O clima frio de Londres fazia com que flocos de neve caíssem sobre os cabelos claros de Draco, que caminhava rápido pelas ruas abarrotadas de gente. A caixa do violino presa de forma firme embaixo de seu braço e a manta verde e prata circulando o pescoço esguio para atacar o vento. Já estava quase na hora em que o herdeiro dos Malfoy se apresentava e o garoto sentia que estava atrasado.

Era sempre ao meio dia em frente a cafeteria dos Potter.

Fazia aquilo por amor. Era estudante de música, mas desde pequenino mantinha um apreço enorme por música clássica devido ao seus pais. Lucius o ensinou a tocar piano e Narcissa o mostrou a beleza do violino e suas notas doces. O mais novo dos Malfoy era grato por tudo que os pais tinham o ensinado, e era mais grato ainda por ambos terem aceitado sua vontade de cursar aquela faculdade em específico, deixando-o livre para trilhar seu caminho como desejasse. Amavam o filho e queriam o melhor para ele, mesmo que isso fosse cantar todas as manhãs apenas para mostrar aos outros a leveza que a música carregava consigo.

Ele não precisava de dinheiro e por isso gentilmente recusava quando alguém oferecia, demonstrando que sua paixão era estar ali para tocar e compartilhar as sensações trazidas pelo violino branco.

Chegou em seu local de destino após alguns minutos, sorrindo para algumas pessoas que já o esperavam por ali. Deixou a caixinha do violino sobre a neve fofa e se posicionou para tocar, fechando os olhos graciosamente quando os primeiros sons se fizeram presentes.

[...]

Lily Potter apenas sorria encantada para seu filho mais velho, que parecia enfeitiçado pelo rapaz que aparecia ali diariamente. Já havia notado os olhares de seu primogênito, mas queria deixa-lo perceber sozinho seu evidente interesse no loiro alto. Bufou para si mesma quando Harry virou seu rosto e encontrou os olhos verdes da mãe o observando.

As bochechas do moreno ficaram avermelhadas por ser pego em flagrante.

— Porque não vai lá falar com ele? - questionou, prendendo os cabelos ruivos em um coque apertado — Está sempre babando pelo garoto, Harry! Dizer um "oi" não mata ninguém - provocou, rindo da careta do filho.

— Eu não fico babando, mãe! - disse exasperado, coçando a nuca.

— Estão falando do meu futuro genro? - disse uma voz grossa, se fazendo presente. James carregava a pequena Elise consigo, brincando com a pequena bebê que soltava gargalhadas — Qual é, filhão, você baba mais que sua irmã quando olha pra esse garoto. 

Harry revirou os olhos, a vergonha tomando conta de seu corpo magricela. Já tinha dezessete anos, mas sempre seria o garoto desengonçado que fora aos doze quando recebeu seu primeiro fora.

O primeiro de muitos, diga-se de passagem.

A sineta da cafeteria tocou e então os dois melhores amigos de Potter entraram, conversando e rindo enquanto mantinham os dedos entrelaçados. Hermione abraçou os pais de Harry, beijou a bochecha de sua irmã mais nova e observou quando o namorado fez o mesmo.

— Ei Harry, ainda vidrado no platinado ali? - questionou Ronald, já mordiscando uma das deliciosas rosquinhas que Lily fazia. 

Granger apenas deu de ombros quando o melhor amigo a olhou indignado, concordando com o namorado.

— Sabe que é verdade, Harry. Ele é tão talentoso, você ama vê-lo tocar... porque não o chama para um café? - sorriu convencida pela ótima ideia que teve. Sabia que o amigo era lerdo o suficiente para tomar uma decisão sozinho, precisava de um empurrãozinho — Espera, aquela conversando com ele não é Pansy Parkinson? Ela estuda conosco, H!

E como se tudo estivesse a seu favor, a morena de cabelos curtos e roupas escuras entrou no estabelecimento.

— Um latte, por favor - disse para a ruiva, que sorriu. A garota se virou para o grupo de jovens que a olhava, arqueando as sobrancelhas ao que um riso escapou de seus lábios — Uhm, oi?

Ron cutucou as costelas de Potter, fazendo com que o moreno se sobressaltasse. Ajeitou os óculos de armação redonda no lugar e pigarreou.

— Oi, Pansy. Sei que vai parecer estranho mas você é amiga do garoto que toca violino? - perguntou curioso, ouvindo a risadinha dela — O que?

— O nome dele é Draco Malfoy e ele está louco pra que você o chame pra sair.

[...]

Assim que a apresentação acabou, Malfoy agradeceu as palmas e elogios que recebeu, guardando com cuidado seu precioso violino. Estava abaixado quando uma sombra tampou o pouco sol que despontava no céu, fazendo-o olhar para saber o que estava acontecendo.

Um sorriso brilhante se espalhou por seus lábios finos ao avistar o moreno da cafeteria, com dois copos de isopor em um suporte de papelão.

— Oi, meu nome é Harry Potter e eu admiro muito seu talento. Quer dizer, você toca de uma forma tão bonita e dá pra ver todo o amor que carrega pelo que faz - tagarelou, sorrindo de cantinho ao ver as bochechas e o nariz de Draco vermelhos — Uh, eu sei que parece estranho mas quer tomar um café comigo? - e então balançou levemente o suporte de papelão, encolhendo os ombros.

— Ei Potter, me chamo Draco. Mas acho que minha amiga ali já te disse isso - respondeu risonho ao que a morena saiu da cafeteria, gritando um breve "tchau pombinhos" antes de se afastar de forma graciosa — E eu quero sim tomar um café com você, estava esperando o convite antes de eu mesmo fazer.

Ambos riram baixo, trocando olhares cúmplices quando se sentaram em uma das mesas dispostas do lado de fora do estabelecimento. Engataram em uma conversa que fluiu, conhecendo melhor um ao outro.

Lily, James e Hermione sorriam de forma genuína ao ver as interações dos jovens garotos.

E Ron mastigava sua rosquinha, torcendo para que o melhor amigo encontrasse naquele rapaz simpático tudo que ele próprio havia encontrado em Granger.