Céus em Queda escrita por Youseph Seraph


Capítulo 9
Um Raio de Luz




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Tudo estava acontecendo muito rápido. Magia de luz? O que isso significava? "Eu por acaso posso criar luz com as minhas mãos?" Pensou Gabriel. Aquela esfera luminosa simplesmente apareceu entre seus dedos e se dissipou. Não foi possível controlar. Ele nem ao menos sabia como fez.

—Calma, tá tudo bem. —Confortou Serena. —Magia é uma coisa complicada mesmo. Meus pais já foram professores de magia. Para mim, meu irmão e meus primos. Eu acho que posso te ajudar a entender.

Gabriel olhou para Serena com olhos de agradecimento, então apenas concordou e a seguiu.

Nasura então voltou sua atenção para Youseph.

—Então, esse cara, ele é esquisito.

Youseph então sorriu e deu uma breve risada.

—Olha, Akira, eu acredito na história dele. A energia que ele usou no mundo dele foi o suficiente pra abalar as energias desse mundo. Ele é poderoso e disso eu já sabia. Mas ele foi caótico da primeira vez. Ele não é nem um pouco experiente no que faz. —Então Youseph deu uma pausa. —Serena precisa se distrair um pouco. Faz um tempão que ela tem tentado rastrear Darius mas não conseguiu. E olha que ela é mestre em piromancia. Vamos deixar ela sozinha com o Nascimento. Vai fazer bem pra ela.

Nasura apenas concordou sem questionar. Então seguiu com os olhos Serena e Gabriel, que rapidamente saíam do refeitório.

Seguindo pelas escadas que subiam no meio do salão principal e, então, dobravam para a frente da casa, Serena levou Gabriel até um par de portas enorme, que seguiu até um corredor e levou os dois até um salão enorme. Haviam janelas de mais de cinco metros. Os vidros transparentes faziam Gabriel ver, pela primeira vez, o que havia do lado de fora da mansão dos Seraph. Entre grandes paredes de pinheiros vivos, havia um gramado enorme que se perdia na vista. Um jardim bem-cuidado crescia em volta de grandes fontes circulares com estátuas esculpidas em mármore. Uma trilha de pedras de ardósia indicavam o caminho de entrada e saída da mansão.

Gabriel apenas contemplou maravilhado. Era a primeira vez que via um lugar tão requintado. Realmente, o status dos Seraph não era brincadeira.

Olhando para os lados do grande salão, Gabriel notou que haviam várias estantes, cheias de livros e objetos excêntricos que despertaram sua curiosidade. O chão estava marcado com cal branco, e dentro de tudo ali, haviam mesas com objetos tão estranhos quanto os que estavam nas prateleiras. Haviam cristais, tubos de ensaio, compostos químicos, livros, orbes metálicos e castiçais de velas, os quais Serena foi correndo ao encontro.

Ela pegou um dos castiçais e pôs no chão ao centro da sala, então ajoelhou-se, fazendo sinal para que Gabriel fizesse o mesmo, que logo seguiu suas ordens.

Então, Serena passou a mão sobre a vela e ela se acendeu. Ela sorriu.

—Magia de fogo básica. —Disse ela. Voltando com uma expressão mais séria. —O fogo é uma energia elemental primitiva. E de todos aqui, é o mais próximo que temos da magia de luz. O primeiro relato de magia de luz na história veio através do fogo. —Ela fez uma pausa. —Eu posso não ser uma maga de luz, mas conheço as raízes da magia. Como toda energia, você precisa dar algo em troca. O fogo precisa de algo pra queimar. Então busque dentro de você a energia necessária para fazer iluminar.

Enquanto Serena proferia tais palavras, ela posicionou suas mãos entre a chama da vela, que em um explosivo segundo, cresceu e se agitou entre as suas mãos, formando um turbilhão circular de fogo, e, então, com um afastar das mãos, se apagou.

—Por favor, tente. —Pediu Serena.

—Certo. —Concordou Gabriel, posicionando suas mãos em frente ao seu corpo.

Gabriel tentou encontrar algo dentro de si que pudesse queimar. Alguma espécie de energia. Ele sentia seus dedos se aquecerem, ele sentia uma faísca dentro de si. E focalizou.

Em um instante que pareceu uma eternidade, Gabriel finalmente abriu os olhos, para encontrar apenas seus dedos, sem nenhuma fagulha de luz. Então, suspirou decepcionado.

—Tudo bem, não precisa ter pressa, Gabriel. Ninguém acerta de primeira. —Confortou Serena, vendo a decepção de seu aluno. 

Gabriel sorriu, então voltou à sua postura original.

—Você é uma boa professora! —Disse Gabriel. Ele pôde ver um sorriso no rosto de Serena um pouco antes de fechar os olhos e voltar a se concentrar.

Gabriel então tentou, novamente, encontrar uma energia que queimava dentro de si. Lembrou-se do momento em que conjurou a bola de luz anteriormente. Lembrou-se do que sentiu e no que estava pensando. Lembrou do sentimento de nostalgia, de dor, de felicidade, e também de realização. Buscou profundamente em sua memória.

Esta procura pelo seu próprio inconsciente começou rápida, que então se estendeu pela sua percepção da realidade. Cada passo que Gabriel dava em sua mente fazia o tempo se desdobrar e retorcer, até o ponto que já não sabia mais quando havia começado ou terminado. Foi um momento que durou dias, ou dias que passaram em poucos minutos.

Então ele viu um rapaz.

Gabriel poderia jurar que aquele rapaz era Nasura, mas em alguns instantes, pequenas diferenças começaram a surgir.

Ele estava encapuzado, usando uma jaqueta larga de inverno de cor grafite. Inverno. Flocos de neve caíam do céu.

Então Gabriel notou seus cabelos. Eram naturalmente da cor preta, mas estavam fracamente tingidos de vermelho. Aquele homem claramente não era Nasura, mas com certeza lembrava muito dele.

Ele caminhou entre uma floresta coberta de neve. Parecia que uma nevasca havia passado por ali. Ele passou por uma escada de pedra, então encontrou um portão de madeira.

A visão estava turva e limitada. O campo de visão estava comprometido. Havia buracos vazios. Tinha alguma coisa faltando. Por fim, o homem chegou até uma espécie de templo. A neve lá começou a ser tomada pela cor vermelha. A respiração do homem acelerou, então, ele viu sangue. O coração disparou. Por um momento, Gabriel se viu através do olhar do homem.

Então acordou.

Quando acordou, Gabriel viu que em sua mão estava uma esfera de luz, como a que havia conjurado mais cedo.

O semblante de Serena estava animado, mas surpreso.

—Na segunda tentativa? Nossa! Eu imaginava que iria durar mais. Como conseguiu?

Gabriel não sabia responder, mas aguentou segurar a luz por mais tempo, então, se dissipou.

—Eu só vi buracos. —Disse ele. —Como lapsos de memória.

Serena não entendeu, então olhou para ele com uma expressão de confusão.

—Mas... —Lembrou Gabriel. —Eu vi alguma coisa.

—O que foi? —Perguntou Serena, curiosa.

—Eu vi alguém. Parecido com Nasura.

—Parecido?

—É. —Concordou ele. —Mas ele tinha cabelos vermelhos.

Serena parou em surpresa.

—Não pode ser! —Disse ela. —Ele... Eu... Eu preciso avisar o Nasura!

Gabriel ficou sem entender, mas seguiu Serena quando ela saiu às pressas para fora. Eles foram até os quartos, e por fim, encontraram Nasura no quarto de Hugo. O rapaz loiro ainda estava inconsciente, mas estabilizado. Nasura ainda monitorava o estado de saúde dele.

Quando Serena entrou na sala, Nasura ficou surpreso. Sabia que havia algum problema.

—Mirikawa. —Disse Serena. —Gabriel viu Mirikawa.

Os olhos de Nasura se arregalaram. As anotações sobre o estado de Hugo caíram no chão em uma tempestade te papéis. Aquilo era realmente importante.

—Onde? —Exigiu saber Nasura. —Me diga onde ele estava.

—C-calma! —Interrompeu Gabriel, levantando as mãos como quem se rende. —Ele estava em uma floresta. Tinha uma escada de pedra, e algo como um templo.

Ao saber da informação, Nasura disparou para seu próprio quarto, colocou uma jaqueta de couro, ajeitou uma mochila e partiu em disparada.

—Ei! —Protestou Serena. —Para onde você vai?

Nasura não olhou para trás e nem hesitou.

—Para o antigo templo Yukino. Eu vou encontrar o meu irmão.

—Espera! —Interrompeu Gabriel. —Eu vou com você.


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