Qualquer um menos você escrita por Cherry


Capítulo 3
3 - Um cara nada perfeito


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem?

Quero primeiramente agradecer demais a Miss Stilinski por dar uma chance a minha fic e ainda comentar. Fiquei bem contente e mais motivada para continuar com essa história, não sabe o quanto.

Dessa vez é mais das amigas e a Elisa quebrando a cara. kkkkk

Espero que gostem do capítulo e boa leitura.



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Capítulo três
Um cara nada perfeito

 

“E acaba sempre tudo igual
Ninguém esquece no final
E os dias viram só recordação
Você no seu mundinho e eu
Rindo do que aconteceu”
(História de verão - Forfun)

Depois da tempestade não dizem que vem a bonança? Apesar de mal entender o que significava essa tal bonança, qualquer um compreenderia que era bom. Eu estava nesse momento ao sentir uma grande emoção e vontade de sair da sala correndo para saber o que era por conta de uma única palavra. Era como se eu estivesse no céu naquele momento ao ler “surpresa” na mensagem enviada pela minha melhor amiga Ally.

Será que ela finalmente caiu em si e viu que nenhum garoto pode mudar e por isso vai comprar um presente para mim? É alguma data especial que eu esqueci? O que seria?

Talvez ao escutar o sinal bater e ver o Daniel sair as pressas para cumprimentar a Alicia com um beijo ao passar pelo corredor me faria ficar de mal humor o dia inteiro, mas isso não aconteceu, dessa vez você não venceu idiota, pois eu ainda estava ansiosa por mais tarde.

— Filha, que sorriso é esse? — Meu pai perguntou depois de me observar por uns longos segundos, que se fosse em outro dia já teria revidado para saber o que tinha de errado com a minha cara, mas nem isso estragaria meu dia. — É o que estou pensando?

— Adivinha. — Respondi enquanto pegava o arroz, frango a milanesa, batata frita, além da salada, e colocava no prato. Tudo isso com um refrigerante de guaraná que eu adoro, claro.

— Deixa eu ver. — Até se ele falasse sobre namorado nem ligaria. — Saiu um novo episódio do podcast sobre crimes reais?

— Não. — Quase que meu sorriso murchou por lembrar que ainda não tinha saído, mas logo o mantive intacto com uma bela garfada. Quem ficaria triste comendo? — Achei que ia perguntar se tinha a ver com um garoto.

Ele se sentou a mesa comigo e foi colocando um pouco de tomate, para depois se ajeitar na cadeira e pegar na minha mão. Era como se estivesse imaginando várias cenas antes de continuar a conversa.

— Na minha cabeça se fosse isso você estaria distraída e esquisita, não assim contente. — Quando vi que ele estava com uma expressão digna do coringa eu até me soltei do seu aperto e continuei a apreciar aquela batata, antes que desista dessa ideia e saísse dali pelo medo. — Mas se está com alguém, quero conhece-lo. — Demorou para vir com essa.

— Nem precisa se preocupar, sua filha nunca se apaixonará. — Apesar de pedir todos os dias para que continuasse assim, sabia que não mando no coração, mas se além de poder falar isso em voz alta ainda o faria ficar sossegado, falaria com o maior prazer.

Ainda bem que já estava quase terminando o almoço e poderia sair dali, porque ele mudou para uma cara que ainda não era boa.

— Você me lembrou alguém. — Disse enquanto ria.

— Minha mãe? — Devolvi, mesmo que isso me doesse.

— Sim. — Aquilo foi dito tão baixinho que quase não escutei, porém infelizmente pude e isso me fez sair dali para lavar os pratos e talheres.

Quem sabe eu deveria mudar de ideia e começar a gostar de algum colega da escola? Talvez o caixa da padaria aqui perto? Um professor?

— Vou encontrar a Alison, ela disse que tinha uma surpresa para mim hoje. — Ao olhá-lo uma última vez era como se estivesse voltado ao seu eu de sempre, pelo menos tinha tirado da mente que minha felicidade era por conta de romance.

Quando passava pela rua e via alguns homens me encarando ou simplesmente tentando contato, até retribui pensando se assim teria algum encontro com eles no futuro, só que era impossível. Apenas imaginar isso me cansava, ainda mais pelo final com traição e eu saindo chorando.

Eu queria ser menos como ela, mas meu ódio falava mais alto.

— Não acredito que você cumprimentou uns caras, daria tudo para ver. — Minha amiga disse quando ouviu o que passei hoje.

— De longe até que dava, mas quando chegavam perto eu corria para o mais longe possível. — Confidenciei ao passarmos por várias lojas daquele shopping.

— Você tem que largar essa timidez, Lisa. — Falou como se fosse fácil.

— Não foi isso, muitos deles pareciam ter o dobro da minha idade e só notei depois. — Sua expressão foi de empatia, até nojo, pois entendia bastante como era isso. Se tem alguém que é assediado direto é ela.

— Foi melhor mesmo ter saído de perto desses velhos. — Sua resposta teve até um certo “que” de medo. — Seria sequestrada e não veria minha surpresa. — Isso foi para quebrar o gelo, eu sabia.

— Deu esse conselho para mim, mas bem que você já se apaixonou pelo nosso professor de história, não é? — Revidei para vê-la ficar vermelha. Eu fiquei tão surpresa que quase esbarrei em uma pessoa.

O clima estava tão sem graça que eu entrei na livraria ao ver seu letreiro, assim poderia até comprar um novo livro de terror. Será que teria “A Morte bate na porta” por aqui? Seria meu maior sonho.

— Como sabia que te levaria nessa loja? — Meus olhos brilharam nessa hora. Foi tão melhor que ela mesmo comprou para mim? Pode ser, pois eu estou falando dele há dias.

— Você é a melhor amiga do mundo! — Estava tão emocionada que a abracei sem perceber, para depois ir até o setor tão conhecido por mim nesses anos.

O cheiro de papel e novo era o que mais sentia agora e para mim um dos meus preferidos, isso significava o mesmo que tomar um chocolate quente no inverno enquanto assiste alguma vítima ser estupida o bastante para ir atrás do vilão e acabar morta.

— Não está. — Disse com desgosto ao ver que não estava ali. — Você reservou? Por que nem avisou? Poderíamos estar no caixa agora. — Antes de me chamar de preguiçosa entenda que ele fica longe.

Eu fiquei a encarando enquanto ela olhava para um outro ponto fixo. Isso era um péssimo sinal, ainda mais quando apenas me ignorou e foi caminhando até outra direção e eu a segui. Espere aí, não vai me dizer que é a parte de romance?

— Elisa, por acaso disse que vim para pegar “A Morte te chama”?  — Finalmente me respondeu quando paramos nas prateleiras do meu antigo gênero favorito. Neguei com a cabeça por nem conseguir falar nesse instante. — Vou querer este livro. — Quando dei uma espiada e percebi que “Um cara nada perfeito” estava em suas mãos eu me arrependi na hora. Minha garganta até secou e meus olhos se arregalaram por não querer crer nisso.

— A , é para você, mas só para saber que o nome é “A Morte bate na porta”, não “A Morte te chama”. — Virava aquela obra e via se tudo estava certo antes de colocar na cesta enquanto eu falava, que sequer tinha notado que estava em suas mãos. Ela claramente estava me ignorando. — Qual vai ser a surpresa então? — Questionei depois de me cansar daquela enrolação.

Deu para ficar rebelde por acaso? Acreditem que simplesmente deu meia volta e foi ao caixa sem nem dizer uma palavra? Quase ia embora de tanta raiva que sentia, parecia que tinha era brincado comigo com isso de presente apenas para a acompanhar no shopping.

— Irei na sua casa, tudo bem? — Isso parecia mais uma afirmação que uma pergunta para mim.

Estava tão mexida com essa palhaçada que nem percebi que nós já estávamos passando o ponto de ônibus e indo a pé, pois era até perto. Quem olhasse bem provável veria um grande ponto de interrogação no meio da minha testa, já que até agora fiquei sem entender o que aconteceu. O silêncio chegava até a ser assustador. Ela foi abduzida e alguma outra pessoa está em seu lugar?

— Iogurte, cadê você, apareça. — Repetia enquanto remexia na geladeira a procura dessa preciosidade. Eu bem que merecia um doce depois de estar sem um livro de terror nas mãos e surpresa, com duas colheres de açúcar ainda por cima.

Entrei no meu quarto já a encontrando a procura de um filme qualquer, talvez de ação, aventura ou até documentário. Dentre tantas opções Alison colocou minha série favorita? Que está acontecendo?

— Dá para falar logo ou está difícil? — Já estava no meu limite.

— Tudo bem. — Respirava fundo antes de continuar. Com isso o pressentimento ruim veio e a dor de barriga também. — Toma, é um presente para ajudar na sua pesquisa. — Estendeu aquela bolsinha com a marca da livraria que acabamos de passar.

Eu juro, o iogurte em minhas mãos estava intacto desde que começamos essa conversa, nem o Scott estar em cena na televisão me fez aumentar o humor. Se você me conhece bem, entende que é como se o mundo estivesse acabando e vários zumbis se encontrassem prestes a comer meu cérebro.

— Para de zoeira. —  Se eu estivesse em uma novela mexicana ela receberia um tapa e essa seria a cena esperada pelos telespectadores por tanto sofrimento que me fez passar, mas como não é apenas disse isso para não explodir.

— Deixa de lado essa sua implicância idiota com livro de comédia romântica e pensa melhor. Vai te ajudar. — Minha boca não conseguia abrir de tão chocada que fiquei. Ela acha nada demais meu trauma? — Não vê? Esse era o seu livro preferido e esse protagonista era seu modelo de homem, quem sabe assim vai saber se sua cobaia mudará ou não.

— Fui cega mesmo, mas de não ver que enquanto eu falava sobre romance você nem ligava para o que sentia. Bela amiga. — Nessa hora nem bati palma por estar de braços cruzados para não a agredir, porque minhas mãos estavam até coçando, porém a minha curiosidade para saber como sairia dessa era maior.

— Desculpe, acabei exagerando, mas é que já estou de saco de cheio de você fazer escândalo por qualquer coisa. Outro dia estava era me mandando várias fotos do Daniel e da Alicia e me ligando só para xingar. Não acha que é obsessão demais para pouca coisa? — Até me sentei para não cair dura ali mesmo. Essa história de novo? — Você parece mais preocupada com a relação de duas crianças que pelo divórcio dos seus pais.

A cena que passava na tela era do mocinho apanhando enquanto aprendia um novo poder, era como me sentia quando ouvi essas palavras de Alison. Será que estou tão doida assim?

— Eles eram meu único exemplo de casal. — Sussurrei.

— Fala sério, Elisa, isso é demais até para a você de 14 anos. Esses dois são muito novos para o namoro durar. — Isso agora sabia com toda a certeza, amor não é real, muito menos sendo tão imaturos.

— Então finalmente concorda também que essas histórias não existem?

Foi para meu lado na cama e se deixou no travesseiro, olhava para os bíceps do vilão enquanto suspirava, isso antes ainda de pegar o iogurte da minha mão e dar uma colherada. Ela me paga!

— Não, mas adolescentes se casarem depois é quase impossível, só pesquisar. — Mesmo que fosse das mais sonhadoras, ainda se dava muito bem com a ciência. — Já isso aqui é diferente, ontem estava tentando encontrar algo para seu trabalho e vi numa lista que esse livro era top 10 de protagonista mais amado e não tóxico.

— Verdade? — Por um segundo fiquei orgulhosa disso, já que em muitas noites sonhei acordada com eles ao ponto de querer algo assim, mas logo voltei a cara de indiferença.

Preferiu não só ficar falando, mas mostrar para mim boa parte do que achou na internet. Cada página e comentário que via, até de críticos renomados, me faziam ficar mais animada.

— Vai dar uma chance? — Seu sorriso me fez lembrar que também estava igual e murchei. Se recompõe, garota, já tem 17 anos.

— Vou pensar. — Nessa hora ela deu pulinho, pois tinha quase certeza que tinha ganhado essa.

— Irei deixar na sua escrivaninha então. — Colocou a sacola ali e foi embora, não antes de aparecer na porta para me dizer uma última frase. — Aproveite aí o seu Scott. — Até joguei um travesseiro para tentar a acertar, mas não estava mais.

Não gosto dessa série por conta da beleza do protagonista, que confesso é enorme, mas por tudo que ele passou. Sem contar que as lutas são maravilhosas e bem reais, em uma matéria até teve que o ator se machucou em uma das cenas e o sangue era dele. Depois de tanto ver resolvi desligar antes de passar o episódio que mais detestava.

— Quanto tempo. — Comentei quando me sentei na cadeira e decidi abrir aquele embrulho e tirar “Um cara nada perfeito” dali.

Aquela capa me trazia recordações de tempos de inocência, tanto que me flagrei acariciando cada parte dela. O mais difícil de me desfazer foi essa obra, por isso quando a joguei naquele fogo prometi para mim que não ia mais nem a ver. Ao ler as primeiras linhas da sinopse, na parte de trás, senti minha barriga embrulhar e algo subir pela garganta pelo nervoso e ansiedade.

Sim, meus caros, eu literalmente vomitei por causa desse bendito livro. Talvez a guerra ainda não pudesse ser vencida e teria de deixar para outro momento, mas nada melhor do que um iogurte para limpar todos os problemas. Isso se uma tal de Alison não tivesse comido tudo sem eu saber, assim só me restava encarar a cena do vilão matando um dos meus personagens favoritos para me distrair.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do sermão da Alison? E da surpresa? Acham que a Elisa vai conseguir encarar o antigo livro preferido dela?

Quero agradecer demais desde já a todos que deram a chance de ler esse capítulo, caso queiram comentar sintam-se a vontade, irei amar saber o que está achando e também opiniões do que querem para as próximas.



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