Entre Fogo e Gelo escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 22
Lei do imprinting




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Capítulo 21

por N.C Earnshaw

 

WENDY PULOU NAS COSTAS de Emmett, tentando derrubá-lo no chão. O vampiro se manteve ereto, rodou com ela segurando suas pernas, e soltou uma gargalhada estrondosa que ecoou por toda a clareira. Ainda sendo segurada pelos braços fortes do irmão, ela se jogou com toda força para trás, tentando se soltar do agarre. Ao livrar uma das pernas, girou o corpo até ficar perto da cabeça dele, fechando com força um mata-leão potente. Emmett usou as mãos para se livrar do aperto, abrindo os braços dela com força e deixando que ela caísse de bunda no chão batido. 

Emmett não hesitou em rir ao ver a expressão irritada que ela tinha no rosto, e foi pego de surpresa por uma rasteira que o levou a cair ao lado dela. Sem esperar que ele se recuperasse, Wendy subiu em cima dele e levantou um braço para desferir um soco, no entanto, o vampiro foi rápido ao desviar e girar os corpos dos dois até que ele ficasse por cima. Eles rolaram sobre a terra, um tentando subjugar o outro, enquanto deixavam escapar grunhidos frustrados.

— Acho que já chega, não é! — gritou Rosalie para os dois, com uma expressão entediada e a mão na cintura. O resto da família apenas observava a cena com sorrisos divertidos no rosto.

Eles nem se dignaram a olhá-la, mas quando ouviram um leve rosnado vindo da loira, ambos paralisaram em uma posição constrangedora. Pernas e braços embolados, Emmett tinha as mãos de Wendy presas em um aperto firme, e a garota se preparava para morder o antebraço dele. Entretanto, acataram as ordens de Rosalie, já que não desejavam enfrentar a ira da mulher, principalmente quando ela estava com um mau-humor infeliz. 

Emmett e Wendy se ergueram num pulo. As roupas estavam amassadas e sujas de terra, com folhas das árvores enganchadas por todo o corpo. Apesar de estarem desalinhados, tinham sorrisos enormes rasgando seus rostos, mostrando as covinhas profundas. 

Olhando eles assim, lado a lado e com a mesma expressão pilantra, Rosalie mais uma vez percebeu o quanto se pareciam e, não resistindo a animação que a dupla demonstrava, sorriu.

— Quem você acha que ganhou, Jasper? — perguntou Wendy, batendo as mãos nas calças para se livrar da sujeira, e se aproximou do loiro.

— Por que eu tenho que ser o juiz? — Jasper fez uma careta ao ver os semblantes de Wendy e Emmett se tornarem competitivos. 

— Você é o especialista — respondeu ela, dando de ombros e empurrando o irmão de leve. 

— Ela tem razão — ajudou Alice. A vampira baixinha, que estava agarrada ao braço do marido, lançou-o um sorriso faceiro. Ela sabia exatamente onde estava metendo seu companheiro, e seria uma diversão imensa para si, observar ele tentar se livrar dos gêmeos terroristas. 

— Não precisa enrolar, sabemos bem quem venceu — pronunciou-se Emmett, confiante, flexionando os músculos. — Eu até que peguei leve. 

Wendy abriu a boca, ofendida. 

— Vai se ferrar — disse ela. Completamente emburrada, ergueu o dedo do meio para demonstrar melhor seus sentimentos. 

— Crianças — repreendeu Carlisle ao ver a expressão chocada que Esme tinha no rosto.

Wendy, percebendo que tinha se colocado em maus-lençóis, fingiu que aquilo não era com ela e se afastou do grupo, indo em direção à Edward e Bella que haviam chegado. Emmett, assim que ela deu as costas, começou a zombar dela a chamando de covarde, mas a garota nem se deu o trabalho de se virar ao ouvir que Rosalie já o repreendia. 

Assim que viu o rosto de Bella se transformar em um semblante incomodado, Wendy se lembrou do que ela havia dito na noite anterior, fazendo com que Paul surtasse com a garota. 

A Cullen estava chateada com o modo que Bella tinha falado, como se ela não desse a mínima com o que acontecia com a matilha, e não era do tipo que jogava tudo para debaixo do tapete. 

Wendy esperou o casal chegar perto o bastante para que a humana também pudesse ouvir o que ela iria dizer. 

— Acho melhor pensar bem no que vai falar — disse Edward em tom de aviso, repreendendo-a com o olhar. 

Ela revirou os olhos para ele e cruzou os braços, encarando Bella. A humana a fitava, incerta. 

— Wendy, eu sinto muito — pediu a Swan, mexendo as mãos. Seu desconforto era evidente. — Eu… 

A vampira sabia que Bella estava sendo sincera com as desculpas, que ela era uma garota legal e gostava bastante dela, até já a tinha perdoado, mas Wendy também sabia que tinha que acabar com os comentários que tanto Edward quanto Bella faziam sobre o seu relacionamento com Paul. Seu irmão desdenhava da sua preocupação com a segurança do lobo — como se o fato deles não estarem juntos como um casal desvalidasse seu cuidado, e o comentário de Bella na noite anterior a tinha irritado de verdade. 

— Olha, eu quero falar isso rápido, está bem? E é bom que a família toda esteja ouvindo, assim não vou precisar repetir. O negócio não é só com você, Bella — explicou a vampira, assim que percebeu os olhos da garota umedecendo. — É principalmente com o Edward, e eu estou falando por todos os outros da família. Nós não temos obrigação de sermos protetores da Bella 24 horas por dia, não somos babás de ninguém e também temos uma vida…

— Não acho que essa seja a melhor hora para falarmos sobre isso — rosnou Edward com impaciência, interrompendo-a. 

— Não, você tem que ouvir! Sei que você já leu meus pensamentos, mas preciso falar, e não falo só por mim. Sei que os outros também estão incomodados com isso — disse Wendy, exasperada com a reação dele. — Você nos pressiona o tempo todo! Desde que você conheceu a Bella, nossas vidas passaram a girar em torno da segurança dela. Da vida dela. Como se, de repente, nós não tivéssemos mais o que fazer, a não ser cuidar da segurança da sua namorada. Você força a Alice a acompanhar os Volturi. Victoria. Os recém-criados e todos os passos da Bella. E nem uma vez, Edward, eu a vi reclamando. Jasper e ela quase não tem tempo um para o outro, porque ela está ocupada tendo visões! E o que mais me revolta é que eu nunca vi você a agradecendo. Apenas ouço reclamações! Antes de conhecer o Paul, eu não te entendia, mas agora sei como é sentir esse medo de perder a pessoa que você gosta. Você somente tem que se lembrar que cada um de nós aqui também tem um parceiro para nos preocuparmos, e isso não te dá o direito de tratar a sua família como empregados. Nós fazemos o que fazemos sem reclamar porque te amamos! Nós te amamos muito, e amamos a Bella também, então seja mais grato. Um obrigado não vai te matar. 

Ela puxou o ar com força logo que acabou de falar, chocada com a enxurrada de palavras que saíram de sua boca em uma velocidade assustadora. Sentiu-se um pouco envergonhada por ter se desestabilizado tanto, contudo, não estava arrependida. Precisava desabafar.

Wendy passou a mão nos cabelos ao perceber o silêncio que se instalou na clareira. Sua família a observava com expressões surpresas. E a única que estava diferente era Rosalie, que sorria satisfeita. 

Edward pareceu culpado ao ouvir as palavras dela, e Bella até tinha deixado derramar umas lágrimas. 

— Olha, Ed, eu te amo. Não queria ser grossa desse jeito, mas você estava me tirando do sério. 

— Eu sinto muito que você se sente assim — pronunciou-se o leitor de mentes, erguendo o rosto para olhar os outros que tinham se juntado a eles. — Na verdade, sinto muito por todos vocês. Eu estava sendo um idiota egoísta, e não pensei no que vocês estavam sentindo. Se estava forçando demais. Prometo que vou me policiar. Como a Wendy disse, eu realmente devo um agradecimento a vocês. 

— Ah, querido! Não precisa — falou Esme, emocionada. As mãos unidas como se estivesse rezando e os olhos brilhando com lágrimas que nunca chegariam a cair. 

— Precisa sim — rebateu Edward, determinado. — Eu agradeço por tudo que cada um de vocês fazem por mim. Sei que não disse antes e me arrependo, mas sou muito grato a todos. Principalmente a você, Alice. Eu nunca vou conseguir pagar a vocês...

— Tudo bem, Edward, mas eu não faço isso só por você, a Bella é a minha melhor amiga — manifestou-se Alice, pulando até eles e abraçando Bella de lado. 

— E Wen, eu estava sendo um idiota com você... Me perdoa? Eu não devia ficar fazendo esses comentários em relação ao Paul. É um assunto seu, e eu não devia me intrometer. Me desculpa? 

Ela, que não gostava de brigar com ninguém da sua família, não pensou duas vezes. Saltou nos braços dele e o apertou forte. 

— Claro que sim! Fico feliz que nos entendemos — sussurrou ela próxima ao ouvido dele. 

Edward a abraçou de volta com firmeza e plantou um beijo na cabeça dela antes de se separar. 

— Bella? — chamou Wendy, abrindo os braços para a humana. — Espero que não esteja brava. 

— Não estou — retrucou a Swan, aceitando o agarre timidamente. — Sinto muito pelo que eu disse ontem, e agradeço por tudo. 

— Está tudo bem — assegurou a vampira com um sorrisinho no rosto. — E ei, não precisa ficar se sentindo culpada por nada, nós fazemos tudo isso porque te amamos, e não vivemos sem você. 

Bella acenou com a cabeça e sorriu para ela. 

— Já que todos nós nos entendemos e estamos amiguinhos de novo, quero saber porque esses lobos estão demorando tanto para vir — manifestou-se Emmett, contrariado. O grandalhão encarava o lado oposto da clareira; que era o lugar que a matilha iria surgir, com uma carranca. 

— Eles estão se aproximando. — Edward se endireitou e puxou Bella para perto de si. Os outros membros do clã Cullen rapidamente ficaram em formação, aguardando a chegada dos seus aliados. 

Wendy suprimiu um gritinho de excitação. Após os momentos que passaram na noite anterior, foi difícil deixar Paul ir embora e liberar ele do seu agarre. Fez a contragosto, e tudo que queria, era vê-lo de novo. 

   ☀

Ele não conseguia parar de pensar em Wendy. Não parava de pensar naquele corpo colado ao seu, no cheiro gostoso dos seus cabelos e naquele sorriso cheio de covinhas. Queria sentir ela aninhada em seu colo novamente, fazer cafuné e sentir a sua pele macia de encontro a dele.

Paul nunca imaginou que se sentiria assim por uma mulher. Era algo além do sexual, além da vontade de jogá-la na cama e fazê-la sua, era carinho. Talvez até amor. 

Ele estava se entregando ao imprinting. Entregando-se às sensações que a magia trouxe, sem se ligar ao fato de que Wendy era uma vampira. Depois de tudo que ela fez por ele, depois de tudo que passaram juntos até ali, Paul não conseguia imaginar-se sem ela. A garota tinha estado ao seu lado nos momentos mais complicados da sua vida, e foi difícil resistir. 

Antes do imprinting, uma das coisas que mais queria no mundo era que os vampiros desaparecessem da terra. No entanto, depois de tê-la em seus braços, tinha o pensamento egoísta de agradecer a existência de alguns deles. Não conseguia imaginar sua vida sem Wendy, sem seus sorrisos ou suas provocações. Ela tinha se tornado grande parte de sua vida, e só de pensar em perdê-la, seu peito doía. Pensar que, se o Dr. Presas não a tivesse transformado, ela estaria morta, deixava Paul com ânsia. 

O lobo somente conseguia lembrar como seus lábios rosados se separavam quando ela abria um sorriso. Como seus cabelos compridos se enroscavam entre seus dedos enquanto ele os acariciava. Como…

“Por tudo que é mais sagrado, Paul. Para com essa merda!”, reclamou Jared, desgostoso ao ouvir os pensamentos do amigo. “Eu preferia quando você odiava ela”. 

“É, cara. Você está mais obcecado que o Jared e o Sam juntos”. Quil não resistiu em adicionar.

“Como se você fosse muito diferente com a Claire, Quil”, debochou Embry, entrando na conversa. “A única diferença é que ela não é velha o bastante para você pensar sobre lábios”.

Paul bufou alto ao ouvi-los se intrometendo nos seus pensamentos. Tinha se esquecido por alguns segundos que tinha os membros barulhentos da matilha em sua cabeça, mas não resistiu a rir do que Embry falou. 

“Se ele pensasse em lábios teríamos que denunciá-lo ao conselho de menores. Tenho certeza que isso é ilegal”. Jacob não perdeu a oportunidade de tirar uma com a cara do amigo. 

“Calem a boca, idiotas”, resmungou Quil, agastado. Já estava de saco cheio de ouvir piadas desde que teve um imprinting por Claire — uma garotinha de dois anos adorável. Seus irmãos sabiam muito bem que o imprinting entre ele e Claire era diferente. Não havia nada de romântico naquilo, e enxergava ela como uma irmãzinha. 

“Eu não sei qual de vocês é mais patético”, vociferou a voz feminina de Leah com nojo. “O idiota que corre atrás da namorada de um sanguessuga que não quer nada com ele. O projeto de pedófilo que sente algo bem esquisito por uma garotinha. Ou, o que na minha opinião é o pior e mais asqueroso de todos; se querem saber, o nojento que se apaixonou pela porra de uma sanguessuga”.

“Chega, Leah”. O grito de Sam se destacou entre as vozes indignadas dos garotos.

“Chega? Eu nem comecei! Mais uma vez nós estamos metidos em uma merda que não é da nossa conta! Já bastava termos que proteger a Swan, e ainda temos que fazer isso também pela sanguessuga? Você não tem vergonha, Paul? Você batia no peito que odiava vampiros com todas as suas forças, e agora está se arrastando por um cadáver? É repugnante o que essa droga de imprinting fez com você”.  

“Você não sabe de porra nenhuma, sua…”. Paul estava completamente enfurecido com a audácia dela. Leah tinha passado de todos os limites. 

“Chega! Já deu todos vocês! Leah, depois vamos ter uma conversa séria sobre suas atitudes, mas, por enquanto, quero que vocês fiquem de bico fechado. Se eu ouvir mais alguma provocação, vou dobrar as rondas de quem desobedecer!”, ordenou Sam, impaciente. “Isso tudo não é uma brincadeira. Vamos arriscar nossas vidas lutando contra esses vampiros... E não, Leah, não estamos só lutando pela Bella ou pela Cullen. Estamos entrando nessa para fazermos o que estamos destinados a fazer, que é proteger os humanos e ajudar uns aos outros! Somos uma família, pessoal, e se alguém da nossa família corre perigo, eu espero que vocês não pensem duas vezes e vão ajudar. A Wendy é importante para Paul, assim como a Bella é para o Jacob... E o que me pergunto é se algum de vocês realmente ficaria parado enquanto seus irmãos lutam para proteger o que amam”.

Logo que Sam terminou de falar foi que Paul, mais uma vez, entendeu porque ele se tornou o alfa. Claro que Jacob era o alfa verdadeiro e blá blá blá, mas o Lahote não conseguia imaginar Jacob agindo tão sabiamente. Sam havia ajudado a todos de todas as formas possíveis, dava o seu máximo para agir da forma correta e tentar protegê-los. Ele nem conseguia imaginar o peso que o Uley sentia todos os dias, tendo tantas vidas que dependiam de suas decisões. 

“Estamos chegando até a clareira que foi combinado nosso encontro”. O alfa corria à frente do grupo. “Vamos nos manter transformados e observar de longe, não quero ninguém cometendo um erro e os atacando. Brady e Collin, vocês vão ficar mais atrás junto com Seth”. 

“O quê? Por quê?”, perguntou Seth, indignado. Ele prontamente foi seguido pelos dois mais novos membros da matilha.

“Porque vocês são uns bebezões”. Quil empurrou Collin de leve.

Paul revirou os olhos. Quil era tão infantil quanto os garotos de treze anos. 

“É mais seguro dessa forma. Vocês dois se transformaram há pouco tempo e ainda não tem controle completo, então se vocês pirarem ao sentir o fedor dos Cullen, vamos ter como segurar”, explicou Embry sabiamente. 

“E o que eu tenho a ver com isso?”, choramingou Seth. 

“Embry, me faz um favor?”, indagou Jacob, taciturno. “Cala a boca”. 

Paul ignorou a discussão e acelerou a passada para chegar mais rápido até a clareira, pois queria muito ver Wendy e já conseguia sentir o cheiro dela misturado ao do resto da sua família. 

A queimação que sentia ao se aproximar de outros vampiros, estava ali; o cheiro adocicado demais sempre o deixava com ânsia, entretanto, o perfume do seu imprinting o fazia querer correr até ela e agarrá-la. 

Os rostos dos Cullen se transformaram em expressões surpresas logo que eles viram os lobos enormes chegando. E Paul até entendeu o porquê do choque. A matilha tinha crescido absurdamente; pouco mais de um ano atrás era apenas ele, Jared e Sam, agora o número estava em dez e, somando isso ao fato de que eles eram maiores que cavalos, era com certeza uma visão e tanto. 

O rosto de Wendy se iluminou assim que ela pôs os olhos no lobo cinza-escuro. Tinha o visto várias vezes, mas nunca tinha parado para admirar como o pêlo dele era lustroso e cheio, ou como seu focinho era fofo. Ela sabia que se falasse a Paul que pensou algo como fofo para descrevê-lo, deixaria ele no mínimo irritado. 

A vampira sorriu amplamente diante desses pensamentos, e Paul, que a observava com admiração, lançou para ela o máximo que conseguia de um sorriso enquanto estava transformado. 

— Não confiam em nós o bastante para ficarem na forma humana. — O aviso do leitor de mentes para a família fez Paul bufar baixinho. 

— Olá a todos — cumprimentou o doutor Cullen, aceitando suas condições. Sam acenou com a cabeça. — Fico feliz que tenham aceitado fazer um acordo. Meu filho Jasper é especialista em recém-criados, e vai nos instruir da melhor maneira possível.

“Recém criados?”, perguntaram-se os lobos em dúvida. 

“Qual a diferença entre os recém-criados e vocês?”. Sam tomou a dianteira da situação. 

— Eles querem saber o que eles diferem de nós — traduziu Edward prontamente, engrossando a voz para se assemelhar a de Sam. Paul quis gargalhar ao ver Wendy cobrindo a boca com a mão para conter uma risada. 

— Eles não têm autocontrole. Os primeiros anos de vida é quando a nossa raça tem mais sede de sangue — explicou Jasper, posicionando seu corpo de uma maneira altiva. — Os recém-criados não conseguem pensar em mais nada a não ser na própria sede, e são extremamente impulsivos. É também quando estamos mais fortes fisicamente, então se um recém-criado colocar os braços ao redor de você… Bem, digamos que você já era.

Paul sentia todos da matilha ficarem ansiosos diante do que aquele loiro estava falando. Os sentimentos compartilhados de animação misturada com receio, a adrenalina começando a percorrer pelos seus corpos, loucos para arrancar cabeças. 

— Um recém-criado não é habilidoso em combate — continuou ele, sorrindo de lado. — Eles são irracionais demais para pensar em uma estratégia. Aqueles que têm poderes, raramente identificam antes de meses, então não se preocupem de ter uma vampira pentelha controlando todo mundo do outro lado. 

— Há, você é hilário! — O resmungou de Wendy foi seguido por uma careta.

— Dois exemplos que posso dar são a Wendy e o Emmett — anunciou Jasper, ignorando a irmã. — Ambos lutam com o instinto, não pensam em estratégias e os ataques deles são diretos e óbvios. Diferente do Emmett, a Wendy não é tão forte, mas o estilo de luta é o mesmo. Estão prontos?

Paul viu Wendy trocar olhares alegres com o grandalhão, e se mover junto a ele para o centro da clareira. Os dois se posicionaram em lados opostos ao loiro que falava, ambos com semblantes maliciosos. 

O lobo sentiu algo em seu interior congelar. A imagem do seu imprinting indefeso, lutando com vampiros que tinham o dobro do seu tamanho… Ele encarou o braço do vampiro de cabelos escuros, e voltou seu olhar para Wendy. Aquele cara poderia esmagá-la em dois segundos! 

— Eu vou mostrar para vocês como eu faria se fosse encurralado por dois... 

O rosnado enfurecido dele ecoou por todo o lugar. Não tinha passado na cabeça de Paul como ele se sentiria ao ver Wendy realmente lutar. E céus, ele se sentiu péssimo

“Ela não vai lutar!”, determinou o Lahote, desesperado.

— O que foi, Paul? — Wendy perguntou soando extremamente preocupada, e olhou diretamente nos olhos dele. — Aconteceu alguma coisa?

“Paul, não”. Sam se virou para encará-lo.

“Ela não pode lutar, Sam”, afirmou ele novamente. “E não vai”.

“Paul, ela é a droga de uma vampira! Sabe muito bem se cuidar”. Leah estava mais que exasperada.

“Ela é o meu imprinting”, gritou Paul para a loba. Mas ela não baixou a cabeça. 

“E uma vampira!”, berrou Leah de volta, grunhindo. 

— Ele está preocupado, não quer que a Wen lute. — Edward contou a Bella e aos vampiros o que estava se passando entre os lobos. — Estão brigando. 

— Paul! — Wendy andou na direção dele, e se colocou entre o Lahote e a loba. — Paul, se acalma. É só um treino. Meus irmãos não vão me machucar. 

“É, mas os outros sanguessugas não vão pensar a mesma coisa”, rebateu ele, esquecendo que ela não podia ouvi-lo. 

— Ele não quer que você lute na batalha — explicou Edward ao ver a confusão da irmã. 

— Paul, não precisa ficar assim, eu sei me defender. — A Cullen fitou os olhos castanhos enormes.

“Você não pode! O loiro esquisito até falou que você não sabia lutar direito, e quer que eu não me preocupe?”. 

— Ele… — começou Edward, semicerrando os olhos. — Wen, acho melhor vocês conversarem sobre isso a sós. 

“Vai, Paul”, mandou Sam, exausto. “Repassamos tudo pra você depois”. 

Paul concordou e correu ao lado de Wendy até que estivessem longe o bastante da clareira para não serem ouvidos. Pouco mais de 3 quilômetros, pararam em meio a um tronco caído. Aproveitando que ela estava virada de costas para ele, o lobo voltou para a forma humana e se enfiou no short jeans que ele deixava amarrado em uma de suas pernas. 

— Pode virar. 

Wendy se virou para ele lentamente, e Paul sentiu uma vontade imensa de agarrá-la, no entanto se conteve, pois estava se preparando para uma briga imensa. Sabia que não ia ser fácil convencê-la a ficar de fora. 

— Nem abra a boca — determinou ela, assim que percebeu que ele ia começar a falar. — Eu vou falar primeiro. 

Ele bufou e aceitou a contragosto. 

— Paul, eu sei que você só está preocupado comigo, também não quero te perder. Nós mal começamos o que quer que esteja acontecendo entre nós, e eu… Você não tem o direito de me pedir pra não lutar. Não quando você vai fazer de qualquer jeito. 

— Você não entende — discordou Paul, suspirando. — Eu não vou conseguir… Eu não posso…

Wendy não aguentou vê-lo tão aflito, e num impulso, passou os braços ao redor dele e o abraçou. 

— Eu sei. — Ela sussurrou com a cabeça encostada no ombro dele. — Mas eu não posso aceitar. Como acha que eu ficaria se alguém que eu amo morresse sem eu estar lá?

— Como acha que eu vou ficar se algo acontecer com você? — retrucou ele, retribuindo o agarre. 

— Ei, você esqueceu de um detalhe. — Ela afastou a cabeça para olhá-lo nos olhos. 

— O quê?

— Eu sei que o que o Jasper disse sobre minha maneira de lutar te assustou.

E como — desdenhou ele, revirando os olhos. — Qual é o detalhe?

— Meus poderes — revelou Wendy como se ele fosse estúpido. 

— Seus poderes não vão…

— Paul, minha família nunca me permitiria lutar se não soubesse que sou capaz! Eu posso não ser muito habilidosa na luta, mas com os meus poderes ninguém sequer vai poder me tocar direito, eu prometo. Além disso, pensei que você tivesse dito que ia ser fácil. 

O Lahote encostou a testa dele na dela e resmungou baixinho, dando-se por vencido. 

De todas as pessoas do mundo, tinha sido pareado com uma mais teimosa que ele. 

— Você vai acabar me matando um dia desses. 

Wendy riu alto. 

— Você se acostuma. — Ela moveu as mãos para o pescoço dele e bagunçou seus cabelos. 

— Já que insistiu tanto em lutar e me fez o mais infeliz dos homens, porque não dorme comigo pra me consolar? — indagou Paul, enfiando o nariz no meio dos fios macios dela. 

— Como você é cara de pau, Paul.

 


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