Os dias passaram em um piscar de olhos e quando Ron se deu conta o natal já era na próxima semana. Tanto ele quanto Hermione trabalharam muito nos últimos dias que pouco se encontraram, mas hoje finalmente poderiam se ver. Lembrando da promessa que havia feito, Ron desligou rapidamente o notebook e guardou suas coisas para ir embora.

Hermione estava nervosa, o dia da apresentação de natal da escola chegou e os pais e convidados estavam todos no auditório ansiosos para assistirem as crianças. Todas as turmas iriam se apresentar juntas em um teatro natalino, desde os menores até os maiores. A turma da Hermione era a mais nova e por serem os menores, seus alunos seriam as pequenas renas do papai Noel. Um papel extremamente fofo para as crianças de 6 anos.

O teatro foi um sucesso, todo o esforço dos alunos e professores foram recompensados com as palmas e abraços recebidos ao final. As pequenas renas arrancaram suspiros da plateia e Hermione não poderia estar mais orgulhosa dos seus pequenos. Após o teatro todos os pais dos seus alunos queriam parabenizar Hermione pelo ótimo trabalho, não só pelo teatro, mas durante todos os dias.

Ron esperou Hermione atender todos os pais para se aproximar. Enquanto esperava percebeu o quanto Hermione era uma ótima profissional, as crianças e seus pais a adoravam do mesmo modo que ela adorava seus alunos.

—Será que agora é a minha vez? –ele brincou ao se aproximar após o último pai ir embora.

—Sim! –Hermione o beijou feliz em vê-lo.

—Vi que ganhou vários, mas esse é meu. –Ron entregou um buque de rosas a ela.

—Ronald Weasley dando flores? –ela disse em tom de brincadeira. –Que honra!

—Pois saiba que você é a primeira pessoa que comprei flores, tirando minha mãe. –ele respondeu.

—Você não precisava de flores para conquistar as mulheres, apenas esse sorriso e charme.

—Então você gosta do meu charme? –Ron perguntou bem próximo do ouvido dela.

—Nós estamos em uma escola. –Hermione o empurrou levemente para longe, se ele continuasse muito perto não se responsabilizaria.

—Certo, vamos embora logo! Não vejo a hora de poder beijar cada centímetro do seu corpo!

—Ron! –ela o repreendeu, afinal tinha crianças e pais por perto.

—Eu sei que você quer tanto como eu! –Ron olhou ao redor e viu que estavam sozinhos, aproveitou para beija-la como gostaria de ter feito desde que chegou.

—Vamos para casa! –Hermione pediu assim que precisou encerrar o beijo para respirar.

Hermione estava de férias da escola, porém Ron teria que trabalhar até a véspera de natal. Ela aproveitou os dias para descansar, ler e sair com Luna. Era bom encontrar a amiga fora da escola e poder ter uma conversa sem serem interrompidas pelas crianças.

—Como vão as coisas com o paizão? –Luna perguntou enquanto tomavam café após comprarem o vestido que Hermione iria usar na festa da empresa de Ron.

—Paizão? –Hermione riu do apelido criado pela amiga a Ron. –Sério Luna?

—Sim, você ainda não o me apresentou, mas pelo que vi ele é bonitão e vai ser o pai do seu bebê, logo é um paizão. –Luna explicou o óbvio. –E então, como vocês estão?

—Bem! –ela respondeu suspirando. –Não achei que fosse possível ele mudar tanto. Ron ficou ainda mais atencioso e até no primeiro ultrassom foi me acompanhar.

—Uau! Teremos um casamento à vista?

—Não precipite as coisas, Luna. –Hermione freou o entusiasmo da amiga. –Nós estamos nos dando bem, mas o nosso algo a mais resume em monogamia.

—Se você olhar bem é algo importante, afinal com seu ex você tinha um relacionamento normal e ele te traiu, pelo menos Ron concordou com a monogamia. –Luna riu, mesmo Hermione não achando graça.

—Só não quero me machucar de novo. –Ela foi sincera. –E desta vez tem um bebê envolvido, tenho que pensar no melhor para ele.

—Eu sei. –Luna concordou antes de aconselhar a amiga. –Não fique com medo do futuro por causa das feridas do passado. Você deu uma chance a ele aceitando ter um algo a mais, porém não se contente apenas com isso. Você merece um casamento, marido, filhos e o combo completo!

—Não sei o que faria sem sua amizade e seus conselhos. –Hermione riu do jeito divertido da amiga.

—Provavelmente estaria em casa chorando a traição de Viktor e não aqui grávida e com o paizão na sua cama! –Luna soltou uma gargalhada sem se importar com Hermione a mandando parar de chamar Ron desse jeito.

Ron finalizou de analisar o projeto que estava em sua mesa há dias, cansando olhou para o relógio e viu que estava na hora de ir embora. Era o último dia de trabalho do ano e os colegas iriam aproveitar para comemorar com um happy hour.

—Vamos Weasley? –Peter passou na sua sala o chamando.

—Só um minuto. –Ron pediu enquanto mandava mensagem para Hermione.

“Vou com o pessoal do trabalho em um pub, tudo bem?”

Não demorou muito e a resposta chegou:

“Claro, Luna está aqui em casa. Vamos fazer um jantar.”

“Guarda um pouco para mim”. Ron terminou de digitar e seguiu para encontrar os colegas.

Desde que começou a sair com Hermione, Ron parou de encontrar os colegas para beber após o expediente. Não que sentisse falta, mas foi bom ter um tempo para si.

—Então a mulher te deixou sair de casa, Weasley? –um colega o provocou.

—Se você visse a mulher que o Ron está pegando iria entender porque ele não sai de perto dela. –outro falou fazendo todos ficarem curiosos.

—Desde quando minha vida virou pauta da conversa? –Ron perguntou.

—Nós nunca te vimos namorando e de repente você está com alguém. –Peter disse antes de pedir mais uma cerveja. –O que essa mulher tem?

—Hermione é diferente. –ele deu de ombros sem saber como explicar. –Nós estamos nos dando bem, só isso.

—Tem alguém apaixonado. –Ben, o chefe de Ron, brincou. –Daqui a pouco está igual eu, casado e quase mandando os filhos para a faculdade!

Talvez fosse o alto nível alcoólico no corpo, mas Ron sentiu vontade de dizer a todos que Hermione estava grávida. Foi só dar a notícia que os colegas festejaram como um gol em final de campeonato, cerveja voou em todo o bar e Ron ganhou várias rodadas de bebida dos amigos.

Hermione e Luna estavam no sofá assistindo um filme, após jantarem, quando a campainha do apartamento tocou. Era Ron após um happy hour e tanto.

—Oi. –ele falou inclinando para beija-la sem perceber que tinham visita.

—Oi, Ron. –Hermione o beijou sentindo o cheiro de cerveja e entendeu o estado “leve” que ele se encontrava. –Como foi?

—Bem, os rapazes me pagaram várias bebidas depois que falei que você estava grávida. –Ron disse sentindo-se orgulhoso.

—Fico feliz que a minha gravidez o ajudou a ganhar cervejas. –ela riu divertida. –Quer entrar? Luna e eu estamos vendo um filme.

—Você tem visita? –ele ficou sério, como se quisesse esconder que estava um pouco alterado devido ao álcool. –Desculpe, não queria atrapalhar.

—Não atrapalha! –Luna levantou do sofá até a porta, curiosa por finalmente conhece-lo. –Prazer em conhece-lo, paizão...

—Luna! –Hermione repreendeu a amiga.

—Prazer em conhece-la, Luna. –Ron estendeu a mão para cumprimenta-la. –Desculpe o meu estado.

—Imagina, não é todo dia que comemoramos a paternidade.

—Eu vou para casa, tomar um banho e um remédio para ressaca que terei amanhã. –Ron se despediu. –Até mais, Luna.

—Depois eu te ligo. –Hermione se despediu dele antes de voltar a assistir ao filme.

Ron chegou em casa e foi direto para debaixo do chuveiro. Não era de beber muito e fazia tempo que não bebia tanto, assim o álcool já o limitava. Saiu do banho e recebeu uma mensagem de Hermione perguntando se queria dormir com ela. Ron rapidamente respondeu para ela subir, iria deixar a porta destrancada.

—Oi. –ela o beijou e deitou ao seu lado. –Pelo visto aproveitou a saída.

—Oi. –ele sorriu sem abrir os olhos. –Sim, você não ficou brava por eu ter saído, voltado desse jeito e feito você passar vergonha na frente da sua amiga?

—Nem um pouco. –Hermione riu da pergunta. –Não vejo problema nenhum em sairmos sem o outro, por mais que você tenha seu histórico conquistador, eu te dou meu voto de confiança. E Luna gostou de você, falou que na próxima vez temos que sair beber juntos.

—Que bom. –Ron a beijou feliz. –Por isso que eu disse aos meus colegas que você era diferente.

—Diferente? –ela não entendeu.

—Das mulheres. –ele falou como se fosse obvio. –Pelo menos a minha ex-namorada era uma dessas que não deixava eu fazer nada.

—Você já namorou? –Hermione não pode deixar a oportunidade passar, mesmo que Ron estivesse falando devido ao efeito do álcool.

—Sim, uma vez. Depois nunca mais até conhecer você. –Ron ficou em silencio, parecia pensar se continuava ou não. –Nós namoramos no ensino médio até o primeiro ano da faculdade. Foi minha primeira namorada e o primeiro coração que parti.

Hermione queria saber o resto da história, mas não era justo faze-lo contar não estando totalmente consciente.

—Ron, você não precisa me contar...

—Tudo bem, nada mais justo você saber e aproveite porque eu não costumo contar essa história a ninguém. –Ron continuou deitado, porém agora estava com os olhos abertos e olhava fixo para ela. –Mia e eu namoramos durante o ensino médio e tentamos fazer funcionar no primeiro ano da faculdade, mas eu não queria mais estar em um relacionamento. Eu queria estar livre, não amarrado. Então comecei a olhar ao redor.

—Ela descobriu que você a traía?

—Não, eu terminei com ela nas férias e voltei livre para curtir todas as experiências que a faculdade te proporciona. Dois anos depois que terminei a faculdade, nós nos encontramos no casamento de um amigo em comum e começamos a nos ver novamente. Estávamos começando nossas carreiras e depois de um ano juntos, Mia começou a falar em casamento e ter filhos. Eu não estava pronto, queria aproveitar a vida.

Ron fez uma pausa antes de continuar. Hermione percebeu o quanto estava difícil para ele reviver o passado.

—Eu disse que não estava pronto, porém Mia não ligou. Disse que todo homem pensava isso até casar. Nosso relacionamento começou a ficar insustentável e eu achei um jeito idiota de terminar tudo.

—Você... –Hermione tinha um palpite sobre o jeito que ele encontrou para terminar.

—Ela me pegou com outra pessoa.

—Ron! –ela ficou sem palavras.

—Bom, caso você tenha esquecido eu sou um idiota mulherengo, lembra? –ele não ligou para o espanto dela.

—Mas você está sendo tão gentil e respeitoso comigo. O fato de ter proposto tentar ter um relacionamento comigo prova isso.

Eles ficaram em silencio, apenas era possível escutar alguns carros que passavam na rua. Ron parecia pensar nas palavras que Hermione havia dito e talvez ela estivesse certa, mas ainda era cedo para saber.

—Boa noite. –Hermione lhe deu um beijo antes de virar e dormir.

—Hermione? –ele a chamou. –Você não tem medo de que eu possa te trair?

—Não sei se medo é a palavra certa, mas decidi confiar em você porque gosto de você. –ela foi sincera. -Passei por uma grande traição antes de te conhecer e aqui estou. Não sinto mais raiva ou ódio das pessoas que fizeram isso comigo, apenas segui minha vida. Se ficarmos pensando nos erros que cometemos no passado com medo de repeti-los no futuro, nunca iremos viver de verdade.

—Entendi.

—Mas isso não significa que você está liberado para me trair Ronald Weasley!

—Só um idiota, mais idiota que eu, para te trair. –Ron a puxou para perto e começou acaricia-la do jeito que ela gostava. –Prometo que vou tentar não estragar tudo.

—Acho bom. –Hermione o beijou.