O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas escrita por Siaht


Capítulo 1
O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Fazia muito tempo que não escrevia algo sobre Jily e já estava com saudades.
Bom, espero que gostem! ♥



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{o primeiro dia do resto de nossas vidas}

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A garota tentou sorrir. Tentou e tentou e tentou. Deveria ter conseguido. Deveria estar feliz. Mas não estava. Lily Evans observou seu reflexo, tentando compreender o que estava errado. Tentando encontrar um único motivo para estar trancada naquele banheiro apertado e não na festa que acontecia do outro lado da porta. Tentando entender o motivo de não estar celebrando a própria formatura.

Havia se graduado em Hogwarts. Se formara com honras, fora a oradora da turma, concluíra uma parte de sua vida que aos 11 anos julgara ser impossível. Deveria estar feliz ou, pelo menos, orgulhosa. Mas não estava. Suspirou resignada, quando ouviu uma batida na porta. Não poderia ficar escondida ali para sempre. Precisa colocar um sorriso no rosto. Precisava encontrar seus amigos. Precisava celebrar. Precisava estar feliz. Ou apenas fingir.

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— Você está bem? — o rapaz questionou, entregando uma caneca de cerveja amanteigada para a namorada.

Lily encontrou alguma luz dentro de si que a permitiu sorrir minimamente. James Potter tinha esse efeito sobre ela. Nem sempre fora assim, é verdade, no entanto, o vendo parado ali, com os cabelos bagunçados, o sorriso torto, os óculos pendurados no nariz e a jaqueta vermelha, não conseguiu se lembrar do porquê. Não conseguiu sentir nada além de gratidão por ele estar ali. Todo o amor que sentia pelo menino, emanando por todo seu corpo, fazendo seu estômago girar e seu coração se aquecer.

A garota desejou congelar aquele momento. Desejou ter uma câmera fotográfica em mãos ou qualquer habilidade para ilustrações. Disse a si mesma para memorizar aquele momento, cada um dos traços de James, cada detalhe daquele instante. Disse a si mesma para memorizar cada detalhe daquela noite. As músicas que estavam tocando, o som das risadas dos amigos, os temas das conversas. Guardou em sua mente a manga puída do suéter de Remus, a risada nasalada de Peter, a mancha de vinho no vestido de Dorcas, o modo como os cabelos de Marlene se moviam enquanto ela dançava, as marcas de batom nos cigarros da Emmeline, cada uma das baixarias saídas da boca de Sirius. Algo estava morrendo bem em frente aos olhos dela e Lily sabia.

— Estou ótima. — disse, pegando a mão de James e entrelaçando os dedos aos dele. Desejou que suas mãos nunca se soltassem. Desejou que suas vidas permanecessem tão entrelaçadas quanto seus dedos. Desejou permanecer naquele instante para todo o sempre.

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Lily tentou aproveitar aquela noite. Aquela última noite. A melancolia, no entanto, havia se impregnado em seus ossos, invadido seus poros, contaminado sua alma. Aquela certeza de que sua vida nunca mais seria a mesma fazia um nó se formar em sua garganta, enquanto lágrimas constantemente vinham aos seus olhos, precisando ser reprimidas.

Ainda assim, ela dançou. Dançou com os amigos como se o mundo fosse acabar no dia seguinte, porque era o que parecia. Dançou porque precisava daquela lembrança. Porque precisava viver aquele momento. Porque precisava ser apenas uma garota adolescente, dançando de forma desajeitada com suas melhores amigas. Por uma última vez.

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Ela fechou os olhos em uma oração silenciosa, quando a música finalmente cessou e as luzes se acenderam. Implorou por mais tempo, por mais um minuto. Um último minuto. E então abriu seus olhos, resignada, e novamente os obrigou a registrar cada detalhe. Copos e garrafas e glitter e sapatos espalhados pela sala. Abraços e beijos e despedidas. Os braços de James envolvendo seus ombros, enquanto a levava embora. Estrelas em um céu escuro, pedras tortas na rua, a fachada recém-pintada da casa dos Potter. Tudo parecia importante naquela noite.

— Você está bem? — James perguntou de novo, fechando cuidadosamente a porta do quarto.

Lily perdera a conta de quantas vezes se esgueirara silenciosamente por aquela casa, durante alguma noite de verão. Perdera a conta de quantas vezes, James entrara sorrateiramente pela janela do quarto dela. Pensar em todas aquelas madrugadas de amor e carícias sussurradas, a fez ser dominada por uma melancólica nostalgia.

— Estou. — ela disse, se sentando na cama.

O rapaz ergueu uma das sobrancelhas.

— Lily...

A garota suspirou. O namorado a conhecia bem demais.

— Já olhou ao seu redor e percebeu que algo estava chegando ao fim?

— Bom, nós nos formamos, não é? Algo chegou ao fim. — ele disse, se sentando ao lado dela.  

— Eu sei, e é claro que vou sentir falta de Hogwarts, mas não é só isso...

— Então o que é? — James perguntou suavemente, afastando uma mecha ruiva do rosto da menina.

— Hoje é o fim de uma fase, mas também deveria ser o começo de uma nova. O começo do nosso futuro. O primeiro dia do resto das nossas vidas. Então, por que parece tanto com o fim? — ela não conseguiu encarar os olhos escuros do rapaz quando sussurrou as últimas palavras.

— Lily... — ele sempre pronunciara o nome dela como se fosse sua música favorita.

— James. — desde que começaram a namorar, ela pronunciava o nome dele como se fosse sua maior certeza — Olhe ao seu redor, o mundo está uma bagunça terrível, especialmente para pessoas como eu. Tem uma guerra acontecendo, James, e nós não somos mais crianças. Vamos nos juntar a Ordem da Fênix, assim como nossos amigos, e lutar nessa guerra. E eu ainda tenho um alvo maior nas costas, por ser uma nascida trouxa. — a garota suspirou — Não parece um começo promissor para nada, parece apenas que estamos correndo em direção ao fim. O meu, ou o seu, ou o nosso, ou o das pessoas que amamos, ou o do mundo que conhecemos... Talvez o de tudo e todos. Não sou capaz de prever, mas é o que parece.

James entrelaçou seus dedos aos dela.

— Você não precisa fazer parte dessa luta, se não quiser.

Ela sorriu tristemente.

— Eu sou parte dessa luta, querendo ou não. Para mim é uma questão de vida ou morte. E, de qualquer forma, não escolheria não fazer parte disso. Não tenho dúvidas sobre o que tenho que fazer, estou apenas...

— Apenas?

— Estou apenas assustada. — era sempre difícil para um membro da Grifinória admitir medo. — Queria que as coisas fossem diferentes.

James respirou fundo.

— Eu também. E também estou com medo, Lily. — a namorada o olhou surpresa. James Potter era, afinal, o mais orgulhosos dos Grifinórios.

— Você não precisa fazer parte disso, James. No fim do dia, você é um puro-sangue, essa guerra não é sua.

Ele estreitou os olhos.

— É claro que essa guerra também é minha. Sua guerra sempre será a minha guerra, Lily. E, além disso, que tipo de pessoa eu seria se não fizesse nada sobre o que está acontecendo? Eu também tenho ideais e coisas em que acredito. Coisas pelas quais quero lutar.

A menina sorriu.

— Eu sei. É por isso que te amo.

— Eu também te amo. — ele disse, se aproximando e depositando um beijo na testa da namorada. — Então o que você quer fazer sobre tudo isso?

Lily deu de ombros.

— Nada. Não há nada a ser feito, James. Já tomei a minha decisão, do mesmo jeito que você já tomou a sua. Não acho que algum de nós vá voltar atrás. Eu queria muito que as coisas fossem diferentes e que pudéssemos ser jovens por mais um pouco, mas as coisas são como são. Acho que só estou triste por elas terem que ser assim. Triste e assustada.

— Eu também me sinto assim. Mas nós vamos passar por isso – por essa guerra – juntos e vai ficar tudo bem.

— Você não pode prometer isso. — a garota praticamente sussurrou, desviando o olhar.

James ergueu cuidadosamente o queixo dela, a obrigando a olhá-lo nos olhos.

— Posso prometer que enquanto estiver vivo, nada de ruim vai acontecer a você. Eu te amo, Lily Evans.

— E eu te amo, James Potter.

— Bom. — ele sorriu maroto, fazendo com que boa parte do pesar de Lily se dissipasse magicamente. Ah, aquele sorriso! — Porque essa noite ainda não chegou ao fim e nós dois estamos vivos. A guerra pode esperar mais um pouco, nós ainda temos algumas horas para não sermos apenas jovens.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos,
Thaís