Sauvetage - Proj. Fada Madrinha escrita por AmyMackenzie, QG Dramione


Capítulo 4
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

×× Abaffiato ××

Oi amores. Aqui estou, na reta final da fic. Esse capítulo foi escrito com muito amor por mim e eu gostei muitooo. Espero que vocês também gostem.

Sem mais, boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790934/chapter/4

Hermione e Draco estavam há mais ou menos uma hora ali, trabalhando em silêncio para deixar aquela caverna o mais confortável possível, já que teriam de dormir ali. Desde a crise de choro da castanha, eles pareceram entrar em um consenso também silencioso de respeitar os limites de ambos e isso não era ruim. Depois dela conjurar mais algumas almofadas e cobertores e Draco colocar os feitiços aquecedores ali, eles finalmente sentaram um ao lado do outro. A escuridão tomava conta de boa parte do pequeno lugar, então Hermione decidiu imitar o feitiço do teto de Hogwarts, que ela tanto amava e que havia aprendido em seu livro também preferido — Hogwarts, uma história. As velas rapidamente sobrevoaram o local e o céu se materializou sobre a parte de cima da caverna, tão real que nem parecia que eles realmente estavam naquele cubículo.

— Eu sempre gostei desse feitiço. — Draco disse, quebrando o silêncio. — Quando eu o aprendi, fiz no meu quarto. Até hoje ele mostra o céu e a sensação é maravilhosa. Dormir sob as estrelas.

— Eu não sabia que você era o tipo de pessoa que gostava desse tipo de coisas. — Hermione respondeu, sem pensar antes.

— Por que?

— Ah, sei lá. Você não parece ser uma pessoa ligada á natureza. Faz mais o tipo que gosta de luxo e ostentação.

— E você continua julgando as pessoas…

— Hey, isso não é…

— Sério, vai mesmo dizer que não é verdade? Fala sério, Granger. Eu vejo o jeito que me olha, parecendo ter algo contra mim, como se eu fosse a coisa no mundo que mais te incomoda. Vai dizer que isso não tem nada a ver com nosso passado?

— Claro que não. 

— Sei.

— Estou falando sério, Malfoy. Pouco me importa se você errou ou não no passado. Atualmente você se redimiu e lutou muito para conseguir o trabalho que tem no ministério. Qualquer pessoa, por menos inteligente ou empática que seja, tem que admitir isso.

— Então por que você ainda me trata dessa forma? Até mesmo o Potter e o Weasley me tratam melhor que você.

— Simplesmente porque você me irrita, Malfoy. Parece incapaz de ouvir ou seguir regras, dificulta minha vida e faz piadinhas de assuntos sérios. Eu odeio isso. 

— Você é muito irritadinha para alguém tão nova, Granger. — Ele disse, um pouco debochado.

— Está vendo? É exatamente disso que estou falando.

— Tudo bem, Granger… Eu paro de fazer essas coisas que você não gosta.

— E por que faria isso?

— Talvez porque eu não queira mais brigar com você. 

— Isso não faz muito sentido para mim. Então todo esse tempo, era só eu te falar para parar?

— Sim, exatamente. O mundo é menos complicado do que parece e eu já disse, não quero a sua raiva. Na verdade, quero algo bem diferente disso.

Hermione engoliu em seco, sua mente cansada trabalhando em voltar no passado, para a brincadeira de seu amigo naquele mesmo dia, mais cedo. Será que ele estava realmente certo? Não, não poderia ser. E se fosse, não importava. Hermione e Draco eram como água e óleo, não se misturavam e além do mais, a mulher estava bem sozinha. Já havia passado anos se torturando por gostar de um dos seus melhores amigos e quando o relacionamento curto quase devastou a amizade dela e de Rony, a pequena castanha decidiu que não se relacionaria mais por um bom tempo. Sua carreira, convívio com os amigos e família estavam bem. Ela havia conseguido restaurar a memória de seus pais, deu entrada nos papéis de seu F.A.L.E com o departamento de criaturas mágicas e tinha sucesso em todas as missões que pegava. Não era momento para se relacionar com alguém… Ou era? Não, definitivamente não. 

Draco continuava a olhando, sua boca tinha um leve sorriso ladino que demonstrava que ele sabia muito bem o que tinha dito e que efeito quis causar, então em uma forma de desviar o assunto, que estava tomando um rumo extremamente perigoso, ela apenas levantou-se, dando alguns passos e fingindo esticar a coluna.

— Estou morrendo de fome. — Disse, apenas para o clima não ficar ainda mais esquisito.

— Ah, sim. — Draco falou, estalando os dedos e parecendo lembrar de algo. — Eu trouxe um lanche.

— Isso é ótimo.

Com o auxílio de sua varinha, o loiro rapidamente trouxe para si sua mochila, tirando de lá alguns potes de vidro.

— Meu Deus, para quê tanta comida?

— Isso é coisa de Tinky, minha elfa. — Malfoy disse, sorrindo.Hermione torceu o nariz. — Hey, eu não a obrigo a trabalhar. Aliás, graças ao seu belo projeto, os elfos agora são livres. Tinky trabalha para nós porque quer e é devidamente paga por isso. E você está julgando de novo.

Ela respirou fundo. Era bem verdade que se os dois não entrassem em um consenso iriam brigar novamente e nas atuais circunstâncias, presos em uma caverna minúscula, sem saber como estavam os reféns e com a conversa estranha de segundos antes, brigar era a última coisa que os dois deveriam fazer. Portanto, mesmo a contragosto, ela assumiu.

— Desculpe. Sei que muitos elfos optaram por continuar trabalhando, mas isso ainda me incomoda. Não é nada pessoal, sinto muito.

Ele lhe sorriu. Um belo sorriso cheio de dentes brancos e covinhas, que ela estranhou pelo fato de nunca ter acontecido antes, mas que ainda assim apreciou. Ele deu dois tapas na almofada ao seu lado, em um claro convite para que ela se juntasse a ele. Hermione o fez sem protestar, enquanto observava o rapaz conjurar dois talheres e dois copos, estendendo a ela um dos potes quadrados de vidro que continham um grande pedaço de bolo de carne. Como resposta, seu estômago roncou alto, arrancando risadinhas de ambos. A castanha aceitou de bom grado e começou a comer. Quando enfim terminou, ela colocou o vidro de lado e Draco lhe estendeu o copo com suco de abóbora, mais uma vez, se sentiu satisfeita em pegar o copo de suas mãos. Quando ambos terminaram de comer, estavam bem mais tranquilos e satisfeitos.

— Merlin, que delicia! — Hermione exclamou. — Eu sei que elfos cozinham bem, mas a sua se superou com toda a certeza.

— Eu costumo dizer que nunca vou enjoar da comida de Tinky. Ela é perfeita.

Ela sorriu e em seguida se encolheu ainda mais. O frio e a geada eram tantos que conseguiam ouvir o alto som do vento lá fora e por mais que os feitiços de aquecimento fossem bons e que os cobertores fossem quentinhos, ela continuava sentindo frio o suficiente para não conseguir nem mesmo dormir naquela noite. Draco, que percebeu a situação, a olhou por dois segundos, parecendo considerar algo, mas por fim acabou dizendo.

— Chega mais perto. Quem sabe assim o frio diminui.

Hermione o encarou, ainda cética e pensando se ele estava falando sério, se estava com algum tipo de brincadeira de mal gosto ou mesmo se aquela proposta tinha ao menos um quê de ambiguidade, mas o rosto de Draco não demonstrava nada demais, apenas uma expressão neutra. Ela decidiu se aproximar alguns centímetros, ainda hesitante.

— Qual é, Granger! — Draco disse rindo. — Eu não vou mordê-la, por Salazar. Pode chegar mais perto. Isso vai ajudá-la com o frio. Estou só tentando te ajudar.

— Ok, mas nem pense em começar com gracinhas. Eu azaro você em dois tempos.

Draco continuou rindo, Hermione se aproximou até que a lateral de seus corpos se encostaram e o clima pareceu ficar ainda mais esquisito depois disso, mas Draco foi mais rápido em puxar um assunto para amenizar a situação.

— E então, por que se tornou uma auror?

— Que pergunta inusitada.

— Sempre pensei que você acabaria se tornando uma professora em Hogwarts ou fosse de um departamento diferente no ministério.

— E quem está julgando agora? — Ela disse, mas estava rindo.

— Estou falando sério, foi apenas uma surpresa descobrir que você havia se tornado uma auror.

Hermione pensou um pouco sobre aquilo, antes de responder, enquanto Draco passava o seu próprio cobertor pelas pernas da mulher, que nem prestou atenção nisso.

— Eu considerei muitas profissões, na verdade. Por incrível que pareça, ser professora não estava na lista.

— Isso é uma surpresa, já que adora ser uma sabe tudo irritante. — O outro provocou. — Então qual era a lista? 

— Bom, eu passei um mês no departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, dei entrada no F.A.L.E e depois percebi que não era o que eu queria. Pensei em ser uma curandeira ou medibruxa, mas não quis por falta de afinidade com a área. Tentei mais uma vez mexer com as leis da magia no departamento de aplicações das leis mágicas, mas eu não tive muito entusiasmo. No fim, vi que apesar de odiar me colocar em perigo, ele me encontrou desde o primeiro ano, sendo amiga de Harry. Por que não usar isso em meu favor e ajudar as pessoas? Me candidatei para a vaga de auror para uma tentativa e acabei ficando. Fazem três anos desde então e eu não me arrependo. — Concluiu, percebendo que era sincero. Era a primeira vez que ela dizia aquilo para alguém. — Mas e você? Por que quis ser um auror do esquadrão de Resgates ainda? 

— Para falar a verdade, não tem uma resposta certa. Eu havia tirado uma boa pontuação nos N.I.E.M.S, o suficiente para ser auror e me candidatei à vaga. — O rapaz disse, como se estivesse lembrando da situação. — No início não foi fácil. Shacklebolt me chamou e foi bem sincero em dizer que as pessoas não confiavam em mim por conta do meu passado, mas ele decidiu me dar uma chance. Escolhi o esquadrão de Resgate involuntariamente. Acho que foi meu subconsciente me alertando que eu precisava fazer algo para me redimir ou sei lá. 

— E você acha que conseguiu encontrar essa tal redenção? 

— Eu faço o melhor que posso. Não tenho como mudar o passado, por mais que eu queira, então não fico alugando a postura de um mártir. Gosto de pensar que estou me saindo bem. Já consegui conquistar a maioria das pessoas com quem trabalho e tento sempre passar confiança, acho que isso já é um começo.

— E de quem falta você conseguir conquistar a confiança? 

— Algumas pessoas. Umas um pouco mais importantes que outras.

— Tipo?

— Você. 

— E por que acha que eu não confio em você? 

— Confia?

— Não vejo motivos para desconfiar.

— Sério? Vamos ver se confia mesmo em mim.

Um segundo depois dessa afirmação, ele virou tão brusca e rapidamente que a castanha nem conseguiu assimilar. Seu rosto se aproximou do dela, aos poucos, enquanto a compreensão do que estava acontecendo fez com que seus lábios entreabrissem. Ele sorriu, mais um de seus sorrisos cafajestes — era o que ela pensaria se naquele momento tivesse alguma habilidade para pensar — mais perto, mais perto e mais perto, até que os narizes se encostavam e as respirações eram sentidas. Hermione piscava sem parar e Draco olhava para os lábios dela, enquanto mordia os seus próprios. 

— O-o que voc…

— Shh. Calma Granger. — Disse num sussurro. — Disse que confia em mim, não disse?

— Eu não disse isso. Não usei essas palavras. — Respondeu tão baixo e com a voz tão fraca que o loiro se forçou a não chegar mais perto, de tão convidativo que aquilo havia soado. 

— Shh. — Repetiu, erguendo sua varinha, coisa que nem mesmo a castanha notou. 

Estava tão absorta naquelas orbes cinzentas e completamente paralisantes que só notou algo estranho quando algo duro e gelado caiu em seu ombro, lhe assustando. Draco abriu um sorriso frouxo, um que fez os sensores de alerta da castanha finalmente se atentarem e rapidamente ela o empurrou pelos ombros.

— O que você está fazendo? — Perguntou, dessa vez meio irritada. Draco elevou uma de suas sobrancelhas,  divertindo-se mais do que deveria com o acontecido e então delicadamente, pegou a coisa que havia caído no ombro da castanha, lhe mostrando.

Uma aranha enorme, peluda e nojenta estava petrificada em sua palma e Hermione arregalou os olhos quando a viu, levantando desesperadamente e se debatendo como se o seu corpo estivesse cheio de aranhas daquelas, enquanto Draco tentava aguentar a gargalhada que queria explodir de seus lábios, sem sucesso. Hermione continuava se debatendo e gritando coisas completamente desconexas: “Aranha. Monstro. Nojo. Sai”

— Chega, Granger. — Draco disse, ainda rindo. — Eu disse que deveria confiar em mim, não disse?

— Você. É. Um. Babaca. Draco. Malfoy. — Respondeu, ainda choramingando.

— E você é uma histérica. — Disse, se aproximando dela e apontando o dedo indicador na ponta de seu nariz, um gesto que poderia ser considerado de carinho, se não fosse pura provocação vinda dele. — Relaxe Granger, eu vou verificar se há outro bichinho inofensivo por aqui. 

Hermione quis responder, mas a verdade era que o medo da aranha ainda estava tão latente que ela apenas se calou, torcendo para que não houvesse mais nada de procedência duvidosa ali, já que seria obrigada a ficar a noite inteira. Bastasse Draco para tornar a noite difícil em todos os aspectos, até naqueles que ela jamais admitiria. Passado alguns minutos de uma busca minuciosa pelo rapaz em que nada foi encontrado, para o total alívio da castanha, Draco voltou a sentar nas poltronas. Hermione continuou em pé por mais um tempo, buscando certa distância do loiro. Agora que o susto causado pela aranha havia se tornado menor, ela começou a dar atenção para o outro momento, aquele em que Draco e ela compartilharam do mesmo ar, quando os lábios estavam há centímetros de distância e ela acreditou que ele a beijaria, ficando completamente chocada ao constatar que se ele realmente o fizesse, ela não o impediria. O quão carente a garota estava?

— Vamos, Granger. Precisa descansar e eu já vi, não tem nenhum outro inseto ou qualquer outro bicho por aqui. — O rapaz falou, sua cara demonstrando total indiferença fazendo Hermione deduzir que tudo aquilo era coisa de sua cabeça. Dando-se por vencida, ela foi até sua poltrona e sentou.

Não houveram mais conversas jogadas foras e nem mesmo outro tipo de interação na parte dos dois. Hermione apenas tentava se focar na missão e no que poderia estar deixando passar e Draco tentava manter a mente vazia de seus próprios pensamentos e sentimentos proibidos. E assim, antes que eles mesmo notassem, adormeceram.

.

.

.

Era tão estranho se sentir descansada e consideravelmente bem depois de ter dormido em uma caverna escura e fria, no meio de uma missão completamente perigosa e longe de casa. Talvez o cansaço fosse o fator principal para uma noite de sono deliciosa, ou talvez fosse outro fator, como a presença de braços fortes e quentes apertando suavemente o pequeno corpo. Talvez fosse a palma da mão dela, repousando em seu peito. Ainda poderia ser as pernas entrelaçadas de ambos. O fato é que Hermione voltou de sua inconsciencia causada pelo sono e a cada segundo em que ela emergia desse mesmo sono tranquilo que tivera, o tal sono do justo, a sua percepção e raciocínio iam despertando também, até chegar ao ponto de sua mente brilhante lhe questionar, mesmo que seus olhos ainda estivessem fechados. “Por que havia uma mão em sua cintura? Por que exatamente sua mão estava sob uma superfície aconchegante que parecia subir e descer como um tipo de respiração? Em que momento da noite ela havia deitado e onde suas pernas estavam enroscadas? As perguntas lhe acertaram com tanta força que naquele exato momento ela abriu os olhos de súbito e percebeu a situação mais embaraçosa que teria vivido até aquele momento da sua vida e olha que ela já tinha passado por muita vergonha.

Draco e ela estavam deitados, tão colados que era um milagre não terem se batido ou rolado um sobre o outro até aquele momento. Ela tinha a cabeça apoiada no ombro do rapaz e a mão em seu peito enquanto ele a abraçava pela cintura de uma forma possessiva até demais para alguém que estava dormindo. A cada coisa que Hermione descobria naquela cena completamente inusitada, seus olhos se arregalavam mais e ela considerou sair de lá bruscamente, mas ter que encarar a cara de um Draco acordado e com aqueles sorrisinhos sarcásticos era demais até para a pessoa mais insolente do mundo, quem dirá para ela. Com muito esforço para se levantar — que foi dificultado pelos grandes braços que se recusavam a soltá-la — Hermione enfim saiu de seu abraço e levantou com cuidado, ainda sentindo-se completamente esquisita e envergonhada por aquilo, tentando se convencer de que ambos estavam dormindo e que ninguém ali tinha culpa de nada.

Com os pensamentos ainda distantes, ela conjurou uma bacia e usou o aguamenti para produzir água limpa e assim lavar o rosto e escovar os dentes. Apesar do constrangimento particular, ela se sentia mais disposta, descansada e era como se uma parte do grande peso que estava carregando tivesse aliviado. Quando enfim estava preparada para mais um dia — que ela torcia para ser muito produtivo, Draco enfim acordou, chamando sua atenção quando disse um bom dia bem animado e ela ficou se perguntando se ele tinha notado a situação passada de ambos.

— Bom dia. — Respondeu. 

— Pode deixar a bacia para mim, por favor? — Hermione apenas assentiu. — Dentro da minha mochila há algumas tortinhas de morango e pãezinhos caseiros que Tinky colocou, além do suco de ontem, podemos tomar um bom café da manhã antes de pensar no que fazer. — Concluiu, já conjurando uma toalha de rosto e lavando o seu.

— Quando voltarmos dessa missão, me lembre de comprar um presente para a sua elfa, por favor. — Hermione disse em tom brincalhão, demonstrando o quanto estava grata e Draco sorriu em resposta.

Quando Draco terminou de fazer sua própria higiene matinal e ambos foram tomar o desjejum, o clima ainda era leve, o que facilitou para uma conversar surgir.

— Descansou bem, Granger?

— Muito bem. Estava precisando dormir.

— Ah, eu imagino. — Draco disse enquanto servia os dois copos de suco, que sem pensar duas vezes, Hermione levou até os lábios. — Eu também dormi muito bem, a propósito. Sabe, estava mesmo precisando de contato físico. Dormir abraçadinho com alguém, entende? 

Hermione sentiu o suco de abóbora fazer seu caminho de volta tão rápido quanto ela tinha engolido, provocando um engasgo, uma tosse completamente desesperadora, ao mesmo tempo que Draco ria, como se aquela fosse sua piada predileta da vida.

— Você sabia?

— Claro que sim, Granger. Você estava batendo os dentes de tanto frio essa madrugada. Até os gigantes lá fora devem ter ouvido. Calor humano ajuda, sabe?

— Mas como… Eu… — As palavras não faziam sentido algum. O que ela queria dizer afinal? Nada mudaria o fato de que aquele realmente era o momento mais constrangedor da sua vida.

— Você é até carinhosa quando dorme, sabia? Ficou afagando meu peito e cheirando o meu pescoço. Foi adorável.

Ela o mataria. Tinha certeza disso se conseguisse não morrer de vergonha naquele mesmo segundo e talvez o senso de autopreservação de Draco tenha dado as caras, já que ele simplesmente parou de rir e lhe encarou, ainda que tivesse piscado um dos olhos de forma cafajeste. Respirando fundo e tentando se acalmar do recente caso de quase morte por engasgo ou constrangimento — nunca poderiam distinguir — ela decidiu pegar a pasta do caso e começar a ler, mudando o rumo de seus pensamentos para algo que realmente merecia a sua atenção.

***

Dormir havia realmente ajudado a castanha a raciocinar melhor. Uma mente descansada de fato era bem mais produtiva do que uma movida a base de cafeina e energéticos e descobrir isso era maravilhoso. Agora, relendo os relatórios com mais calma do que antes, Hermione conseguia perceber muitas coisas que ela e seus amigos haviam negligenciado até ali. Logo que a primeira denúncia de sequestro foi feita e eles montaram os grupos de aurores nas ruas, encontraram Jacob Kowast numa ação muito suspeita, tentando sequestrar um jovem bruxo. O estranho era que onde ele foi encontrado não havia nada de suspeito e os aurores procuraram com todo o afinco por qualquer prova, mas nada havia sido identificado. No entanto, algumas coisas que até então não faziam sentido, agora começavam a se encaixar.

    Jacob Kowast estava com várias blusas e dois casacos, ainda que naquela época do ano não fosse fria em Londres. Ele havia sido apanhado com muitas bijuterias sem valor algum e não respondeu nenhuma das perguntas sobre aquilo também. Ainda encarando o arquivo, viu que havia uma foto bruxa ali, se mexendo com cuidado, mostrando uma lixeira bem próxima do local onde aquele projeto de bruxo nojento havia sido capturado e a morena paralisou a foto com um feitiço bem onde queria, bem ali na parte de cima da lixeira, em cima de várias sacolas estava uma lata de feijoada, exatamente a mesma lata que ela havia visto e quase tropeçado assim que chegou ali e aquilo foi como se um estalo fizesse seu cérebro reunir todas as evidências na hora e Hermione pulou da almofada com um impulso, eufórica enquanto encarava Draco que estava na parede oposta, de olhos fechados como se tentasse absorver tudo ao seu redor, mas abrindo-os imediatamente assim que ouviu a voz da mulher.

    — Eu descobri tudo! Porra, eu descobri.

    — O que descobriu, Granger? — Draco perguntou, saltando da almofada também, tão energizado quanto ela.

    — Draco, é aqui! Estamos no lugar certo e Kowast nos mandou para cá porque sabia exatamente que haviam dois gigantes esperando para nos matar. Aquele safado acreditava ter tudo sob controle e por isso deu o local correto.

    — Explique melhor, pelo amor de Merlin. O que você descobriu?

    — Calma, deixa eu respirar. — Ela disse, respirando fundo em seguida, ainda andando de um lado para o outro. — Quando capturamos Kowast, deixamos passar o fato de ele estar cheio de roupas e casacos, mesmo que não esteja em época de frio em Londres. Logo depois, descobrimos que ele estava carregando uma sacola cheia de bijuterias que não tinham valor algum. Agora ficou tudo claro, entende? As roupas são porque aqui é frio como um inferno gelado e todas as bijuterias… Essa era apenas a forma dele de pagar os gigantes para ficarem de vigia. E para completar, ontem quando estávamos vindo para a caverna eu quase esbarrei em uma lata velha de feijoada e não dei atenção a isso, mesmo achando estranho. Mas então, se simplesmente fosse a comida de um gigante você não acha que haveriam centenas de latas? Não. É uma chave de portal ilegal e a prova está bem aqui. — Ela estendeu a foto a ele, que rapidamente a pegou de suas mãos e analisou.

    — Porra, eu não acredito! — Exclamou, rindo de alívio e felicidade, enquanto Hermione fazia o mesmo. — Precisamos mandar um Patrono para Harry agora.

    — Não! — Ela respondeu com precisão. — Precisamos descobrir o exato lugar onde esses sequestradores estão deixando as vítimas antes de alertar o esquadrão. Não será nada prático andar com uma equipe inteira de aurores aqui, procurando pelo lugar. Isso pode alertar possíveis espiões ou algo do tipo.

    — E o que você sugere?

    — Vamos colocar a capa da invisibilidade, desmaiar os dois gigantes e fazer parecer que eles se bateram entre si. Brigas de gigantes são normais. Então, vamos aguardar ainda debaixo da capa até alguém aparecer aqui pela chave de portal clandestina e segui-los.

    — Por Salazar, isso vai ser muito difícil. .

    — Não se trabalharmos em equipe Malfoy. Está comigo?

    — Claro, Granger. Não importam as circunstâncias ruins, pode contar comigo.

    — Então vamos. Está na hora de desmascarar esses vermes e salvar essas pessoas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Meio longo né? Hahaha mas ainda assim amei. Me digam o que acham! Já imaginam qual o conto?

Obrigada desde já pelo carinho, comentários e favoritos. Prometo responder cada um em breve. Amo vocês ❤

×× Finite ××



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sauvetage - Proj. Fada Madrinha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.