Koyuki escrita por Haruyuki


Capítulo 1
Capítulo 1




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"Kaachan." 

A voz de Koyuki me desperta e eu abro meus olhos, soltando um alto gemido ao sentir dores pelo meu corpo por causa do sofá que estou dormindo.

"Ohayo, Koyuki." Digo, olhando para a pequena garota de cabelos negros e olhos azuis que aparentemente também acabou de acordar. "Bom dia."

Com ela nos braços, eu me levanto e vou até o banheiro, onde retiro a camiseta azul do corpo dela e a vejo usar a privada, enquanto eu começo lavar a nossa roupa suja. Eu também retiro minhas roupas e entro com ela em um dos chuveiros para tomar banho, nos divertindo bastante. Com uma roupa limpa nela, deixo Koyuki comendo café-da-manhã enquanto vou estender a roupa na sala de limpeza e após deixar Koyuki brincando de desenhar e escutando música, eu começo a pegar os itens para a faxina daquele lugar.

Eu e Koyuki estamos na Arena de Gelo Wayne State, onde tecnicamente eu trabalho como zelador e gerente para os técnicos Celestino Cialdini, Satsuki Muramoto, Monika Evans (Patinação Artística), James Strauss e Ted Vandemberg (Hóquei). Meu trabalho consiste na limpeza e organização de todo o ringue de gelo, além de lidar com a recepção em horários de funcionamento. Eu disse tecnicamente, porque já faz dois meses que estou morando aqui com a minha filha, Koyuki, após ser forçado a deixar meu apartamento anterior por motivos ridículos e ninguém sabe disso, afinal por causa do meu trabalho, eu era o primeiro a chegar e o último a sair.

"Bom dia, Yuuki." Técnico Cialdini diz, ao chegar na arena de gelo para os treinos da manhã.

"Bom dia, técnico Cialdini." Eu digo, sorrindo ao estender os arquivos dos patinadores dele e as correspondências deixadas pelo carteiro ontem.

"Obrigado." Ele diz, se afastando para ir em direção da sala dele.

Minutos depois, é a vez de Muramoto-san, que chega junto com Phichit Chulanont, patinador profissional da Tailândia, Léo de la Iglesia, dos Estados Unidos e Sara Crispino, da Itália. Todos competem na divisão sênior de Patinação Artística, esporte cuja temporada está prestes a começar. Por fim, chega a vez dos Técnicos Evans, Strauss e Vandenberg, quem eu também entrego os arquivos e correspondências do dia.

Como o Técnico Cialdini, todos ali também me dão bom dia, elogiando Koyuki, que apenas dá altas risadas em meus braços. Eu me junto aos técnicos em uma reunião diária, enquanto Phichit-kun e os outros patinadores ficam de olho em Koyuki. Nessas reuniões, discutimos principalmente sobre a organização e a parte financeira da arena, que está sob minha responsabilidade. 

Enquanto ocorre os treinos da manhã, eu passo a manhã fazendo relatórios sobre a arena em um laptop, enquanto deixo Koyuki brincando no berço que os técnicos me deram para que eu não precise ficar me preocupando com a segurança dela enquanto trabalho. Após os treinamentos, todo mundo almoça junto no refeitório do ringue, onde a cozinheira, a senhora Mackenzie, faz os milagres dela. Durante o período da tarde, o ringue é aberto para o público, onde eu lido com o cadastro, pagamento e aluguel de patins de gelo, além do controle dos horários junto com a técnica Evans, que é responsável por fiscalizar as pessoas patinando. E então, chega a vez do time de Hóquei, que treina até de noite. Enquanto os outros técnicos retornam para casa, eu lido com fechamento da arena e como as sobras que a senhora Mackenzie deixa para mim. 

Antes de eu passar o zamboni no gelo, eu coloco meus velhos patins e passeio com Koyuki no gelo, realizando figuras compulsórias ao mesmo tempo que animo Koyuki, que está bastante agasalhada. E então, a coloco sentada em uma cadeira infantil para me assistir realizar o programa livre que nunca cheguei a apresentar. 

Yuri on Ice.

Meu nome original é Yuuri Katsuki, tenho 23 anos e sou um Ômega. Hoje, eu sou apenas Yuuki Toyomura. Há 4 anos atrás, eu fiquei grávida de um patinador Alfa que era meu namorado. Acontece que existe um motivo enorme para a ausência dele em nossas vidas. Um motivo que me faz não gostar mais dele, de eu ter mudado meu nome e esconder o fato de que sou um ômega.

E é claro que eu jamais imaginaria que um dia alguém me filmaria dançando no gelo e postando na internet. Vídeo que acaba viralizando até chegar às redes sociais de um certo patinador russo. E não, não estou falando do idiota do meu ex. 

~x~

"Katsudon." Eu escuto e arregalo os olhos ao ver Yuri Plisetsky ali no ringue de Detroit. 

Já faz dois anos desde última vez que eu o vi, e eu imediatamente vou até ele, o abraçando fortemente.

"Yura." 

Ele me abraça também, e eu me vejo sentindo culpa por não ter mantido contato durante esse tempo inteiro. Mas não era como se eu tivesse condições, por causa de Koyuki. 

"O que está fazendo aqui? Como está senhor Nikolai?" Pergunto, ainda não acreditando que ele está ali.

"Eu estou aqui por causa do seu vídeo, seu idiota!!" Ele exclama, me assustando.

"Vídeo? Que Vídeo?" Pergunto, franzindo a testa quando o vejo retirar o telefone celular dele e me mostrar um vídeo onde…

Eu estou patinando? 

"Estou vendo pela sua cara que você não sabia disso." Ele diz, quando o vídeo acaba.

"Mas como? Eu só patino quando não tem mais ninguém na arena!!" Exclamo, começando a entrar em pânico. 

"Bom dia, Yuuki…" Escuto Técnico Cialdini, que se interrompe ao ver Yura. "Plisetsky? O que está fazendo aqui?"

"Você sabia disso?" Yuri pergunta, mostrando o vídeo para ele. 

"Yuuki, é você? Você patina? Isso… isso é incrível!" Celestino diz, surpreso. "Espera um pouco. O que está acontecendo aqui?"

"Eu sinto muito, Técnico Cialdini. Eu tive que mudar meu nome para poder trabalhar aqui sem trazer problemas para ninguém." Digo, sentindo meu corpo começar a se tremer.

"Katsudon, respire." Eu escuto, e com dificuldade, tento respirar fundo. 

Eu finalmente consigo, e aos poucos começo a me sentir melhor. Escuto Koyuki começar a chorar e vou imediatamente até ela, a pegando nos braços para a confortar. Sinto a presença de Yura ao meu lado, e ergo a cabeça para ele, acenando.

"Por acaso você sabe quem é Yuuri Katsuki?" Eu escuto ele perguntar para o Técnico Cialdini e congelo ao som do meu antigo nome.

Eu olho para o Técnico, e o vejo me olhar com surpresa.

Afinal eu, Yuuri Katsuki, fui campeão diversas vezes da categoria Júnior de Patinação Artística e namorado de Viktor Nikiforov. Isso até dois anos atrás, onde um escândalo provocado por Nikiforov me forçou a desaparecer do mundo da patinação artística.

"É ela?" Yura pergunta, e eu afirmo com a cabeça.

"Sim." Eu respondo, a mostrando para ele. "Ela é Koyuki. 'Nossa' filha."

"Ela é fofa." Yura comenta, me fazendo sorrir.

Eu então olho para ele, inclinando o rosto.

"Você ainda não me disse porque está aqui." Digo, e o vejo me olhar seriamente.

"Katsudon, eu quero que você seja meu técnico."

Eu e Técnico Cialdini o olhamos em choque, e eu respiro fundo.

"Yura, o que aconteceu?" Eu pergunto, observando como o garoto que conheci anos atrás mudou.

"Eu me apresentei. Como Ômega." Ele diz, me fazendo afirmar com a cabeça. "Yakov não sabe, mas ele não quer mais queria ser mais meu técnico por causa do que aconteceu quatro anos atrás e além disso, para ele e os malditos da ISU, Ômegas só servem para ter filhos e cuidar de casa. E você sabe como a RSF trata Ômegas. Por isso que eu decidi vir para cá."

Afirmo com a cabeça, prestando atenção nas palavras dele. Afinal, comigo foi a mesma coisa. Ômegas não são permitidos como participantes de eventos oficiais de patinação artística e a ISU se recusa a criar uma categoria para eles.

"Além disso, Dedushka faleceu." Eu arregalo os olhos, não esperando ouvir isso dele. "Isso daria a Yakov poder sobre mim se ele fosse meu guardião. Você deveria ter visto a cara dele quando ele descobriu que não era."

Então, eu me lembro de algo que nunca havia entendido bem o que havia acontecido.

"Aqueles papéis que Senhor Nikolai pediu que eu assinasse no hospital…" Eu começo a dizer, o observando desfazer o sorriso que mal havia aparecido no rosto dele.

"Você é minha mãe adotiva." Ele diz, e eu me aproximo dele, o abraçando.

"Me desculpe, Yura. Eu deixei você sozinho todo esse tempo." Eu digo, começando a soluçar. "Me desculpe." 

"A culpa não é sua, Katsudon. Eu é que pedi para ele fazer você assinar os papéis em uma língua que você não sabia ler. Além disso, 'aquilo' aconteceu e eu não pude contar para você. E como Dedushka ainda estava vivo, eu decidi não me importar." Sinto o abraço dele e me afasto, limpando as lágrimas que escorriam no rosto dele. "Sou eu que peço desculpas a você."

"Você ainda quer que eu seja sua mãe?" Eu pergunto, rindo ao ver ele afirmando com a cabeça. "Okay. Nós podemos conversar mais sobre isso depois. Agora, sobre ser seu técnico."

"Com relação a isso, eu gostaria de ficar aqui em Detroit." Yuri diz, olhando para Técnico Cialdini.

"Eu entendo o que você está passando e prometo que os segredos de vocês estarão seguros comigo. Agora, tive uma idéia que eu acho que pode funcionar. Mas primeiro, poderia me confirmar os eventos que você vai participar?" Técnico Celestino abre um largo sorriso, me fazendo engolir em seco.

"Skate Canada e Rostelecom." Yuri responde, ainda me abraçando.

"Sara vai competir em Canadá e em Rostelecom. O que significa que eu também estarei indo. Porque não criamos dois contratos, um comigo como seu técnico para ser anunciado oficialmente e outro para Yuuki como técnico-assistente?" Celestino pergunta, cruzando os braços. "Com isso, sua presença aqui poderia ser justificada sem nenhum problema para… Yuuri?”

Eu balanço a cabeça para ele.

Então, eu continuarei a te chamar de Yuuki. Agora, Yuri Plisetsky, você irá dividir com meus alunos os treinos normais e poderá treinar particularmente com Yuuki de noite."

"Sim, senhor." Yuri diz, me fazendo abrir um largo sorriso.

"Ótimo. Vou providenciar os contratos imediatamente." E com isso, Técnico Cialdini se afasta, nos deixando a sós.

Eu volto a olhar para o garoto de cabelos loiros ao meu lado, e ergo meu braço esquerdo na direção da minha boca, usando meus dentes para arrancar o esparadrapo que esconde minha glândula, gemendo ao sentir dor. Yura me olha com surpresa, principalmente quando eu estendo meu braço para ele.

"Tem certeza?" Ele pergunta, de olhos arregalados.

"Sim." Eu digo, o observando respirar fundo e tocar na minha mão, aproximando seu rosto do meu pulso para respirar meu cheiro e me morder ali.

Ele me oferece o dele, onde eu o mordo também, assim dando a ele uma marca que representa o link entre nós dois. Mãe e filha. Como Koyuki ainda é criança, eu o instruo a colocar o pulso com a minha marca no rosto dela, e fico surpresa ao ver que ela aceita a nossa ligação.


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