A normal life escrita por Dark Angel


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Depois de quatro anos sem me arriscar e me mostrar ao mundo, aqui estou eu, tentando.
Espero que apreciem a história tanto quanto eu.
Trata-se de universo alternativo onde Rey e Ben não tem um fim tão trágico, mas sim uma vida mais simples, mais normal.
Hope you enjoy it!
?”D.A.



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Havia um vazio em meu peito. Um buraco que, apesar de estar esporadicamente preenchido por algo, continuava me fazendo sentir vazia. Às vezes, os dias pareciam longos demais e eu me tornava incapaz de segurar a dor dentro de mim. Ela sempre transbordava por meus olhos. Às vezes, as lágrimas não eram suficientes para expurgar a sensação de vazio e gritos de dor as acompanhavam. 

Eu sabia que a cena assustaria qualquer um que visse, por isso me escondia. Não se tem muita privacidade quando se divide quarto com mais três meninas. As desvantagens de morar em um orfanato. 

Olhei para a janela molhada pela chuva e, através do céu cinzento, pedi aos céus por um milagre. Qualquer coisa que me fizesse parar de sentir esse buraco dentro de mim. 

Eu já não tinha esperanças de que meus pais viessem me buscar, afinal, se fossem fazer isso, já o teriam feito. 

Eu não tinha muitas lembranças de antes de chegar ao orfanato, tinha apenas cinco anos quando vim parar aqui. Uma criança jovem e adorável vai ser adotada facilmente, me disseram. E eu acreditei. Na primeira vez em que uma família me escolheu, ficou comigo por duas semanas. Na segunda vez, a família ficou comigo por 32 dias. Eu não sabia o que havia feito de errado, eu era só uma criança. 

Agora, completando dezessete anos hoje, preciso de um plano para o futuro. Aos dezoito anos as crianças deixam de ser responsabilidade do orfanato e são convidadas a se retirar. 

“Por favor, Deus, faça algo. Eu não sei o que fazer...” pensei, ainda observando pela janela. 

Um carro preto e de aparência luxuosa entrava pelos portões de entrada.  

“Pelo menos alguma criança vai ganhar uma família logo”, pensei. Mas não me dei o trabalho de ver quem viera escolher um filho ou filha. Eu já não tinha chances mesmo, para que me desgastar no processo de tentar? 

Permaneci olhando a chuva cair por um tempo que pareceu uma eternidade, até uma das crianças me chamar dizendo que a Madre Kanata queria me ver. 

Levantei de meu assento e passei as mãos sob os olhos, esperando ser capaz de camuflar que andei chorando.  

Desci o lance de escadas lentamente, tomando o tempo para me recompor. 

Quando cheguei à frente do gabinete da madre dei uma batida na porta e ouvi um suave “entre”. 

Lá dentro estava a senhora que vinha cuidando de mim há tantos anos. 

Eu nutria carinho pela madre Kanata, ela fora o mais próximo que havia tido como família naquele lugar. 

—Mandou me chamar, Madre? - perguntei, sem saber o que dizer. 

Havia uma mulher ali, além da Madre. Ela era loira e mesmo estando sentada e de costas para mim, eu sabia que era muito mais alta que eu.  

—Sim, Rey. Entre e sente-se, por favor. 

Fiz como me fora pedido e senti um arrepio correr por minha coluna. Algo vai acontecer agora, algo que vai mudar tudo, meu instinto me dizia. 

E eu estava certa. 


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