Sete Dias de Terror escrita por Wyvern


Capítulo 1
Dia Um; A Lâmina na Escuridão




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A porta se abriu com um rangido prolongado, fazendo uma estranha combinação com o som do pesado cadeado sendo retirado. Um facho de luz varreu a sala desprovida de janelas ou móveis, semelhante a uma cela de prisão. Aquela pequena luz não bastava para iluminar o corredor e a cela, de modo que ele teve que procurá-lo. Escutou seus soluços antes de apontar a lanterna na sua direção.
Lá estava sua mais nova presa, no canto da parede mais longe da porta possível. Era diferente dos outros que capturava, menor, pálido, grandes olhos azuis tomados pelo medo. Seus pulsos e tornozelos estavam vermelhos e começavam a inchar, tamanha a força que ele os amarrara. O pano preto que usara para amordaçá-lo funcionava bem, até seus gemidos saíam abafados. Uma trilha de lágrimas tirava uma pequena parte da sujeira em seu rosto. Havia sangue escorrendo pelo rosto fino, do golpe que levara.
Abriu um sorriso sádico, fazendo-o se encolher mais contra a parede fria, e se aproximou. A simples idéia de possuir aquela criatura frágil já o excitava. Em todos aqueles anos, só conseguira pegar malditos alunos de faculdade, rapazes gigantes e burros que acabavam por se matar antes que se divertisse e garotas histéricas e anêmicas. Aquela presa era mais interessante, nunca tivera um garoto tão jovem antes. Quantos anos ele devia ter? Quatorze, quinze? Talvez menos...
Quando parou a sua frente, ele tentou conter os soluços, mas fracassou. Era um deleite ver tanto medo, antes mesmo que ele fizesse alguma coisa. Abaixou a mão para seu bolso e tirou uma pequena faca, apertando a lâmina contra sua garganta enquanto com a outra puxava a mordaça de sua boca. O menino olhou apavorado para a lâmina afiada pronta para cortá-lo, e logo começou a choramingar.

- P-Por favor... – disse, em um fio de voz. – Na-não me m-mate...

Ele riu, um riso frio e cruel, que o fez se retrair novamente. Sem dizer nada, cravou a lâmina levemente em seu pescoço e puxou-a para baixo, rasgando sua camisa e sua pele ao mesmo tempo. O menino gemeu, fechando os olhos quando o sangue começou a escorrer. Exibindo outro sorriso sádico, segurou seus ombros com força, quase quebrando-os, e passando a língua sobre o sangue, desde a base de seu tronco até o pescoço, onde virou o rosto e chupou com força, deixando ali a primeira de muitas marcas roxas.
Finalmente afastou o rosto, tentando não rir diante do choque e do pavor que tomavam aqueles olhos azuis.

- Não se preocupe, - disse em tom baixo. – eu não vou matar você ainda. Antes nós vamos nos divertir muito.

Subiu a lâmina sobre seu corpo magro, cortando o que restava da camisa. O menino não precisaria disso por algum tempo. Correu a ponta fria e manchada de carmim na pele pálida, lentamente, tentando decidir onde cortar desta vez. Seu corpo, ainda apertado por uma de suas mãos, começou a tremer quando os soluços recomeçaram. Tirou a mão de seu ombro e o fez levantar o rosto, manchado de sujeira, sangue e lágrimas. Pela primeira vez, pensou se não estava exagerando para um começo. Diferente dos outros, era só uma criança, era mais frágil, tinha menos chances de sobreviver se o fizesse como aos outros. E ele o queria vivo, era uma diversão que talvez jamais tivesse novamente. Estava disposto a ir mais devagar, talvez fosse até mais torturante. Quem sabe?

- Desculpe. - falou ainda mais baixo, tirando a faca de perto dele. - Acho que estou me precipitando. Melhor não acabar com toda a diversão agora, vamos ter muito mais tempo.

Por trás do tom calmo, a mensagem era clara. "Isso está apenas começando".

- P-Por que e-está fa-fazendo isso c-comigo? - perguntou o menino, ainda com a voz fraca. Ele segurou firme seu rosto, vendo o reflexo de sua face de cruel deleite em seus olhos.
- Seus olhos. Gosto de vê-los dominados pelo medo. - respondeu. Puxou sua face mais para perto, como se o analisasse. - Como irei chamar você?
- M-meu no-nome é S-Sam. - o menino respondeu, tentando afastar o rosto, mas sua mão era dura como ferro.
- Seu nome era Sam. - ele corrigiu, alargando o sorriso. - Agora você pertence a mim e vou chamá-lo como quiser.

O menino tremeu, mas nada disse. Ótimo, ele era mais esperto do que os outros, sabia que não deveria desafiá-lo. Observou-o concentrado a cada detalhe. Sua pele pálida, corpo magro e delicado, cabelos loiros e claros que batiam no queixo e caíam na frente de seu rosto. Não cansava de olhar para aquele rosto, fino, jovem e um pouco anguloso, parecendo ter sido esculpido em mármore. Estava ansioso por deixar marcas roxas naquela face. E, claro, seus olhos. Grandes olhos azuis, um azul celeste como o de um céu de verão, que mais pareciam um espelho de seu medo e carregados de lágrimas, algumas caindo. Parecia uma pequeno anjo que caíra nas garras de um demônio. Um anjo caído.

- Lúcifer. - murmurou, em júbilo. - Sim, este será seu nome a partir de hoje.

Lúcifer não deu nenhum sinal de ter gostado ou não da nova denominação. Ele soltou seu rosto, e o menino tratou de abaixá-lo, ficando mais próximo da parede, como se desejasse ser parte dela. Ele olhou para a faca em sua mão, ainda manchada com seu sangue, e depois para Lúcifer, tentando decidir se parar tão cedo fora uma boa idéia. Antes que tomasse sua decisão, porém, o menino levantou o rosto e lutou para fazer outra pergunta.

- Quem é você?
- Eu sou o Torturador. - disse. - E você é o meu prisioneiro.

Então aproximou a faca novamente e recomeçou a cortá-lo.


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