As novas 12 casas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 29
Punho x Flecha


Notas iniciais do capítulo

Na casa de Sagitário, Seiji de Pégaso encontra o ainda intacto testamento de Aioros, e se depara com o flecheiro dourado do outro mundo.



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Quando Seiji de Pégaso abriu os olhos, percebeu que estava dentro de uma das 12 casas. Mas só foi entender que havia parado tão longe, na casa de Sagitário, quando encontrou em uma das paredes o testamento de Aioros, ainda intacto após 33 anos.

— “Aos jovens que aqui chegarem, confio Atena aos seus cuidados” — leu Seiji. — É o testamento sobre o qual meu tio Seiya falou quando eu era criança...

O jovem Pégaso sempre quis vê-lo pessoalmente, mas nunca teve a oportunidade de visitar a casa de Sagitário. E não tinha tanto interesse em tentar atravessar as 12 casas como os demais jovens do Santuário. Porém, esse desejo reprimido, junto à sua vontade de continuar lutando, o guiou para a casa de Sagitário, quando elevou o cosmo para se desvencilhar do resgate de Atena.

— Será que é por isso que eu vim parar aqui? — questionou-se, sem ter certeza.

Foi nesse momento que, para o desespero de Seiji, uma seta dourada surgiu das sombras e cravou-se sobre o testamento de Aioros, e após espalhar enormes rachaduras por toda a parede, a despedaçou. Após admirar aquele tesouro histórico por apenas alguns segundos, ele foi destruído, para sempre.

— Me desculpe, garoto, mas essa mensagem estava me enojando... — explicou-se a voz de um cavaleiro de ouro de Nibiru que se aproximava. Era um homem oriental, de cabelos negros e curtos, que trajava a armadura do flecheiro alado; embora a sua asa esquerda estivesse com um pedaço faltando. — Eu sou Minamoto¹ de Sagitário, e serei seu oponente.

— Um cavaleiro de Sagitário? — hesitou Seiji, dando um passo para trás.

“Não, isso não é hora de me sentir à sombra de meu tio novamente... A Marin confia tanto em mim quanto confiava em Seiya.” Lembrou-se.

— Eu estava na casa de Touro até agora a pouco. Mas, quando dei por mim, vim parar aqui nas escadas entre as casas de Escorpião e de Sagitário... A princípio eu pensei em voltar e me reagrupar aos meus companheiros — explicava seu raciocínio, enquanto colocava mais uma seta no arco. — Mas, para o seu azar, percebi que seria mais fácil acabar com o ocupante dessa casa do que me arriscar atravessando a casa de Escorpião.

Minamoto era um homem frio em cada palavra, não demonstrando emoção alguma. Seiji percebeu que teria que tomar muito cuidado ao enfrentar um inimigo calculista como aquele.

— Não vai dizer nada? — continuou Minamoto, observando que Seiji suava gelado.

Vendo que o cavaleiro de Bronze sentia-se nervoso demais para distrair-se com conversa, Minamoto encheu os pulmões e mirou sua flecha.

— Então... Adeus.

Após imbuir sua flecha com grande quantidade de cosmo dourado, disparou-a junto a uma enorme rajada de energia. Porém, no mesmo instante, Seiji moveu o punho para golpear o ar com um meteoro, que passou de raspão na flecha no meio do caminho. Isso foi o suficiente para desviá-la e fazê-la errar o cavaleiro de Pégaso por poucos centímetros. Da mesma forma, o meteoro de Seiji passou muito próximo ao rosto de Minamoto, onde deixou um pequeno corte.

— O-o quê? — balbuciou o dourado, assustado com a velocidade com que o cosmo de Seiji reagiu e se elevou ao sétimo sentido. — Eu estava convencido de que você já era um homem derrotado, sem convicção nenhuma para lutar... No entanto, a determinação que seu punho exala... Igualou-se à minha flecha...

— Não se engane por que eu tive um segundo de hesitação! — rebateu Seiji, mirando seu punho fumegante ao adversário. — O único temor que eu tenho é o de ser derrotado por mim mesmo... Nenhum adversário externo me assusta, não importa o quão forte ele seja.

— Entendo... — afiou os olhos Minamoto. — Nesse caso, eu e você não somos tão diferentes.

Seiji olhou-o sem entender, esperando por uma explicação.

— Tanto eu quanto você — continuou o dourado — procuramos ser a melhor versão de nós mesmos...

Seiji diminuiu a tensão no olhar, quando percebeu que o inimigo podia enxerga-lo através de sua máscara.

— Tudo bem — retomou o dourado. — Acho que você ganhou o meu respeito. Portanto... Eu vou levar-lhe a sério a partir de agora, e mostrarei tudo do que sou capaz — concluiu, elevando o cosmo.

Isso era ruim. Minamoto estava elevando o cosmo de uma forma assustadoramente alta. Ele talvez fosse até mais forte do que o cavaleiro de Touro que Seiji havia enfrentado. Mas o jovem de Pégaso não podia se intimidar. Teria que dar tudo de seu cosmo.

— Seta de Dispersão! — exclamou o sagitariano.

Ao soltar a corda do arco, a flecha dourada viajou rapidamente na direção de Seiji. Porém, já conhecendo o tempo de disparo de Minamoto, o garoto conseguiu esquivar apenas fintando o corpo. Apesar do rastro de energia deixado pela flecha ter feito um corte em seu rosto, o cavaleiro de Pégaso agora estava livre para atacar o dourado, que por sua vez ficara com a defesa aberta.

— Não me subestime a ponto de me atacar da mesma maneira que antes! — exclamou Seiji, expondo a fúria de seu iminente contra-ataque. — Meteoros de Pégaso!

Uma infinita rajada de meteoros cobriu Minamoto quando Seiji disparou seus punhos na velocidade da luz. Fustigado pelos milhões de golpes em forma de raios prateados, o dourado foi lançado para trás. Porém, Seiji notou que havia algo de estranho. Apesar de Minamoto ter sido pego com a guarda aberta, era como se ele nem tivesse tentado se defender dos meteoros; o foco do dourado estava totalmente desviado para alguma outra coisa. “Espere... Será que...” Foi nesse momento que a visão periférica de Seiji notou raios dourados voando por dentro da casa de Sagitário.

— É tarde demais... — gabou-se o sagitariano.

Justo quando Seiji completou um passo à frente, dezenas de flechas douradas, vindas de todas as direções, cravaram em seu corpo. Ao ver que seu ataque fora preciso, um sorriso ardiloso curvou-se na boca de Minamoto e, então, deu uma cambalhota no ar para retomar o equilíbrio, em meio aos meteoros de Seiji, e aterrissar com os dois pés no chão.

— Co-como... Você fez isso... — tentava questionar Seiji, com o corpo tremendo em agonia, antes de cair de joelhos.

Apesar de também ter sido atingido pelos golpes do Pégaso, Minamoto não ficou igualmente ferido. Ainda que sua armadura de ouro tenha ficado bastante avariada, a sua resistência superior fora decisiva para a vitória.

— Você achou mesmo que eu simplesmente te atacaria igual a primeira vez? — dizia o dourado, enquanto caminhava calmamente até Seiji. — Ao contrário do que você me acusou, eu não te subestimei. Nem por um segundo. Eu realmente lhe ataquei com o meu melhor golpe. Após reconhece-lo como oponente digno. Mas, infelizmente, eu não recebi o mesmo tratamento de sua parte...

Com um sorriso amarelo, Seiji percebeu o quanto fora tolo.

— Me perdoe... — tossiu com sangue, a contragosto. — A propósito, essa sua técnica...

— A minha primeira flecha refletiu-se contra o primeiro obstáculo que atingiu, ao mesmo tempo em que se dividiu² em dezenas de outras flechas. Depois disso, eu concentrei o meu cosmo para forçar essas flechas a refletirem-se nos ângulos apropriados sobre as superfícies da casa de Sagitário... Até que todas encontraram o seu destino.

Seiji não podia acreditar que havia deixado um golpe tão elaborado como esse formar-se por debaixo de seu nariz. Mas isso ainda não era motivo para dar-se por vencido. O Pégaso não podia desistir agora. Não quando podia sentir que seus companheiros, nas demais casas zodiacais, também estavam queimando até a última chama de suas vidas por Atena. Mesmo com o corpo ferido, o garoto ainda tinha o seu cosmo e, portanto, o elevaria até mesmo além do sétimo sentido se fosse preciso para se levantar...

— Flecha da Sombra! — exclamou Minamoto.

Vendo que o cosmo do Pégaso tornava-se absurdamente alto, o dourado não esperou que ele terminasse de se levantar. Com um movimento rápido de mão, cravou uma flecha dourada sobre a sombra de Seiji, que projetava-se no chão.

— O-o quê? Eu não... — reclamou o cavaleiro de bronze.

— Sinto muito, garoto. Mas é inútil tentar se mexer — explicou Minamoto, enquanto dirigia-se a saída da casa de Sagitário, em direção à casa de Capricórnio. — Enquanto estiver cravada em sua sombra, essa flecha vai paralisar todos os músculos de seu corpo...

— Ma-maldito... Por que está me deixando vivo... — contorcia-se Seiji, sofrendo até mesmo para pronunciar poucas palavras.

— Por quê? — questionou Minamoto, surpreso, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Porque eu gostei de você, e seria uma pena perder alguém como você do lado errado da trincheira. Mas, para que você não morra, você não pode sair daqui. Pois meus companheiros só vão poupar a sua vida se eles virem que eu o escolhi. Então, seja um bom garoto, e não tire essa flecha daí. Entendeu?

— Como se eu me importasse em ser poupado... — respondeu, furioso. — Eu não sei que tipo de cavaleiros vocês são, mas eu estou pronto para dar a minha vida por...

Antes que Seiji terminasse, Minamoto lançou-lhe um olhar assustador, através do qual uma onda cósmica tirou-lhe a consciência.

— Assim é melhor... — suspirou o dourado, deixando o rapaz dormindo ainda na mesma posição, de joelhos, paralisado pela Flecha da Sombra.


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Notas finais do capítulo

1. Minamoto no Tametomo foi um famoso samurai do século XII, que também ficou conhecido por ser um poderoso arqueiro. Em uma de suas crônicas, é dito que afundou um navio inteiro com uma única flecha, e que seu braço esquerdo era mais comprido que o direito, possibilitando-lhe uma tração maior no arco e, consequentemente, um disparo mais forte. Além disso, é provavelmente o primeiro guerreiro de que se tem notícia a cometer um sepukku.

2. Técnica inspirada na habilidade Scatter Arrow do personagem Hanzo no jogo Heroes of The Storm.



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