Embaraço escrita por Arcchan


Capítulo 1
Capítulo Único — Fugir ou se entregar?


Notas iniciais do capítulo

Yatori merece muito mais amor ❤



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Embaraço

Por: Archie-sama

Capítulo Único — Fugir ou se entregar?

 

Hiyori vinha fugindo de Yato durante dias. Já ele, por não aceitar algo tão repentino, vivia constantemente perseguindo a garota. Mas, de alguma maneira, ela sempre encontrava um jeito de despistá-lo.

Estava ficando frustrado.

O que estava acontecendo? Ele apenas queria estar perto dela... Vê-la fugir com tanta pressa e sem hesitação o fazia imaginar mil coisas que pudessem estar passando pela cabeça dela. Ela não queria mais sua companhia? Ser sua amiga? Não queria mais vê-lo...? Ficava se perguntando se havia feito algo para magoá-la. Ele geralmente fazia coisas estúpidas... Porém, não conseguia se lembrar de nada que pudesse ter feito para ser repelido daquele jeito.

— Hiyori! Oe, Hiyoriiii!! — chamou-a desesperadamente, correndo atrás da moça enquanto ela o ignorava veementemente. Ela flutuava sobre os fios de energia dos postes, com sua linha da vida despontando, e ele permanecia no chão, correndo num ritmo constante. Olhava-a lá de baixo e gritava por ela há mais tempo do que se lembrava.

— Me deixa em paz, Yato! — Hiyori gritou de volta, mas ele não sabia identificar o que havia por trás do tom de voz dela. — E-Eu não quero te ver! — ela exclamou com mais força, sem virar-se para ele. Os cabelos castanhos esvoaçavam com a brisa da tarde, batendo no rosto dela, mas ela não parecia se importar.

Yato parou. Aquelas palavras rodaram em sua mente várias e várias vezes. Hiyori estava agindo ao contrário de sempre. Ela geralmente dizia que queria estar com ele independentemente das circunstâncias — não importava se eram de mundos completamente diferentes, o que havia entre eles poderia superar qualquer barreira...

Ele a amava. Sabia exatamente o que sentia por ela. Queria poder vê-la todos os dias, queria protegê-la e garantir que ela nunca fosse embora. Hiyori era a parte mais preciosa da vida dele.

Por que isso estava acontecendo, então?

Pela primeira vez nos últimos dias, Yato ficou realmente impaciente. Antes estava até levando na brincadeira; era divertido perseguir e perturbar Hiyori como sempre fazia. Ela era adorável quando ficava envergonhada. Mas agora… Parecia que ela estava séria sobre não querer mais vê-lo, tanto que já havia sumido de suas vistas dentro de poucos minutos. Ela nem sequer tinha coragem de encará-lo ou de dizer o que estava havendo.

Ele não podia permitir que Hiyori fugisse mais uma vez. Precisava saber o que se passava com ela... Não podia perdê-la. Sendo assim, decidiu utilizar seus poderes para pegá-la. O teletransporte foi rápido: seu corpo se desmaterializou, transformando-se em energia, e ressurgiu bem na frente de Hiyori, envolto por luzes azuis.

Ela tomou um susto e tanto. Dessa vez, caminhava sobre o muro alto de uma casa qualquer, e quase caiu para trás quando ele apareceu. Mas, por sorte, Yato segurou sua mão, puxando-a de volta e fazendo com que se equilibrasse novamente. Um dos braços dele rodeou a sua cintura, trazendo-lhe para mais perto, e ele sussurrou em seu ouvido:

— Não fuja de mim. — A voz grave adentrou os ouvidos de Hiyori e lançou um arrepio através da espinha dela. Os pelos de seu braço se eriçaram.

Alguns segundos depois, o deus a olhou com seriedade. Só então pôde finalmente reparar no rosto da garota.

Estava completamente corado.

— M-Me solta, Yato! — ela suplicou, cobrindo o rosto com as mãos. Estava muito embaraçada. Seu coração batia forte e suas mãos tremiam de leve.

— Não vou soltar — ele recusou. — Não até você me dizer o que está acontecendo.

— Eu não posso! — Ela balançou a cabeça, numa negação desesperada.

— Por que não? — Yato questionou, confuso, e um vinco surgiu entre suas sobrancelhas. — Você está fugindo de mim há dias.

— P-Porque... — Ela lentamente começou a tirar as mãos do rosto, ponderando o que deveria dizer. Suas bochechas continuavam completamente rubras; estar tão próxima de Yato, sendo segurada com firmeza e carinho ao mesmo tempo, não lhe ajudava em nada. — Não é da sua conta! — falou a primeira coisa que veio em sua mente. Era típico de Hiyori tentar se esquivar de situações que a envergonhavam.

Yato fez um bico inconformado, murmurando por entre os lábios:

— Você não quer mais ser minha amiga, Hiyori? — Parecia desapontado.

Ele é igual a uma criança, Hiyori pensou, suspirando. Mas ela sabia que não era diferente… Estava sendo tão infantil quanto ele, afinal.

— Não é isso... — ela negou, virando o rosto para o outro lado.

— Então, o que é? — O semblante dele se tornou afetuoso, enquanto pegava uma mecha fujona do cabelo dela e colocava atrás da orelha.

Sentir os dedos quentes de Yato roçando a ponta de sua orelha fez Hiyori fechar os olhos de nervosismo, enquanto seu rosto insistia em formigar.

— Eu não sei, ‘tá legal?! — Ela foi sincera, respirando rápido enquanto o mirava. Isso só serviu para deixá-lo ainda mais confuso. E curioso. — Quando estou perto de você... — começou a balbuciar, meio contrariada, mas Yato estava perto o suficiente para ouvir — ...eu me sinto estranha. Acho que estou maluca.

Yato piscou algumas vezes, sem entender.

— Como assim?

Ela desviou os olhos outra vez.

— Eu fico nervosa e nem sei o porquê. Sinto meu coração bater tão rápido que poderia ter um ataque! — falou um pouco alto, fazendo o deus arregalar os olhos. — E sempre que você me olha, ou sorri, ou me abraça... Eu penso que meu peito poderia explodir! É horrível, mas é tão bom ao mesmo tempo... É como se eu não quisesse que esses momentos acabassem! — Hiyori continuava a desabafar, vermelha e sem fôlego.

— H-Hiyori... — Yato gaguejou, engolindo em seco. Todo seu interior se aqueceu; as palavras dela distribuíam diversos sentimentos bons por seu peito. Seu coração também passou a bater descompassado, e sua face foi tomada por tons de vermelho assim como a dela. — Você... se sente assim agora? — indagou, pegando a mão de Hiyori novamente, dessa vez com delicadeza, e aumentando a pressão de seu braço sobre a cintura dela.

O olhar da moça, naquele momento, tornou-se o de alguém perdido. Ela se perdeu na cor dos olhos dele, tão vívida e intensa quanto a cor do próprio céu. Perdeu-se nos traços do rosto masculino,  que eram marcantes e ainda assim sutis. Perdeu-se nos lábios dele, que eram finos e vermelhos e tão bem desenhados...

Hiyori se perdeu no seu amor por Yato. Estava fugindo dele por conta do embaraço que ele causava em sua mente e em seu corpo.

E ele a encarava com a mesma intensidade, aguardando sua resposta.

— Sim... — ela afirmou, fitando-o diretamente nos olhos. — Eu me sinto assim agora, Yato.

E o deus mergulhou na cor dos olhos dela, que emitiam um brilho desconhecido. Ergueu a mão e tocou o rosto feminino devagar, acariciando a pele com amabilidade. Sentia que a amava um pouco mais a cada segundo.

Aquela resposta foi o suficiente para que ele avançasse o rosto contra o dela e a beijasse sem pressa. Havia gentileza e paixão no toque. Hiyori, mesmo surpresa e com vontade de sair correndo outra vez, resolveu arriscar. Envolveu os braços ao redor do pescoço dele e o beijou com a mesma sutileza. Os lábios se acariciavam lentamente, até Yato apertar a nuca da garota, fazendo-a arfar com o estímulo e abrir a boca, deixando que a língua dele a invadisse.  

O sol já estava se pondo quando Hiyori permitiu, ainda acanhada, que sua língua tocasse a do deus. Ele a apertou mais contra si assim que sentiu o quanto o beijo dela era quente. À medida que os lábios se movimentavam um contra o outro, as salivas se encontravam e causavam pequenos barulhos com o atrito. Aquele era um primeiro beijo incrível. Hiyori entrelaçou seus dedos nos cabelos escuros de Yato, e seu arquejo foi excitante ao ponto de fazê-lo interromper o beijo apenas para descer o rosto até seu pescoço.

Yato a abraçou com força, aspirando o perfume doce que emanava dela. Em seguida, ele beijou a pele de Hiyori com vagareza. Mas não era o bastante... Então a chupou devagar, o suficiente para se satisfazer e deixar uma marca. A moça tombou a cabeça para o lado e sentiu suas pernas falharem, só não caindo porque ele a sustentava contra si.

— Yato... — Ela ofegou, perdendo completamente a linha de raciocínio quando ele voltou a beijá-la.

A noite caiu tão rápido quanto o sol se foi, mas eles permaneceram ali por vários minutos, trocando beijos. Quando o ar faltava, eles o recuperavam e logo estavam perdidos nos lábios um do outro novamente. Decidiram que o momento tinha que chegar ao fim apenas quando o frio os atingiu em cheio. Yato fez questão de tirar o casaco e colocá-lo sobre os ombros de Hiyori, ficando apenas com a camisa branca.

A garota ainda estava envergonhada demais para dizer alguma coisa. Então, com um sorriso de lado, foi ele quem se pronunciou:

— Quando estou perto de você, Hiyori, eu também sinto muitas coisas diferentes — admitiu, fazendo-a corar uma vez mais. — Eu quero te ver sorrir sempre, mas ao mesmo tempo desejo que esses sorrisos sejam apenas meus. — Ele riu levemente, enrubescendo. — Quero te proteger, te tocar, te roubar só pra mim... — Enlaçou seus dedos nos dela, sentindo o coração palpitar desenfreado. — Sinto necessidade de estar contigo e tenho ciúmes quando lembro que posso não ser quem você precisa. — Era uma pequena confissão, e ele precisou reunir coragem para fazê-la. Hiyori percebeu que havia uma pontinha de tristeza naquelas palavras e se sentiu culpada por fazer com que ele se preocupasse assim. — Você é minha melhor amiga e… Eu não sei o que faria se te perdesse — ele concluiu, abraçando-a pelos ombros e fazendo-a pousar a cabeça em seu peito.

— Yato... — ela sussurrou.

— Hm?

— Me desculpe por fugir de você  — pediu, apertando a camisa dele entre seus dedos. — Eu fiquei com vergonha porque... — Ela respirou fundo, inalando o cheiro natural e inconfundível dele. — Porque eu amo você. — Corou novamente e Yato riu baixinho, mas as maçãs do rosto dele também estavam completamente vermelhas.

— Eu também te amo, Hiyori — respondeu, afastando-a um pouco para que pudesse vê-la. Ela era tão linda. — Amo tanto! — Voltou a abraçá-la. E parecia que seu coração ia explodir, tamanha a mistura de sentimentos que havia dentro dele.

— Você não vai me perder — Hiyori garantiu, deixando todo o embaraço de lado. Yato não era o único que tinha medo da separação. — Eu prometo.

E eles foram embora depois disso. Yato a levou até em casa e seguiu para o templo de Kofuku.

O deus não sabia se Hiyori poderia cumprir tal promessa. Afinal, a situação que os envolvia era complexa demais, não poderia ser resolvida tão facilmente. Mas, mesmo assim, ele sabia que as palavras dela não eram vazias. E isso era o suficiente.


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