Céus em Queda escrita por Youseph Seraph


Capítulo 7
Confie




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Gabriel partiu correndo até à cozinha. Se Serena é a única compatível com o rapaz debilitado, ela seria sua única salvação. Quando chegou lá, viu Youseph fazendo os pratos. Cada um com uma medida friamente calculada de espaguete, salada e molho de carne. Gabriel sentiu seu estômago apertando, afinal, passara horas sem comer direito. Estava faminto. Mas não deixou que sua fome lhe cegasse.

—Youseph, cadê a Serena? —Perguntou ele.

Youseph, contudo, nem se esforçou em responder com detalhes.

—Ela ainda não comeu. Está descansando depois de... —Ele deu uma pausa. —Depois de tudo.

Era fácil entender. Não é todo dia que se abriga o inimigo como se fosse um aliado. Mas ainda sim, era preciso vê-la.

—Por favor, ela é a única compatível com Hugo. Ele precisa de uma transfusão.

Youseph olhou para Gabriel com pesar.

—Então o rapaz está condenado.

—Por quê? —Gabriel temia que ela se recusasse a salvar a vida do coitado. —Família não deveria ser uma sentença de morte. E se ele for diferente?

—Você deveria comer agora. —Youseph o cortou, entregando a Gabriel um prato. —Sente-se e pense um pouco a respeito. Pense em como ela se sente. Não é você o empata aqui?

Gabriel ficou em silêncio, mesmo pensando em responder. Youseph estava certo. Ele tomou de suas mãos o prato com as colheres e foi até a mesa. Gabriel não ficou surpreso em ver Serena lá. Ela estava com os olhos vermelhos. Ela de fato havia chorado ao saber quem estava sob o mesmo teto que ela.

Gabriel pôs o prato sobre a mesa e se sentou. Após comer algumas garfadas da comida em silêncio, ele começou a falar.

—Ei, Serena.

Ela olhou para ele por um segundo, mas depois desviou o olhar.

—Eu ouvi.

—Então me desculpe se te ofendi. Não foi a minha intenção. —Disse Gabriel.

—Tudo bem, eu só não sei o que devo fazer. Todo mundo está tenso. Em menos de um mês as famílias mais ricas começaram a exigir servidão. Minha família foi alvo. —Serena fez uma pausa. —Seríamos apenas professores comuns dando suas aulas de magia se não fosse por esse bando de prepotentes.

Não fazia sentido. Se tudo começou faz um mês, por que seu tio estava fugindo a sua vida inteira? Gabriel afastou esses pensamentos, focando no problema imediato.

—Você não tem culpa. Talvez, nem aquele garoto ferido tenha. —Concluiu Gabriel.

Serena não pôde responder. Youseph já estava chegando na mesa com um prato em cada mão.

—Se querem minha opinião, —Disse ele. —O loirinho está fraco. Ele foi terrivelmente ferido. Não me surpreenderia que ele fosse um traidor. Mas também não me surpreenderia se ele se tornasse nosso aliado. Ele nos buscou por um motivo. E estava disposto a quase morrer pra isso.

—Então acha que eu deveria salvá-lo? —Perguntou Serena. Aparentemente, a opinião de Youseph valia mais para ela.

Youseph assentiu com a cabeça.

—Sim. Ao salvá-lo, você estaria provando para você mesma que é diferente da família dele. —Youseph sabia como usar as palavras. De um jeito refinado e até antiquado, mas sabia.

Serena não disse nem mais uma palavra e saiu. Estava claro para Gabriel o que ela iria fazer. E ela não se arrependeria. Mas algo tomou conta da mente do rapaz, e já que Youseph estava ali, não tinha por que esconder.

—A outra moça. A que veio com Hugo. —Disse ele.

Youseph o encarou curioso.

—O que há com ela?

—Ela se chama Lisa Morgan. Sabe de alguma coisa?

Youseph fez uma pausa.

—Os Morgan são inimigos também. Afiados como uma espada.

—Assim como Lisa. —Lembrou Gabriel. —Chega até a ser engraçado, não é mesmo?

Youseph chegou a dar um sorriso curto.

—Conversou com ela, é?

As bochechas de Gabriel coraram um pouco.

—Conversei. Eu quis saber como ela estava.

—Sabe Nascimento, —Dizia Youseph, esquecendo-se dos modos de grão-fino ao falar com um pedaço do filé em sua boca. —Você tem um dom que não vi alguém ter há muito tempo. Você é muito esperto, é inteligente, mas mais importante que isso, é sensível. Alguns homens achariam isso uma afronta, mas para mim, é uma qualidade das grandes.

Gabriel ficou tímido com o comentário de Youseph.

—Obrigado, eu acho. —Disse ele.

—É sério! Eu acho que nenhum de nós conseguiria tirar esse tipo de coisa sobre a mulher na primeira conversa. Acho que ela gostou de você. —Pressupôs Youseph.

—Eu acho que não, ela foi até que bem ameaçadora. —Disse Gabiel.

—E seria muito mais com qualquer outro aqui. Eu já conversei com os Morgan quando mais novo. Eles eram ferozes! Ou talvez tenha sido pena de você. Você não parece saber como as coisas funcionam por aqui.

Gabriel sorriu.

—Agora eu tenho que concordar. Acho até que é um dom, igual a minha sensibilidade!

Youseph não pôde conter a gargalhada.

—Ah, Nascimento, é realmente muito fácil gostar de você! —Disse Youseph.

—Ah, por favor, me chame só de Gabriel. —Pediu.

Youseph assentiu em concordância.

—Tudo bem, então, Gabriel. A propósito, quando terminar —Youseph apontou para o prato de comida. —Por favor, leve o almoço da Morgan. E por favor, chame Nasura e Serena também.

—Certo. —Concordou Gabriel. —Eu levarei.


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