deu de ombros. – Não se lembra de nada? Mesmo?

 

-Eu... deveria? – “Ah pronto, falei merda!” ¬¬

 

-Você gemeu, chamou pelos seus amigos... pelos nossos pais. Xingou nomes cabeludos... gritou. Tem certeza que não lembra?

 

-Tenho... – murmurei horrorizada comigo mesma. Eu fiz isso!?

 

-Bem, você gritou mais ainda quando os médicos e enfermeiros foram obrigados a abaixar sua febre... – ele pareceu pensar. – Eles tiveram que ti colocar numa banheira de gelo!

 

-Oh...

 

-E ai, você virou o bicho... ate parecia possuída ou algo do tipo. – ele falava tao naturalmente que me dava medo.

 

-Ok, isso é bizarro! – falei – Mas se estamos a algumas horas, porque esta tao cansado?

 

-Emy... eu fui dormir tarde ontem, tive que acordar praticamente de madrugada para ir ao trabalho... e o resto é historia. Já completou, se não me engano, 22 horas que estou acordado e...

 

-Devia ir descansar um pouco – falei gentilmente, mas minha voz saiu áspera.

 

-Não! – sua negação foi tao agressiva que eu me encolhi, com medo dele. – Eu não vou sair daqui...

 

-Então vá e volte em seguida... eu vou entender! – falei com dificuldade. Eu estava sentindo fadiga. Sabe quando você tenta correr numa subida e fica arfando parecendo um fumante jogando futebol? É, eu estava desse jeito...

 

-Emy?!

 

Comecei a puxar o ar com força e a dor no peito aumentou. O maldito bip aumentou. E de repente, médicos estavam “em cima” de mim, ajudando-me a respirar. O que diabos esta acontecendo comigo? ¬¬

 

PDV NELLY

 

Eu não conseguia chorar.

 

Eu via o medico abrir a boca, mas eu não conseguia ouvir. Parece que ele disse “quarentas dias de repouso absoluto...” e mais algo para complementar. Richard ouvia tudo atenciosamente enquanto afagava meus cabelos, meu rosto ou minha mão.

 

-Terá que ficar mais algumas horas, tomando soro... – e a voz do medico ficou abafada novamente.

 

E ele saiu.

 

-Mãe? – chamou-me. Eu apenas olhei para ele mecanicamente e sem expressão. – Tudo bem?

 

Neguei.

 

-Eu... eu sinto muito mãe! – ele disse ao me abraçar. E então as lagrimas vieram: fortes e quentes, ao descer por meu rosto. –Sente dor? Esta cansada? Por favor, mamãe, diga alguma coisa!

 

-Eu não sei... – sussurei ao apoiar minha cabeça em seu ombro. – Eu me sinto vazia... como se eu tivesse aberto um buraco enormemente grande em minha barriga. Eu sinto a falta dele... – expliquei.

 

-O medico disse que talvez terá que passar por um psicólogo... mas é só TALVEZ! – disse carinhosamente. – Mas nada disso importar por agora!

 

-Como assim “não importa”? – perguntei sentando-me ereta e chocada. Ele disse mesmo “não importa” para o próprio irmão?!

 

-Tem que descansar... quando chegarmos em casa nós conversamos! E... – seus olhos se encheram de lagrimas. – eu me importo com ele. Eu só estava dizendo da senhora ir ao psicólogo, tá?

 

Assenti cabisbaixa. Ele me deu um beijo na testa e sussurou um “descanse um pouco...”. E foi o que eu fiz. Ou pelo menos tentei. Me ajeitei nos travesseiros e respirei fundo ao colocar as mãos sobre a barriga. Fechei os olhos, querendo deixar a mente em branco.

 

PDV ANNIE

 

Eu tinha medo. E estava confusa!

 

Ainda estávamos no parque. Aqui era tranqüilo, mas meu intimo estava em guerra. O silencio parecia agradável e ao mesmo tempo, esmagador. Olhando diretamente para frente, respirei fundo.

 

-Como ela era? – perguntei mordendo o lábio inferior.

 

-Faz outra pergunta, por favor... – pediu.

 

-Você sabe praticamente toda a minha historia... – acusei o olhando igualmente o meu tom de voz. –Que tal contar um pouco mais de você? – minha voz era acida.

 

-Se você deseja...

 

FIM DO CAPITULO


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Notas finais do capítulo

Bom... o drama que eu to vivendo me ajudou a escrever. Quero dizer que to me recuperando aos poucos... com a ajuda dos amigos, tudo fica mais facil, nao?
Obrigada a todas que comentam, voces nao tem ideia de como sao imortantes para mim e nao sei se agradeci, mas obrigada a quem esta recomendando a fic! Valeu mesmo...

ate mais :*



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