As novas 12 casas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 18
Na mão de Buda


Notas iniciais do capítulo

Tentando alcançar os invasores das 12 casas, o novo grupo de cavaleiros de bronze e de prata são parados por Asura de Virgem.



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Com Christopher de Lagarto puxando o grupo, os cinco cavaleiros de bronze e Maitreya de Taça corriam em direção à segunda casa.

— Olhem... O que é aquilo? — apontou Itsuki, para os quatro raios de luz que subiam aos céus a partir de quatro das doze casas.

— Parecem ser as quatro armaduras de ouro dos cavaleiros lendários — supôs Maitreya. — Saíram das casas de Virgem, Libra, Sagitário e Aquário... E estão se espalhando em diferentes direções da Terra...

— Ué? As armaduras de ouro não estavam com eles? — questionou Itsuki.

— Bom, agora que você falou nisso — comentou Natassia — eu realmente nunca vi o meu mestre com a armadura de Aquário...

— Os cavaleiros lendários são tão poderosos que provavelmente não precisavam usar suas armaduras até o início dessa Guerra Santa — supôs Shoryu. — E se elas estão indo até eles agora, é sinal de que nosso inimigo é realmente muito forte... Cuidado! — exclamou, pulando sobre Itsuki.

Vinda da escadaria acima, uma rajada de cosmo-energia passou pelo grupo de cavaleiros, causando uma enorme explosão nas rochas ao fundo. Todos pararam de correr para descobrir de onde exatamente o ataque havia partido.

— De onde veio isso? — disse Itsuki.

— Não estão vendo? — perguntou Shoryu. — O nosso inimigo está logo a nossa frente — apontou, apesar de estar cego.

Alguns lances de escada acima, a imagem de um cavaleiro de ouro, que havia camuflado a sua presença no ar, começou a surgir aos poucos, junto com o brilho de seu cosmo dourado, até se tornar completamente visível. Era Asura de Virgem, que havia lançado o ataque com a palma da mão.

— Oh... Estou impressionado, cavaleiro de Dragão. — elogiou Asura. — Parece que o meu Tesouro do Céu acabou lhe fazendo enxergar melhor do que os outros.

— Eu vou te fazer pagar por ter interferido em minha luta — rebateu Shoryu, levantando-se enquanto elevava o cosmo. — Cólera do Dragão!

De forma precipitada, e instado a vingar Kiki, Shoryu atacou o dourado. Voou em sua direção para desferir um gancho de direita no cavaleiro. Porém, Shoryu sentiu o cosmo do dourado atingir um pico absurdo de energia, e teve o seu punho detido pela palma da mão do virginiano. Toda a energia explosiva do ataque de Shoryu era pressionado contra a mão de Asura que, no entanto, a continha com visível tranquilidade.

— Im-possível... — assombrou-se Shoryu, que tentava a todo custo empurrar a energia acumulada contra o adversário.

— Respiração Divina¹ — explicou Asura, que começava a expandir o cosmo em sua mão para controlar a crescente energia acumulada entre os punhos dos dois cavaleiros. — Com esta técnica, eu posso amplificar o meu cosmo a limites que ultrapassam até mesmo os cavaleiros de ouro. Dura poucos segundos, mas será o suficiente para liquidar você.

Subitamente, toda a energia entre o punho de Shoryu e a palma da mão de Asura explodiu sobre o cavaleiro de bronze, lançando-o escada abaixo enquanto o seu corpo rasgava o mármore dos degraus no caminho.

— Shoryu! — gritaram Itsuki e Natassia, socorrendo Shoryu, que só parou de ser repelido escada abaixo quando retornou ao ponto inicial.

Com dificuldades, Shoryu conseguiu ser levantado pelas amazonas. Apesar do susto, a resistente armadura de Dragão, que recebera o sangue de Atena vinte anos atrás, salvara sua vida.

— Deixem que eu cuido dele — pediu Maitreya, tomando a dianteira. — Esse tipo de técnica que ele usou deve ter um tempo de latência, até que ele possa usar novamente.

Elevando o cosmo, o cavaleiro de Taça levantou os braços com as duas mãos amostra enquanto pequenas gotículas de água começavam a se formar e a girar em um disco de ar a sua frente.

— Hm? O que está fazendo? — questionou Asura. — Está condensando as moléculas de água do ar? Nunca vi uma técnica como essa... Estou ansioso para ver o que está planejando — disse com um sorriso.

Subitamente, as gotículas de água começaram a se juntar e a formar cristais de gelo e, então, Maitreya cruzou os braços para frente, lançando diversas lanças de gelo contra Asura. Surpreso, Asura não conseguiu se esquivar, sendo atingido, com espanto, por todas as lanças, que penetraram seu tronco.

— Conseguiu! — comemorou Itsuki, ao ver o ataque bem sucedido de Maitreya.

— Não tão rápido — ecoou a voz de Asura, entre o grupo de cavaleiros de Atena.

A imagem de Asura que fora atingida pelas lanças de gelo dissipou-se no ar e, então, o cavaleiro de Virgem surgiu novamente atrás de Maitreya.

— Uma ilusão?! — exclamou Maitreya, virando-se para encarar o oponente.

— Desde que expandi o meu cosmo com a Respiração Divina, vocês já haviam sido atingidos pelo Obstáculo de Maya² — explicou o cavaleiro de virgem, cuja imagem começou a se multiplicar entre os demais cavaleiros de Atena, ao mesmo tempo em que uma dimensão de mandalas começou a cercar todos os presentes.

Agora, haviam inúmeros Asuras para enfrentar. Porém, os cavaleiros de Atena apenas ficavam na defensiva, sem reagir, pois obviamente estavam sendo enganados por mais ilusões.

— Shoryu... — chamou-o Itsuki, que havia ficado apoiada costas contra costas ao cavaleiro de Dragão, com ambos cercados pelas múltiplas imagens de Asura — Você, que tá cego, por favor, me diz que sabe qual é o verdadeiro...

— Itsuki, isso não é uma mera ilusão óptica... — explicou o Dragão — Sinto que todos os meus sentidos estão sendo enganados. É como se ele tivesse entrado em nossas mentes.

— Helena! — gritou Seiji, visivelmente nervoso, e que havia ficado de costas com a amazona de Andrômeda. — A sua corrente não consegue encontrá-lo, não?!

— Eu... Não sei... — respondeu, hesitante. — Elas estão agitadas, mas não conseguem me apontar uma direção definitiva.

— Vejo que há dúvidas em vossos corações — diziam todos os Asuras, em uníssono. — Dessa forma, vocês não conseguirão ascender contra mim. Então preparem-se para serem destruídos.

Em perfeita sincronia, todos os Asuras assumiram o Namaskara Mudra³, selando suas energias entre as palmas das mãos e, então, ao abri-las, liberaram todo o seu poder, que surgiu na forma de uma intensa luz entre suas palmas.

— Rendição Divina!

Uma enorme pressão explodiu abaixo dos pés dos cavaleiros, arremessando-os para o alto. O impacto da energia deixou todos atordoados, enquanto atingiam pelo menos dez metros de altura.

— Agora sejam esmagados pela Palma da Mão de Buda! — gritaram os Asuras, enquanto mudavam para o Abhaya Mudra.

No mesmo instante, os cavaleiros viram a imagem de um enorme Buda Abhaya de energia. Copiando o movimento dos Asuras, o Buda abaixou a mão direita sobre os cavaleiros, desferindo-lhes um tapa que os rebateu de volta ao solo. Todos terminaram com os corpos cravados dentro do mármore das escadas.

— O próximo golpe será o último — anunciaram as imagens de Asura, que elevavam o cosmo para atacar mais uma vez, enquanto retomavam o Abhaya Mudra, e o Buda de mesma postura surgia novamente.

Porém, repentinamente, a corrente circular de Andrômeda reagiu defensivamente e enrolou-se na mão direita de um dos Asuras. Vinda de trás, a corrente impedia que o cavaleiro abaixasse o seu braço.

— Vejo que agora está com determinação — elogiou aquele Asura, olhando sobre o ombro  direito para a amazona, enquanto as demais imagens do cavaleiro, o Buda e a dimensão de mandalas desapareciam.

Helena levantava-se aos poucos. Com o cosmo no ápice do sétimo sentido, a sua corrente conseguira encontrar o inimigo. Entretanto, os demais cavaleiros seguiam caídos, demorando mais a se recuperar.

— Agora... Você não vai escapar! — disse Helena, explodindo o cosmo. — Onda Relâmpago!

Agitando o braço direito, Helena disparou a corrente triangular, que avançou em ziguezague, imitando a forma de um raio, ao mesmo tempo em que carregava-se de faíscas. Asura tentou se virar para defender-se, mas foi tarde demais. Seu elmo voou para longe, enquanto o cavaleiro cobriu o rosto com a mão livre para tentar cobrir seu ferimento. Com bastante sangue escorrendo, o cavaleiro percebeu que havia recebido um profundo corte no supercílio. O sangue começava até mesmo a gotejar no chão.

— Sua... Tola! — amaldiçoou Asura, abaixando a mão de devagar, enquanto revelava o rosto ensanguentado, junto de uma expressão de fúria. — Agora irá sofrer as consequências de derramar o meu sangue.

Subitamente, o sétimo sentido de Helena disse-lhe que estava ameaçada. Então a amazona soltou a outra mão de Asura para recolher a corrente defensiva. Tinha a impressão de que precisaria se defender a qualquer momento.

E foi só então que a amazona percebeu. As gotas de sangue, que Asura derrubava no chão,  de repente tornaram-se uma enorme piscina carmesim, que envolvia a todos. Todos os cavaleiros que ainda não haviam se levantado lutavam para não afundar, como se estivessem em uma areia movediça. E Helena de Andrômeda, que estava de pé, começava a submergir até os joelhos. Somente Asura permanecia impassível na superfície.

— Corrente de Andrômeda! — reagiu Helena, atirando a sua corrente triangular contra o dourado.

Ao defender-se com o punho, a corrente enrolou-se novamente no braço de Asura, fazendo com que Helena conseguisse parar de afundar, embora os demais cavaleiros ainda estivessem à beira de se afogar.

— Com todos presos no meu Inferno de Sangue, posso finalmente mandá-los para o outro mundo de uma vez por todas — disse, elevando o cosmo, enquanto assumia o Dharmachakra Mudra. — Recebam os Seis Caminhos do Renascimento!

Expandindo o cosmo nos arredores, Asura aprisionou todos os cavaleiros em uma dimensão esférica. Embora libertos do Inferno de Sangue, todos passaram a flutuar nessa dimensão que mostrava diferentes mundos ao redor, enquanto Asura permanecia imóvel no centro.

— Estes são os seis mundos para os quais vocês devem escolher reencarnar... O Inferno... O Mundo dos Demônios... O Mundo das Feras... O Mundo das Chacinas... O Mundo dos Homens... Ou o mais perigoso deles, o Paraíso... — disse, enquanto cada um dos seis mundos se apresentavam para os cavaleiros. — Após escolherem para onde irão, a vida de vocês será consumida pelo meu golpe, e seus espíritos serão enviados para renascer em um desses seis mundos... Agora, façam a sua escolha em seus corações, e morram de uma vez por todas! — exclamou, expandindo o cosmo mais uma vez sobre todos os cavaleiros de Atena.

Porém, antes que Asura consumasse o seu ataque, drenando a energia vital dos cavaleiros, um novo cosmo surgiu dentro daquela dimensão, interrompendo a sua concentração. Era uma luz dourada, que parecia atravessar dimensões e vir de milhares de anos-luz de distância e, junto com ela, havia outro cosmo, ainda mais poderoso. Este outro cosmo era claramente o cosmo de um deus, que Asura reconheceu sob a forma de uma mulher portando um báculo. Somente Asura presenciava a cena, pois todos os demais cavaleiros já haviam perdido a consciência.

— Não... Pode ser... Atena?! — perguntou-se o virginiano, com os olhos arregalados.

— Com a ajuda do guardião da casa de Gêmeos... — ecoou a voz de Saori, dentro daquela dimensão — Eu trago todos vocês de volta, meus jovens cavaleiros!

O cosmo de Atena expandiu-se, cobrindo toda a dimensão criada por Asura e, então, tudo se apagou. Tanto o cosmo de Atena, quanto o primeiro cosmo que havia surgido, e a dimensão criada por Asura e os cavaleiros que ele enfrentava... Tudo sumiu, deixando o virginiano sozinho na escadaria das 12 casas. Após ter sentido o poderoso cosmo de Atena, Asura suava frio, e não tinha mais certeza se havia conseguido concluir seu golpe para enviar as almas dos cavaleiros em um novo ciclo de reencarnação.


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Notas finais do capítulo

1. Seria uma possível interpretação do mantra Ohm realizado pelos cavaleiros de Virgem.

2. Maya (Maiá) refere-se ao conceito de ilusão que constitui a natureza do universo, e que é no budismo o principal obstáculo para se desapegar do mundo sensorial e conquistar a verdadeira iluminação.

3. Os mudras são os diferentes gestos de mãos utilizados na prática do budismo.



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