É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 36
Capítulo 36 – Como deve ser




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Capítulo 36 – Como deve ser

— Peter...

Ele riu e soluçou ao mesmo tempo ao ouvi-la dizer seu nome. Gamora acariciou sua bochecha, secando as lágrimas que escaparam.

— Você deixou a barba e o cabelo crescerem um pouco – ela comentou.

— Não parecia mais importante...

Gamora sorriu.

— Você está lindo. Embora eu goste do visual antigo e sinta falta dele tanto quanto gostei desse – ela brincou com os fios de sua franja, achando adorável como o ruivo claro dos cabelos dele mudava para louro dourado nas pontas quando os fios ficavam maiores, deixando mesclas encantadoras em seu cabelo.

Peter soluçou novamente, deixando que Gamora o puxasse para seu ombro, permitindo que ele chorasse à vontade. O corpo do terráqueo enrijeceu por um instante, e ainda se lembrando perfeitamente de tudo que sabia sobre ele, Gamora identificou no mesmo instante que ele estava preocupado com a batalha, com os civis e com os outros Guardiões.

— Está tudo bem – Gamora disse em seu ouvido, não se julgando quando percebeu suas próprias lágrimas ao falar – Nós precisamos chorar agora. Vamos fazer isso. Nossa família pode dar conta por mais algum tempo. E quando isso acabar, colocaremos tudo em dia.

Peter chorou compulsivamente agora, abraçando-a como se fosse morrer caso não o fizesse. Gamora fez o mesmo, embora sua preocupação com Meredith a estivesse enlouquecendo. Eles levaram alguns minutos para conseguirem se recompor, sentindo dor de cabeça pelo cansaço físico e emocional trazidos pelo choro e ignorados pela urgência da situação em volta. Mas era pouco em comparação a tudo que Gamora já tinha suportado.

— Gam... – Peter se afastou para vê-la e falou com um olhar apaixonado, brincando com seus cabelos enquanto os afastava do rosto, e fechando os olhos por um instante para gravar novamente a textura suave de sua pele verde – Onde você esteve? Como...? – Voltou a perguntar.

— Depois... Você precisa saber de uma coisa antes que essa batalha realmente comece. Você recebeu o que eu enviei? – Gamora perguntou com urgência e seriedade, olhando no fundo de seus olhos verdes e exigindo total atenção dele, as mãos dela apertando o tecido da camisa em seu peito demonstravam isso.

— Eu sei. Eu já sei... – Peter sorriu.

— O que você sabe?

Peter abriu o sorriso mais lindo do mundo, e só a urgência da situação a impediu de desabar novamente nos braços dele.

— Como você queria que eu não soubesse se você deu o nome da minha mãe pra ela? A primeira coisa que ela falou foi chamar Rocket de Projeto de Panda. E com tudo que aconteceu depois... Eu sei que ela é minha.

Gamora ficou em silêncio, em choque, alegria e confusão ao mesmo tempo.

— Quem a entregou a vocês?

— Ninguém – Peter respondeu confuso – Ela nos achou. De repente ela correu pra Mantis na feira de peças pra naves em Merx.

— Como... Como sabe que...? Eu vou matar aquele desgraçado!!

— O que?! Quem? Gam! – Ele chamou para que ela o olhasse.

Peter só a chamava assim em alguns de seus momentos mais íntimos, e seu coração pulou de alegria por ele ainda fazer isso, e duas vezes dentro de tão pouco tempo.

— Mere está com a gente. Ela está bem. Mas quem você quer matar e por que?

— Como?

— Mantis a encontrou por acaso, fugindo de algo ou alguém. Só hoje ela nos disse de quem estava fugindo.

Gamora ficou em silêncio enquanto reconhecia o lugar onde havia se separado de Adam e Mere, e deduzia o ocorrido. Meredith sempre fora mais esperta que o normal e nitidamente tinha o mesmo dom de Peter para escapar de situações improváveis.

— Eu vou definitivamente matar aquele desnaturado!!

— De quem estamos falando?!

— Mamãe!! – A voz de Meredith os interrompeu, e a pequena veio correndo da direção oposta por onde haviam entrado na rua, se jogando nos braços de Gamora quando a zehoberi se virou para ver a criança.

A guerreira apertou a filha em seus braços, respirando rapidamente enquanto seu coração acelerava outra vez pelo choque e estresse de tudo de que estava acontecendo ao mesmo tempo. Ela sentiu Peter abraçar as duas e por alguns segundos respirou em paz, querendo ficar ali para sempre, onde sempre deveriam ter estado, como sempre deveria ter sido.

— Você devia estar na base da Tropa Nova – Peter falou com calma, sem desfazer o abraço.

— Eu fiquei com medo de jogarem uma bomba lá e fugi.

— A estrutura é resistente, querida. Não é qualquer coisa que pode destruir por fora – Peter respondeu.

Gamora sentiu seu coração queimar por emoções que nem conseguia mais identificar ao perceber a familiaridade já criada entre sua filha e o pai, e aqui mais um de seus temores infundados se dissolveu.

— É aqui que sempre devíamos ter estado. É assim que sempre deveria ter sido – Gamora não pode deixar de dizer e sentiu Peter abraça-las mais forte.

— E é como sempre vai ser agora – o Senhor das Estrelas murmurou emocionado.

Meredith fechou os olhos, também querendo sentir e guardar o momento, mesmo que não estivesse entendendo perfeitamente tudo que estava acontecendo.

Em algum lugar eles ouviram as músicas terráqueas de Peter ecoarem pela batalha, e Rocket rir no autofalante enquanto ameaçava os capangas de Aster. Como se o destino os estivesse observando e se divertindo muito com a situação, Wham Bam Shang a Lang começou a tocar, e uma frota de naves douradas surgiu no céu de Xandar enquanto a frota da Tropa Nova voava contra elas, já atacando. Havia menos naves do que Peter e Gamora esperavam dos Soberanos, e todas eram não tripuladas, como eles também já sabiam.

— Eles estão em alguma crise financeira ou de recursos? – Peter perguntou.

— Não que eu saiba. Aster atacou o planeta deles e Merx ao mesmo tempo, depois veio pra cá. Algo pode ter acontecido lá ou no caminho. Eu ia avisar sobre isso daqui a pouco – Gamora falou.

Peter deu um beijo em seus cabelos, deixando claro que isso não importava, e ficando mais preocupado quando uma nave maior, e certamente tripulada desceu ao solo.

— Meu amor, você viu Alia ou Adam na base?

— Não. Acho que Alia tá lá, mas não vi.

— Essa não é a nave que nos levou até Merx. E Adam não precisa necessariamente de uma.

— Quer dizer que esse cara pode voar no vácuo do espaço igual à Carol Danvers?

— Não sei de quem se trata.

— Também a chamam de Capitão Marvel. Ela sofreu um incidente que contaminou o sangue dela com partículas do Teseract. Ela tem habilidades especiais desde então, como super força e velocidade, voo, sobreviver ao vácuo e atravessar naves gigantes de super vilões sem sofrer um arranhão, só pra começar.

— Espero que esteja do nosso lado.

— Felizmente sim.

— Ela é legal? – Meredith perguntou.

Peter sorriu, sentindo o coração apertar com boas lembranças.

— Sim, ela é.

— Quero conhece-la depois.

— Quando sobrevivermos a mais essa batalha, tentamos arranjar isso, docinho – Peter prometeu – Agora você tem que voltar lá pra dentro e ficar segura com Dey e Nova Prime.

Peter desviou a atenção da namorada e da filha quando notou alguém dourado se aproximando pelo mesmo lugar de onde ele tinha vindo. Ele estava pronto para atirar em Ayesha quando percebeu que se tratava de um homem. Era grande e forte, e parecia jovem. Instintivamente ele se pôs na frente das duas com os dois blasters em mãos, e pode sentir a raiva tomar suas feições. O homem parou sem fazer nada sobre isso e olhou para as duas.

— Mere... – ele disse gentilmente com um leve sorriso.

Sua voz era suave, e a situação fez Peter lembrar de quando conheceram Thor, esse cara poderia ser alguém com quem ele iria implicar, mas agora o que sentia era medo e raiva. Como ele, sendo um soberano, depois de tudo que Gamora e Meredith haviam lhe contato, se atrevia a aparecer do nada e falar com sua filha desse jeito?!

— Escuta aqui, cara – Peter o interrompeu – Você pode quebrar a minha alma, me bater, me ferir... Mas pelo amor de Deus, não toque nelas! – Falou em tom de ameaça e suplica ao mesmo tempo – Eu e você vamos nos resolver em outro lugar, elas vão sair daqui, e se qualquer um de vocês segui-las, bater não vai ser a única coisa que eu vou fazer dessa vez!

Gamora não entendeu do que Peter estava falando, mas o observou encarar os olhos dourados de Adam por mais alguns instantes.

— Eu nasci pra matar todos vocês – ele disse, e Gamora viu Peter segurar os blasters com mais força – Mas isso nunca fez muito sentido pra mim. As informações não batem. Se seres vivos gerados de maneira natural herdam os traços de seus progenitores, Mere deveria ter algum sinal da maldade e desonestidade que a sacerdotisa me falou quando nasci. Mas eu nunca vi isso nela. Gamora e Meredith já sabem. Estamos do mesmo lado. Peter é o seu nome, não é? Me desculpe pelo susto no meio da madrugada.

Peter ficou confuso por um segundo, então se lembrou.

— Então era você?! Fez todo mundo na nave achar que ficamos malucos e tivemos sonhos e chamados estranhos!

— Não foi intencional. Eu ainda estava aprendendo a usar minhas habilidades. Eu mesmo não entendi o que aconteceu naquela noite. Foi assim que passei a desconfiar que vocês estavam vivos.

— Se você sabe tanto, se veio aqui e saiu sem ninguém ver, por que não voltou muito antes?!

— Eu não vim fisicamente... É uma história complicada pra explicar tão rápido.

— Você explica depois que eu atirar em você.

— Papai!! Não! Ele ajudou a gente muitas vezes!

Peter olhou das duas para Adam, vendo Gamora confirmar com um aceno de cabeça. Adam ergueu as mãos em rendição, e lentamente Peter abaixou um blaster, depois o outro, mas sem tirar os olhos de Adam ou prender as armas nos coldres.

— Onde está Ayesha?! – Gamora perguntou – E a bateria?!

— A bateria está segura no nosso reino. Quanto à sacerdotisa, não temos tempo! Ela está na nave falando sobre as últimas dificuldades que enfrentamos, e recrutando sabe-se lá mais quantas naves não tripuladas. Ela me mandou procurar todos vocês, especialmente você. A única que não quer é Meredith. Saiam daqui e me deixem lidar com Aster.

— Nós não fugimos da batalha!! – Escutaram Drax gritar, correndo em direção a Adam, antes que Mantis conseguisse terminar de pedir para ele esperar.

Sem o mínimo esforço, Adam ergueu Drax do chão segurando-o por um dos pulsos. O destruidor continuou tentando ataca-lo com a adaga da outra mão, enquanto se contorcia no ar pela falta do chão abaixo de seus pés. Adam desviou do golpe e segurou facilmente a outra mão de Drax para cima, fazendo com que o guerreiro passasse a tentar chutá-lo. Os outros Guardiões ficaram observando no que parecia uma cena tensa e cômica ao mesmo tempo. A confirmação disso é que Meredith gargalhou.

— Você não vai conseguir, tio Drax. Para de dançar e fica quieto.

— Só pessoas patéticas dançam! – Drax gritou, continuando suas investidas contra Adam.

— Gamora – Peter chamou com a voz séria e gentil de quando falavam de algo realmente sério, guardando seus blasters e se aproximando dela – Querida, só você sabe. Não que eu não confie em Mere, mas... Duas opiniões são melhores do que uma. É verdade, meu amor?

— Quando eu estava com cinco meses... Ayesha me deu uma informação falsa. Não sei dizer se ela sabia ou não da verdade, e só se aproveitou disso pra me atingir, mas aquilo me fez muito mal. Eu quase perdi Meredith. Adam foi quem nos salvou. Alia levou uma enfermeira pra me ver. Adam também me forneceu medicamentos que precisei em outra ocasião. Ele tem me relatado coisas em segredo, me informado sobre o que descobriu a respeito de vocês, e nos ajudado a planejar uma fuga. Só não sabíamos ainda qual seria o jeito mais seguro. Então Ayesha me propôs um acordo. Estava quase acabado até tudo isso começar.

— Eu não contei a ela tudo que aconteceu em Merx. Ela acha que você e Meredith fugiram com Alia e o piloto durante o conflito. Aster ameaçou vir aqui caçar o restante dos Guardiões, então a sacerdotisa insistiu em vir também quando não encontramos vocês. E sinto muito por perder Meredith. Alia ficou pra trás principalmente pra procura-la quando fui combater Aster.

— Ela tem o dom do pai em ser furtiva... Acabou de repetir o mesmo e ninguém da Tropa Nova parece ter percebido ainda. Nós tínhamos um plano, mas...

— Eu fiquei com medo, e encontrei os Guardiões na feira.

— Tudo bem, meu amor – Gamora a tranquilizou – É assim mesmo que era pra acontecer, só que aqui em Xandar.

Adam soltou Drax no chão quando ele quase conseguiu lhe acertar um chute, causando um pequeno estrondo com o peso do guerreiro.

— Para com isso! – Mantis tocou o topo da cabeça de Drax, fazendo-o parar de tentar alcançar Adam e se levantar – Ele é confiável.

— Eu sou Groot?

— Eu consigo sentir. Eu senti tudo de bom e toda a confiança de Meredith quando ela fala dele e de Alia – Mantis sorriu.

— Agradeço – Adam sorriu de volta – Mas precisamos decidir o que fazer. A sacerdotisa vai sair da nave a qualquer momento. As naves que já temos aqui estão procurando vocês por Xandar ou sendo temporariamente interceptadas pelos subordinados de Aster.

— Nós somos os Guardiões da Galáxia – Peter falou com seriedade – Drax está certo. Nós não fugimos assim. E também não vamos agora.

— Vamos deixar Meredith em segurança, parar Aster, e depois ter uma conversa muito séria com Ayesha sobre todas as nossas pendências. E precisamos encontrar Alia. Ter certeza que ela está aqui e bem.

— Agradeço a consideração com minha irmã – Adam respondeu a Gamora.

— Irmã?! – Gamora e Meredith exclamaram juntas.

— Longa história. Ela nem sabe ainda.... Mas se ela estiver na base, eu posso levar Meredith de volta e verificar isso.

— Pode ir parando por aí, grandão – Rocket finalmente falou, depois de muito tempo abismado apenas observando a situação – Você não vai a lugar algum sozinho com ela. Um de nós vai junto, menos o Drax. Ele já provou que não pode com você!

— Ei!

Antes que Drax, ainda sentado no chão, pudesse continuar sua reclamação, eles ouviram o grito de alguém sendo jogado para longe, e um resmungo impaciente de Nebulosa. Tinham esquecido completamente que não estavam todos ali ao ver Gamora. A semi android entrou na rua em que estavam, adquirindo uma expressão abismada e olhos arregalados ao ver a irmã. Gamora colocou Meredith no chão quando Nebulosa começou a praticamente correr em sua direção e fez algo que nenhum dos Guardiões esperava viver o suficiente para ver, abraçou a irmã com força, até mesmo fechando os olhos enquanto Gamora retribuía e as duas respiravam profundamente juntas. O momento durou quase um minuto inteiro, e nenhum deles pode evitar um sorriso sincero diante disso, nem mesmo Rocket.

— Nebulosa... – Gamora murmurou emocionada.

— Não diga.

Gamora riu, vendo que sua irmã não havia mudado quase nada.

— Também senti saudade.

Nebulosa assentiu a apertando mais forte antes de soltá-la. Por um instante os Guardiões só se entreolharam, até que o olhar da zehoberi encontrou o de Rocket.

— Você é ela mesmo? Nossa Gamora? – Ele perguntou com olhos brilhantes e uma voz quase chorosa, e Gamora sorriu, sabendo o quanto o guaxinim devia estar se odiando por não conseguir manter sua aparente frieza.

— Onde você acha que Meredith aprendeu a chamar você daquele jeito?

— Não começa! – Ele reclamou, fazendo todos caírem na gargalhada.

Gamora andou até o pequeno amigo e se ajoelhou para alcançar sua altura, abraçando Rocket e sentindo as patas do guaxinim a envolverem de volta. Em menos de um segundo todos os Guardiões estavam no chão se unindo ao abraço. Peter a sua direita, Nebulosa à esquerda, Meredith e Groot um em cada lado de Rocket, Mantis e Drax a alcançando por cima dos dois menores membros da família enquanto cada um deles murmurava um choro baixo a sua maneira, e Peter beijava sua têmpora. Abrindo os olhos, Gamora viu Adam de pé, sorrindo, e retribuiu o gesto, antes de se permitir fechar os olhos mais um pouco e apertar o abraço quando todos os Guardiões também fizeram o mesmo, querendo levar aquele instante de paz como força para a batalha inevitável em volta deles. ‘Como deve ser’, Gamora pensou, respirando fundo para levar cada sensação que tinha agora profundamente ao seu coração.

******

— Adam! – Ayesha o procurava após sair da nave, depois de uma longa, estressante e irritante comunicação remota com o conselho, que aceitou fornecer apenas um terço das naves não tripuladas solicitadas para essa emergência.

A preocupação com os recursos gastos foi deixada de lado quando a sacerdotisa sentiu a pressão familiar do ataque da lança de Aster, que parecia literalmente querer impor o peso de mil estrelas em seus ombros. Orgulhosa como sempre, Ayesha resistiu e forçou seus joelhos a não se curvarem, conseguindo desviar a tempo da investida. Virando-se para procurar sua adversária, a viu quase que em cima da hora, e saltou para não ser derrubada pela lança passada com agilidade sobre o chão, na intenção de derrubá-la pelos pés. Não costumava lutar, eram sempre outros soberanos que faziam isso, mesmo porque a rigidez de suas regras para proteger a honra de seu povo desencorajava quase que totalmente os interessados em qualquer conflito. Mesmo assim, Ayesha sabia se defender quando necessário.

— Onde esteve após danificar meu palácio?!

— Caçando Gamora! – Aster respondeu antes de brandir a lança em sua direnção novamente, e ver Ayesha tornar a desviar – Meu subordinado não teve competência pra isso. Então eu mesma vim depois que vocês a deixaram fugir!

— Era um dos seus que estava lutando com ela quando isso aconteceu! – A sacerdotisa gritou de volta para ser ouvida através dos sons misturados de tiros, armas brancas, socos e gritos da batalha.

A essa altura, subordinados de Aster, soldados da Tropa Nova e até alguns civis mais corajosos, atrevidos, ou talvez mais experientes, ou sem noção alguma do perigo, combatiam uns aos outros nas ruas alcançadas pela rebelião da garota.

— Bem que minha mãe dizia que se quer um serviço bem feito, faça-o você mesma. É por isso que Thanos morreu! – Aster comentou enquanto tentava atingir Ayesha com sua lança, mas conseguindo acertar apenas o chão – Até que você sabe se defender pra uma sacerdotisa que parece nunca sair do trono de rainha pra nada.

Ouvindo tamanho insulto, Ayesha rosnou, jogando-se em cima de Aster, que diante do movimento inesperado foi pega de surpresa e caiu para trás, com Ayesha segurando seu pescoço.

— Pouco me importa que ainda seja uma criança! Agora eu a condeno à nossa pena máxima junto com os Guardiões da Galáxia!! Nosso povo não tolera...

A sacerdotisa foi interrompida quando Aster arranhou sua bochecha com as unhas.

— ... insultos! – Ayesha completou a frase com raiva, devolvendo o golpe antes das duas começarem a tentar enforcar uma a outra, quase rolando pelo chão.

De longe, os Guardiões e Adam observavam.

— Ela é muito forte, mas a mente ainda em formação a faz puxar o próprio tapete às vezes, que nem agora – Adam comentou.

— Acho que esse é o momento pra você e Neb levarem Meredith e procurarem sua irmã. Nós vamos ficar aqui nos divertindo explodindo todos esses brinquedinhos voadores que vocês trouxeram – Rocket falou com um sorriso debochado.

— Se me chamar assim de novo vou derreter suas melhores armas – Nebulosa ameaçou.

— Bem que você disse – Adam falou para Gamora, compartilhando uma risada discreta com ela.

— Peraí! Disse o que?! – Rocket quis saber, sendo acompanhando por um olhar curioso e indignado de Nebulosa.

Gamora ignorou o guaxinim, passando pelos outros Guardiões junto com Peter e Meredith. O casal se ajoelhou diante da filha e a abraçaram, cada um beijando uma de suas bochechas.

— Pare de tentar se matar como seu pai. Um dia provavelmente vai chegar sua vez de dançar pra salvar a galáxia, mas esse dia não é hoje. Você nem assistiu Footlose ainda.

Meredith riu, e a zehoberi não perdeu o olhar emocionado de Peter diante de suas palavras.

— Se alguma coisa der errado, e não vai, porque sua tia Nebulosa é tão perigosa quanto a mamãe...

— Consigo ser mais ainda – Nebulosa falou com seriedade.

Peter revirou os olhos, fazendo Gamora rir.

— Se isso acontecer – ele continuou – Enforque quem quer que seja como você fez comigo hoje cedo, ok?

— Certo, papai – ela sorriu.

Os três voltaram a se abraçar antes de Meredith deixar Adam pegá-la no colo.

— Vamos ser rápidos – ele prometeu.

Nebulosa trocou um olhar confiante com a irmã antes de começar a se afastar com Adam e Meredith, que acenou em despedida para a família, que sorriu e acenou de volta enquanto os viam correr e desaparecer em outra direção.

 - Temos algum plano? A criança não vai ficar distraída brigando com a sacerdotisa pra sempre – Drax pontuou, num dos raros momentos em que ele parecia realmente pensar sobre a situação.

— Eu e Rock vamos voar, tentar derrubar aquelas naves. Você e Gamora pegam os caras aqui no solo. Mantis apaga os que conseguir, bem pesado se puder, e Groot dá cobertura a ela. Se você precisar tomar distância, aproveita sua habilidade de saltar e grudar nas superfícies pra fugir. O parque tem muita área aberta, mas ainda temos árvores.

— Vão servir. Consigo me camuflar bem nelas.

— Perfeito! Vamos acabar com isso e sobreviver, gente. E levar toda a nossa família pra casa – Peter falou, olhando com amor para a amada, que sorriu.

                Mantis segurou a mão do irmão com um sorriso confiante, incentivando todos os demais Guardiões a fazerem o mesmo, até Rocket, ainda que ele tivesse erguido os braços para o ar e revirado os olhos em indignação antes de fazê-lo.

                - Pronto. Todo mundo de mãos dadas. Seis otários de mãos dadas. Tá feliz agora? – Ele perguntou a Peter, que quase chorou novamente ao se lembrar da primeira vez que estiveram numa situação parecia, muitos anos atrás.

— Eu te amo, cara.

— Vai ser brega assim lá na sua Terra! – Rocket respondeu, fazendo todos gargalharem.

— Certo! Vamos nessa!

Eles se separaram, cada um tomando suas posições, mas Gamora o sentiu segurar seu braço quando pretendia seguir Drax.

— Espera... Gam, você está bem pra lutar? Está ferida, fraca ou abalada? Eu não quero que você corra 0,001% de qualquer risco depois de tudo isso.

Gamora tomou o rosto dele nas mãos e suspirou.

— Estou bem. Só... Mentalmente exausta. Mas acho que posso lidar com mais uma batalha. Eu sobrevivi a Thanos. Várias vezes.

Gamora acariciou a bochecha do amado ao ver seus olhos se encherem de lágrimas.

— Eu não quero perder você de novo. Foram nove anos sem você, mesmo que eu só tenha realmente vivido quatro.

— Na primeira vez que nos vimos eu disse que você era um homem de honra. E estou dizendo de novo agora porque sei que isso é verdade. Espero que você acredite no mesmo vindo de mim, porque eu prometo que quando isso acabar, nós vamos pra casa todos juntos, como sempre deveria ter sido.

Gamora sentiu seus olhos queimarem com as próprias palavras, e Peter secou seu rosto quando as lágrimas escaparam.

— Eu te amo mais do que tudo.

Ele apertou os olhos, deixando novas lágrimas também escaparem, e a puxou num abraço apertado.

— Eu te amo mais do que tudo – respondeu para a amada – Pra sempre. Você e nossa filhinha.

Gamora assentiu, apertando-o com a mesma intensidade, e depois puxando-o para um beijo urgente, profundo e cheio de promessas silenciosas. Uniram suas testas e permaneceram de mãos dadas por um momento ao se afastarem. Peter beijou sua testa e trocaram mais um beijo breve antes de ele acionar seu capacete, fazendo o coração de Gamora disparar com a visão familiar dos olhos vermelhos acesos do artefato, sabendo que Peter ainda a olhava do alto enquanto ela se virava para correr até onde Drax estava e ajuda-lo no combate.


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Notas finais do capítulo

Vocês devem ter percebido que quando Peter fala com Adam pela primeira vez, eu coloquei um trecho referenciando um quote famoso que circula pela internet, mas ainda não consegui descobrir o autor. Se alguém souber, me informe pra que eu possa dar os devidos créditos, por favor!



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